O silêncio sob o sol escrita por Bunnana


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiii, Sali ♥

Primeiro, quero agradecer-te muito por me teres indicado Broadchurch indiretamente xD. Foi uma das melhores séries que já vi ♥ !

No entanto, também estou terrivelmente assustada, hahahaha, porque não vi muito por onde pegar para fazer uma fic que não fosse um UA enorme e estragasse a dinâmica deles e, consequentemente, os tornasse OOC.

Então, o que tentei fazer foi criar uma cena "extra" no último episódio da segunda season ^^ , e dar um pouco mais de pormenor a duas cenas com o Hardy e a Miller :)

É uma fic pequenina, eu sei. Mas preferi fazer pequenina do que tentar fazer uma coisa enorme e acabar a distorcer alguma coisa ^^''

Espero sinceramente que gostes ♥ . Tentei não abusar dos adjetivos e dos advérbios, prometo! XD

Boa leitura ^^

GLOSSÁRIO PT-PT > PT-BR:

Fato > Terno (vestuário formal)



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— E o Joe? — perguntou Alec Hardy.

Ellie Miller parou junto à porta da casa dele, empatando a sua saída enquanto media a resposta.

— Esse assunto já ficou tratado — respondeu-lhe.

A mulher tentou sorrir e a expressão tinha alguma da firmeza que Hardy se lembrava de lhe ter visto há muito tempo, antes da confissão do seu marido que fizera o mundo dela colapsar. Era um bom sinal. Era um ótimo sinal. Mesmo com o veredito mais injusto e impossível de se esperar, mesmo com a recém-liberdade de Joe Miller, Ellie aguentava-se e superaria tudo. A resistência dela surpreendia-o sempre, uma das qualidades mais admiráveis que ela tinha.

Ele pensou se ela havia sujado as mãos ao resolver a situação de Joe, ao estabelecer algum tipo de justiça depois de o sistema ter falhado com todos eles. Pensou se alguém o haveria feito por ela. Mas esse tipo de pergunta não se colocava, não à Miller. Ele sabia que deveria ter havido uma atitude brutal mas não sangrenta, e também não vinda de Miller sozinha. Provavelmente os Latimer também teriam dado uma ajuda. Provavelmente toda a cidade o fizera. E, juntos, teriam feito alguma coisa que Joe definitivamente merecera, mesmo que ficasse aquém do que lhe queriam todos fazer, ele próprio incluído. E isso teria de ser suficiente para todos, de alguma forma.

Ela manteve o olhar nele por mais um momento, e ele nela. Talvez Ellie estivesse à espera que Alec dissesse alguma coisa, algum comentário. Talvez sobre Joe. Talvez alguma coisa sem sentido, só para a empatar ali à porta. Mas ficaram apenas com o silêncio prolongando-se entre eles. Os olhos de Miller brilhavam, a angústia, a amizade e a tristeza juntos, possivelmente com algo mais que ele não saberia identificar. Saudades já a surgirem por irem deixar de trabalhar juntos, isso era uma possibilidade. Mas ele estava só a adivinhar, já que nunca conseguia acompanhar essas coisas Não era do tipo sensível, do tipo que respondia com palavras.

Ele continuou de olhar nela, mudo, e ela saiu e bateu a porta, com aquele sorriso triste, mas ainda com vida, preso nos lábios. Os seus passos lá fora ouviam-se dentro da casa. Ellie entrou no carro e o veículo afastou-se pouco depois. Alec ficou no lugar a vê-la partir pela janela ao lado da porta. Mesmo quando o carro virou e ele deixou de a poder acompanhar, ele continuou ali. A luz do sol que se aproximava do horizonte juntava-se a ele, iluminando o espaço agora vazio e mudo à sua volta.

A falta da tagarelice de Ellie sentia-se bem sempre que se afastavam. Alec ergueu a mão ainda quente do toque de despedida da sua antiga colega. O aperto de mão profissional havia-se prolongado, os olhares evitando-se um pouco, as mãos rígidas com algo a mais, os olhos presos e o silêncio no ar. Pela segunda vez, ela tomara a rota profissional e rejeitara um abraço dele. A lembrança fê-lo sorrir e a sensação no fundo do peito foi-lhe estranha. Miller.

Ela tinha-lhe perguntado o que ele faria nos próximos tempos. Ele respondera que não sabia para onde iria agora que o seu papel havia chegado ao fim nos dois casos da polícia que acompanhara. Dissera também que talvez viver fosse para perto da filha. E essa vontade era inquestionável. Não desistiria de a tentar acompanhar enquanto crescesse, de ver as mudanças da sua pequenina a transformar-se em alguém com identidade forte, que descobria o mundo e que se apurava mais a cada dia. Queria vê-la, queria estar lá para isso. A dor de não ter visto os traços de menina desaparecerem do seu rosto surpreendera-o demasiado. Mas era só para perto dela que ele queria ir, ou queria ainda aproximar-se da mãe dela?

Talvez não. Não. Eles haviam conversado e a resposta era bem óbvia. Havia amargura, e ressentimento, e saudade. Talvez as houvesse, sempre. Mas Alec já sabia que, por mais que ele lutasse e se sacrificasse pela ex-mulher, não haveria qualquer resultado diferente daquele que já tinham. O amor nem sempre podia tudo, não era suficiente para tudo. Às vezes esgotava-se. Acabava. Às vezes o amor movia-se, surgindo e indo embora, e uma pessoa nem o percebia acontecer à sua volta.

Ele levou os olhos para a estrada, pela janela, mais uma vez. As portas pendentes do passado tinham-se fechado e ia surgindo um caminho em branco à sua frente. Era uma sensação estranha, aquela liberdade, aquela falta de assuntos pendentes, a possibilidade de futuro agora que o seu coração funcionava devidamente. O alívio no peito era tão estranho que parecia inadequado. Tantas possibilidades que ele nunca considerara, tão preso que estava no dia-a-dia, no que queria terminar, que não tinha ainda uma boa resposta para a pergunta de Miller.

Bem ao contrário dela. Miller tinha as pontas atadas, mas o seu caminho estava trilhado e bem decidido. Ellie tinha um caminho para o qual retornar. Reunira-se com os filhos, voltara para a sua casa e esforçar-se-ia para a tornar num lar com eles, num bom lar, recuperando a carreira e a felicidade de alguma forma. Era o que ela queria e ele queria muito que ela o conseguisse. Com aquela sua resistência, o enorme carinho e alguma dureza sempre a acompanhar o pragmatismo. Aquele sentido de humor e o sorriso fácil. Ela não os poderia perder, nunca, independentemente das desgraças que viessem. Nem ela seria a mesma nem o mundo continuaria o mesmo.

O táxi dele chegou e buzinou duas vezes, parando à porta. Alec Hardy carregou as malas e depois abriu a porta para entrar. O motorista perguntou-lhe para onde ele queria ir. A resposta não lhe saiu de forma fácil, mesmo para alguém de ação como ele, o que continuava a deixá-lo admirado. Alec franziu as sobrancelhas. O sol batia-lhe no rosto e a tentativa de decisão contraía-o. Ele ajustou o fato, a gravata, e entrou no veículo, batendo a porta com força. O homem fitou-o, esperando. Alec também tinha um caminho que não queria abandonar. Estava na hora de avançar, de recuperar a possibilidade de também ter uma vida sua.




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Notas finais do capítulo

Espero que tenhas gostado xD

Querias reviver alguma coisa com os personagens, querias voltar um pouco à série, e achei que estes momentos fortes ainda estariam frescos na memória, e achei que o momento deles foi tão bom que soube logo do que seria a fic quando vi essa cena xD. Tentei aprofundá-la um pouco, criar aí um entremeio a ligar as duas cenas do Hardy xD, dar-te mais Broadchurch enquanto esperas (esperamos!) pela terceira temporada, haha, e espero tê-lo conseguido de alguma forma, nem que tenha sido só um bocadinho ^^ .

Adoro estas duas personagens ♥ muito obrigada por mas teres dado a conhecer ♥ ^_^ !

Foi muito assustador seres a minha amiga secreta XD. Eu adoro adjetivos e uso bastantes advérbios de modo, então... Tentei cortá-los aqui e penso ter deixado alguns, mas que tiveram sempre o seu valor. Acho eu. XD. Espero que não te tenham incomodado e que a leitura, mesmo em pt-pt, tenha corrido de alguma forma fluída :) . Acho que isso foi o mais assustador xD adequar a forma ^^ (isso e evitar deixar tudo OOC xD)

Aceito todas as críticas do mundo também, hahaha.

Foste uma ótima amiga secreta, Sali ♥ :D


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A possíveis outros leitores: espero que tenham gostado :D muito obrigada pela leitura ^_^ ! Se quiserem deixar um comentário com a vossa opinião, agradecia-vos ^_^ :)



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