Faces de Pedra escrita por Agatha Wright


Capítulo 6
6- Os Rastros


Notas iniciais do capítulo

Maior capitulo dessa fic! Só pq saiu Star Trek Beyond nos cinemas eu fiquei muito pirada com esse filme. Por tudo que há de mais sagrado, assistam! Está lindo! Tem tanta referência à minha série favorita, Star Trek Enterprise. Série que a propósito inspirou muito essa fanfic.

Deixo vcs por aqui. Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702473/chapter/6

 

“Por favor, Dr. Sakht. Diga que eu estou completamente errada.”

O velho médico sondou silenciosamente os dados que estavam no computador da enfermaria, sendo observado de perto por uma Robin extremamente ansiosa.

“Não há lógica em omitir um fato, Dra. Wolf.” Respondeu o médico-chefe.

Robin revirou os olhos para as palavras de seu superior. Ela estava se tornando tão cômoda com seus colegas na T’Partha que estava começando a esquecer que estava rodeada por vulcanos completamente estoicos.

Sendo que eles não pareciam assim tão estoicos e frios nas horas que sucederam o estranho e repentino ataque que a nave. Como na primeira vez, ela que liderou a equipe de resgate e teve que prestar os primeiros socorros assim que a nave se afastou do estranho planeta que estava disparando contra eles. O Dr. Sakht havia assumido as cirurgias mais sérias e havia passado as funções de oficial médico chefe para ela até a situação se normalizar.

 Na verdade, disparar era um termo estranho, uma vez que se tratava de pulsos de energia que não combinavam com nenhuma assinatura de armas conhecidas e que parecia comprometer a integridade do casco mais do que realmente danificar algum sistema primário da nave.

O que quer que seja o termo correto, deixou um rastro de feridos no caminho. E imaginar que um pouco mais de um mês atrás, Robin não tinha visto um corpo vulcano fora dos livros teóricos. Agora ela estava reparando órgãos danificados com os olhos vendados. Não que isso fosse algo de se comemorar levando em consideração que se tratava dos órgãos de seus colegas que ela vinha começado a respeitar e até a nutrir um certo carinho.

Vulcanos tendiam a ser bons pacientes até que o fator “dever” entrasse em jogo. Ela teve que usar de seu recém adquirido poder de oficial médica-chefe quase uma dezena de vezes e retirar oficiais de seus postos para que ela pudesse aplicar um hipospray ou fazer um simples curativo. Eles pareciam quase dispostos a sangrarem em cima de suas estações para evitar que a nave ganhasse sequer um arranhão. E um desses oficiais era ninguém mais, ninguém menos que seu capitão.

“Capitão! O senhor está com um ferimento bastante desagradável na cabeça, por favor, me deixe ao menos estancar isso.”

“Suas opiniões estéticas sobre meus ferimentos são dispensáveis, doutora.” Respondeu Sevel sem sequer tirar os olhos dos esquemas táticos que estava analisando.

Ele mal estava conseguindo enxergar devido ao fluxo de sangue que estava escorrendo pelo seu rosto. Os oficiais ao redor dele pareciam achar aquilo a coisa mais normal do mundo e ninguém parecia disposto a ajudá-la. A teimosia do capitão somada com a estoicidade dos seus colegas e o temor de uma batalha iminente estavam fazendo um bom trabalho em deixar a jovem médica com muita raiva.

“Capitão! Baseado nos regulamentos médicos da Frota Estelar, estou usando meu poder como oficial médica-chefe interina e estou dispensando-o de seu dever até seus ferimentos serem devidamente tratados.”

Foi como se uma corrente elétrica tivesse sido disparada em todos os presentes, os olhos inexpressivos de todos os oficiais sêniores estavam em cima dela, na verdade a maioria mantinha olhares inexpressivos, isso não se aplicava ao capitão. Não havia palavras fortes o suficiente para descrever a expressão assassina que apareceu no rosto do até outrora perfeitamente controlado Sevel.

Sim! Uma expressão facial real, o que quer que ela tenha colocado em sua atitude, ela tinha arrancado uma reação emocional de um oficial vulcano e isso não poderia ser mais assustador. Não havia expressões nos outros oficiais que estavam reunidos com o capitão, mas ela podia sentir a surpresa com a tamanha ousadia de uma mera tenente que mal havia passado um mês a bordo da nave.

“Com licença, Tenente, eu não creio que a ouvi corretamente.” Disse Sevel em um tom bastante ácido e incomum.

Por mais assustada que ela estivesse, Robin Wolf não iria se deixar intimidar por um vulcano ensanguentado e com um olhar homicida que por acaso era seu capitão.

“O senhor me ouviu corretamente, capitão. Eu estou lhe dispensando de seus deveres, agora se reporte a enfermaria, tenho outros pacientes me esperando lá e estou perdendo meu tempo.”

Desde o primeiro incidente na engenharia, Sevel se viu lutando cada vez mais para reprimir seus impulsos emocionais. Ele se sentia um adolescente que ainda estava dominando os caminhos do Venlinahr. Havia algo errado com ele e a explicação para isso lhe fugia. Por um breve momento ele cogitou estar se aproximando da terrível febre do Pon Farr, mas ele sabia que ainda era muito jovem para isso e não havia nada de natureza sexual em sua mente, era apenas uma estranha mistura de irritação e paranoia que estava obscurecendo a sua lógica.

Mas agora ao ser confrontado por sua oficial humana cuja presença naquela nave ele havia se oposto veementemente até o último momento parecia dar o golpe final no seu controle construído nas suas décadas de vida. Ele a desprezava! Ela era uma intrusa, uma punição movida pelo orgulho humano de seu Almirante. Ela não deveria estar ali! Ela não deveria receber nenhum poder dentro de uma nave sob sua capitania. Ele iria reporta-la para a Frota em sua primeira oportunidade. Mais uma transferência para sua ficha, isso iria lhe ensinar uma boa lição sobre ousadia e desrespeito com seus superiores. Agora ele entendia seus colegas capitães que haviam afastado essa oficial de suas tripulações. Robin Wolf era um risco para a cadeia de comando, ela não sabia respeitar a hierarquia, quem em sã consciência afastaria um capitão durante uma crise dessas e abusando de poderes que nem eram oficialmente seus?

Por muita sorte, no momento que ele se preparou para responde-la, um pouco de sua lógica voltou a sua mente e ele foi capaz de suprimir as emoções violentas e destrutivas que com certeza iriam custar sua reputação de capitão da Frota Estelar.

“Muito bem... doutora.” Respondeu ele entredentes. “Eu a acompanharei até a enfermaria.”

Apesar de todo o medo que a estranha atitude do capitão estava causando, Robin se manteve impassível durante todo o caminho até a enfermaria com Sevel em seus calcanhares. Não houve nenhuma conversa entre os dois, mas ela podia ouvir a respiração pesada dele e isso estava começando a preocupa-la ainda mais. Assim que ele se sentou na biocama, ela o recebeu com uma injeção de analgésicos sem nem perder tempo perguntando se ele sentia alguma dor.

“Prometo que serei rápida.” Murmurou ela enquanto sondava a cabeça dele com um tricoder.

O capitão na respondeu, ele estava sentado com as costas perfeitamente eretas e com os olhos fechados em uma posição que Robin já havia aprendido que era o início de um exercício de controle de respiração para meditação. Seus pacientes estavam tendendo a fazer isso muitas vezes durante o atendimento dela nos últimos dias. Ele se manteve completamente imóvel e alheio enquanto ela limpava o sangue e selava o ferimento. Após tudo feito, ela se sentiu bastante receosa de interromper esse momento de calma após a estranha demonstração emocional dele mais cedo.

“Hmm... capitão?”

Ela teve que responder o chamado umas três vezes antes de ele abrir os olhos lentamente e se voltar para ela com a expressão neutra de costume.

“Eu gostaria de realizar um escaneamento completo, apenas para ficar segura que está tudo bem com o senhor.”

“Alguma preocupação em particular?” Perguntou ele com uma voz calma e desinteressada que Robin se sentiu bastante feliz em ouvir.

“Bem, eu preferiria responder essa pergunta assim que tiver certeza, senhor.”

“Como quiser.”

Ele se deitou na cama e Robin ativou o escâner e observou os primeiros dados chegarem com uma crescente preocupação. Assim que terminou o capitão se levantou prontamente e a expressão dela não escapou aos seus olhos, mas ele não quis repetir sua pergunta e ficar preso em uma conversa quando sua presença deveria estar na ponte.

Mas em um ponto a lógica o obrigava a ser justo com a humana. Ele ficar na sala de reuniões com sua cabeça doendo e sangrando enquanto precisava revisar dados táticos de caráter fundamental para a segurança de sua tripulação não era uma boa forma de usufruir do seu potencial total. Sua eficiência claramente seria prejudicada e ele não conseguia entender por que sua mente não entendeu isso até ele ser coagido a comparecer na enfermaria. O hipospray com analgésicos estava ajudando a desanuviar seus pensamentos e permitindo que ele voltasse ao seu estado de controle normal, mas sua mente ainda se sentia turbulenta. O último resquício de emoções impulsivas o fez cair para sua língua materna e dizer.

Cha’i t’naat.

Isso foi realmente surpreendente para Robin. Seu tempo na companhia de Varen e de alguns colegas mais dispostos a fez absorver vários termos do idioma vulcano. As missões da Federação normalmente os levava a manter conversas em inglês, mas fazia muito sentido em uma nave composta por um único povo que compartilhava do mesmo idioma nativo se manter conversas, principalmente pessoais, nesse tal idioma. Como era a forasteira, ela se empenhou em dominar o básico da língua vulcana. E isso a tornou capaz de entender as palavras ditas pelo capitão.

Obrigado.

Mas não era um “obrigado” qualquer nos termos humanos de entendimento. Vulcanos não saiam agradecendo a tudo e a todos sem uma boa razão. Haviam ao menos quatro termos que expressavam gratidão que iam desde um “Eu vi o que você fez, ótimo” até “Você tem toda a minha maior gratidão”. As palavras de Sevel era o termo correto para se dizer que alguém estava desempenhando suas funções com perfeição. Literalmente significava “Minha gratidão e respeito por você”.  Capitão Sevel estava dizendo para Robin Wolf que ele a respeitava e estava grato por ela seguir seu dever mesmo que minutos atrás ele parecia disposto a quebrar seu pescoço. Bem, ela não seria Robin se não tivesse uma resposta adequada na ponta da língua.

Malating”

Eu segui o curso lógico das coisas

E em vulcano.

Sevel teve que erguer uma sobrancelha para sua oficial. Ele reconheceu o distinto sotaque de Vulcana Regar em sua voz que denunciava quem poderiam ser seus tutores no idioma vulcano. Suas suspeitas estavam principalmente no oficial medico chefe, Dr. Sakht ou no jovem tenente que sempre estava atrás dela durante o tempo livre. De certa forma era admirável o fato de ela se esforçar para dominar o idioma de seus colegas, normalmente humanos demonstravam certo desprezo pela cultura vulcana e, exceto os que almejavam o posto na área de comunicações, era raro alguém se dedicar a aprender o complicado idioma.

Mesmo que houvesse a vontade de questiona-la sobre essa recém descoberta habilidade, o dever o chamava, com um breve aceno de cabeça em resposta. Ele esperou para que a médica finalmente o liberasse.

“O senhor está liberado para voltar ao dever, capitão.” Disse ela com um leve sorriso no rosto.

Sem esperar nem mais um segundo ele se virou e saiu rapidamente da enfermaria. Assim que as portas se fecharam atrás dele, Robin voltou seus olhos preocupados para o console onde os resultados estavam começando a aparecer. Assim que ela subiu todos os resultados para a base de dados da enfermaria, o Dr. Sakht apareceu após terminar seu último procedimento.

“Esses são os dados de mais um caso?” Perguntou ele se aproximando da tela do computador principal.

“São do capitão.” Respondeu ela. “Mesmos resultados que o resto dos oficiais da ponte e da engenharia, mas menos que daqueles que compuseram o grupo avançado.”

Agora cerca de uma hora depois que o médico chefe se uniu nas pesquisas, Robin apresentou sua hipótese.

Além de todos os ataques sofridos, era claro que uma espécie de doença estava se alastrando entre a tripulação e eles não tinham a menor ideia do que se tratava. Apenas que estava destruindo os caminhos sinápticos nos cérebros de todos lenta e continuamente.

Como ela gostaria de estar errada.

“Doutor, neurologia vulcana não é exatamente minha especialidade, mas isso significa que...” Ela não conseguiu terminar a frase, mas Sakht a entendeu.

“Precisamente, Robin. As áreas afetadas são as ligadas ao controle emocional e raciocínio lógico. Facetas fundamentais da personalidade vulcana e se não revertido a tempo tais efeitos podem ser permanentes.”

A jovem médica não perdeu o fato de seu superior a ter tratado pelo primeiro nome.

“Doutor, o senhor realizou exames em si mesmo?” Questionou ela.

O olhar nos olhos cinzentos do velho médico era resposta o suficiente.

“Eu fui um dos primeiros a ter contato com o grupo avançado quando eles regressaram. O que quer que esteja causando isso, eu fui exposto, mas está me afetando de forma mais lenta que o resto da tripulação.”

“E o resto do pessoal médico?”

“Estão em uma condição similar a minha.”

Robin suspirou e tentou conter o medo que estava fazendo seu estômago apertar. Tudo parece estar dando errado nessa missão e eles estão longe de conseguir alguma resposta.

“O melhor curso de ação será manter os tripulantes que compuseram o grupo avançado em observação na enfermaria, o que quer que estejamos lidando, vai afeta-los antes e de forma mais severa.”

Essa declaração a fez se sentir bastante doente. O médico chefe notou a expressão no rosto de sua colega e disse.

“Eu sei que o Tenente Varen é seu amigo, mas eu peço que não deixe seus laços emocionais atrapalharem seu trabalho.”

 Os oficiais departamento de Ciências foram os primeiros a aparecer na enfermaria se queixando de dores de cabeça estranhas, mas ela podia ver que havia algo mais que eles ou não queriam revelar ou não sabiam expressar corretamente.

“Eu precisei atender quase trinta pessoas para começar a suspeitar de algo, senhor. Eu fui negligente com minhas funções.” Lamentou ela.

O velho médico pôs a mão em seu antebraço, Robin olhou para ele intrigada por esse gesto bastante peculiar para um vulcano.

“Nós sempre exigimos o melhor de nossas capacidades, Robin. Mas é ilógico lamentar por um curso de ação que nos pareceu lógico no passado.”

Robin soltou um riso leve mas sem muita alegria.

“Na Terra nós dizemos: ‘Não chore sobre o leite derramado.’ Você está certo, senhor.”

“Isso é uma observação óbvia. Eu estou sempre certo.”

Robin se virou para o seu superior com um olhar cômico.

“Isso foi uma tentativa de humor, senhor?”

Sakht apenas ergueu as sobrancelhas daquele jeito vulcano que ela observou em todos os seus colegas.

“Apenas uma constatação lógica.”

“Claro, senhor.”

O clima leve criado pelo breve diálogo entre os dois médicos se quebrou assim que eles chegaram a uma conclusão e agora precisavam comunicar seu capitão. Robin se dirigiu ao comunicador para chama-lo, mas só fora recebida por chiados de interferência.

“Enfermaria para a ponte!”

Nada.

Ela apertou novamente o botão. Ela iria tentar a estação do oficial de comunicações.

“Enfermaria para T’Sai!”

Apenas chiados.

“Enfermaria para engenharia!”

Nada novamente. Ela se lançou um olhar assustado para o seu chefe.

“Vá checar o que está acontecendo. Irei manter a enfermaria sob alerta.” Disse o vulcano.

Robin não esperou ele dizer duas vezes, ela foi o mais rápido possível que podia sem alertar todos os tripulantes para o turboelevador.

“Ponte.” Disse ela assim que as portas se fecharam.

A situação na ponte não era das melhores.

Sevel estava ao lado de T’Sai tentando entender o motivo de todas as comunicações terem caído de repente e justo no exato momento em que ele havia enviado um grupo em um shuttle para a superfície do planeta para investigar a mais nova descoberta que eles fizeram.

Após tanto tempo calibrando e recalibrando os sensores, eles finalmente obtiveram algumas respostas. Haviam indícios de alguma instalação tecnológica no subterrâneo do planeta e era quase certo que ela havia sido responsável pelos últimos ataques à T’Partha.  Com isso, ele não pensou duas vezes em escalar uma equipe para investigar.

O último ataque havia prejudicado os sistemas de teletransporte da nave e eles só podiam contar com seus dois shuttle para uma missão avançada.

E a última coisa que eles tinham recebido do time foi um sinal de socorro.

“Capitão, permissão para entrar na ponte?”

Era a voz da médica humana.

Com certeza mais uma leva de notícias ruins.

Ele olhou para a jovem que aguardava de pé com as mãos atrás das costas e um dos pés batendo no chão em um claro sinal de ansiedade e impaciência. Ele acenou afirmativamente e ela entrou.

“As comunicações da enfermaria estão fora do ar, senhor. Precisei vir até aqui pois a equipe médica tem um relatório urgente para repassar.”

Sevel a fitou por alguns momentos e então respondeu.

“Me encontre em meu escritório. Comandante Salvir, a ponte é sua.”

Robin seguiu seu capitão até o escritório, assim que ele fechou a porta, ela lhe entregou um PADD com os dados coletados da enfermaria. Mesmo tendo seu controle emocional visivelmente comprometido, ele se manteve completamente impassível enquanto lia os dados e ouvia o relatório da médica.

“Creio que o melhor deva ser manter todos que compuseram o time avançado em observação na enfermaria.” Disse Robin para encerrar seu relatório.

O capitão ergueu seus olhos dos dados e olhou para a jovem médica.

“Todos os oficiais de ciências que fizeram parte da primeira missão de reconhecimento foram enviados para a superfície do planeta em conjunto com um time de segurança para investigar o que acreditamos ser a fonte do que causou os últimos incidentes. Após um sinal de socorro, perdemos as comunicações com eles e com o resto da nave.”

Robin empalideceu com a notícia. Varen estava na equipe. Seu melhor amigo estava em perigo. Sevel notou a reação dela e se prontificou a continuar.

“Irei liderar um grupo de resgate caso não consigamos reestabelecer as comunicações e você será recrutada. As chances de precisarmos de serviços médicos de emergência na superfície são de pelo menos 65%. Esteja pronta na área de lançamento em uma hora.”

Robin acenou seu entendimento.

“Senhor, o que faremos em relação ao resto da tripulação?”

Sevel se permitiu um suspiro. Ele estava se sentindo extremamente esgotado e agora havia mais esse risco. Todos os seus oficiais entendiam muito bem o que significaria ter seu controle comprometido, mas não havia nada para fazer, eles estavam presos, sem comunicações e sem velocidade de dobra a pelo menos três semanas de viagem do posto avançado mais próximo.

“Não há motivos para avisar a tripulação ainda. Pedirei ao Dr. Sakht que convoque todos para um exame médico detalhado. Assim que tivermos todos os dados necessários, tomarei uma decisão definitiva.”

“Isso soa como uma boa ideia, capitão.” Respondeu Robin.

O capitão acenou brevemente com a cabeça em agradecimento.

“Dispensada, doutora. Faça seus preparativos.”

Uma hora mais tarde, Robin estava abraçada em sua maleta de suprimentos tentando conter seu nervosismo. A área de lançamento parecia gigante sem um dos shuttle nela e só servia para Robin se sentir menor e mais oprimida. Ela sempre sonhou em participar da Frota Estelar e explorar o espaço em uma nave espacial, mas agora o universo que sempre a fascinou estava mostrando suas facetas mais assustadoras.

Sevel apareceu poucos minutos mais tarde acompanhado de outros dois oficiais táticos e os quatro embarcaram no shuttle.

“Prepare os sensores, doutora. Sem comunicação com a T’Partha estaremos dependentes apenas dos nossos equipamentos.” Ordenou Sevel que assumiu o controle da nave auxiliar ganhando um olhar curioso da médica.

“Uma missão dessa importância exige a presença de um oficial sênior, e devido aos riscos devemos restringir o tamanho do grupo ao máximo. Seria ilógico ignorar minha formação inicial como piloto da Frota e acrescentar desnecessariamente mais um oficial.”

Robin sorriu para seu capitão, ela não disse uma palavra e ele se viu obrigado a responder os questionamentos mentais dela. Muito estranho.

“Eu entendo, senhor.” Respondeu ela.

Sevel a ignorou e fez o pronunciamento da missão.

“Nossa missão é a de localizar o shuttle e o grupo avançado que partiu para investigar a instalação localizada pelos nossos sensores e a provável responsável pelos ataques sofridos por nossa nave. Devemos oferecer todo o suporte necessário para garantir o sucesso dessa missão.”

Robin trabalhou freneticamente em todos os seus sensores até anunciar.

“Senhor! Localizei cinco sinais de vida na superfície. Todos vulcanos!”

“Você tem as coordenadas?” Questionou o capitão.

“Estou transferindo-as para seu console agora mesmo, senhor.”

“Certo, temos nosso local de pouso.”

“Senhor, estou detectando assinatura de armas. É compatível com a das nossas naves auxiliares. Devemos estar prontos para uma situação de combate.” Disse um dos oficiais táticos.

“Entendido, alferes. Escudos levantados.”

Então com os últimos ajustes eles estavam livres para partir e no que pareceu um piscar de olhos eles estavam adentrando a atmosfera do planeta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ufa! Esse foi grandão. Lembrem-se que dia 8 é aniversário de 50 anos da nossa amada franquia. Star Trek day!

— Existem 4 formas de se agradecer em vulcano. Vocês podem ler sobre isso nesse link (em inglês): http://korsaya.org/2011/01/thanks/

Vulcana Regar é uma cidade de Vulcano conhecida como um importante posto comercial do planeta. É a segunda cidade mais populosa, perdendo apenas para a capital.