— Eu tenho uma pergunta muito séria pra você — Kevin não conteve o sorriso em seu rosto quando ouviu Rusty pelo comunicador.

— Vindo de você, não acho que vá ser tão séria assim — ele se virou para onde o outro herói flutuava perto de uma das entradas da astronave.

Kevin não fazia ideia do quão grande a Olho no Céu era até estar do lado de fora dela. Parte do seu treinamento era ficar uma hora por dia no espaço sem equipamentos, para que seu corpo se acostumasse com a ideia de que não precisava respirar. Rusty costumava lhe fazer companhia nesses momentos e as conversas que tinham fazia o kryptoniano esquecer que estava nervoso.

— Se eu fosse uma lagosta… Não ri, espera eu terminar! — Rusty pareceu indignado com a risada que o outro deixou escapar, disparando um leve raio perto do pé dele usando seu bastão sideral.

— Rusty, para de distrair o Kevin! — a voz de Donatella brotou em ambos os comunicadores e eles imediatamente pararam de fazer barulho.

— Estou tornando a experiência dele mais agradável, mas você não entende o significado dessa palavra — Kevin arregalou os olhos quando ouviu o amigo dizer isso, em seguida vendo a porta atrás de Rusty se fechar e ser trancada.

— Ela acabou de nos trancar pra fora no espaço?

— Não é a primeira vez que ela faz isso quando a irrito, daqui a pouco o Joe convence ela a abrir — ele dispensou a preocupação com um gesto vago. — Voltando à lagosta.

Kevin balançou a cabeça em negação e seguiu o outro para que voassem pelo resto da astronave. Ele já havia visto a Terra do espaço algumas vezes, mas nunca se cansava de admirá-la dali, agora podendo enxergar muito mais com sua microvisão melhorada. Podia ver pessoas andando pela rua e até alguns insetos quando se concentrava o suficiente.

Acabou focando nessas imagens e nem ouviu o que Rusty dizia sobre a lagosta.

— …poderia flutuar no espaço pra sempre assim. O que você acha?

— Uma ótima ideia — ele respondeu, vendo o outro estreitar os olhos.

— Você não tava ouvindo!

— Desculpa, é que isso — ele apontou na direção do planeta. — É muito lindo.

— Vou te dar essa folga porque realmente é. Acha que está conseguindo se adaptar bem?

— Sinto que meu corpo pode se adaptar a qualquer coisa agora.

— Não é só sobre flutuar no espaço sem precisar de oxigênio, Kev, tô falando da sua cabecinha — ele deu leves socos na cabeça do herói, que o empurrou e o fez flutuar para longe. — Ficar trancado em uma nave por meses não é algo que o nosso cérebro aceite facilmente. Eu mesmo passei anos pra me acostumar e ainda fico ansioso.

— Acho que ainda estou no êxtase de conhecer tudo isso e não estou sentindo os efeitos do isolamento ainda — Kevin pensou por um momento. — Acha que vão precisar de mim por aqui o tempo todo quando o treinamento acabar?

— Um Kryptoniano na equipe nunca é demais, mas é uma escolha sua — Rusty voou para a área da astronave onde eles mantinham plantas alienígenas, espécies magníficas de todas as cores e formatos. — Eu gosto do que fazemos porque tenho a chance de conhecer o universo, só que também adoro voltar pra casa. Então, caso aceite ser um membro definitivo do Stormwatch, vai conhecer milhares de povos e culturas, vai lutar contra os bichos mais bizarros, mas, um dia, vai estar de volta.

— Espero que sim, não quero acabar no estômago de um alien gigante — Kevin sorriu e voou para mais perto das plantas.

Ele ouvia claramente a voz de Rusty em seu comunicador, mas falhou em ouvir o som do portal que se abriu a poucos metros deles. O brilho azul chamou a atenção de ambos para o ponto onde um portal se abriu e duas figuras saíram dele.

— Merda… — Rusty rapidamente mudou o canal do seu comunicador para o de emergência. — O Lanterna Vermelho tá aqui e tem um esquisitão gigante com ele!

— O quê?! Por quê? — Dale gritou do outro lado.

— Olha, eu não convidei eles, se é o que quer saber! — Rusty olhou para Kevin com preocupação. — Volta pra nave.

— Não vou deixar você sozinho!

— Você não tem treinamento suficiente pra lutar no espaço! — o herói rapidamente bloqueou uma rajada de energia vermelha usando seu bastão, se colocando entre os dois e Kevin. — Os outros vão me ajudar, você precisa ficar na nave.

O Lanterna Vermelho lançou outra rajada, dessa vez conseguindo passar pela resistência do bastão de Sideral e o atingindo no peito. Rusty soltou um grunhido de dor, mas não se moveu. Ele avançou para o inimigo, o prendendo com uma corda de energia e o puxando para longe daquela parte da nave.

Enquanto isso, Kevin encarava a outra figura, um homem extremamente alto com a pele cinza e uma armadura que parecia deixá-lo ainda maior. Ele tinha uma lança nas costas, porém não havia feito menção de pegá-la ainda.

— Você deve ser o filho do Kryptoniano que protege a Terra, — a voz dele soou dentro da cabeça de Kevin. — Vamos ver do que é capaz.

Antes que ele pudesse avançar, duas rajadas de energia amarela acertaram seu rosto. Foi quando ele viu Karina, Dale e Joe saindo pela porta que antes Donatella havia fechado. A jovem foi com tudo para cima do oponente, acertando dois socos em seu rosto quando chegou perto, porém não causando o efeito esperado.

— Onde tá o Rusty? — o Lanterna Verde perguntou a Kevin.

— Está lutando contra o Vermelho — ele respondeu, se preparando para agir juntamente com Karina.

— Ok, volta pra nave! — o Lanterna Verde nem esperou a resposta e só voou para encontrar o amigo.

— Por que todo mundo me fala isso?

— Não sabemos com quem estamos lidando aqui, é mais seguro — Joe disse e então usou a energia de seu anel para segurar Karina quando o homem misterioso a arremessou contra ele.

— Fedelhos da Terra, acham que possuem algum pode contra Gravestorm? — ele vociferou, ainda na mente deles. — Não tolero que interrompam minhas lutas.

Os olhos de Gravestorm brilharam em vermelho e dois raios saíram deles. Karina e Joe deveriam ter conseguido desviar, porém ambos os raios os seguiram até que os acertassem. O anel de Joe pareceu protegê-lo, mas ela foi empurrada para fora da área da nave.

Kevin voou até Gravestorm em segundos, o primeiro soco que desferiu acertou o rosto dele com extrema força, porém o máximo que fez foi mover sua cabeça levemente para o lado. O herói tentou empurrá-lo para longe dos seus amigos, falhando quando o outro fincou seus pés no chão e não se moveu.

— É tudo o que tem? — o alienígena segurou seu braço quando tentou dar mais um soco e o apertou com força. — Patético.

Gravestorm o levantou como se fosse um brinquedo e o jogou para baixo no mesmo momento em que acertou uma joelhada na lateral do corpo do Kent. Kevin sentiu suas costelas quebrando no mesmo instante, porém se curaram na mesma velocidade em que foram quebradas. Seu oponente o soltou quando ele pareceu ficar em choque com o que havia acontecido, e seu corpo começou a flutuar na falta de gravidade.

Kevin viu uma pequena nave emergir da lateral da Olha no Céu e ir na direção deles. Disparou vários tiros em Gravestorm, porém nenhum deles realmente causou dano. O Novo Deus apontou para ela e a mesma foi puxada na direção dele, como se uma força gravitacional aparecesse do nada.

Quando ele fez o movimento para arremessar a nave contra a Olho no Céu, Kevin usou sua velocidade para aparecer no local e a segurou com toda a sua força. A gravidade ainda empurrava a nave para baixo, por mais que ele se esforçasse, não conseguiu impedir que seus pés afundassem na estrutura de metal do local.

Ele viu Donatella pular para fora da nave, já usava seu uniforme branco e um capacete para que pudesse respirar e não congelar. A tecnopata fez um movimento com as mãos e a nave foi amassada com a facilidade de uma lata, e Kevin pôde finalmente soltá-la. Os restos dela ainda bateram com força contra a estrutura da astronave gigantesca.

— Quem é esse merdinha? — ela perguntou.

— Disse que o nome é Gravestorm — Kevin respondeu, assumindo uma instância de luta.

— Gravestorm é o filho mais novo de Darkseid — a voz de Ranger soou pelos comunicadores. — Sugiro que todos entrem. Não posso ativar as defesas da base enquanto estiverem aí.

— Vou tirar a Karina daqui, ela não tá acordando — Joe informou, e Kevin percebeu que ele já a havia levado para longe da ação.

Explosões soaram do outro lado da nave, onde Dale e Rusty lidavam com o Lanterna Vermelho. Ele olhou para Donatella, que parecia considerar mandar todos recuarem.

— Mais interrupções — a mão de Gravestorm começou a brilhar com a mesma energia vermelha de seus olhos.

Ele lentamente a aproximou do casco da Olho no Céu e quando fez o contato, toda a estrutura em um raio de vinte metros explodiu. Kevin só teve tempo de segurar Donatella e voar para o mais longe que conseguiu, porém ainda sentiu o calor da explosão em suas costas e a luz dele o cegando momentaneamente.

Quando voltou a abrir os olhos, a tecnopata não estava mais em seus braços, porém sentiu uma mão grande e pesada segurar sua cabeça e o jogar contra o que sobrou daquela parte da nave. Gravestorm pisou em sua cabeça e a afundou mais no metal, e por mais que o kryptoniano lutasse para sair, não conseguia mover o outro.

— Acho que mudei de ideia quanto a escolhê-lo como o meu campeão. Você é inútil, mas admito que pode aguentar bem meus golpes — Kevin o ouviu tirando a lança das costas. — Vamos ver quanto mais pode aguentar.

Quando Gravestorm tirou o pé do seu rosto, Kevin esperou sentir algo perfurando seu corpo, porém apenas viu as costas de Rusty viradas para ele. Seu corpo estava tão grande quanto o do Novo Deus, e ele segurava a lança com ambas as mãos, a impedindo de acertar o Kent.

— Kevin…! — a frase de Rusty foi interrompida quando a lâmina se estendeu e atravessou seu peito.

Sangue espirrou em seu rosto, seus olhos se arregalando conforme olhava para a ponta da lança saindo das costas do seu amigo, a centímetros do seu rosto. Em sua visão periférica, podia ver que o Lanterna Vermelho os observava e ele segurava o bastão do Sideral. Dale não estava à vista, nem os outros membros do Stormwatch.

Quando Gravestorm removeu a lança de forma brusca, o corpo imóvel de Rusty começou a flutuar no espaço. Kevin sentiu uma dor no peito maior do que qualquer outra que havia sentido durante batalhas.

— Acho que entregamos a mensagem — o Lanterna Vermelho disse, aparentemente na mente de ambos.

Ao ouvi-lo em sua cabeça, Kevin percebeu que estava tremendo de ódio. Provavelmente por causa da influência do Lanterna, porém ele não se importava no momento. Apenas voou o mais rápido que pôde para cima de Gravestorm e isso pareceu pegá-lo de surpresa, pois ele não se defendeu a tempo e ambos dispararam para longe da astronave. Enquanto o empurrava pelo espaço, o Kent desferiu uma série de golpes no rosto do Novo Deus, nem percebendo quantos havia dado antes das suas mãos começarem a doer.

Seu cansaço repentino deu a chance para que seu oponente segurasse seu rosto, e Kevin percebeu tarde demais a manopla se iluminar com energia vermelha e estourar.

Depois disso, sua visão ficou completamente branca e não conseguia mais sentir seu corpo. Ele sentiu a dor forte em sua cabeça antes de abrir os olhos, porém não estava mais flutuando no espaço. Seus olhos ainda estavam se ajustando à luz da sala branca e azul, com algumas macas e scanners ao seu redor, mas pôde ouvir várias vozes familiares vindas da sala ao lado.

O herói se levantou em um pulo e teria disparado até lá, se não sentisse uma mão tocar suavemente seu ombro. Viu Joe ao seu lado e ele parecia estar usando a energia azul para curá-lo mais rápido. Apesar de estar concentrado no que fazia, Kevin podia ver que seus olhos estavam cheios de lágrimas e ele parecia já ter chorado bastante.

Foi então que a imagem do corpo de Rusty flutuando no espaço, com bolhas de sangue se formando ao redor do enorme buraco em seu peito, veio à mente. Lágrimas surgiram em seus olhos com a lembrança e Joe parou o tratamento para abraçá-lo com força.

Ele sentia, pela primeira vez, a dor de perder um amigo de forma tão repentina. Se sentia impotente por não ter conseguido impedir que acontecesse, porém sua raiva por Gravestorm era maior do que sua culpa.

— O que houve depois? — Kevin perguntou quando se afastou de Joe.

— O Lanterna Vermelho falou sobre a invasão que acontecerá em um mês. Disse que os campeões dos Generais devem cooperar ou assistir a Terra ser destruída — ele explicou. — Estamos tentando descobrir como conseguiram se esconder de nós por tanto tempo.

Kevin focou em sua audição melhorada e se surpreendeu ao ouvir a voz de Grace e Scott ali. Por um segundo pensou que eles pudessem ter sido atacados também, então usou sua super velocidade para aparecer no local em milésimos de segundo.

Chegando na sala de comando, viu todos os outros membros do Stormwatch, com Karina e Dale claramente mais abalados e sentados em outra parte da nave, e Ranger, Natasha, Dorian e Donatella discutindo com alguns membros do Deep Six. Scott estava ao lado de uma jovem de cabelos loiros e pele clara que usava uma armadura azul atlante. Grace e Apolo estavam mais à frente e pareciam prestes a argumentar algo, mas pararam quando o Kent entrou.

— Kev, você está bem? — Apolo perguntou, se aproximando.

— Quero saber o que acabou de acontecer — ele se voltou para os membros do Stormwatch.

“Achamos que eles vem planejando isso há muitos meses, possivelmente anos. Afastaram os principais membros da Liga da Terra e devem estar mantendo eles presos, enquanto os Generais farão o ataque.” — Dorian gesticulou.

— Já tivemos outros encontros com Apokolips antes, mas nunca imaginamos que eles tentariam um movimento tão ousado — Ranger comentou, parecendo ser a única pessoa calma da sala. — O que precisamos fazer agora é reunir nossos aliados e não permitir que as naves deles sequer entrem no Sistema Solar. Porque, se entrarem, a Terra não tem chance.

— Bem otimista, não quer logo levantar a bandeira branca em rendição? — Scott cruzou os braços. — Vocês são os responsáveis por essa palhaçada alien, por que não usam essa nave pra lutar contra eles?

— Porque a nossa nave está extremamente danificada! — Donatella levantou o tom de voz. — Se vieram aqui para falar coisas inúteis, podem voltar pra base de vocês.

— Viemos aqui porque fomos recrutados por dois malucos alienígenas e queríamos saber se vocês estavam bem — Grace retrucou. — O pai do Scott foi atacado, levaram ele da Terra bem debaixo dos seus narizes, então ou vocês começaram a nos incluir nesses planos, ou não vamos poder ajudar!

Kevin ficou verdadeiramente impressionado com a atitude da velocista. A tensão se esvaiu levemente quando Joe entrou na sala e, sem dizer nada, andou até seu namorado para ficar ao lado dele.

— Sabemos que estão em um momento difícil, — Apolo começou. — Rusty era um herói honrado e leal, e nós vamos punir aquele que causou sua morte. Queremos ajudar.

— Não podem ajudar — Ranger disse. — Não possuem o treinamento necessário, vão acabar como o Kevin se tentarem lutar contra os Generais.

— Ranger! — Joe o repreendeu e Kevin sentiu uma pontada em seu peito ao ouvir o comentário.

— Estou falando isso porque não quero mais jovens mortos por nossa causa.

— Mas e se eu quiser sair pelo espaço batendo em alienígenas? — Scott perguntou e a jovem loira ao seu lado lhe deu uma cotovelada.

— Você sabe que não pode ir! — ela sussurrou. — Você é Rei agora.

— O quê? — Kevin se virou para o amigo, que revirou os olhos.

— Eu já odeio isso.

A jovem atlante se aproximou de Kevin e apertou sua mão.

— Eu sou a oficial Malik Tallulah de Atlantis, vim avisar sobre o ataque à cidade que resultaram no sequestro do Rei Arthur. Até que ele volte, Scott deve assumir como o novo Rei.

— Basicamente estou sendo obrigado a ir pra casa — o atlante ressaltou.

— Vai ser melhor assim, evita que se meta em problemas — Natasha se debruçou sobre a mesa para examinar o mapa das galáxias próximas. — Precisamos de vocês na Terra caso o nosso plano falhe. Se não retornarmos, precisarão defendê-la contra o exército de Darkseid, e isso não será algo fácil.

— Nossos pais mal conseguiram da última vez — Grace comentou, sua voz baixa. — A Mel e a Kate nem sabem o que tá rolando, o Tony ainda tá no hospital e o Scott vai ficar ausente por um tempo indeterminado. Só temos o Apolo, o Kevin e eu pra enfrentar essas coisas.

A velocista olhou para Apolo, que parecia pensativo depois do comentário.

— Minha mãe era temida por muitos seres das trevas no nosso mundo. O sumiço dela pode trazer consequências pra Themyscira — ele devolveu o olhar, parecendo perceber o leve desespero dela. — Eu vou até lá checar, mas prometo que volto o mais rápido que puder.

— Ok, se eles atacarem em um mês, temos o Kevin e eu pra defender a Terra, ótimo! — ela se virou para o Kryptoniano e ele falhou em disfarçar a tristeza em seu rosto. — Kev?

— Eu preciso ir com eles.

— Kev, você não precisa — Natasha se aproximou dele.

— Eu preciso, porque o Rusty ainda estaria vivo se eu tivesse escutado ele e voltado para a nave — ele engoliu o nó que se formou em sua garganta, mas sua voz ainda falhou. — Quero pará-los antes que machuquem mais pessoas com quem me importo, e vocês sabem que eu posso ser muito útil.

— Mal sabe controlar seus novos poderes — Ranger apontou. — Vai acabar morrendo também.

— Então eu vou morrer, mas vou fazer isso lutando, como ele fez! — o tom fez com que o silêncio tomasse conta da sala.

— Deixa ele vir, — Dale disse, se pronunciando pela primeira vez desde o ocorrido. — Somos mais fortes juntos.

Kevin apenas assentiu e voltou o olhar para Grace, que estava com os olhos arregalados e à beira de um surto. Malik pareceu perceber isso e pôs a mão em seu ombro.

— Não vai ficar sozinha, eu tomarei o lugar do Scott em sua equipe — ela disse. — Vai ficar tudo bem.

Grace apenas cruzou os braços, como se abraçasse o próprio corpo, e disse:

— Quero voltar pra casa.

— Grace…

— É bom vocês resolverem isso logo — ela o interrompeu, não olhando para ele e indo em direção a área do teleporte.

Kevin suspirou e sentiu a mão de Apolo segurar seu braço, chamando sua atenção.

— Vocês vão conseguir — o semideus deu um leve sorriso que o Kent não conseguiu retribuir. — Nos veremos em breve.

Scott parou ao lado de Natasha antes de sair, pareceu dizer algo a ela que a fez revirar os olhos, mas Kevin ouviu seu coração bater mais rápido. O atlante o abraçou antes de sair e, em alguns minutos, o Deep Six havia deixado a Olho no Céu.

— Se vamos fazer isso, preciso que todos entendam que não vou tolerar desobediencia de protocolo por causa de uma tentativa de vingança — Ranger avisou. — Perdemos um membro do grupo, isso é doloroso, porém espero completa maturidade e dedicação de todos nessa nave para permanecerem focados. A Terra depende disso.

— Vamos achar esses desgraçados — Donatella fez um movimento com as mãos e todos ouviram um som alto de mecanismos se movimentando.

Em segundos, a nave Skyblaster se soltou de onde ficava acoplada à Olho no Ceu e Ranger assumiu a posição de piloto na cabine de comando. Todos se posicionaram em seus respectivos assentos, exceto por Kevin, que permaneceu de pé ao lado da mesa.

Ele olhou na direção da cadeira vazia ao lado de Dale. Apertou seus punhos com força, mas respirou fundo ao mesmo tempo. Seguiu até ela e se sentou para olhar a imensidão do espaço à sua frente.