Deep Six - Novos Horizontes escrita por Gothic Princess


Capítulo 25
Capítulo XXV - Acerto de Contas


Notas iniciais do capítulo

Hello, heroes!! Mais um capítulo novo por aqui, espero que gostem :3

Atenção para gatilho de violência e morte de personagem!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702344/chapter/25

— Quer me falar de novo por que estamos em uma casa velha e fedida?

— Essa é uma ótima pergunta, Nic! — Cassy respondeu, com seu tom usual de empolgação. — Acontece que eu mesma não faço ideia, porque estamos procurando o Damian, e ele nunca mencionou esse lugar antes. Mesmo assim, é pra onde as câmeras de segurança das ruas por onde ele passou pela última vez nos trouxeram. 

— É tão difícil acreditar que ele guardava segredos de você? 

Cassandra parou de andar na frente de um porta retrato preso na parede. Nele, havia uma foto em preto e branco de pessoas usando máscaras brancas de coruja ao redor de um Talon. Ela sabia sobre as lendas da Corte das Corujas, que não eram apenas um mito da cidade, e que estarem ali não era um bom sinal. 

— O Dami sabia que podia confiar em mim — ela não sentiu firmeza em sua própria voz. — Ele provavelmente estava investigando algo. 

— Sabe que o Bruce também foi atrás da Corte uma vez e só escapou por sorte, Cassy. Aquele velho é tipo uma barata, não morre por nada, mas não sei se podemos dizer o mesmo sobre o seu irmão — Nic parou atrás da jovem Wayne, também analisando a foto. 

— Ele sobreviveu à Talia Al Ghul, não acho que um culto bizarro consiga derrotá-lo — Cassandra soltou uma risada com o pensamento, mas sua amiga não parecia estar achando graça. 

Apesar das circunstâncias, vê-la usando novamente os trajes de White Bat aquecia o coração da Wayne. A fazia pensar que finalmente estavam voltando a se entender depois da situação desagradável de família. 

Nicolle pareceu querer por uma mão no ombro da outra vigilante, mas parou no meio do caminho e recuou para o outro lado da sala empoeirada. 

— Se eu fosse você, começaria a pensar no pior, ou vai se decepcionar. 

— Não sou conhecida pelo meu pessimismo — Cassy cantarolou, abrindo todas as gavetas que encontrava pela frente e só achando mais poeira. 

— É por essas e outras que a Melissa nunca sai em missões com você — a outra suspirou pesadamente. 

— A Mel não tá aqui agora porque está no espaço sendo uma heroína incrível, então seu argumento não é válido. 

— Me lembre de dar essa desculpa quando me convidar pra próxima patrulha — ela sabia que Nic deu um sorriso de canto quando ouviu o som ofendido da Wayne do outro lado da sala. 

Cassandra continuou a vasculhar o local, que parecia não ser usado há pelo menos cinquenta anos. Percebeu que haviam marcas de pegadas no chão empoeirado quando chegaram, duas pessoas, uma delas poderia ser Damian. Ela queria respostas, mas sua intuição dizia que não gostaria delas. 

Com o canto dos olhos, percebeu um vulto passando pela janela aberta, e quase que instantaneamente se atirou para fora dela. Abaixou seus óculos que lhe permitiam ter visão noturna e viu claramente a figura trajando preto correndo para longe da casa. 

— Cassy, que porra…?! — Nicolle berrou, mas ela não respondeu. 

A Wayne tinha orgulho do seu talento de correr usando salto, era a mais rápida da equipe dos vigilantes. Então não demorou até alcançar a figura, apesar de ela tentar despistá-la voltando para dentro da cidade. 

Quando entraram em um beco estreito, Cassy puxou seu chicote e no mesmo movimento acertou as costas da pessoa que perseguia, fazendo-a perder o equilíbrio e desacelerar o passo. Agora podia ver a máscara de coruja cobrindo seu rosto, um Talon da Corte. 

— Onde está o meu irmão? — ela gritou para a figura, seu tom beirando o ódio. 

— Seu irmão não existe mais, querida — a voz feminina por trás da máscara disse e Cassandra sentiu seu sangue gelar. — O filho do Morcego é um Talon agora.

— O que você fez com ele? — agora a voz dela saiu mais baixa, ainda que irritada. 

— Nada que ele não quisesse — a Talon inclinou levemente a cabeça para o lado e Cassy estava prestes a pular em cima dela, quando um batarangue explodiu no rosto de sua oponente. 

— Sai de perto dela, esquisitona! — Nicolle parou ao seu lado, já com outro batarangue em mãos. 

A Talon arrancou a máscara parcialmente destruída pela explosão, e as duas agora encaravam o rosto pálido com veias azuis dela. Havia fuligem na lateral dele, porém a máscara havia recebido a maior parte do dano. 

— Eu esperava que a outra estivesse aqui. Não acho que o Morcego vai ligar se você morrer — ela disse, olhando para Nic. 

— A estagiária vai passar o seu recado pra ela, obrigada. Agora, ou você nos leva até o Damian, ou vamos te fatiar em pedacinhos e achar um zumbi mais simpático. 

— Vão vê-lo logo. O processo já foi iniciado, é só uma questão de tempo até ele estar exatamente como eu — ela deu um sorriso e foi nesse momento que Cassy avançou para cima dela. 

A Talon estava preparada, desviou e bloqueou os vários golpes que a Wayne desferiu em sua direção, as garras das luvas de ambas colodindo contra partes de armadura e não causando realmente ferimentos. Cassy, então, pegou o seu chicote novamente e o prendeu em um dos braços da outra, o puxando para fora e criando uma abertura na defesa dela. Foi onde acertou um chute em cheio com seu salto no torso dela e a afastou alguns metros. 

Quando houve uma pausa, a vigilante estava com a respiração levemente ofegante. Não sabia se era por causa da raiva que estava sentindo ou pelo cansaço. 

— Seu irmão fez melhor do que isso — a Talon zombou.

Ela podia sentir as lágrimas se formando em seus olhos, porém se recusava a chorar naquele momento. Precisava terminar o que começou. 

— Você vai pagar pelo que fez com ele — ela vociferou. 

Em sua visão periférica, viu Nic se aproximar e lançou um olhar em sua direção que a vigilante entendeu. Ela queria fazer aquilo sozinha. 

— Se começar a apanhar, vou intervir — White Bat disse, aceitando o pedido da amiga. 

Cassy apenas assentiu e se voltou para sua oponente, que ativou duas lâminas retráteis de seus pulsos. A Wayne fez um movimento com os dedos e suas garras aumentaram, algo que ela nunca fazia já que sua intenção não era causar danos graves. 

Agora ela queria isso. 

Quando as duas avançaram ao mesmo tempo, Cassandra mirou a maioria de seus golpes na direção do rosto dela, conseguindo um corte de raspão com suas garras, porém precisando desviar sua atenção quando uma das pontas das lâminas perfurou a lateral de sua barriga. 

Um pouco e sangue saiu do seu ferimento, ela o ignorou por causa da adrenalina. O próximo golpe que tentou bloquear passou por sua defesa, com a Talon usando mais sua força e conseguindo um corte em cheio no ombro dela. 

— Você não pode me matar, Cassandra — a Talon sorriu, retraindo uma das lâminas para agarrar o pescoço da Wayne e empurrá-la contra a parede do beco. — Gosto de você assim, um gatinho encurralado. 

Cassy instintivamente fincou suas garras no braço dela, não percebendo nenhuma reação da outra. As próprias garras da Talon começaram a entrar na pele do seu pescoço e sangue escorreu por ele. A dor agora era mais clara e a vigilante sabia que se não agisse logo, estaria morta em segundos. 

Não precisou pensar muito, já que White Bat segurou uma boa quantidade do cabelo ruivo da Talon e a puxou para trás, no mesmo movimento acertando uma cotovelada de cima para baixo no rosto dela. Aquilo teria afundado o rosto de alguém comum. 

Cassandra caiu de joelhos depois de ser solta e tentou recuperar o fôlego, passando a mão por sua garganta e vendo que as feridas eram superficiais. Quando levantou os olhos para a outra luta, viu que Nic tentava acertar mais golpes do que bloquear eles, e isso estava lhe rendendo diversos cortes que ela nem sentia. 

Sabendo que realmente não podia matá-la de um jeito comum, sua mente percorreu tudo o que sabia sobre a Corte das Corujas. Se lembrou de ouvir Dick falando sobre como ferimentos na cabeça os deixavam lentos por alguns segundos e como gelo neutralizava suas habilidades regenerativas. 

Cassy respirou fundo e se levantou já em movimento, correndo até onde a Talon tentava empurrar sua lâmina no pescoço de White Bat. Percebendo a presença dela, a oponente se virou rapidamente, segurando o pulso da vigilante antes que ela pudesse desferir o golpe em sua cabeça. 

— Devagar de mais, gatinha — ela estava prestes a torcer o pulso da Wayne, quando Nic fincou seu batarangue na lateral de seu rosto. 

A ação a fez soltar um som incompreensível e, pela primeira vez, a Talon pareceu afetada por algum golpe. Imediatamente soltou Cassy e se afastou das duas, não conseguindo andar muito antes de cair de joelhos. 

Elas aproveitaram para recuperar o fôlego, com Nic checando os ferimentos da amiga para saber se ela estava mesmo bem. 

— Obriaga pela ajuda — Cassy disse, segurando a mão dela. 

— Não precisa disso, só queria ter a chance de bater nela também — ela deu um leve sorriso e a Wayne sentia a afeição por trás do gesto. — Sabe como vamos nos livrar dessa coisa?

— Você ainda carrega tudo o que o meu pai te deu?

— Todas as coisas úteis e inúteis, sim — ela balançou o sinto de utilidades. 

— Preciso da cápsula de nitrogênio — Cassy estendeu a mão e Nic pareceu confusa por alguns segundos, porém entregou o pequeno objeto para ela. 

Quando se apróximou da Talon, ela tentou se virar em um golpe com as garras. Cassy foi mais rápida e pisou em sua mão com força, a prendendo no chão debaixo de sua bota e a segurou pelo cabelo, virando seu rosto em sua direção. 

— Isso é pelo meu irmão — ela sussurrou e forçou a cápsula para dentro da boca da Talon. 

Antes de se afastar, desferiu um soco forte o suficiente para o objeto se quebrar dentro da boca dela. Não demorou para o corpo dela convulsionar e começar a congelar a partir de seu rosto. Uma camada de gelo se formou da sua cabeça até seu peito até a Talon parar de se mexer completamente. 

Alguns minutos se passaram em completo silêncio, até Cassy chutar a forma da outra, tão forte que sua cabeça saiu do seu corpo com pedaços de gelo voando pelos ares. 

Depois disso, a adrenalina abaixou e ela começou a digerir tudo o que havia ouvido naquela noite. Estava vagamente ciente de Nicolle cobrindo seus ferimentos para que ela não perdesse muito sangue, mas não ouvia nada que a amiga dizia. 

A viagem de volta para casa passou como um borrão, com Nic dirigindo sua moto e nem sequer usando a entrada secreta da Batcaverna. Elas entraram pela porta da frente, e só então Cassy saiu do transe, quando viu Melissa e Kate no hall.

Ela removeu seus óculos de visão noturna e correu até a irmã, a abraçando com força e finalmente cedendo ao desespero. Suas lágrimas caindo descontroladamente e sua respiração descompassada. 

— O que houve? — Melissa perguntou, seu tom claramente desesperado. 

— A Corte das Corujas pegou o Damian — Nicolle respondeu quando percebeu que a outra Wayne não estava em condições de fazê-lo. — Provavelmente ele é um Talon agora. 

— O quê?! — Mel e Kate falaram ao mesmo tempo. 

— Nós enfrentamos uma Talon, aparentemente eles queriam afetar o seu pai. 

Houve silêncio por vários segundos, com Cassandra ainda chorando sem parar nos braços da irmã. 

— Mel, você não precisa ir — Kate disse e só então Cassy percebeu duas malas grandes paradas ao lado da escada. 

— Aonde você vai? — ela conseguiu perguntar entre soluços. 

Sua irmã hesitou por um momento, seus olhos marejados mas sem nenhuma lágrima caíndo deles. 

— Eu vou pra Nanda Parbat. Preciso lidar com a Talia antes que ela machuque vocês. 

— Não, isso… Não faz sentido. Você não pode só ir embora agora! — Cassy a segurava com força. — Eu preciso de você, Mel. 

— Eu sei — agora ela viu uma lágrima escorrer pelo rosto da irmã. — Preciso de você também. Eu vou voltar logo, eu prometo. 

Cassandra não sabia o que fazer. Queria gritar, discutir, segurá-la até que ela deixasse essa ideia estúpida de lado e ficasse. Mas seu cérebro pareceu desligar por alguns segundos porque nada deixou sua boca enquanto encarava sua irmã. 

— Você é inacreditável — a voz de Nic interrompeu. — Vai mesmo deixar a Cassy sozinha depois disso?! Seu irmão morreu, não pode pelo menos fingir que se importa?

— Eu não posso lidar com isso agora. Não tenho nenhum plano, nenhuma solução, o que você quer de mim, Nic? — Melissa se virou para ela. 

— Quero que uma vez na vida não seja egoísta! 

— Para, Nic — Cassy conseguiu dizer, sua voz quase um sussurro. — Se ela quer ir, deixa ela ir. 

E com isso, a Wayne se afastou da irmã sem olhar para ela. 

— Cassy… — Kate tentou ir até ela, mas a jovem se desvencilhou e foi para a sala de estar, se jogando no sofá e pressionando uma almofada contra seu peito, como se aquilo fosse fazer a dor parar. 

Algum tempo depois, ouviu Melissa falando com Nicolle. 

— Eu vou deixar o manto de Batgirl com você, sei que vai usá-lo bem. 

— Enfia seu manto na bunda e vai embora logo! — a outra gritou e nada mais foi dito depois disso. 

Cassandra deve ter chorado por horas até finalmente ficar exausta o suficiente para não conseguir mais. Em certo momento, ouviu seu telefone tocar e viu ser seu namorado. 

— Oi, amor — ela atendeu, sua voz um pouco rouca. 

Cassy, você tá bem? — ele soou angustiado do outro lado, e parecia estar dirigindo sua moto pelo barulho ao redor. 

— Não exatamente. Algo terrível aconteceu. 

Então você já sabe? — a pergunta a deixou confusa.

— Sei sobre o que, Greg? — ele levou alguns segundos para responder. 

Estou indo te buscar. Por favor não liga a TV, não veja notícias, eu vou te falar quando chegar. 

— Você tá me assustando — ela já estava pegando o controle da enorme TV da sala e a ligando. 

Cassy, é sério, eu estou…! 

A jovem não ouviu o que ele disse depois, seus olhos focando no nome aparecendo na manchete da notícia que passava na televisão. 

“Vigilante é o principal suspeito pelo assassinato da Dra. Janessa Crane.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me sinto mal por fazer a Cassy sofrer tanto, até chorei escrevendo essa interação dela com a Mel, mas juro que as coisas vão melhorar... Um dia.

Fiquem preparados pra bastante tristeza no próximo capítulo!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Deep Six - Novos Horizontes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.