O Último Pôr do Sol escrita por Cloo Muller


Capítulo 5
Dia nublado


Notas iniciais do capítulo

Oiie! Descupem a demora ^^
Bem, faz dia que eu já tinha concluído esse capítulo, só faltava postar...
Mas chega de enrolação, certo?
Boa leitura ♥



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Após Sarah lhe contar sobre seus planos para a faculdade, Yohanna recebera uma visita.

Tenho um debito com você. – William mantinha-se de pé no quarto de Yohanna quando lhe ofereceu ajuda, ela recusou varias vezes, mas ele insistiu de certa forma que Yohanna sentia-se constrangida e quase que na obrigação de aceitar. – Sarah está sofrendo muito por causa disso. Estou disposto a fazer qualquer coisa por vocês duas.

— Sr Madison. – Yohanna suspirou profundamente – Realmente não precisa, a empresa na qual eu trabalhava, se comprometeu em pagar as diárias do hospital.

— Hanna. – William Madison sentou-se no leito de Yohanna e segurou suas mãos com firmeza. – Acompanhei seu crescimento, uma jovem de quem Sarah sempre se orgulhara e dizia que amava. Nós dois sabemos muito bem o porquê deste amor, Angelina nunca demostrou afeto por ela.— Desde que Sra Madison soubera que seu próximo filho seria menina, ela rejeitou. Todos sabiam a respeito, mas nunca comentavam claramente. — Sarah nunca soube o que é amor de mãe e você o mostrou a ela.

***

Yohanna estava sentada na cama, presa em suas lembranças enquanto olhava para a janela. O relógio marcava nove horas e o tempo não estava bonito, provavelmente iria chover. As épocas do ano que a ruiva odiava estavam bem diante de seu nariz, apesar do outono ser maravilhosamente lindo com as folhagens coloridas nos tons variando entre marrom, amarelo, laranja e vermelho, o frio das noites eram desconfortantes e o inverno era ainda pior. Frio dentro e fora do corpo não era uma sensação fácil de suportar, mas algo lhe dizia, algo trazia um pressentimento de mudança. Será que as coisas vão melhorar? Ou é apenas um aviso que aquele não era o fim do poço? — Um suspiro.

— Acho que vai chover. – Uma voz fina e suave de uma garota em tom de sussurro a faz arrepiar-se e arregalar seus olhos antes de soltar um grunhido abafado pelas mãos postas de forma rápida sobre os lábios. Ao perceber que se tratava de uma criança, toda a tensão de seu corpo fora embora, trazendo uma sensação anestésica. Subitamente Emily começou a rir intensamente. – Desculpe. – pediu ao segurar a barriga ainda rindo. – Tinha que ver a expressão do teu rosto.

— Quem é você? – Yohanna perguntou friamente ainda sobre o efeito de adrenalina, causada pelo susto.

— Se quiser pode me chamar de Emily. – Disse ao subir na cama num pulo rápido e se mantendo em pé. – E você será minha nova amiga.

— Por que eu seria?

— Porque eu quero.

— Mas eu não. – Yohanna finalizou cruzando os braços, o mau humor era bem evidente, nunca suportava a ideia de ser assustada. – Vai procurar sua mãe e me deixe sozinha, ou será que nem ela te quer por perto? – Yohanna apontou para a porta entreaberta.

— Minha mãe? – Emily sentou-se. – Ela não está por perto. Na verdade está bem longe. – Os olhos tristes da criança fez com que Yohanna desamarrasse o mau humor, substituindo-o por remorso.

— Você está perdida?

— Não. – sorriu, mas seus olhos ainda continham tristeza. – Fiquei sabendo que você sofreu um acidente de carro e sobreviveu. – A pequena se aproximou de Yohanna, olhando-a nos olhos. – Minha mãe também sofreu um acidente, mas não teve tanta sorte. Nem ela, nem minha tia.

Elizabeth Prather faleceu aos 30 anos, um trágico acidente envolvendo um caminhoneiro que dormira ao volante. Além dela, Elizangela também tivera o mesmo fim. Emily sempre foi ligada a família, seus pais eram totalmente amáveis e a tia que não tinha filho algum a mimava de todas as formas possíveis.

Sem mesmo perceber, Yohanna pousou a mão sobre a cabeça da criança. Emily estava usando uma touca branca combinando com seu vestido com de mangas compridas, que mais parecia um pijama.

— Eu lamento. – Yohanna sabia o que era aquela dor, ela ainda passou algum tempo com sua mãe, ao contrario daquela criança.

— Achei você. – August estava parado no corredor do hospital com a mão direita esfregando a cabeça, seu semblante abatido e as olheiras revelavam o esgotamento físico. – Eu não te disse para não sair de perto de mim? – perguntou bocejando – Parece que a senhorita melhorou. – disse sorrindo para Yohanna.

— August? – Por um momento Yohanna ficou perdida, desviou o olhar para o crachá do rapaz “Doutor Tozer— Não sabia que trabalhava aqui.

— Acho que nem meus pais sabem. – O sorriso do loiro era simples e completamente gentil, como da primeira vez que o viu, junto de Amanda.

— Com licença! – Outro doutor apareceu próximo á porta, Dr Fukushima. – Yohanna, Você irá começar sua fisioterapia daqui meia hora. – Por um segundo ele olhou para o jovem doutor e seguiu corredor a fora.

— Que olhar! Fiquei até com frio. – Emily comentou enquanto esfregava os braços.

— Você o ouviu, Emily. A srt Becker terá fisioterapia...

— Daqui meia hora. – A criança concluiu. – Eu posso ficar mais uns minutinhos. Posso? – Emily entrelaçou as mãos pousando-as sob o queixo.

— Bem... – Yohanna queria ficar sozinha, mas ainda estava com a consciência pesada por ter tratado mal aquela pobre criança, mesmo por tê-la assustado. – Acho que uns minutinhos não vão me arrancar pedaços.

Emily sorriu pulando em cima de Yohanna, provocando um riso fraco da mesma. August se retirou um pouco aliviado, deixando as duas a sós.

— Teu cabelo é lindo.

— Obrigada.

— Vou vir te visitar todos os dias. – Emily desceu da cama para fechar a porta.

— Mas... – Yohanna temia por isso. O que ela mais queria era ficar sozinha para pensar, o que já era muito estranho, até tão pouco tempo desejava não ter um mísero segundo para sequer pensar. Por um momento, sentiu seus nervos esquentarem novamente – Mas qual é seu problema? – perguntou, massageando as têmporas, se perguntando o motivo de tanto estresse.

— Ah! Até onde sei, só tenho três. – disse Emily sorridente apontando a mão com dedos médio, anular e mindinho, erguidos – Pulmão. – apontou para o dedo médio – Leucemia. – depois para o dedo anular – E Hiperatividade. – por fim apontando para o dedo mindinho.

— Eu não me referia a isso... – Yohanna respirou fundo, massageando novamente as têmporas para diminuir a enxaqueca repentina. – Hiperatividade? Isso explica muita coisa. – “Pulmão e Leucemia?” – Você disse pulmão e leucemia?

Emily contou sobre sua vida há Yohanna, ela era sempre rápida em fazer amizade. Geralmente causava estresse nos adultos e intrigas com as crianças por ser mais agitada do que o normal, mas no fim sempre fazia amizade, pois, era meiga e muito inteligente. Yohanna estava se sentindo uma pessoa bipolar, tentou contar quantas vezes mudara de humor em menos de uma hora. Quatro? Cinco? Não importava.

Nan apareceu com uma cadeira de rodas e fora recebida por Emily com um abraço forte e sorridente, ela continha uma alegria contagiante. Yohanna não sabia qual era o sentido da vida e nem conseguia ao menos entender. Uma linha do tempo se projetou: gravides, perda da mãe, nascimento de Victoria, abrir mão da filha, Sarah, Acidente com David. Depois melhora, em seguida mais tragédia e de repente parecia que a próxima temporada iria melhorar, até quando? As coisas boas e ruins acontecem o tempo todo, repetindo um após o outro. Ela sorriu. ”Quando será a próxima lagrima? Qual será o motivo do próximo sorriso?”.

Emily abraçou Yohanna e saiu do quarto, deixando-a com a enfermeira no quarto.

— Ela é adorável. – Nan sorria enquanto ajudava Yohanna se trocar.

— Você conheceu a mãe dela?

— Elizabeth? Sim, ela era muito doce. Sempre gostou de leitura, era uma verdadeira amante de livros. – Ela sorriu. – Antes de a mãe morrer, Emily não apreciava nem um pouco os livros, mas agora tem uma estante tão cheia que as outras crianças chamam o quarto dela de mini biblioteca. – Nan deu uma pausa ao colocar Yohanna na cadeira de rodas. – Então, vamos?

***

— August? – Emily entra no escritório do jovem médico. O que deveria ser uma mesa, estava com quatro pilhas de livros em cima, todos relacionados à medicina e robótica. – August?— sussurrou a menina ao rodear a mesa, o encontrando debruçado sobre um livro aberto. – Impulsos elétricos, Paralisia. – Emily leu alguns títulos dos livros. – O que está aprontando desta vez, caro cavaleiro? August? – cutucou o rapaz.

— O que foi Emily? – perguntou sonolento, ainda debruçado sobre o livro.

— Porque não fazemos os testes amanhã? Hoje não é sua folga? – Emily se aproximou do médico. – Vai ficar doente se continuar trabalhando assim.

— Que tal só uma pausa? – perguntou sentando-se.

— Vai pra casa. – Emily apontou o dedo para o rosto do rapaz. – É uma ordem. Se bem que – cruzou os braços – você pode causar um acidente com o teu carro, cansado deste jeito.

— Eu não tenho. Esqueceu.

— Se for de ônibus, pode dormir na parada e perder ele de vista.

— Você tem que se decidir. Não sei se quer que eu vá ou fique. – disse se espreguiçando já de pé. – Mas eu vou. Estou com saudades da minha cama. – August tirou o jaleco e recolheu alguns livros, pondo-os dentro de uma mochila preta. – Promete que vai se comportar?

— Eu tenho nove anos. Esqueceu? – Emily pôs as mãos na cintura.

— Eu volto amanhã cedo. – encerrou risonho a conversa.

O jovem Tozar se retirou do hospital com a mochila pendurada no ombro, por sorte, não precisou ver o Sr. Fukushima junto daquela expressão de... “Ah, tanto faz. Isso não importa” pensou consigo. O tempo estava ameaçando ficar feio, e as nuvens escuras no céu deixavam o dia com aspecto de final da tarde, o que não era tão ruim, pois não haveria coisa melhor do que dormir enquanto as gotas de água alcançavam a superfície da terra. Pegou o celular do bolso e enviou um torpedo para Amanda.

O ônibus custou a chegar, cerca de vinte minutos. Emily só poderia ter rogado praga para ele ter cochilado na parada, felizmente isto era algo que estava fora de cogitação, àquela menina tinha o dom de estressar as pessoas, mas nunca fizera nenhum mal propositalmente. – A não ser esconder um livro de estrema importância, só para vê-lo andando de um lado para o outro feito um doido procurando um objeto invisível.

Uma hora depois de sair do Edifico da Cura, finalmente chegou na portaria de seu prédio.

— Sr. Tozer. – cumprimentou o porteiro. – Fico feliz em vê-lo. Ultimamente parece estar sempre muito ocupado.

— Isso é verdade. – August sorriu.

— Ah! Já estava me esquecendo. Sua noiva está lhe esperando.

O loiro praticamente correu para seu AP, estava ansioso para matar a saudade de sua amada.

— Amanda. – chamou ao fechar a porta. – Amanda? – A casa estava do mesmo jeito que deixara há dois dias, a não ser pela bolsa rosa chock sobre o sofá na sala. Tudo ali era pequeno, na cozinha só havia uma pia e uma mesa encostada na parede para não ocupar muito espaço, e uma geladeira menor que o dono. A sala era dividida por uma mesa comprida com um computador e varias apostilas espalhadas sobre ela, e apenas um sofá com uma estante sem televisão. Entrando no quarto, viu a jovem negra encolhida na cama olhando para a janela, nas mãos segurava um envelope. – Amanda? Esta tudo bem? – perguntou preocupado.

Amanda sorriu para ele, seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, a voz saiu rouca quando finalmente disse algo.

— Me perdoa?

***

Emily saltitava pelos corredores do quarto andar do hospital, até se aproximar de uma porta rosada com figurinhas das princesas da Disney.

— Oie! – disse entrando no quarto.

— Emily! – uma menina morena de olhos e cabelos castanhos, abriu um sorriso de orelha-a-orelha. Ela estava sentada na cama com a televisão ligada.

— Isso não é justo. – reclamou ao subir na cama com a amiga. – Por que você tem uma televisão e eu não?

— E por que você anda por todo hospital e eu não?

— Já entendi, Kate. – Eu mato meu tedio perambulando e você assistindo. – Emily olhou para a televisão. – Você desistiu dos contos de fadas? – Perguntou ao ver duas mulheres lutando e logo após, ambas estavam apontando uma arma para a outra. – Isso que é evolução. Qual é o nome?

— Pocket Girl.

— É sobre o que?

— Ah, é sobre poderes – disse desligando a televisão – lutas e....

— Ei! Eu estava assistindo. – Emily tentou tirar o controle remoto de Kate.

— No final todo mundo morre. – Kate ficou de pé sobre a cama com o controle erguido a cima da cabeça, impossibilitando Emily de alcançar alcança-lo.

— Me dá isso, sua amazona. É muito feio judiar dos menores. – Emily pulava envolta da morena que tinha dez centímetros a mais do que ela.

— Qual é? Eu só tenho oito anos e você nove.

— Pior ainda. – Emily protestou. – Você tem que obedecer aos mais velhos. – Kate suspirou e devolveu o controle para a baixinha.

— Ótimo. Boa garota. – Emily tornou a sentar na cama e ligou a tv, mas as mulheres que estavam lutando não estavam mais lá, e sim uma garota oriental guardando uma katana na bainha, dentro da mochila. Dizendo por fim “Eu sou o Demônio do Fogo. Kasai no Akuma!”. – Parece ser legal. Mas, por que todo mundo morre?

— Eu menti. Os episódios ainda estão em lançamento. Você vai gostar, tem aquelas coisas de química e laboratórios. – Kate finalizou mostrando a língua para Emily.

— Além de amazona, é mentirosa. – disse atirando o travesseiro na morena que estava de pé ao lado da cama. – Sem falar que é péssima em resumir as coisas.

— Cheguei. –  avisou um menino moreno apoiado em um par de muletas.

— Lipe! – As meninas disseram em uníssono.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acham que aconteceu com amanda? E a Kate? Gostaram dela?
SABE, sobre o seriado de Pocket Girl, na verdade é uma fic escrita pela Mini Line, uma escritora muito diva. Da uma passadinha lá, irão amar a Lice, protagonista da história ^^
https://fanfiction.com.br/historia/686114/HL_Pocket_Girl_-_How_Heroes_are_Born



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