O Último Pôr do Sol escrita por Cloo Muller


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Sabe aquela ansiedade de dar dor de barriga? "Credo"
Pois é, estou mais ou menos assim...
Estou ansiosa para saber o que irão achar do primeiro capitulo ^^

"Dona Cloo, você fala demais"
Eu sei... Eu sei...

Chega de papo e boa leitura.
Nos vemos nas notas finais.





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O dia ainda não havia nem clareado totalmente, e Yohanna, bela mulher ruiva de olhos em um tom de mel, já estava de pé  em seu quarto se arrumando para mais uma corrida matinal, calçou um tênis preto assim como sua roupa de academia e saiu de seu apartamento.

A brisa fresca batia em seu rosto a cada passo, o verão era muito agradável em Boston, capital de Massachusetts. Mesmo tão cedo, as ruas já estavam em constante movimento, a maioria das pessoas aparentavam ser turistas ansiosos para conhecerem alguns pontos famosos da cidade. Para o conforto de Yohanna, ela morava ha menos de dez minutos de um parque florestal, onde muitas pessoas também praticavam seus exercícios físicos.

Ao chegar na entrada do parque, alongou-se e logo seguiu sua caminhada lenta, e a cada minuto aumentava a velocidade até começar uma corrida de leve e seguiu neste mesmo ritmo pela trilha plana, durante alguns minutos onde começou a surgir obstáculos, como algumas subidas, descidas, raízes de arvores expostas e algumas erosões, fazendo com que ela aumentasse a velocidade desviando-se deles, uns com saltos e outros com contornos para não acertar em cheio algumas arvores no meio da trilha, por causa destes movimentos suas madeixas ruivas desprenderam do rabo de cavalo e uns fios colaram no rosto encharcado de suor. Somente quando chegou na parte mais alta do parque, foi que com as mãos apoiadas sobre os joelhos, parou para recuperar o folego com um sorriso esboçado no canto dos lábios, sem duvida, a parte onde seus esforços eram maiores, sempre foi a sua favorita nas corridas realizadas, isso sempre a deixava mais segura de si para enfrentar seu dia-a-dia.

No retorno para casa, a jovem ruiva voltou realizando uma caminhada tranquila, sem pressa como os raios de sol, que apareciam tão suaves quanto à brisa daquela manhã. Algumas pessoas passavam por ela e lançavam olhares amigáveis, outras não tiravam o foco do horizonte florestal.

***

No portão do edifício foi recebida pela simpatia do Sr Adnei enquanto dava passagem á jovem.

— Bom dia Srt Becker! Como foi a corrida de hoje?  – Perguntou o senhor de idade avançada.

— Bom dia! – respondeu enquanto olhava para seu relógio de pulso – Foi rápida. – retribuiu o sorriso ao porteiro enquanto adentrava no prédio.

O fim de semana estava começando, porém,  Yohanna mal esperava para a segunda-feira retornar antes de dar-se conta do tempo. E para que o mesmo passasse mais depressa, ficou ocupada ao máximo com os afazeres domésticos.

Passado quatro horas desde que chegara a casa, tudo estava impecável e as roupas todas estendidas na lavanderia. Por ser quase hora do almoço seguiu para a  cozinha a fim de preparar algo, enquanto as panelas trabalhavam no fogão pôs-se a observar a vizinhança pela varanda do apartamento do quinto andar, o que proporcionava uma vista completa do bairro. Perdida nos pontos familiares da rua deixou os minutos passarem e só despertou-se daquele transe quando sentiu o cheiro de queimado. Correu em direção das panelas, mas não havia mais nada do que se fazer, uma delas estava completamente torrada e com um odor nada agradável, nem mesmo o prato principal escapou dos tons escuros que a falta d’água proporcionara.

— Ótimo! Acabei de ganhar o combo de queimar o almoço... – Resmungou – Completamente queimado. – Virou-se para a gatinha preta que miava na porta da cozinha. – É, sorte sua que vive de ração. – bufou enquanto Jogava a comida, ou o que restou dela no lixo.

A ruiva pegou uma bolsa e saiu para comprar comida no restaurante da esquina. Atravessou o corredor que dava acesso ao elevador, esperou uns segundos ele descer para seu andar e quando as portas do elevador abriram-se revelando um casal familiar, o homem loiro bronzeado, estava com o braço esquerdo sobre a pequena jovem negra dona de lindos cabelos escuros cacheados. Yohanna os cumprimentou com um breve e leve sorriso enquanto se dirigia para dentro daquela caixa metálica.

— Por acaso a senhorita não é Yohanna Becker? – Perguntou a negra. – Corretora de imóveis?

— Sim. – Yohanna esboçou um sorriso. – E vocês são? – perguntou ao casal ainda abraçado.

— Meu nome é Amanda e ele é August.

— Ficamos sabendo que você é a melhor contadora da IMCity. Estamos procurando uma casa ou ate mesmo um apartamento para nos dois, agora que ela esta gravida pretendo sair do aluguel.

— Gravida? – A ruiva não pode conter a expressão assustada formando-se no rosto, aquela situação lhe era muito familiar. – Quantos anos vocês tem?

— Tenho dezesseis e August tem vinte e cinco. – Amanda respondeu cabisbaixa.

— Desculpe, não foi minha... – Yohanna estava sendo sincera, mas ao perceber que o clima ficou um tanto que constrangedor, pedir desculpas não seriam o suficiente então abriu sua bolsa rapidamente no instante que as portas do elevador abriram-se para a saída do prédio, ofereceu-lhes seu cartão para contato – Aqui! Liguem a qualquer hora. Sei de ótimas casas que podem se tornar um lar aconchegante. – O loiro pegou antes de Amanda que abrira um sorriso de orelha á orelha, ambos agradeceram e logo saíram do elevador. Então as portas tornaram a fechar-se e Yohanna voltou para seu AP sem fome com angustia no peito. – Como sou estupida.

***

Deitada no sofá aconchegante de sua sala iluminada pela televisão ligada, fitava o teto com seus olhos cor de âmbar tentando não pensar em nada, enquanto acariciava sua gata a quem dera o nome de Lua, pois, era quem iluminava sua vida nas noites de solidão, como a jovem de apenas vinte e seis anos costumava dizer. O que não era mentira, sempre que ficava em casa sentia-se só, principalmente quando o fantasma do passado batia à porta para invadir seu coração a qualquer momento se estivesse com a mente vazia. Mas desta vez foi inevitável, nem mesmo seu esforços para deixá-lo do lado de fora não foram suficiente, nem mesmo brincar com o animal de estimação o manteve fora de seus pensamentos.

***

... 10 anos antes...

— Estou gravida – Sussurrou a jovem ruiva de apenas quinze anos saindo do banheiro com um teste de gravidez em mãos, estava pálida segurando as lagrimas de medo, susto e talvez com uma leve pontada de alegria.

— E daí? – Indagou um rapaz moreno sentado na cama, apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Hã? Como... – Yohanna ficou mais pálida do que já estava, “E daí?”.— Jorge... V- você é o pai. – sua voz se manteve fraca e vacilante.

— Não. – O moreno continuava com frieza quando se levantou da cama e pressionou-a contra a parede do quarto – E você também não esta gravida. – os olhos escuros deixaram a pequena apavorada, era a primeira vez que vira o namorado com uma expressão tão sombria quanto agora.

— J-Jorge... – Não podendo mais conter as lagrimas e o desespero, continuou – Deu positivo.

— Você me ama? – perguntou Jorge, com um tom de voz suave, totalmente oposta do tom no qual estava falando há segundos atrás, enquanto enxugava as lagrimas da jovem.

— Amo... – disse Yohanna coma voz embargada pelas lágrimas.

— Ótimo! – Jorge suspirou antes de sair do quarto após deixar Yohanna livre e segui em direção da porta.

— Aonde você vai? –  correu para impedi-lo de sair, mas, ele desviou-se.

— Vou comprar um remédio. – pegou uma jaqueta e tornou a fita-la – Você vai abortar isso ai. – por fim, fechou a porta com brutalidade. Yohanna ficou em choque, abismada com que havia sido dito, como se o que ela gerava dentro de seu ventre fosso qualquer aberração e não uma vida. Não aguentando mais sustentar seu corpo em cima das pernas bambas, caiu ao chão de joelhos aos prantos.

***

O silêncio foi interrompido quando o celular soou na melodia instrumental de alguma orquestra desconhecida.

— Diga Sarah. – Ordenou com uma voz sonolenta ao sentar-se no sofá com a cabeça inclinada para o chão, fazendo com que suas madeixas ruivas caíssem à frente dos ombros.

— Está dormindo? – Perguntou incrédula a voz no outro lado da linha.

— Sim, e estou falando com você porque também sou sonambula.

— Que mau humor em Hanna. – Admirou-se a dona de uma voz fina e suave – E já sei como te animar.

— Hum. – resmungou ainda entediada.

— Hoje o desfile de verão foi um sucesso para a Top Model Summer e meu irmão organizou uma festinha para todos os modelos da agencia. Sabe aquele imóvel retirado da cidade? – deu uma pausa esperando que a amiga confirmasse. Em vão. – Pois bem, será lá. Vamos?

— Estou entediada demais para sair Sarah, hoje o dia foi muito agitado.

— Hanna, se você não for, vai perder a oportunidade de conhecer alguns rapazes interessantes, para não dizer lindos –  A voz alertou com uma voz maliciosa acompanhada de um sorriso.

— Deveria ter nascido homem, para ser tão safada. – a ruiva deitou-se novamente no sofá em meio a gargalhadas, fazendo com que a gata arregalasse seus olhos de susto, o que provocou mais risos da parte da ruiva. A primeira risada alegre que conseguiu liberar no dia todo – Desculpe, mas irei recusar.

— Claro! – Sarah conteve os risos nervosos. – Por favor, Hannaaa. – a menina insistiu por mais alguns minutos até Yohanna render-se.

Depois de um longo banho, parou em frente ao guarda-roupa. "Uma festa vai te manter ocupada"  pensava consigo mesma. Ainda sem a mínima vontade de se arrumar, vestiu o primeiro jeans que encontrou e jogou uma blusinha vermelha de manga caída por cima e um salto preto.

Mais uns cinco minutos e uma jovem alta de cabelos tingidos de loiro e lindos olhos negros cruzou a porta com seus dezessete anos extremamente visíveis. Balançando um pequeno chaveiro com um chave, lançado um sorriso malando de quem dizia "Amo quando posso abrir portas".

— Não acredito que ainda deixa a chave da sua casa escondida naquela planta. – Sarah  se jogou nos braços da amiga.

— São de reserva.

— Vamos? – a jovem perguntou mudando de assunto. – O táxi está esperando.

— Sua mãe sabe que você vai? – perguntou a ruiva indo em direção a saída.

— Qual é Hanna? Você não é mais minha babá.

— Eu não acredito. – Yohanna deu uma risada enquanto fechava a porta – Ela só deixou você ir porque eu também vou. De novo, igual há um mês atrás. Agora eu sei por que você quase chorou no telefone.

— Desculpe te usar novamente, mas eu também te fiz um favor te tirando desse forno. – Sarah apontou para o AP da ruiva, e a mesma acompanhou o indicador da pequena, se lembrando de que precisava com urgência distrair-se. – Viu? – finalizou percebendo que estava mais do que certa, resultando em um resmungo de Yohanna rendendo-se para a loira. – Me agradeça depois. – disse arrastando sua antiga babá pelo pulso.

As duas seguiram até o taxista, meia hora seria o suficiente para chegar ao destino desejado.

Aos dezesseis anos, Yohanna passou a morar com a família Madison quando Sarah ainda tinha seus sete anos, na época, a ruiva estava perdida naquela cidade grande, sem ninguém conhecido à vista, como a mãe havia falecido de câncer, e a jovem não teve nenhuma opção além de trabalhar como empregada numa casa de família. Trabalhou como babá da jovem até a mesma completar seus quinze anos, no mesmo ano Yohanna concluíra a faculdade e passou a trabalhar na IMCity uma imobiliária famosa da região, na qual ainda estava empregada e conhecida como uma dos três melhores funcionários.

***

O local da festa estava lotado de pessoas, modelos para todos os lados e como Sarah havia dito. Muita beleza por metro quadrado, a maioria eram mulheres, cada uma com uma beleza exorbitante, envolvidas por belas roupas e maquiagens muito bem trabalhadas.

Shows de luzes tornavam um lugar muito parecido com uma das boates da cidade, em um canto entre a entrada da pista de dança e a piscina, um barman fazia seus malabarismo com os copos de bebidas coloridas, enquanto alguns garçons desfilavam com uma bandeja recheada de petiscos.

Logo na entrada David as avistou e correu cumprimentá-las.

— Que bom que veio Hanna. – sorria enquanto a abraçava, por ele ser mais alto o rosto da ruiva ficou entre os braços enormes do homem branco de belos cabelos negros – Vejo que Sasha te arrancou do seu esconderijo. – David era o irmão mais velho e único de Sarah

— Você sabe que ela ama ser chamada por este nome. – ironizou Yohanna ao perceber que a loira já havia se afastado antes mesmo do irmão chegar até ela.

— Tenho culpa se é o segundo nome dela? – deu de ombros – Enfim, por acaso ela disse para a mãe que você também vinha? Da ultima vez foi assim. Certo?– Yohanna assentiu com um sorriso constrangedor o que fez o homem levar a mão direita sobre o rosto balançando a cabeça negativamente – Quantos anos ela tem? Você não é mais a babá da Sarah.

— Foi exatamente o que ela me disse – Disse em meio as risadas. – Mas acho que devo agradecê-la, de certa forma foi uma troca de favores. Forçada, mas foi.

Os dois seguiram para a beira da piscina onde conversaram animadamente por alguns minutos, mas vez e outra eram interrompidos por algumas pessoas parabenizando o homem pelo excelente trabalho, e quando finalmente a conversa não estava mais sendo interrompida,  Sarah apareceu para arrastar Yohanna ao  centro do salão de festas, onde dançaram incansavelmente por um longo tempo, enquanto David se divertia apenas observando as pessoas dançando. As duas só pararam a dançar quando o salto da ruiva ameaçava ceder, voltaram para a beira da piscina onde David conversava animadamente com uns rapazes com um copo de whisky na mão ainda cheio.

Quase no final da festa, por pouco rola uma discussão. Yohanna não conseguia encontrar ninguém para levá-la para casa e David insistia que ele mesmo a acompanharia, isso durou cerca de dez minutos até que o homem conseguiu convencê-la .

— Está bem. – resmungou – Mas fique você sabendo. Se for pego na blitz por dirigir embriagado, não serei culpada.

David realmente estava embriagado, e pela baixa tolerância á álcool, estava um pouco tonto, mas não deixou que ninguém percebesse, tanto que até Yohanna foi passada para trás.

No caminho a ruiva não aguentou o sono tomar conta do corpo exausto e adormeceu rapidamente sem pressentir nenhum perigo. Estava tudo calmo, a estrada não tinha buracos, nem mesmo carros trafegavam em sentidos opostos, praticamente deserta. Tudo ocorria bem, até que, por um breve momento, David cochilou na direção, pois já estava no seu limite e acabou perdendo a direção do carro, ao abrir os olhos, viu uma grande árvore se aproximando rapidamente. Sem nem pensar duas vezes girou o volante o mais rápido possível para desviar. O movimento brusco do carro fez com que Yohanna acordasse com o peito palpitando forte com o susto, a tentativa do homem não saiu como o planejado, o caro desviou-se da arvore, porém perdeu o equilíbrio, resultado da alta velocidade e capotou, rodou quatro vezes arremessando a ruiva para fora.

Tudo ficou escuro.

***

— Yohanna... – Sarah gritava desesperada com lagrimas nos olhos tentando aproximando-se do local, mas alguém a impedia, o homem que a segurava pelo torso usava um uniforme escuro e tentava acalmar a jovem. A ruiva lentamente foi abrindo os olhos, sentiu que estava sobre o gramado alto e macio, em volta não conseguia reconhecer nada naquela escuridão profunda, os segundos pareciam horas e aos poucos, luzes vermelhas piscavam embaçadas e como se estivessem em câmera lenta no breu. – Yohanna... – de longe ouvia seu nome sendo chamado novamente por uma voz muito familiar, queria muito seguir a voz, mas nem mesmo conseguia se movimentar e por fim seus olhos cederam a escuridão... Outra vez.


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Notas finais do capítulo

Oi, Oi, Oi... Sentiram minha falta?
Então? O que acharam do capítulo? Muito direto? Curtinho? E as personagens?
quero saber de tudo, tudinho em.

"Desse jeito você assusta eles."
Não estraga minha Agitação Dona Consciência. Não se preocupem, daqui a pouco vocês e acostumam.
Eu e a Consciência conversamos bastante, sabe? rsrsrs



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