O Último Reino Antes do Fim escrita por Cherry_hi


Capítulo 1
Ato 1 - A Hime e o Reino das Flores de Cerejeira


Notas iniciais do capítulo

Escrito por: Cherry_hi

Revisado por: Yoruki Hiiragizawa



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Há dois dias, a Hime do Reino das Flores de Cerejeira acordou, sem memória, a beira do Abismo do Fim.

— Eu gostaria tanto de me lembrar… - essa era a frase mais pronunciada por ela.

— Irá se lembrar, Hime-sama. - retrucava Kero, com uma confiança inabalável

Mas a Hime não tinha tanta certeza assim. Parecia que aquele vazio na mente jamais seria preenchido.

Estavam sentados ao redor de uma fogueira, que parecia ser engolida nas profundezas da escuridão da noite. A Hime, uma garota de aparentes 16-17 anos, estava sentada no chão, apertando seus joelhos envoltos em sedas e algodão. Seus belos olhos verdes refletiam as chamas das fogueira, preocupados, lembrando-se da experiência aterradora de acordar na borda de um precipício tão fundo que era impossível enxergar o fundo. Felizmente Kero, seu fiel escudeiro e guardião, estava ali ao seu lado quando despertou. E a ajudou a se acalmar quando percebeu que não se lembrava de nada, nem mesmo do próprio nome.

"

Fique calma, Hime-sama. - dissera Kero, com sua vozinha infantil e sotaque engraçado.

— Que lugar é esse?! Onde estou? Quem… quem sou eu?

— Este é o Abismo do Fim, limiar leste do Reino. Do seu Reino, Hime-sama.

— Hime? P-princesa? Eu… sou… uma Princesa?! Deste lugar?!

— Sim.

— E o que estou fazendo aqui? Na beira do… abismo?

Pela primeira vez, Kero hesitou.

— Eu não sei. Um dia antes, acordei ao seu lado, também sem lembrar de como cheguei até aqui.

"

E, desde então, procurara alguma pista sobre suas origens. Suas vestes tradicionais e parecidas com de uma sacerdotisa, feitas de seda e bordadas com muito bom gosto, denotavam alta classe. Seus cabelos castanhos claros e lisos estavam presos em um pequeno rabo de cavalo simples, arrebatados com um grande laço rosa. Sua pele era clara e imaculada. Suas mãos macias pareciam nunca terem feito trabalhos pesados. As sapatilhas de seda preta moldavam confortavelmente seus pequeninos pés.

Mas, contrastando com seu aparente berço nobre, ela portava uma espada dourada de lâmina longa e fina que, embora tivesse um acabamento delicado em forma de asas, estava gasta, ligeiramente enferrujada e completamente cega. E ainda havia um objeto ainda mais intrigante e misterioso que a espada: uma pequena chave dourada, com pequenas asas e uma estrela cingindo uma pedra rosa, redonda e ainda mais enigmática, que às vezes parecia ser tão estática quanto uma montanha e às vezes parecia conter um pequeno universo que se voltava e retorcia ali dentro.

— Kero-chan, o que é essa chave? - ela perguntou, segurando-a pelo fio que estava amarrado pelo seu pescoço

Kero piscou e olhou, confuso, para o pequeno objeto que ela lhe mostrava. Depois, franziu a testa imensa, fazendo um grande esforço para se lembrar.

— Sinto muito, Hime-sama, mas tudo o que sei é que essa chave é muito importante. Não pode, em momento algum, perdê-la ou dá-la a outra pessoa.

Ali, no brilho oscilante das chamas, a pedra da chave cintilava enigmaticamente. Ela voltou a guardá-la por dentro das vestes. Deu um suspiro.

— E agora? O que faremos?

— Sugiro tentarmos pedir alguma informação no vilarejo que vimos antes do fim do dia.

— Mas… e se alguém me reconhecer? - ela perguntou, temerosa.

— Acho que você não deve se preocupar tanto com isso, Hime-sama. Todo mundo sabe que Phobos usurpou o trono e você teve que fugir.

— Se eu fosse um cidadão comum, talvez desejasse que a Hime morresse lutando pelo Reino.

Kero fez uma negativa com a cabeça.

— Não pense desse jeito. Temos que ter pensamento positivo. - ele voou de onde estava sentado e colocou uma mãozinha peluda e sem dedos na sua cabeça - Se ficar aí de testa franzida, vai ser ainda mais difícil encarar os desafios que vêm pela frente.

A moça sorriu um pouquinho. Kero - Ou Kerberus, que era seu verdadeiro nome - podia ser uma criatura estranha com sua cor amarela, asas brancas e calda comprida, mas tinha uma fé inabalável que as coisas poderiam ser resolvidas com persistência e bom humor. Ainda bem que ele estava com ela.

— Você tem razão. - A Hime olhou para o céu completamente escuro, sem lua ou estrelas - Acho melhor nos prepararmos para dormirmos. Daqui a pouco o céu vai clarear e não vamos conseguir dormir.

E era verdade. Ali, os dias eram muito longos e quentes, o céu sem nuvens de um azul claro como tinta dissolvida em leite. Embora não vissem a fonte daquela luz no céu, ela era constante e opressora, que fazia a Hime desejar estar usando roupas muito mais leves. A noite, por outro lado, era curta, muito fria e até os sons mais inocentes, como um pio de coruja, podiam causar calafrios. Mesmo um pouco contra a vontade de Kero, eles sempre faziam uma fogueira à noite, para que o calor e o brilho do fogo ajudassem a Hime a se sentir melhor. Assim, embalada pelo crepitar das chamas, a Hime adormeceu mais uma vez.

'

Acordou no dia seguinte com o calor tirânico do sol em sua pele. Espreguiçou-se e olhou ao redor. Kero não estava por perto.

— Kero-chan? - ela gritou. Como não obteve resposta, gritou mais alto, com a voz um pouco trêmula - Kero-chan? Onde você está?

— Aqui, Hime-sama.

O pequeno guardião saiu do meio de folhagens secas, carregando algumas frutinhas vermelhas

— Achei alguns morangos ali atrás. Infelizmente não eram muitos. Quer um? - A garota fez que não e se espreguiçou - Eu não consigo entender como você nunca tem fome. Nem sede. Aliás, nem vontade de comer, mesmo que seja só por gula. Ainda mais essas frutinhas incríveis!

— É bom que sobra mais pra você, Kero-chan - ela falou, rindo de como ele conseguia colocar dez morangos ao mesmo tempo naquela boca tão pequena.

— Bom, é melhor irmos andando se quisermos chegar naquela vila que vimos na hora do almoço.

— Você acabou de comer e já está pensando em comida de novo?

— É claro!

Puseram-se a caminhar, falando-se ocasionalmente. Procuravam viajar por lugares em que houvesse sombra, que eram poucos. Pelo menos naquele lado do Reino havia poucas florestas ou bosques. Toda a vegetação que existia estava seca ou morta. Após passar pelo leito de um rio quase completamente seco, onde corria só um fiozinho de água, a Hime perguntou:

— Será que o Reino inteiro está assim? Morrendo?

— Também gostaria de saber. Não lembro de muita coisa.

— Espero que seja só nesse lugar. Vai ver que é por isso que ainda não encontramos ninguém. É praticamente inabitável.

Chegaram à vila a tempo de escutarem o sino tocar doze badaladas. Era bem pequena, com algumas casas de telhados de palha e pintura branca. Chamava a atenção uma grande torre de relógio, situada bem no meio da praça. Apesar de limpa e bem arrumada, via-se claramente que estava passando por dificuldades. Os jardins estavam secos, as ruas, empoeiradas. As pessoas que viam pelas ruas pareciam cansadas ou preocupadas. Mesmo assim, quando viam a moça e Kero, esforçavam-se para sorrir e desejar-lhes boas vindas.

— Essa gente é muito gentil, isso não podemos negar. - comentou Kero - Mesmo com as dificuldades que eles aparentam ter… Ah! Olha ali! Uma estalagem! Será que eles têm comida?!

— E como você pretende pagar pelo almoço, Kero-chan? - provocou a Hime - Com seu belo sorriso?

— Ahhh… você sabe como colocar uma criatura para baixo, Hime-sama. - Ele falou, fazendo uma cara de cachorrinho pidão.

Mesmo assim, eles entraram na estalagem, que era grande e com boa aparência. Havia várias mesas redondas com toalhas brancas e um cheiro delicioso chegava até eles. Kero suspirou.

— Não sei o que é isso que eles estão cozinhando, mas preciso experimentar!

— Karaage de frango e Curry japonês. - respondeu uma voz atrás deles. Era uma jovem bonita, simpática e vestida com simplicidade - É a especialidade da casa, recomendado por qualquer um da vila de Tokei.

— Deve ser incrível mesmo! - Kero exclamou, sonhador. Mas logo ficou para baixo outra vez - Infelizmente, não temos dinheiro.

— Caramba. Sério? - a jovem demonstrou preocupação - Vocês também estão fugindo da área da capital?

— Fugindo… da área da capital? - repetiu lentamente a Hime, surpresa.

— Sim… Watashi. Muitas pessoas estão fugindo para o leste, depois da revolução. Principalmente depois do Muro.

— Muro?

A moça a olhou com ainda mais preocupação.

— Você realmente não está sabendo de nada! Por acaso você veio de outro país? - ela passou os olhos pelas suas roupas bonitas e a espada.

— Sim. Nós viemos de outro país. - A Hime se agarrou naquela desculpa perfeita. - Chegamos há pouco tempo. Estamos fugindo de uma… revolução.

— Ah! Bem… vocês vieram então para o lugar errado. Há poucos dias Phobos, Senhor da Sombra Púrpura, usurpou o trono da nossa jovem Hime. Ninguém sabe onde ela está. Uns dizem que ela fugiu, outros que foi feita prisioneira… outros dizem que ela morreu. Os aliados da Hime planejavam uma fuga em massa, mas então ele enfeitiçou a capital para que um grande Muro encantado impedisse a entrada ou saída de qualquer pessoa. E dizem que o muro avança devagar em todas as direções. Pelo menos é o que dizem os que conseguiram ficar fora de Watashi. Não sei se isso tudo é verdade, mas o Muro eu já vi com meus próprios olhos.

— Você foi para os lados da capital? - perguntou Kero, confuso.

— Não. Saindo de Tokei existe uma grande colina. Do topo, e possível ver boa parte dele. É… - a moça pareceu hesitar, procurando encontrar uma palavra que melhor definisse o que se passava por sua cabeça - estarrecedor.

A Hime apertou levemente os dentes no lábio inferior, preocupada

— As notícias chegam muito picotadas e confusas para essas bandas do Reino. A Província dos Ermos é a mais distante, mas… sabemos que coisas estranhas vêm acontecendo desde que…

— SASAKI!

Os três pularam de susto com a interferência repentina. Viram uma mulher muito gorda, de rosto bondoso e confiante aparecer na porta do que eles imaginavam ser a cozinha da estalagem, pois o cheiro delicioso de comida se intensificou

— Sim, Hisakawa-san?

— Você poderia ir até o mercado e comprar alguns legumes frescos? -

— Sim, Hisakawa-san.

A mocinha saiu enquanto a senhora fechou a porta e veio limpado as mãos no avental. Abriu um sorriso ao ver a Hime e Kero

— Ora. Temos fregueses.

— Ah. Sinto muito, senhora, mas… não temos dinheiro. Estávamos apenas pedindo informações. - desculpou-se a Hime, constrangida.

Naquele mesmo instante, o estomago de Kero roncou. Alto. A senhora, Hisakawa, deu uma gostosa risada.

— Não se preocupe minha querida. Não sou de deixar pessoas em necessidade desamparadas.

— Por favor, senhora… não se incomode conosco - a Hime insistiu, ficando vermelha.

— Queridinha, não se preocupe. Pode-se ver na sua cara que é uma moça honesta e que precisa de ajuda. Huuum… - ela pensou um pouco - Se você quiser, pode trabalhar também. Estou esperando um grupo de pessoas que está vindo para Tokei e toda ajuda possível é bem vinda.

A Hime abriu um grande sorriso.

— Ficaremos felizes em ajudar.

— Ficaremos? - perguntou Kero, desanimado.

— Se você quiser comer… ficaremos. - ratificou a moça, com firmeza.

— Ótimo. Primeiro, vocês vão comer e depois veremos o que podem fazer. Aliás, nem nos apresentamos. Meu nome é Hisakawa Ayo. Aquela que saiu é Sasaki Rika, minha ajudante. Quem são vocês?

— Este é o Kero-chan e eu - ela olhou ao redor, discretamente, procurando algo que lhe desse uma ideia de nome. Seus olhos se fixaram numa árvore seca que havia além da janela - Maki… - e, de novo, os olhos verdes varreram o lugar até que finalmente pararam em uma pintura de um vaso de flores - Hanako.

— Muito bem, Maki-chan. Vamos cuidar dessas barrigas vazias então.

O resto do dia correu atarefado. Depois do almoço (em que a Hime passou toda a sua comida discretamente para Kero), Hisakawa emprestou-lhe um dos vestidos de algodão que usavam suas assistentes e se pôs a trabalhar. Lavou e enxaguou todas as roupas de cama e até elas ficarem imaculadamente limpas, com um gostoso cheiro de flores. Depois varreu os quartos, limpou a prataria, descascou e cortou batatas, limpou um frango e desenformou os deliciosos bolos que Hisakawa-san havia assado.

— Obrigada, Maki-chan. - agradeceu a bondosa mulher, enxugando a testa com um lenço. O relógio lá fora começou a badalar - Caramba, já tão tarde? Em pouco tempo, os meus clientes vão chegar e ainda há tanto a fazer! Maki-chan e Sasaki-chan, por favor, vocês poderiam recolher as roupas que já estão secas no varal? Kero-chan, ficaria muito agradecia se você pudesse repor as velas nos candelabros mais altos.

Enquanto tiravam as roupas do varal, a Hime tentou retomar a conversa de antes. Pigarreou e perguntou, tentando não parecer muito curiosa

— Desculpe, Sasaki-chan, mas o que você estava falando hoje de manhã? Sobre coisas estranhas que vem acontecendo ultimamente.

— Ah! Bom… - ela olhou para além das casas da vila, onde se via o topo de um agrupamento de árvores secas - Ultimamente, os dias estão muito mais claros e quentes que o normal. Por isso, as árvores estão morrendo, os rios secando, a terra rachando… está tudo errado.

— Desde quando está assim?

— Começou a acontecer um pouco antes do Muro se formar, há uns cinco dias.

— Cinco dias…

— É… - Sasaki-chan dobrou lentamente um lençol e o colocou na cesta, pensativa. Depois comentou - Deve ter acontecido algo com o Conselho, por isso o Reino está esse caos.

— Conselho? - A Hime ficou com as mãos no ar a caminho de tirar uma fronha do varal, perplexa.

— Sim. A Hime-sama possui 19 Conselheiros, que cuidam dos assuntos do Reino. Eles são responsáveis por manter a ordem e o equilíbrio. Achei que o tal Senhor da Sombra Púrpura iria querer mantê-los no cargo, pois sem eles é muito difícil estabelecer a ordem, mas… pelo visto, isso não aconteceu. E eu temo pelo pior.

— Eles estarem… mortos?

— É possível. Espero estar errada.

Ainda bem que o grupo esperado pela dona estalagem chegou e, com isso, a Hime se manteve ocupada na cozinha (ela pediu a Hisakawa-san para não servir as mesas, com medo de ser reconhecida) ou então teria ficado preocupada a noite inteira. Só um pouco antes da meia-noite, quando finalmente se deitara para dormir no alojamento dos criados, ela pôde parar para pensar nisso. Gostaria de perguntar para Kero se ele lembrava dos Conselheiros, mas o guardião, muito cansado e de barriga cheia da excelente comida de Hisakawa-san, ressonava profundamente ao seu lado. Os olhos da Hime também estavam se fechando quase contra sua vontade e ela acabou dormindo uma noite sem sonhos.

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— 19 conselheiros? Sério? - Exclamou Kero na manhã seguinte.

— Fale mais baixo. - sussurrou a Hime, rispidamente

Estava a mesa do café, na cozinha, onde Sasaki-chan e Hisakawa-san apressavam-se em assar pães e passar café para os hóspedes. A Hime arrumava as xícaras e pratos na mesa, enquanto Kero-chan comia as sobras de um bolo de frutas.

— Segundo a Sasaki-chan, nós tínhamos Conselheiros e eles eram responsáveis pela ordem do Reino. Achei que essas Terras Ermas fossem naturalmente… desoladas, mas não. Ficaram assim depois do… que quer que tenha acontecido conosco.

Kero engoliu o último pedaço de bolo e sentou-se na mesa, cruzando os bracinhos, sério.

— Com certeza o motivo do Reino estar tão mal é a ausência dos Conselheiros em seus devidos cargos - ele falou lentamente, pensando - Mas isso não quer dizer, necessariamente, que eles estejam mortos ou coisa parecida, Hime-sama. É possível que tenham, como nós, fugido.

— Ou podem ter sido presos. Sasaki-chan comentou isso, lembra? Que os aliados da Hime estavam presos em Watashi.

— Huuum… - Kero fazia um grande esforço e logo depois bufou, frustrado - Ah, como eu gostaria de lembrar do que aconteceu há cinco dias!

— Seis. - corrigiu a Hime

— Que seja. Essa amnésia é uma droga!

A Hime suspirou. Não era preciso que Kero lhe dissesse isso. Era o principal pensamento que lhe vinha a cabeça a todo momento.

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— Estou pensando em subir a tal colina em que Sasaki-chan disse que é possível ver o Muro. - a Hime falou, durante a breve pausa que tiveram para o almoço, depois das três da tarde

— E como você pretende fazer isso? - Kero retrucou, mal-humorado, apertando uma parte dolorida do seu corpinho - Não conseguimos ter um descanso decente desde que começamos a trabalhar.

— Você está comendo como um rei, então não reclame. De qualquer forma, esse grupo uma hora vai ter que ir embora. Pediremos uma folga a Hisakawa-san, subiremos a colina e olharemos o Muro. Depois decidiremos o que fazer.

— Se realmente os Conselheiros fugiram, ou não, alguém deve ter notícias deles. Poderíamos pedir informações. Alguns hóspedes vieram de perto da Capital e podem saber de alguma coisa.

— Eu ainda prefiro não me expor, se possível. - a Hime falou, cautelosa.

— Eu posso fazer isso. Vou ter que ajudar Hisakawa-san durante a noite no salão hoje. - ele suspirou, cansado - Não vejo a hora desse pessoal ir embora.

'

E eles foram. Dois dias depois.

Depois do almoço, quando finalmente o grupo acenou na curva da estrada, montados em seus cavalos e levando suas carroças, a Hime e Kero se deixaram cair nas cadeiras, mal se aguentando em pé. Hisakawa-san deu uma boa risada.

— Fiz vocês trabalhem bastante, não é mesmo? Não se preocupem, hoje vocês serão muito bem recompensados. Faremos um bom jantar. Por ora, por que vocês três não vão tomar um bom banho e descansar um pouco? Fecharei a estalagem até as seis da tarde e estarão livres para fazer o que quiserem.

O desejo de ficar algumas preciosas horinhas da tarde dormindo era tentador, mas a Hime precisava satisfazer a curiosidade.

— Estava pensando em subir a colina hoje.

Por um instante, Hisakawa-san lançou um olhar estranhíssimo para a moça, que ficou confusa. Depois, ela perguntou, lentamente:

— Você quer ver o Muro… não é?

— Ah… é sim. A Sasaki-san falou dele para nós e fiquei curiosa.

— Vocês poderão ir amanhã pela manhã. A caminhada é um pouco longa e pode ser exaustivo. Depois de uma boa noite de descanso vocês se sentirão mais dispostos.

Parecia ser uma solução perfeita. Depois de um bom banho, ela se deitou na cama e só acordou na hora que a boa senhora veio chamá-la, três horas depois, embora parecesse que ela havia dormido apenas por dez minutos.

O movimento na estalagem foi relativamente menor, pois apenas alguns moradores apareceram para tomar uma cerveja e conversar. Kero-chan, que até agora só havia ouvido alguns fragmentos de notícias da Capital, continuava servindo as mesas, anotando pedidos e conversando com os fregueses. A Hime continuava servindo na cozinha. Estava temperando a carne e, habilidosamente, cortando os legumes para fazer um Sukiyaki.

— Ora, Maki-chan, você é muito boa na cozinha. - falara a senhora, quando viera fiscalizar o progresso da moça

— Obrigada, Hisakawa-san. - a moça retrucara, ligeiramente acanhada.

— Deve ter muita prática já. Quando a vi, vestida com tanta elegância, achei que fosse se enrolar na hora das tarefas, mas vejo que me enganei. Fez tudo direitinho.

Ela riu, um pouco sem graça, mas, quando a outra voltou para o salão, a Hime ficou pensando nisso. Se era realmente uma princesa, deveria ter ficado exausta fazendo aquelas tarefas doméstica, que, com certeza, jamais deveria ter feito no palácio. Porém, sentia muita facilidade e até gostava de fazer aquilo. Terminou de cortar uma acelga e pegou outro talo para picar, prestando atenção nas mãos. Apesar de todo trabalho pesado dos dias anteriores, suas mãos continuavam brancas e macias, sem um calo sequer.

— Será que é algum tipo de magia que faz com que eu seja boa em tudo? - Ela murmurou a pergunta para a acelga que, naturalmente, não respondeu. Mesmo assim, ela continuou. - Não, não! É muita presunção da minha parte pensar que sou capaz de tudo. Hoje mesmo me atrapalhei com as contas do mercado. E a minha noção espacial também é péssima...

Felizmente a acelga foi polpada de mais conjecturas pela entrada de Kero-chan na cozinha

— Hime… quero dizer… Hanako-chan - eles haviam combinado dele não chamá-la pelo título enquanto estivessem trabalhando ou na presença de outras pessoas - Tem um cara na mesa três pedindo bolinhos de arroz.

— Certo. - ela se apressou em atender o pedido. Enquanto preparava o prato, perguntou para o guardião - Alguma novidade? Sobre a capital ou os membros do Conselho?

— Nah! - ele deu um muxoxo de impaciência - A novidade do dia foi que algumas pessoas avistaram um pássaro gigante pelo céu, que ninguém sabe explicar de onde veio. Fora isso, está tudo na mesma. Creio que estamos muito longe da Capital para que as notícias cheguem aqui com frequência e veracidade.

— Você tem razão. Talvez tenha chegado a hora de partirmos e procurarmos algum outro lugar para coletar informações.

— Amanhã, depois que voltarmos da colina, poderemos pedir informações a Hisakawa-san de outras cidades que possam ser mais interessantes.

— Sim. - A moça suspirou - Vou sentir falta daqui. Apesar de todo trabalho, gosto de Hisakawa-san e da Sasaki-chan, da estalagem e da cidade. Todos são muito gentis.

— Também acho. Só que nós precisamos descobrir o que está acontecendo e retomar o trono. Ontem ouvi alguém comentar que as lavouras estão morrendo por causa das condições climáticas e do solo. Precisamos descobrir o que está causando tudo isso.

— Nem precisa dizer essas coisas, Kero! Eu sei disso! - ela retrucou, um pouco irritada. Ela terminou de arrumar os bolinhos no prato e os equilibrou na cabecinha do guardião - Leve logo antes que esfrie.

Assim que ficou sozinha, ela suspirou de novo. No fundo de seu coração, ela desejava poder se esconder ali pra sempre. Infelizmente, ela não podia se dar ao luxo de fugir de seus problemas daquela maneira.

'

Acordaram bem cedo na manhã seguinte e, depois de um bom café, se prepararam para subir a colina. Sasaki-chan orientou os dois quanto à melhor maneira de chegar ao cume, onde havia um pequeno mirante no ponto mais alto.

— Aí é só virar para a esquerda, não tem erro. - ela completou. Entregou então uma pequena cesta para a Hime, que a olhou interrogativamente - A subida pode ser bem cansativa, por isso preparei um lanchinho para vocês.

— Com bastante doces?! - perguntou Kero, animado. Sasaki-chan riu.

— Claro que sim. Também coloquei um cantil de água para que consigam aguentar o calor.

— Você é um anjo!

— Maki-chan, pode vir um segundo aqui? - pediu Hisakawa-san, na porta do quarto da estalagem, enquanto Kero perguntava para Sasaki-chan quais os doces que haviam dentro da cesta. Assim que a moça entrou, ela fechou a porta.

— Alguma coisa errada, Hisakawa-san? - a moça franziu levemente a testa, estranhando aquele comportamento.

— Maki-chan, eu quero que você tome muito cuidado no caminho. Como você bem sabe, o Reino anda passando por momentos complicados e as estradas, por mais desertas que pareçam, podem ser perigosas. Por isso, eu me sentiria melhor se você levasse a sua espada.

— A espada?! Mas… ela está cega! - ela exclamou, surpresa

— Uma espada, ainda que cega, é melhor que nada. Pode desencorajar ideias erradas de quem vê uma mocinha tão bonita caminhando pela estrada.

— Hã… tudo bem, Hisakawa-san.

A Hime pegou o cinto e a arma e colocou na cintura, apertando bem a fivela.

— Pronto. Ainda acho desnecessário, mas a senhora foi tão boa comigo que seria rude da minha parte lhe negar esse favor.

— Obrigada… Hime-sama.

Ela achou que não tinha ouvido direito. Mas o olhar da senhora sobre ela era mais eloquente do que qualquer palavra. A moça sentiu um calafrio na espinha. Passou por sua cabeça negar, mas o que saiu de sua boca foi:

— Como… soube que era eu?

— Suas roupas finas, a espada, Kero-chan, que imagino ser Kerberus, um dos guardiões reais… tive várias pistas ao longo do caminho. - ela piscou.

— A… Sasaki-chan… sabe?

— Não sei. Acho que ela realmente pensa que você veio de outro país. - a Hime respirou aliviada. - Seria tão ruim se ela soubesse?

— Não, não. Mas… se a senhora me reconheceu, é possível que outras pessoas me reconheçam.

— Achei muito prudente de sua parte ficar na cozinha durante a sua estada aqui. Mas sim, é possível que outros a reconheçam.

— Então… talvez… eu não… deva ir… à colina…

Hisakawa-san colocou a mão carinhosamente no ombro da garota

— Você não pode se esconder de seus problemas, Hime-sama. Não sei o que aconteceu em Watashi, mas deve ter sido grave o suficiente para que viesse parar num lugar tão distante. O que aconteceu?

— Esse… é o problema. Eu não sei. Acordei na Beira do Abismo do Fim alguns dias antes de vir para esta cidade, com Kero do meu lado, sem me lembrar de nada. - ela apertou o cabo da espada com mais força - Juro que não sabia do Muro, dos Conselheiros… de nada! Sinto-me completamente perdida e preciso de um lugar para começar a me encontrar.

A boa senhora sorriu.

— Sei que vai, Maki-chan… aliás, imagino que esse não seja o seu nome verdadeiro. - Ela negou com a cabeça, abatida. - Então… qual é o seu nome?

— Eu não sei. Kero também não. Achei que a senhora talvez soubesse… - a Hime respondeu, angustiada.

— Sinto muito, mas eu não sei. Na verdade ninguém, fora do palácio, sabe.

— O quê?!

— Você sempre foi conhecida como Hime-sama. - ela deu com os ombros. - Sempre foi assim. O velho rei era conhecido como Ou-sama e só.

— Então… todos que sabem estão presos na capital… - A Hime parecia prestes a chorar. A mão de Hisakawa-san apertou com um pouquinho mais de força seu ombro

— Não fique assim, Alteza. Vai se lembrar no momento certo. Você é forte e corajosa, então com o tempo, as coisas se encaminharão. - ela sorriu, com doçura - Citando o Mantra Real, "Zettai daijoubu dayo".

Assim que ela terminou de pronunciar aquelas palavras, ela sentiu alguma coisa esquentar dentro de seu peito e imagens de sorrisos que lhe pareciam familiares piscarem na sua mente. Foi o suficiente para que a Hime sorrisse.

— O que seria esse Mantra Real?

— É uma frase que está escrita em cada marco das cidades do Reino. Se passar pela praça, verá que há uma plaquinha na torre do relógio com essas palavras. É o que nos encoraja a viver cada dia de nossas vidas, mesmo que nada esteja dando certo.

— É uma filosofia bem bonita.

— Claro que é. Foi você quem a escreveu.

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— Então a Hisakawa-san já sabia quem nós éramos? - perguntou Kero.

— Sim. Desde o primeiro momento.

— E por que não nos falou nada?

— Ela quis respeitar minha privacidade, acho eu.

— E o que ela acha do fato de você estar aqui e não na capital?

— Sabe que eu nem perguntei? Contudo, ela não parecia estar zangada ou decepcionada comigo. Parecia só… compreensiva.

— Entendo… Como foi que ela a reconheceu?

— Minhas roupas, você… - a Hime deu com os ombros - E a espada também.

— Bom… já sabemos que, na próxima vez que formos a alguma cidade, precisaremos ser mais cautelosos. Roupas mais simples, uma capa para esconder a espada e seu rosto… esse tipo de coisa.

Fazia mais ou menos uma hora que haviam saído da Vila de Tokei. Mas o caminho estava movimentado, cheio de pessoas que estavam indo trabalhar nas fazendas próximas e viajando para outras cidades, impossibilitando Kero e a Hime de terem uma conversa mais reservada. Só ali, já perto do sopé da colina, puderam falar com mais liberdade.

Iam começar a subir quando uma sombra enorme passou acima deles. Quando olharam para cima, viram um pássaro enorme voar bem alto no céu. Tinha longas asas azuis, pescoço comprido e elegante e uma calda abruptamente cortada. Era lindo e, ao mesmo tempo, assustador.

— Deve ser o pássaro do qual estavam falando ontem. - sussurrou Kero.

— Por que você está sussurrando? - perguntou a Hime, no mesmo tom de voz.

— Não quero virar comida de pássaro gigante.

— Você seria só um farelo de bolo pra ele Kero. Já eu daria um bom espetinho… acho. - ela estremeceu.

Mas o pássaro não parecia interessado neles. Continuou a voar, placidamente, batendo suas imensas asas e desapareceu do outro lado da colina. A Hime, então, soltou o ar que nem mesmo percebera ter prendido e começou a subida.

A estradinha de terra acidentada estava ladeada de árvores que um dia deveriam ter possuído copas frondosas, mas agora, como tudo naquele lugar, estavam secas e quebradiças. O que era uma lástima, pois a subida era bem escarpada e uma sombra seria de muita ajuda contra aquele calor terrível.

— Mesmo tomando essas precauções. - A Hime disse, entre arquejinhos - Ainda assim, fatalmente, alguém me reconhecerá. É mais um item da minha lista de coisas das quais não posso fugir.

— Ainda assim, discrição nunca matou ninguém. - Kero argumentou. Ele estava sentado no ombro da Hime, e usava suas asinhas para se abanar - Ainda mais sem saber o que, de fato, está acontecendo na Capital e qual a opinião do povo em relação ao que aconteceu. Phobos pode estar muito bem mentindo e dizendo que você fugiu ou que, na verdade, você é uma impostora.

— Muito… encorajador… da sua… parte… - os arquejinhos se tornavam cada vez mais arquejos maiores.

— Estou sendo apenas realista.

— Kero-chan… acho melhor… não conversamos… mais… estou muito… cansada. E… pode fazer… o favor de… sair do… meu ombro? Você… é pesado.

Kero suspirou, mas saiu voando, acompanhando a moça.

Depois de quarenta minutos e duas paradas para descanso, a Hime finalmente fincou o pé no plano firme do cume da colina, arfando, curvada para baixo e com as panturrilhas duras e doloridas.

— Finalmente!

— Caramba! É uma subidinha bem acentuada - Kero falou, parecendo estar em um estado muito melhor do que o dela, embora estivesse visivelmente suado.

Demorou três minutos inteiros para que a Hime fosse capaz de formar frases inteiras sem arquejar no meio.

— Para você foi mais fácil!

— E você?! Está aí reclamando de estar sem ar, mas não suou nem uma gota!

Era verdade. Apesar de estar se sentido quente e cansada, ela não suara nada. Parecia tão bem quanto estava no sopé da colina.

— Mas eu me sinto tão mal quanto estaria se tivesse subido uma montanha!

— Que seja. Vamos logo procurar o mirante que a Sasaki-chan nos indicou.

A Hime olhou ao redor. A estradinha ali era ainda mais precária e as árvores, ainda que sem vida, possuíam galhos suficientes para cobrir bastante da luminosidade do dia e troncos grossos o bastante para tapar a paisagem. Andaram por mais cinco minutos, mais ou menos, até que avistaram uma construção de pedra em ruínas.

— Deve ser aquilo lá! - exclamou quero, animado e acelerou seu voo.

— Espera, Kero-chan!

Bem que ela tentou correr, mas ainda estava muito cansada da subida. Ela adentrou pela construção, esbaforida. Localizou Kero em pé, apoiado na mureta do mirante. A abertura que dava para a paisagem ficava do lado esquerdo, justamente como Sasaki-chan descrevera. Kero estava muito quieto, olhando para o horizonte que ela ainda não conseguira ver. Seu olhar parecia perplexo.

— Kero-chan, o que foi?

Ela se aproximou da abertura do mirante. E seu coração quase parou.

Bem ao longe, além de duas montanhas altíssimas, além do que parecia ser um leito de um grande rio seco, além do que parecia ser um deserto, além do que parecia ser algumas cidades, umas maiores que as outras, além da extensa costa de uma praia ao sul… estava o Muro.

A Hime imaginara várias coisas que poderiam ser o que Sasaki-chan tentara descrever. Imaginaram um muro alto de pedra que, visto de longe, deveria parecer baixo. Imaginou também uma cortina de magia que circundava a capital. Afinal, lhe disseram que o Muro era obra de magia. Mas nada - NADA! - lhe preparara para o que estava vendo.

Longe de ser uma muralha de pedra de alguns metros de altura, A estrutura avançava céu acima e se perdia no meio de nuvens cinzentas, as únicas que vira até então no Reino. E, longe de se delimitar a uma área que pudesse cobrir a capital, por mais extensa que fosse, o Muro ia de norte ao sul até aonde o horizonte permitia ver. Era grande, imenso, descomunal… imensurável! Ela largou a cesta que Sasaki-chan havia lhe dado, sem perceber.

— Isso… i-isso… é o… Muro?! - a Hime balbuciou, desnorteada.

Mesmo de tão longe, era possível perceber que o Muro não era de pedra. Ele cintilava lentamente, numa cor roxa profunda, quase negra. Era magia, uma magia poderosa.

Quase sem perceber, a Hime desceu por uma escadinha que havia na lateral do mirante e que dava numa grande planície, onde ventava bastante. Seus cabelos escapavam do coque que fizera e voavam com violência, chicoteando seu rosto, mas ela não se importava. Estava completamente dessensibilizada em relação ao que lhe acontecia. Toda sua atenção estava focada no Muro… e no pensamento de que seria impossível vencer.

— Hime-sama! - Kero lhe gritou, ao longe - Hime-Samaaaa! - ele parecia mais perto agora.

Alguns segundos mais tarde, ele estava na sua frente, parecendo preocupado, mas determinado.

— Calma, fique calma!

— K-kero-chan… - sua vista ficou repentinamente embaçada com as lágrimas que surgiram em seus olhos. - É… é…

— Eu sei! É terrível…

— E-eu não p-poss-o… não v-vou… con-conseguir…

— Não pode desistir antes de tentar, Hime-sama!

— Mas… - ela o olhou, completamente desamparada, com as lágrimas escorrendo livremente pelo seu rosto, os olhos completamente arregalados e a face lívida.

— Olha, eu sei que parece impossível, mas eu tenho certeza que vamos encontrar uma saída! Mas, em primeiro lugar, precisamos ficar calmos! O desespero não nos levará a lugar nenhum!

— Eu… eu… - ela voltou seu olhar para o Muro, sentindo que a escuridão de suas paredes se apossavam de seu coração. Kero se meteu outra vez no seu campo de visão, com o pelo amarelo refletindo com força a luz do dia.

— Fique calma! Vamos… olhe para mim e respire devagar.

Ela nem percebera que estava respirando rápido. Sempre olhando nos olhos de conta de Kero, ela foi tentando fazer a respiração voltar ao normal e aquietar as batidas do coração. Lentamente, as lágrimas começaram a ficar mais escarças nos olhos vermelhos. O tremor do corpo também foi passando. E, finalmente, ela arriscou um sorrisinho muito trêmulo.

— Obrigada, Kero. - ela passou a mão no rosto, tentando limpar as lágrimas que restavam. - Você tem razão… chorar não vai adiantar nada.

— Isso mesmo. - ele se virou e encarou o Muro por vários segundos, parecendo tão concentrado como se estivesse tentando destruí-lo com o poder da mente - Eu já imaginava que o poder de Phobos fosse imenso, pelo menos o suficiente para nos expulsar de Watashi e apagar nossas memórias.

— Isso não é nada animador.

— Mas… - ele continuou, como se não tivesse escutado o comentário pessimista. - Ele não conseguiu nos pegar. Se fomos espertos o suficiente para sairmos, seremos também para descobrir uma solução para esse problema. Só precisamos ter fé!

A Hime inspirou profundamente

— "Zettai daijoubu dayo". - quando ela recitou o Mantra Real em outra vez, aquele calor invadiu o seu peito e ajudou-a a dissipar o medo que sentia.

— Isso, mesmo! - animou-se Kero - Vamos descobrir o que fazer. Nós dois.

— Oh, mas será mesmo, Kerberus? - falou uma voz desconhecida, vinda lá do alto do mirante. Uma voz enérgica e muito sarcástica.

(Continua)


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Notas finais do capítulo

Notas interessantes:
Tokei - Significa relógio em japonês
Hanako - Nome feminino que significa algo como filha das flores ou criança da flores.
Maki - Algo como "Árvore real, verdadeira"
Zettai daijoubu dayo - "Vai dar tudo certo"
Ou-sama - Rei, em japonês


Crianças... I'M BACK!

Pois é gente, achei que já tinha aposentado a caneta das fanfics, mas eis que o CLAMP nos surpreende com uma nova saga de CCS! Aí a empolgação me pegou de jeito (parece que voltei a ter 15 anos! :P).

Junto com a empolgação, veio a vontade de ler o mangá, assistir o anime e os OVAS, ler fanfics... escrever de novo. Então pensei bem no que faria e me veio a ideia de adaptar uma das minhas histórias originais que comecei a escrever num blog, "O Último Reino Antes do Fim". Na verdade, comecei a desenvolver O Último Reino jogando Minecraft (É, eu jogava Minecraft). Cheguei a escrever uns 16 capítulos pequenos, que tinha no máximo 3 páginas cada. Mas, exatamente por causa desse formato pequeno, não estava realmente satisfeita com a história e dei uma parada, planejando reescrever para me aprofundar mais nos personagens.

Agora, com a fanfic, mudei um montão de coisas e adaptei outras, de modo que só o argumento principal é o mesmo.

Agora, vamos a alguns esclarecimentos:

— Essa fic vai seguir os eventos do Mangá, passando apenas pelas sagas Clow Cards e Sakura Cards. Comecei a escrever a fic depois do lançamento do mangá novo, mas optei por fazer algo paralelo. A gente pode dizer que a minha história se passa num mundo paralelo da linha original... hihihihihi (risos misteriosos e irritantes)

— Tentarei (vejam bem, crianças... TENTAREI!) manter uma periodicidade decente nessa fic. Estou me programando para escrever 16 capítulos, que quero publicar em no mínimo 15 dias e no máximo um mês de diferença (mas, como vocês sabem, imprevistos acontecem). Vou me esforçar para manter a periodicidade, entretanto, se eu atrasar, me perdoem.

— Estou dedicando essa fic a duas pessoas em particular: Minha irmã Yasmin (Mimica-chan) que ficou morta de feliz quando soube que voltaria a escrever e a minha querida amiga, Yoruki Hiiragizawa, que sempre me apoia e está disposta, mais uma vez, a ser minha revisora, tradutora, conselheira e solucionadora de bloqueios mais intensos que a da seleção masculina de vôlei brasileira; Mas a fic é dedicada a todo mundo que gosta de CCS e, como eu, está maluco com a história nova. Sejam leitores antigos meus ou não, espero que realmente apreciem O Último reino. Estou escrevendo com muito carinho. :)

E é isso. Vejo vocês na próxima atualização. Elogios, críticas e sugestões, façam comentários.

Mil beijos...

By Cherry_hi



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