It Ain't Me, Babe escrita por isa


Capítulo 1
It ain't me you're lookin' for, babe.


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma one bem bobinha que eu venho desenvolvendo desde o inicio do meu processo de luto após o episódio VII. Eu só queria escrever algumas coisinhas sobre o Han mesmo, então cá estou eu. Não tem exatamente um final, e eu achei que deveria ser assim mesmo.
É isso! :)
Espero que gostem ;*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702025/chapter/1

Possivelmente o problema estava no olhar de despeito. Não importava o que ele fizesse, quantas vezes fizesse ou como fizesse, os olhos castanhos – odiosos e bonitos – da princesa denotavam sempre a mesma coisa: o quanto ela não confiava em suas frases prontas, rompantes de bom caráter ou sorrisos. Isto, obviamente, fazia dela uma criatura inteligente, mas doía em Han (e ele ainda estava tentando descobrir porque), em seu ego e, especialmente na sua criança interior órfã e desesperada por atenção.

Paixonites não estavam no histórico de burrices do contrabandista e ele não demorou muito a entender que precisava se recuperar logo do que quer que estivesse sentindo por Leia caso quisesse manter seu orgulho intacto.

O que tornava a tarefa árdua, no entanto, é que às vezes... Quando ele estava distraído ou bravo o suficiente para se esquecer de manter a pose que lhe vinha quase naturalmente, uma parte sua podia jurar que Leia o observava de verdade. Era uma intuição estranha acompanhada de um formigamento na base da espinha, mas nunca confirmada porque a verdade é que ele estava apavorado com a ideia de estar alimentando esperanças estúpidas. E havia um milhão de coisas que ele alimentaria antes dessa famigerada categoria.

Por essa razão ele havia se decidido. Ia embora. Já era mais do que hora, de qualquer forma. Ele não era um herói e até onde sabia, não tinha a menor pretensão de ser. Havia sido divertidamente perigoso auxiliar na causa por três anos após a destruição da estrela da morte, mas ele não era um homem de política, ideologia ou fé. Seu cérebro doía só de pensar em tais coisas. Ele preferia utilizar suas conexões neurológicas para táticas de sobrevivência e angariação de dinheiro.

Dinheiro, alias, era a segunda razão para cair fora: não era muito esperto deixar que Jabba alimentasse o ódio que devia sentir dele, e ele certamente estava farejando seu rastro a tempo demais.

Luke ficaria bem, no fim das contas. Era um bom garoto e Han se certificara de ensinar-lhe uma ou duas coisas a mais do que ele sabia na época de Tatooine. Gradativamente, o rapaz estava se tornando o que ele parecia destinado a ser. Han sentia-se feliz pelo amigo. Ainda assim...

— Você está pensando? Essa é uma coisa nova. – Leia franziu o cenho ao encontrá-lo distraído.

Han estreitou os olhos e fingiu um sorriso, mas nenhuma resposta lhe ocorreu, de modo que ele ficou assim por dolorosos segundos, até Leia, agora aturdida, murmurar um “você está bem?”.

— Ótimo. E você? Nada de errado no universo para consertar? – Ela girou os olhos e não se deu o trabalho de responder, mas seu semblante ficou levemente aliviado. Com a provocação corriqueira estava acostumada, então apenas seguiu seu caminho.

Han forçou-se a não curvar o pescoço para olhá-la. Ele não precisava ser um homem muito inteligente para saber que aquilo nunca funcionaria. Mas, por outro lado, seria ingenuidade acreditar que em algum momento ele estaria livre do efeito que ela lhe provocava.

Era uma armadilha.

E ele não tinha ideia de como sair dela.

Com alguma sorte – e ele bem que precisava de alguma agora – ele descobriria o que fazer quando fosse embora. Em um ou dois dias. Talvez uma semana ou uma quinzena. Mas ele certamente iria. Ele fugiria daqueles olhos quantas vezes fossem necessárias para se sentir seguro outra vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!