(BPOV)

Thom me acordou para substituí-lo na vigia. Eu estava abraçada com Edward, que fingia dormir. Tomei banho, me troquei e dei um beijo nele, que piscou para mim e falou que ainda ia ficar no quarto, para manter as aparências. Desci as escadas e fiquei com o notebook no colo, enquanto eu lia alguns pontos importantes dos nossos relatórios. Eu revezava olhares entre a tela e a casa.

Eu estava preocupada com o que Susie disse para mim. Jared Brown não podia me transferir e nem me tirar do caso. Não por causa de mais um dos caprichos dele.

As horas foram passando rapidamente e logo ouvi passos pesados descendo as escadas.

- Bom dia, Baby B! Como estão as coisas? – Thom desceu falando.

- Bom dia, Thom. As coisas estão normais como sempre. Bom dia, Dean.

- Bom dia, Bella. – ele respondeu.

Eles sentaram ao meu lado, cada um me dando um beijo na bochecha. Thom estava tomando a sua dose matinal de cafeína, e nós o acompanhávamos.

- Eu preciso falar uma coisa. Ontem recebi uma ligação de Susan, me dizendo que eu precisava mandar o meu relatório, o qual eu tinha esquecido de enviar. Ela comentou sobre o Jared não estar muito contente comigo na missão. – eu desabafei.

- E o que você vai fazer, Bells? – Thom perguntou preocupado.

- Não sei. Eu realmente não sei. Jared não pode me tirar.

Ouvimos passos e logo nos recompomos, Thom apertou a minha mão e piscou, me fazendo sorrir para ele.

- Bom dia, queridos. – Esme nos cumprimentou.

- Bom dia, Sra. Cullen. – Dean a cumprimentou.

- Oh, por favor, Dean. Apenas Esme.

- Tudo bem, sen... Esme.

- Estão com fome? Vou começar a preparar o café da manhã. – ela perguntou com um sorriso.

- Acho que preferimos treinar um pouco antes de nos alimentarmos, Esme. – eu disse.

- Como quiserem. Enquanto treinam, eu vou chamando todos e preparando a refeição. Usem o jardim.

Sorrimos para ela. Esme apesar de tudo ainda tinha tempo para cuidar de nós, como se fossemos seus filhos. Era tão diferente de Renée. Sempre fui eu quem cuidei de minha mãe. Eu sempre considerei Esme a minha segunda mãe. E sou grata por ela me ver como uma filha.

Subi ao nosso quarto e troquei de roupa, colocando uma roupa mais leve para treinar. Desci as escadas e encontrei os meninos com roupas parecidas. Dean como sempre sendo indiscreto ao olhar minhas pernas.

- Baby B, por que não começa lutando com Dean enquanto eu pego o som e dou uma checada ao redor da casa? – Thom perguntou.

- Claro.

Dean e eu fomos para o jardim e ele me falava que estava precisando mesmo disso, afinal, eu o havia desmoralizado na frente dos Cullen. Em um clima bem mais amistoso do que o de ontem, começamos a treinar.

- Eu não acho que você deveria se sentir tão ameaçada por Jared. Ele não irá te tirar da missão se você pedir.

- Não sei Dean, eu estou meio confusa. Jared ficou muito insuportável depois do que aconteceu.

- Vá com calma com ele. Talvez, ter sido motivo de zoação por sua causa deve tê-lo deixado um pouco bravo.

- Pode ser. Mas eu não gostei do tom que Susan falou. Era como se ela já desse por confirmada a minha retirada.

- Às vezes é só sua impressão.

- Talvez.

E continuamos a treinar por uns quinze minutos. E no final – como sempre – eu ganhei de Dean. Deitamos cansados e arfando na grama. Mas nosso descanso foi interrompido por um grito de Thom dentro da casa, me chamando. Ele logo apareceu esbaforido, correndo até nós com o meu coldre e minha arma da mão. E os de Dean também.

- Jared está aqui com Charlie. Acabaram de estacionar o carro. Vocês estão suados e mal-arrumados, mas acho que dá para enganar ele um pouco. Arrumem as armas e vamos para a sala. Carlisle e Esme o estão recepcionando.

Arrumei o coldre rapidamente em minha cintura e passei a mão por minha roupa. Eu estava com um short curto preto e uma blusa branca escrita FBI, tentei tirar a grama que estava presa nela. Passei a mão no meu cabelo em uma tentativa frustrada de arrumá-lo. Dean estava na mesma situação que eu.

Ajeitamo-nos parcialmente e fomos correndo até a casa. Entramos afobados na sala, dando de cara com meu pai e Jared, que nos olhavam incisivos. Os Cullen nos olhavam interrogativamente e eu sentia o olhar perfurante de Edward sobre mim.

- Equipe Alfa, sentido. – Thom disse.

Estávamos um ao lado do outro, comigo no meio. Batemos continência e miramos Jared, que nos encarava com um pouco de impaciência.

- Descansar, equipe Alfa. – ele falou.

Jared Brown é um dos mais jovens generais das Forças Especiais do Exército. E também é incrivelmente lindo. Alto, porte atlético e musculoso, louro e com olhos azuis. Eu tinha uma pequena queda por ele antes de conhecer Edward.

- Bom dia, família Cullen. Eu sou o general Jared Brown, da Forças Especiais.

- Bom dia, general. Meu nome é Carlisle Cullen e essa é minha esposa, Esme Cullen, e nossos filhos.

- Prazer Dr. e Sra. Cullen.

Logo depois Charlie os cumprimentou, sendo um pouco seco com Edward, como sempre.

- Bom, vocês devem estar se perguntando o porquê da minha presença aqui. Acontece que meus três melhores oficiais estão aqui e estou precisando de um deles.

- Oficiais? – Jasper perguntou.

- Sim, Sr. Cullen. Temos aqui o Major Winchester, o Tenente Coronel Roth e a Coronel Swan. Eles não lhes contaram que além de serem agentes especiais do FBI, também fazem parte das Forças Especiais?

- Não, eles não comentaram. – ele respondeu.

- Ah, não? E isso tem uma explicação, Coronel Swan?

- Sim, general. Já arriscamos muito divulgando nossas profissões. Não sabemos o nível de infiltração de TJ e sua companheira na casa. Escutas telefônicas, receptores...

- Entendo. Mas vamos direto ao assunto. Não sei se sabem, mas esse não é o único caso que temos que nos preocupar, ou fornecer os nossos melhores agentes. Há outras coisas acontecendo pelo mundo e precisamos de vocês. Conversei com Charlie e ele concordou em retirar um de vocês da missão, para assumir outro caso na França. E ninguém melhor do que nossa querida Isabella. – ele falou irônico.

- O quê? – eu perguntei assustada.

- Isso mesmo, Isabella, você está fora do caso Cullen-Swan, embarcará hoje mesmo para Paris e de lá irá para Fontainebleau.

- Você não pode me tirar do caso, Jared.

- Não só posso, como estou tirando.

- Pai... – pedi para Charlie.

- Isso não é da minha jurisdição, Bella. Antes de você receber ordens do FBI, você recebe ordens das Forças Armadas. Isso está acima de mim. – Charlie disse sentido.

- Mas eu sou tão vítima quanto os Cullen. A minha ficha sumiu dos arquivos e como eu fico? – argumentei desesperada.

- Você é altamente treinada para se proteger e proteger os outros. Nesse caso, você estará na companhia da equipe beta, a segunda melhor equipe, ou seja, estará protegida. – Jared disse despreocupado.

- Edward é meu namorado. Não posso deixar ele e nem a sua família desprotegida. – tentei novamente.

- Você está colocando a vida do seu namoradinho acima da vida de bilhões de pessoas? Quando você entrou a dois anos nas Forças Especiais, fez um juramento, onde dizia que arriscaria a sua vida para salvar a dos outros. E agora, estamos precisando disso, e você prefere o seu namoradinho a eles? Que tipo de oficial é você, Coronel Swan?

Ele ia despejando as palavras em cima de mim, conforme ia avançando em minha direção. Seus orbes me encaravam com fúria, e ele falava com escárnio. Ele parou a dois passos de mim, enquanto eu sentia todos na sala nos olhando. E eu sentia um olhar, em especial, perfurando as minhas costas.

- Jared, por favor...

- Suba, faça as suas malas, se despeça e vamos. – ele disse categórico.

Ele foi se afastando de mim, com as costas tensas e balançando a cabeça negativamente. Charlie, Dean e Thom me olhavam com pena e um pouco receosos. Travei a mandíbula e fechei as minhas mãos em punhos, eu lançava mísseis com os olhos e eles eram direcionados à Jared.

- Não. – eu disse firme e fria.

Ele parou e lentamente, foi girando pelos calcanhares. A sua expressão estava fria e cortante.

- O que você disse, Isabella?

- Isso mesmo que ouviu, Jared. Eu. Não. Vou. – eu disse pausadamente, como se ele fosse retardado demais para entender.

- Ah, mas você vai. E é agora.

Ele veio rapidamente até mim, me puxando pelo braço com força e me direcionando para as escadas. Eu vi o olhar alarmado de Charlie e Edward indo para frente, como se fosse me tirar do aperto de Jared. Antes que chegássemos às escadas, empurrei Jared que me soltou.

- Eu não vou, entenda isso.

- Você está desacatando as minhas ordens? É isso mesmo, Isabella?

- Estou cansada de você. Cansada de ser tratada mal por você, de levar socos e chutes em cada treinamento sem motivo, em receber os seus olhares de ódio toda a vez que me aproximo. Eu não mereço isso. Você me deve muito, Brown. Você só vive ainda porque eu te salvei. Senão, teria sido morto e deixado como um animal naquele galpão. – eu despejei tudo sobre ele.

- Não sei do que está falando. – ele disse com os olhos fitando o chão.

- Ah, eu sei. Quando você errou nos cálculos e decidiu estourar um dos esconderijos da Bratva em San Diego, quando você perdeu quase metade dos seus homens naquela operação, quando você estava gritando por ajuda como um bebê e apanhando como se fosse um lixo, quem foi te ajudar e te salvar, fui eu.

- Aquilo foi sorte de iniciante, Swan.

- Não, não foi. Eu poderia estar morta por ter voltado atrás. Você se corrói todas as vezes que me vê, porque sabe que sou boa. Sabe que consegui subir nas Forças Armadas e no FBI mais rapidamente que você, porque eu sou boa.

- Sim, você é boa, mas pode ser ótima, maravilhosa. E está desperdiçando tudo por causa de um moleque. Você desistiria de sua carreira por causa de Edward? Você acha que ele faria o mesmo por você? – ele perguntou me desafiando.

- Não só acho, como tenho certeza.

Ele me olhou com escárnio e deu uma risada sem humor.

- Tudo bem, então. Você é boa, mas tenho outros tão bons quanto você.

- Se você tem outros tão bons quanto eu, então por que veio atrás de mim?

- Não se iluda, Swan.

- Eu só exponho os fatos, Brown.

Ele saiu andando de perto de mim e virou-se para Dean e Thom, que nos olhavam apreensivos.

- Acho bom essa missão ser muito bem concluída. – ele disse ameaçador.

- E será como todas sempre foram. – eu disse petulante.

Ele olhou para mim e saiu da sala, batendo a porta com força. Eu não acreditava no que havia feito. Jared era meu superior. E eu sua subordinada. Eu deveria obedecê-lo.

- Espero que tenha certeza do que está fazendo, Bells. – Charlie se pronunciou.

Ele apenas me olhou e se despediu de todos, indo ao encontro de Jared lá fora. Lágrimas acumulavam-se em meus olhos e eu lutava muito para não derramá-las. Thom fez menção de vir até mim, mas eu o parei com um gesto.

Os Cullen me olhavam surpresos ainda. E Edward, bom, eu nunca ia esquecer aquele olhar dele. Ele passou por mim e subiu as escadas. A porta do seu quarto bateu com força e reunindo todas as minhas forças, eu fui atrás dele.

(Thomas POV)

Eu ainda não acreditava no que havia acontecido. Desde o início, concordamos em não expor nossa“tripla” identidade aos Cullen. Pessoas normais, agentes do FBI e oficiais das Forças Armadas. Eu era muito receoso quanto a isso, e fora, que havíamos jurado segredo sobre nossas identidades quando nos formamos na academia do exército. Nossas fichas eram confidenciais, apenas os mais superiores as tinham e nos delegavam as missões. Quase ninguém lá dentro tinha conhecimento do nosso envolvimento.

Jared era um dos nossos superiores e particularmente, sempre o achei um babaca por sempre ter tratado Bella mal. Sabíamos o motivo, é claro, é até entendíamos que ter sido salvo por ela, deve ter ferido a masculinidade dele. Mas isso, nunca explicou a grosseria dele. Eu achava que era desejo reprimido por ela, mas nunca estive tão enganado.

O que mais me preocupou, foi o olhar de Bella. Ela nunca o havia confrontado desse jeito. E era evidente que ele ia tentar derrubá-la de qualquer jeito depois disso.

Edward não reagiu muito bem, mas imagino o porquê. Bella foi atrás dele e Dean fechou a cara. Viramo-nos e percebemos que todos os outros Cullen nos olhavam.

- Por que não nos contaram? – Carlisle perguntou um pouco magoado.

- Não podíamos. Apesar de Jared ter dado a entender que podíamos falar, isso é parte de um juramento que fizemos no dia da nossa formatura como oficiais. Não foi algo relacionado a vocês. – Dean respondeu.

- Eu acho isso tudo muito confuso. Bella mentiu sobre sua vida inteira para nós. Poxa, eu sou a melhor amiga dela. Somos a família dela e...

- Isso não se trata dela, Alice. Vocês não entendem? Não podemos contar a ninguém, meus pais não sabem, os de Dean não sabem, Renée não sabe. Apenas Charlie, porque ele nos colocou nesse programa. O que fazemos, o que somos, faz parte de um esquema de segurança que o governo dos EUA criou para manter a população a salvo. Não podemos nos dar ao luxo de contar para as pessoas queridas, porque elas seriam o próximo alvo daqueles que prendemos. E antes de protegermos a população, protegemos a nossa família. Bella ama vocês, por isso não contou.

- Oh, nossa menina e seu coração puro. – Esme disse emocionada.

Foi então que as vozes lá em cima foram se alterando, fazendo todos nós nos alarmarmos. Eu sabia que Bella e Edward tinham um relacionamento ótimo, mas desde que ela contou sobre o FBI, os dois andam discutindo.

“- PORQUE EU PASSEI DOIS DIAS ACHANDO QUE VOCÊ ESTAVA MORTA. EU SEI O QUANTO DÓI TE PERDER.”

Ao ouvir o grito de Edward, Esme fez menção de subir, mas Alice agarrou seu braço com um enorme sorriso e sinalizou um não.

- Calma. Eles vão ficar bem. Aliás, mais do que bem. – ela disse misteriosa.

Eu realmente espero que minha pequena fique bem. Senão, vou quebrar a cara do Cullen.