Nas areias,a paixão escrita por Any Marie Whitlock, Lady Shiuuuu


Capítulo 12
Capitulo 3




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—Camelo? Eu vou ter que andar num CAMELO?! - revoltou-se Sarah Black
Encarei-a com o olhar ácido,Jacob e sua mãe haviam me evitado a manhã toda e quando saímos da Ilha rumo a nossa expedição pelo deserto,fizeram questão de se sentarem bem longe de mim.
—Os camelos são muito mansos. - respondi com secura.
—São monstros terríveis,isso sim! -respondeu ela apavorada.
Para alguém que havia invadido meu quarto na madrugada e fugido da polícia pela minha janela,montar num camelo deveria ser brincadeira de criança.
—Eu ajudo,mamãe.-ofereceu Jacob,segurando a mão da mulher.
Observei a cena se não fosse o fato de querer pegar aqueles dois pelas orelhas e obrigá-los a me contar o que estava acontecendo teria caído na  risada. A senhora Black e camelos eram duas coisas que não combinavam.
Olhei a areia que se estendia a minha frente e abri o coração para o momento que me aguardava. O Saara estava ali,me esperando para me receber com seus mistérios e magia.
Nem Jacob,nem a mãe,nem todos os guarda-chuvas do mundo poderiam atrapalhar aquele momento. Era um momento só meu e do deserto,nosso primeiro encontro.
—Precisa de ajuda? - Sam ofereceu sua mão. Ela me serviu de apoio enquanto eu subia no animal. 
Ouvimos atentos as instruções de nosso guia e conhecemos os homens que nos acompanhariam na jornada. Todos eles usavam trajes tamasheks,todos com olhos negros misteriosos de seu povo. Tive a impressão que o homem alto,que vinha se encontrando com Jacob durante esses dias,estava ali mais não podia afirmar nada.
Sam continuou explicando sobre o deserto, só que eu não ouvia nada. Estava encantada pelo cenário. Sem ver,comandei o imenso animal que me servia de montaria e sai cavalgando lentamente,deixando eles para trás. As pessoas seguiram meu gesto e minutos depois,estávamos marchando pelo deserto deixando Sam falando sozinho.
Desliguei minha mente e ouvidos para sentir o espírito do lugar. Aos poucos,minha alma era invadida pela sensação de prazer e realização que sempre acontece quando concretizamos nossos grandes sonhos.
—Preste atenção,senhorita Swan. Isto é importante.- disse Sam ao meu lado.
—Embora tudo pareça mansidão e tranquilidade,o deserto é um lugar perigoso e traiçoeiro. Tempestades de areia podem surgir do nada e também e´comum terem visões irreais. Caso isso aconteça com algum de vocês,NÃO -eu repito,NÃO se separem do grupo para seguir ou se aproximar do que quer que seja.Entenderam? -perguntou olhando diretamente para mim.
Desliguei a minha mente outra vez e me deixei levar pelo passo manso do camelo e pela visão das areias douradas.
—Posso seguir com você? -perguntou Jacob ao meu lado.
Fiz que sim com a cabeça e ele continuou:
—Peço desculpas por ontem a noite. Eu preciso saber...se os guarda-chuvas estão com você.
Olhei para ele incrédula:
—Não respondo até você me contar tudo direitinho!
—Não posso..Para sua própria segurança,Bella- ele falou sério
—Estão em minha mochila. Se você não tivesse evitado me encontrar hoje de manhã,eu já teria devolvido.-respondi irritada.
—Minha mãe,achou melhor não te comprometer ainda mais...De qualquer forma obrigado pela ajuda.
—Como explicaram a ausência para polícia?
Ele riu.
—Foi fácil. Saímos de seu banheiro e conseguimos entrar em outro quarto. De lá saímos do hotel. Quando a polícia nos encontrou,voltávamos tranquilamente de nosso passeio noturno.
—Mas pra que tudo isso? Afinal,vocês eram as vítimas do roubo...-perguntei curiosa.
—Como disse,é melhor você não saber.
—Quem são vocês,afinal? O que esta acontecendo?
Ele sorriu e continuou calado.
Olhei para Jacob,cujos cabelos brilhavam ao sol forte. Ele estava muito bonito naquele momento. Alguma coisa nele me atraía,e até hoje me pergunto o que teria acontecido se Jasper não tivesse invadido minha vida como uma tempestade repentina.
Voltei atenção para o deserto,enquanto deixávamos a civilização cada vez mais longe.
—Você fica bem nessas roupas,Bel's - disse ele com uma intimidade que eu não havia dado. Pensei em protestar,mas estava mais ocupada em manter meus olhos no Saara.
Eu usava os véus que havia comprado na Medina,em Túnis,por cima do jeans e camiseta. Um pouco para me proteger do sol,um pouco para me sentir mais unida ao deserto.
—Seus olhos são lindos. De quem você herdou?-perguntou ele
Será que o infeliz não via que eu queria ficar em silêncio?
—Da família da minha mãe. Tenho vários primos com olhos cor de mel.
—Italianos?
—De descendência italiana.
—Imagino que os cabelos cacheados venham deles também.
Não respondi. Sarah Black aproximou-se,chamando o filho e eu voltei ao meu caso com as areias.
Fizemos uma parada para o almoço em um acampamento,que desconfiei estar lá só para atender turistas,mas o almoço foi alegre,farto e saboroso. Pão,legumes,queijo,frutas e mel. Terminada a refeição e após algum tempo de descanso,retornamos a trilha rumo ao acampamento em que passaríamos a noite. A previsão era chegarmos entre quatro e cinco horas da tarde,antes que o frio cortante das noites nos alcançasse. Tudo ia bem,ate que um dos homens de negro gritou:
—TEMPESTADE!
Olhei o céu e vi a coloração alaranjada indicando a nuvem de areia que se aproximava.
—CUBRAM O ROSTO!CUBRAM A CABEÇA!PROTEJAM OS OLHOS!-gritava Sam,enquanto os homens nos ajudavam a desmontar e juntavam os camelos.
Um se agarrou ao outro e nos abaixamos todos juntos,cercados pelos experientes tamasheks que nos acompanhavam. Jacob se jogou por cima de mim,mas para proteger a mochila onde estavam seus preciosos guarda-chuvas do que para me proteger, e eu vi o homem,que eu desconfiava ser o homem do hotel,acercar-nos,dando maior proteção ao grupo.
Não sei bem quanto durou aquilo,mas uma nuvem de areia nos encobriu de tal maneira que seria impossível,mesmo se quiséssemos mantermos os olhos abertos. Era como se o vento viesse cheio de alfinetes. Esta era a sensação da areia atingindo nossa pele, e eu entendi por que,mesmo com o sol abrasador,as pessoas da região usavam mangas e calças compridas. Quando finalmente a tempestade passou,estávamos cobertos de areia. Nossa bagagem,cabelos,roupas e camelos.
—Levantem! - gritou Sam,conferindo se todos estávamos bem. _Como estão vocês?-perguntou a Jacob e a mim,com o sorriso de sempre.
—Bem.-respondemos nos sacudindo e limpando nossas roupas.
Aquele foi meu primeiro contato com as surpresas do Saara.


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Notas finais do capítulo

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