Radioactive escrita por Dafny Augusta


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Ei pessoal!

Como estão?

Gostaria de agradecer a cada um pela ótima recepção que deram a essa história. Está sendo ótimo escrever ela e com um apoio assim é quase impossível não se sentir mais inspirada a continuar ♥

Enfim, boa leitura ;)



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“Quando todos os seus sonhos falham

E aqueles que saudamos

São os piores de todos

E o sangue fica seco

Quero esconder a verdade

Quero abrigar você

Mas com a fera dentro

Não há onde nos escondermos

Não importa o que criamos

Ainda somos feitos de ganância

Este é o meu fim

Este é o meu fim

Quando você sentir o meu calor

Olhe nos meus olhos

É onde meus demônios se escondem

É onde meus demônios se escondem

Não se aproxime muito

É escuro aqui dentro

É onde meus demônios se escondem

É onde meus demônios se escondem”

(Demons - Imagine Dragons)

Os raios solares cobriam todo o seu corpo exposto pelo biquíni, e seus olhos eram protegidos pelas grandes lentes escuras. Podia sentir a paz tomando seu coração, até senti-lo acelerar com o toque das mãos que ela reconheceria até de olhos fechados.

—Minha sereia! Sussurrou Marcos em um tom sedutor, fazendo um sorriso sapeca nascer na mulher

—Se eu fosse você, tomava cuidado. Meu namorado está por aí. Comentou a mulher, ainda sorrindo, enquanto se ajeitava sobre a canga na areia

—O que eu posso fazer se foi inevitável me apaixonar ao te ver? Perguntou, em seu ouvido, fazendo todo o corpo da mulher se arrepiar

—Ai Marcos, quanta melação. Reclamou, brincalhona, se sentando para encara-lo

—Você é totalmente responsável por eu ser assim. Acusou, docemente, segurando o rosto da mulher entre as mãos, a fazendo fechar os olhos sentindo seu toque

—Eu te amo tanto! Confessou a mulher, se aproximando a ponto de seus narizes se tocarem

—Per sempre! Respondeu em italiano, antes de tomar os lábios da mulher em um beijo apaixonado

Sofia abriu os olhos assustada com o barulho do despertador e totalmente desorientada pelo sonho que tivera, esfregou o rosto com uma mão e com um suspiro desligou o relógio no criado mudo. Todos os dias nos últimos seis meses era assombrada por essas lembranças e como um castigo, não poderia simplesmente se livrar delas, então só lhe restava se recompor e fingir que nada estava acontecendo. E naquele dia, ela o fez mais uma vez.

Se arrastou para fora dos cobertores pesados, pegou um roupão no guarda roupa e prendendo o cabelo em um coque, foi tomar um banho bem quente. Já tinham seis meses que estava naquele País e ainda não havia se acostumado com o frio intenso. Enquanto no Brasil as pessoas estariam presas em suas casas embaixo de cobertores, aquela população ia para a praia se divertir e isso não fazia o menor sentido para a mulher. Exatamente por esse frio exagerado que ao sair do banheiro, correu até o guarda roupa e se vestiu com uma lingerie simples, um short larguinho estampado, uma bata preta e um blazer, meia calça e botas da mesma cor, colocou seu crucifixo no pescoço e óculos escuros para tampar as olheiras. Ainda não gostava da ideia de comprar café nessas lanchonetes tecnológicas, gostava de fazer o próprio, então acordava mais cedo e colocava pães de queijo caseiros para assar, enquanto a água do café fervia. Enquanto seu café ficava pronto, lia mais uma vez as fichas dos agentes que agora trabalhariam com ela. Gravava cada detalhe importante, o perfil de cada um, a personalidade, os gostos, o passado de forma superficial, o endereço e o cargo de cada um.

Ao ouvir o forno apitando, fechou as pastas e as deixou em cima da mesa, se levantando e com uma luva térmica, retirou a bandeja do forno, colocando todo o conteúdo em uma vasilha de plástico, pegou seu copo térmico e encheu de café, apoiando tudo na mesa para pegar de volta assim que sua bolsa já estava em seu ombro. A mulher desceu as escadas e deu sinal para o primeiro taxi que passou, e enquanto não chegava na UAC, tomou seu café, ignorando totalmente o olhar reprovador do taxista.

Quinze minutos depois a morena avistou o prédio do FBI e após pagar a corrida com um grande sorriso cínico, deixou o carro com suas vasilhas na mão. E entrou no prédio, já focada no elevador. Suas mãos suavam e seu estomago dava piruetas dentro de si, enquanto as pontas de seus dedos já estavam brancas de tanto apertar a vasilha, assim que o elevador se abriu no andar indicado na ficha entregue por Erin, Sofia saiu, dando de cara com um escritório com várias mesas uma ao lado da outra. Logo avistou algumas pessoas conhecidas da noite anterior, junto com Hotch, que parecia preocupado.

—Sofia, que bom que chegou! Preciso de você na sala de reuniões. Disse, indicando a sala com o semblante sério já se encaminhando para o lugar.

A mulher ainda confusa, os seguiu até uma sala com uma mesa de madeira, cercada de cadeiras e uma televisão na parede. Logo tirou a bolsa do ombro com uma mão e a colocou no chão ao lado da cadeira que iria se sentar, junto com suas vasilhas. Havia duas mulheres e um homem mais velho que ela não fazia ideia de quem eram e ela podia ver que eles também lhe encaravam curiosos, já o rapaz que tinha a levado em casa, mantinha a mesa expressão vazia no rosto e sequer lhe cumprimentou.

—Sei que alguns de vocês devem estar confusos em relação a presença da Sofia aqui, mas Erin preferiu terminar o processo de admissão, antes de apresenta-la. Começou Hotch, olhando para cada membro da equipe

—Ela vai trabalhar em campo com a gente? Perguntou JJ, logo após dar um pequeno sorriso para a mulher

—Não, JJ. Sofia vai ficar apenas no escritório, junto com Penélope. Respondeu, recebendo um aceno em concordância da loira

—Então a bonequinha vai ficar comigo? Perguntou a loira, animada, entrando na sala com várias pastas e um controle na mão

—Lembre-se de tirar da sua sala qualquer coisa que ela possa usar para te acertar. Comentou Morgan, entrando na sala também, com um grande sorriso brincalhão

—Já se conhecem? Perguntou Emily, revezando seu olhar entre a dupla que acabara de chegar

Sofia apenas observava calada, se sentindo cada vez mais nervosa. Aquela era uma equipe bem grande e pelo visto era bem unida também, como iria conseguir manter um disfarce em meio a tantos profilers? Erin devia ter colocado ela para organizar arquivos, assim não corria o risco de ser tão exposta.

—Sofia? Chamou Derek, já sentado ao lado da mulher, sorrindo divertido

—Desculpe, eu estava distraída. Disseram alguma coisa? Perguntou, exasperada, enquanto sentia suas bochechas pinicarem

—Estávamos querendo ouvir você se apresentar. Comentou Rossi, sorrindo amigável, fazendo a mulher se mexer desconfortável na cadeira

—Me apresentar? Perguntou, encarando Hotch, que apenas acenou confirmando

Hotch foi uma das pessoas que mais ajudou Sofia desde que ela havia chegado naquele país. Quando Daniel Nascimento, diretor da agencia onde trabalhava anteriormente, foi visita-la no hospital após o incidente, garantiu que lhe manteria segura e que já tinha meios de fazer isso. Em seguida, a notícia de que Isis Oliveira havia sido assassinada se espalhou pela mídia, causando grande comoção, nem mesmo sua família sabia que estava viva. E quando chegou na casa de campo escondida do mundo, onde passou os últimos seis meses, recebeu a visita de Erin e do agente. Eles arrumaram meios de ajudar em sua recuperação, meios que a mulher aprendesse o inglês fluente e então um belo dia, levaram alguns agentes com eles e assim se iniciou um intenso treinamento. Ela devia sua vida para aquela dupla, e se um deles dissesse que era para fazer algo, ela faria. Sem pestanejar.

—Meu nome é Sofia Ferraz e eu trabalhava na polícia federal do Rio de Janeiro. Meu diretor pediu minha transferência temporária para o Quântico, para aperfeiçoamento na área de profiler. Começou a apresentação, com os dedos cruzados no próprio colo, o olhar atento de cada agente sobre si

—Se veio se aperfeiçoar na área, porque vai ficar no escritório? Perguntou Spencer, surpreendendo a todos

—Erin deu ordens para que eu apenas assistisse vocês. Respondeu, começando a se irritar com a frieza do Dr

—Você parece ser especial para ela. Comentou, tombando a cabeça um pouco para o lado, enquanto a encarava como se enxergasse sua alma

—E você parece incomodado com isso, Dr. Rebateu a mulher, sorrindo cinicamente para o homem

—Pelo visto já estão se dando muito bem. Comentou Rossi, irônico, fazendo a dupla quebrar o olhar que trocavam

—Apresentações feitas. Vamos começar a falar sobre o caso. Ordenou Hotch, sério, fazendo todos encararem Garcia, que apenas a assistia a cena de boca aberta

—Amor? Chamou Derek, a fazendo ajeitar os óculos, enquanto ligava o monitor

—Claro, o caso. Disse para si mesma, fazendo aparecer na tela a foto de um homem com o pescoço cortado dentro de uma banheira

—Esse é Erik Monroe. Foi encontrado nessa banheira em um hotel de beira de estrada. Além do corte no pescoço, teve seu pênis cortado.  Sua esposa deu queixa do desaparecimento há três dias, dizendo que ele havia saído para trabalhar e desde então não voltou. No exame toxicológico acharam Flunitrazepam, GHB e Ketamina misturados com champanhe.

—Boa noite cinderela. Constatou Emily, concentrada na tela a sua frente

—O criminoso pode estar em busca de vingança. Comentou Reid, pensativo

—Essa é a primeira morte ou existem outras com um padrão parecido? Perguntou Sofia, recebendo a atenção de todos

—Nessa mesma semana outros dois corpos foram encontrados, mas além das outras vítimas serem mulheres, uma teve o corpo carbonizado depois ter a garganta cortada. Contou Garcia, passando as fotos na tela dos corpos

—Nomes. Pediu Hotch, cruzando os dedos sobre a mesa

—Liz Mathias e Nancy Hale. Respondeu, prontamente, expondo na tela seus rostos

—Foi encontrado algum tipo de droga no exame toxicológico? Perguntou Morgan, fazendo algumas anotações

—Nada. Totalmente limpas. Esclareceu a loira, recebendo o olhar preocupado dos membros da equipe

—Então se for uma mulher, não está trabalhando sozinha. Não teria força para desovar os corpos. Analisou Rossi, girando sua caneta entre os dedos

—Se o criminoso está tendo ajuda, temos que encontra-lo mais rápido. Avisou Hotch, se levantando de sua cadeira, fazendo todos o acompanharem

—Garcia, tente ligar essas vítimas ou encontrar algo que se torne um padrão entre elas. Mandou Hotch, recolhendo as folhas de sua pasta e as guardando

—Sim senhor. Concordou, acenando prontamente, com um sorriso

—Não se divirtam muito sem a gente. Pediu Morgan, com uma piscadela antes de sair

—Desculpe pela correria, Sofia. Se quiser, quando eu voltar, te apresento o lugar. Comentou JJ, depois de abraçar a morena

—E depois a gente pode sair para comer. Completou Emily, sorrindo amigavelmente

—Você vai amar a noite das garotas, bonequinha. Comemorou Garcia, animada, enquanto desligava o monitor

Sofia apenas assentia com um pequeno sorriso constrangido, não esperava uma recepção como essa de pessoas que nunca viu na vida, chegou a pensar que todos a tratariam como o Dr. Reid e todo aquele olhar acusador e respostas afiadas. Mas para sua sorte, parecia estar errada.

—Temos que ir agora, mas logo estaremos de volta. Prometeu JJ, acenando para as mulheres, antes de sair apressada pela porta

—Garcia, pode guardar isso para mim até eu voltar? Perguntou Reid, entregando um envelope para a loira

—Se quiser, posso ir pesquisando para você. Ofereceu, com um olhar compadecido sobre o rapaz

—Não precisa. Se concentre nesse caso, eu resolvo quando voltar. Garantiu, enfiando as mãos nos bolsos da calça

—Tenha cuidado, doutor. Pediu, colocando a mão no braço do rapaz de forma terna

Spencer apenas sorriu minimamente e acenou, se desviando de Sofia ao sair, sem falar nenhuma palavra, sequer um aceno, ou um sorriso educado. A mulher suspirou cansada, enfiando os dedos por entre seus cabelos, enquanto olhava algum ponto fixo no chão. Se recusaria a todo custo admitir em voz alta, mas para si mesma era obrigada a confessar que esse estranho tratamento do doutor estava conseguindo desestabilizar todo o controle que adquiriu com o tempo e que se ele continuasse agindo daquela forma, talvez ela se tornaria a próxima psicopata procurada pela UAC.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima XOXO