Orgulho e Preconceito - A Continuação escrita por Clarinesinha


Capítulo 17
16 - Nascer de um Novo Dia




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Os dias foram percorrendo, e Darcy continuava em Londres ajudando Martin, Natty e as crianças a instalar-se. A ausência dele era algo que a fazia sofrer, quem diria que Miss Eliza Bennet iria um dia casar com o desagradável Mr. Darcy, quanto mais ter saudades dele.

Numa manhã particularmente solarenga mas mesmo assim refrescante, Lizzy que nesse dia se sentia estranhamente bem disposta, resolveu dar um passeio. Assim depois de tomar o seu pequeno-almoço, pediu a Mrs. Reynolds que informasse a Georgiana que ela estaria no jardim perto do lago, saiu e dirigiu-se até lá.

Ao passar junto do jardineiro, Mr. Curtis, sentiu uma leve tontura. Mr. Curtis foi a correr socorrê-la perguntando se queria ajuda para voltar para casa, porém Lizzy negou, dizendo que estava bem e que iria prosseguir até ao seu destino, que não estava muito longe, e que logo a má disposição iria passar. O homem preocupado com sua senhora, decidiu acompanhá-la, e assim que esta se sentou num pequeno banco existente naquela parte do jardim, este afastou-se para retomar o seu trabalho.

Assim que Georgina saiu para se encontrar com Lizzy, encontrou-se com Curtis, que voltava para casa. Cumprimentou-o como sempre foi habituada, Darcy sempre lhe dissera que apesar de serem os Senhores de Pemberley deviam ser amáveis para com os empregados, perguntando-lhe se tinha visto Mrs. Darcy.

— Sim. Está no Jardim Rosa. -respondeu Mr. Curtis.

— Obrigado Curtis. Vais levar essas rosas para a casa?- ela lhe pergunta ao que Curtis acena que sim...- podias depois cortar umas para colocar no meu quarto?

— Claro menina, vou apenas dar estas a Mrs. Reynolds que as espera, depois volto para colher as mais bonitas par si.

Georgiana agradeceu com um leve sorriso, e seguiu até ao local onde Mr. Curtis indicou estar Lizzy. Assim que lá chegou, não a conseguiu ver. Foi-se aproximado, dando a volta às àrvores que lhe cobriam a vista para um ou outro recanto do jardim. E depois de passar o grande ulmeiro, viu-a...Lizzy, estava deitada no chão parecendo desmaiada. Correu até ela, e aflita começou a gritar por ajuda.

— Ajudem por favor...ajudem.- ao mesmo tempo que gritava por ajuda, chamava por Lizzy...- Lizzy, Lizzy...por favor acorda...- mas esta não se mexia e continuava desmaiada.- Ajudem por favor...- Georgiana continuava a gritar desesperada, já sem saber se continuava ali com Lizzy, ou se a deixava e ia procurar ajuda...mas de repente quando já estava a desistir e ir ela mesma à casa grande buscar ajuda, avistou Mr. Curtis...- Curtis...Curtis, ajude, por favor.

Quando este viu Miss Darcy caída, pensou que esta tivesse caído e tivesse se aleijado. Porém, assim que viu Mrs. Darcy desmaiada, percebeu que a ajuda não era para a menina e sim para a sua senhora.

— Oh, meu Deus. Mrs. Darcy! Miss Georgiana, tenha calma.- abaixando-se para sentir a respiração de Mrs. Darcy...olhou para Georgiana...- Mrs Darcy deve ter desmaiado apenas, vamos levá-la para dentro. A menina vá à frente, avise Mrs. Reynolds...

— Tens a certeza?- perguntou Georgiana com receio que ele estivesse a esconder algo mais grave...Mr. Curtis assentiu e assim esta correu à frente de forma a avisar Mrs. Reynolds do que se passara...- Mrs. Reynolds...Mrs. Reynolds...- gritou esta assim que estava já perto da mansão.

— Miss Georgiana, isso são modos? porquê essa gritaria toda?

— Lizzy...ela...ela...- mas Georgiana não conseguia falar, quer pelo cansaço de ter corrido tanto, quer pelo facto de estar tão nervosa que nada saía.

— Miss Georgiana, veja se se acalma...assim não vou conseguir perceber nada do que...- e neste momento Mrs. Reynolds vê Curtis com Mrs Darcy ao colo...- Curtis...o que aconteceu? Mrs. Darcy?

— Ela está desmaiada...talvez seja melhor chamar o médico. Quando a vi pela manhã ela sentiu-se mal, mas me disse que tinha sido apenas uma vertigem que já estava bem...

— Vamos Curtis, vamos colocá-la no quarto. Miss Georgiana peça a Lewis que vá até Lambton procurar o médico. Que é urgente...

E assim enquanto Mrs. Reynolds e Curtis com Lizzy ainda nos braços, se encaminhavam para  o quarto, Georgiana pedia que chamassem o médico. Aos poucos Lizzy foi acordando, não se lembrava como tinha chegado até ao seu quarto, até que Georgiana lhe contou que a encontrara desmaiada no jardim, que pediu ajuda a Curtis e que este a trouxera até casa. Mrs. Reynolds aproveitou para a informar que o médico já estava a caminho, e mesmo com ela a dizer que estava bem, que tinha sido apenas um mau estar, que não era preciso médico nenhum...as outras duas insistiam que ela devia manter-se deitada até o médico chegar.

Na altura em que Lizzy, já cansada de tanta teimosia, se preparava para levantar entra uma criada com o médico. Este, apenas com um olhar para as três que se encontravam no quarto, percebeu que Mrs. Darcy, não tinha concordado com a sua vinda. De qualquer forma pediu a Mrs. Reynolds e a Miss Darcy que saíssem para que ele pudesse examinar a "doente". Assim que estas deixaram o quarto, Lizzy afirmou ao médico que não tinha passado de um mal estar súbito, e que naquele momento se encontrava bem.

O médico com toda a calma do mundo, explicou que já que o tinham feito vir da vila com tanta urgência poderia pelo menos assegurar-se disso. Dessa forma as duas que estariam  com toda a certeza lá fora à espera de notícias ficariam mais calmas. Se bem que contrariada esta acabou por concordar...e assim começou o exame médico. No final do mesmo, Dr. Douglas sorriu apenas, era obvio o que se passava com Mrs. Darcy: falta de apetite e uma fome voraz ao mesmo tempo, tonturas, o cansaço e ainda algumas náuseas...tudo levava a apontar para um mesmo diagnóstico.

— Mrs. Darcy. Posso fazer-lhe uma pergunta um pouco intima de mais, mas que será necessário para ter a certeza do diagnóstico?

— Diga, Dr. Douglas, se eu souber responder...

— Quando foi que desceram pela ultima vez as "regras"? A senhora recorda-se?

— As minhas regras? Elas desceram...não...o senhor está a querer dizer que eu...eu...não pode ser...

— Bom parece que já tenho a minha resposta e o meu diagnóstico Mrs. Darcy. A senhora de facto está de perfeita saúde, está apenas de "esperanças".- Lizzy chora de emoção...- Mrs. Darcy, tem que se acalmar...por favor...o que teve não foi grave, foi apenas uma quebra de tensão...mas na sua condição não pode exaltar-se.

— Desculpe Dr. Douglas, mas eu...eu ainda não acredito no que acabei de ouvir. Estou...tão feliz...eu...vou ser mãe.

— Sim...agora vou chamar as duas senhoras que estão lá fora com certeza roídas para saber o que se passa aqui. E penso que deveriam saber...

— Não.- Lizzy o interrompe...- Por favor Dr. Douglas, diga-lhes apenas que estou bem e que falo com elas depois. Eu preciso...preciso de tempo, sozinha.

— Como quiser Mrs. Darcy. se sentir alguma coisa por favor não hesite em me chamar. Passo cá daqui a um mês.

Lizzy agradece, e este sai do quarto, deixando-a sem nem saber o que pensar ou o que sentir. Estava feliz, claro, mas não era apenas felicidade que ela sentia. Sentia-se embriagada de felicidade, como se tivesse bebido tanto que tudo à sua volta era apenas luzes, flores...alegria. Mas ao mesmo tempo, sentia como se algo que estava oco agora estava cheio, algo que estava vazio estava preenchido. Lizzy nunca percebera até a esta momento que estava vazia, oca de algo que ela nem esperava estar.

À porta do quarto estavam Georgiana e Mrs. Reynolds, tal como o médico previra. Ao sair olhou para elas com um sorriso, o que de certa forma acalmou a ultima mas não a primeira. Miss Darcy logo questionou o probre médico com tantas perguntas que foi difícil para este a acompanhar: O que tinha Lizzy? Se era grave? Deveriam chamar outro médico? Se deveriam ir para Londres?

— Miss Darcy...tenha calma. Não é nada de grave...- virando-se para Mrs. Reynolds...- Mrs Darcy precisa de descanso.

— Mas o que é que Lizzy tem? Porque é que não nos diz nada?

— Miss Georgiana, o Dr. Douglas já disse que está tudo bem. Vamos deixar Mrs Darcy descansar, logo, logo ela acorda e poderemos ver como está. Obrigada Doutor, vou acompanhá-lo à porta.

E assim enquanto médico e governanta saíam de perto do quarto de Lizzy, Georgiana que não iria conseguir ficar sem saber se realmente tudo estava bem, foi até à porta desta e bateu. Contudo Lizzy não abriu, Georgiana chamou e bateu na porta uma dezena de vezes, porém nada nem ninguém a iria fazer abrir aquela porta naquele momento. Acabou por desistir e descer até à salinha onde encontrou Mrs. Reynolds, estava triste e preocupada...

— Miss Georgiana, não fique assim. Ouviu o Doutor, Mrs. Darcy está bem e tenho a certeza que assim que se sentir melhor falará consigo. Ela só precisa de descanso, como disse o médico.

— Mas...ela podia ter aberto a parta. Eu só queria vê-la, ter a certeza que estava bem.

— Mrs. Darcy precisa de descanso, e queria ficar sozinha...e a menina só tem é que respeitar isso. Agora vamos almoçar que já está tudo pronto.

Miss Darcy lá obedeceu e seguiu a velha governanta até à cozinha, aliás comer na grande sala de jantar tinha virado um luxo que apenas faziam quando tinham visitas. No entanto, e embora o médico tenha assegurado que Lizzy estava bem Georgiana não conseguia deixar de pensar naquela imagem de Lizzy desmaiada naquele jardim.

O dia foi passando e enquanto uma pintava ou tocava para se distrair, a segunda no quarto tentando descobrir e entender tudo o que estava a sentir. Seria Felicidade? Amor? Um Amor que ela jamais sentira antes? Talvez. Talvez fosse tudo isso junto, estava confusa dos seus sentimentos, a única coisa que ela tinha a certeza é que aquele bebé tinha vindo alterar tudo na sua vida, e alterar de uma forma positiva.

Na manhã seguinte, Lizzy acordou muito mais bem disposta. A ideia de ir ter um filho, de dar essa notícia a Darcy a enchia apenas de alegria. Sabia que Georgiana ficara talvez preocupada e até talvez zangada pela sua atitude de ontem. Assim decidiu antes de descer para o pequeno almoço pasar pelo seu quarto. Bateu na porta e ouviu um timido "sim"...

— Posso?- perguntou Lizzy...- Não esperava que ver-te já acordada...

— Levantei-me cedo, queria estar lá em baixo antes de tu chegares...Lizzy, por favor, tira-me desta agonia! O médico disse que não tinhas nada de grave, mas não disse exactamente o que se passou contigo...é algo grave? Por isso o médico não nos quis dizer?

— Clama Georgiana, eu estou bem. Não é nada de grave, fica descansada. Eu ontem apenas precisei de pensar...na vida.

— Na vida!? Estás a ver...é grave...

— Não, não estou doente. Georgiana, por favor acalma-te e ouve-me...- e assim ela faz...- Sabes como gosto dos netos de Mrs. Reynolds?- Georgiana assente...- e como amo as minha duas sobrinhas, mesmo longe delas?

— Sei...tu amas Nellie e John como se fossem teus filhos, aqueles que ainda não tens...mas que sei que um dia vais ter Lizzy.

— Eu dou o amor aquelas duas crianças porque não consigo deixar de pensar no dia em que tiver os meus filhos, os meus filhos com o teu irmão...

— Lizzy, eu sei que queres muito isso...e um dia vais ver isso irá acontecer...eu sei que sim...

— Georgiana...- e colocando as mãos no seu ventre...- eu vou continuar a amá-los aos netos de Mrs. Reynolds, às minhas duas sobrinhas...mas...

— Tu estás...tu vais...o Darcy...- Georgiana para por um segundo e de repente...- Ai meu Deus, eu vou ser tia...eu vou ser tia...Lizzy eu vou ser tia...

— Sim, e pelos vistos a tia mais babada de sempre. Percebes agora porque quis ficar sozinha ontem? Eu estava tão feliz, que nem sabia o que pensar...o que sentia e como sentir.

— Darcy! Ele tem que voltar, ele tem que saber que vai...

— Não. O teu irmão deve estar para voltar e só nessa altura irá ficar a saber. Nada de enviar telegramas...- e depois de acenar que sim virou-se de novo para Lizzy...

— Podemos contar a Mrs. Reynolds? Posso contar eu? Por favor? Ela vai adorar saber...por favor deixe-me ser eu a contar...por favor?

— Tudo bem, pode contar a Mrs. Reynolds. Vou para o meu quarto arranjar-me e já vou ter contigo para tomar o pequeno-almoço.

E assim Georgiana correu para dar a novidade a Mrs. Reynolds, que embora não tivesse a certeza estivesse desconfiada do que teria Mrs. Darcy. A sua felicidade foi tão grande como de Georgiana, pois a vida voltaria a Pemberley. O seu menino, como ela chamava Darcy quando estava a sós com ele, merecia toda esta felicidade. E Mrs. Darcy, de quem Mrs. Reynolds aprendera a amar também.

Quando finalmente chegou à cozinha para tomar o pequeno-almoço percebeu pelas expressões e pelo sorriso que todos tinham, que em Pemberley já todos sabiam. Mrs. Reynolds e Georgiana comentavam divertidas sobre como aquela casa iria ficar cheia de vida, com uma criança a correr e a sorrir, o que naquela mansão há muitos anos não se ouvia. Discutiam como seria a decoração do quarto do bebé: na côr, na mobília, na decoração...

Lizzy deixou-as imaginar tudo, naquele dia tudo era possível. Porém chegou a um assunto em que ela não aceitou palpites ou discussões: o nome do bebé. Georgiana dizia que se fosse menina tivesse o nome da mãe e se fosse menino fosse Richard, já Mrs. Reynolds queria nomes de príncipes e princesas.

— Podem começar a parar...primeiro é muito cedo para pensar em nomes, segundo quem vai escolher sou eu e o teu irmão. E depois eu até já pensei em dois, e se o teu irmão concordar ficarão esses...

— E quais são? Diz-me Lizzy, por favor?

— Depois de dizer Darcy, ficarão a saber, não antes.- Lizzy levanta-se...- e agora vou para o meu quarto, quero escrever a Jane e ao meu pai.- e assim sai da mesa dirigindo-se até ao seu quarto onde começa a escrever primeiro a Jane e depois de muitas interrupções a Mr. Bennett.

 


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