The Lamplighter Chronicles escrita por Maya


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Heeey guys!
Aqui estou eu de volta, enfim, com uma nova história!
Essa aqui está sendo planejada há uns dois meses e eu estou bem decidida a fazer isso dar certo. Espero realmente conseguir passar uma boa mensagem com isso aqui.
Sem mais delongas, fiquem com o prólogo!



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 Eu tinha dez anos quando vi as consequências da guerra pela primeira vez.

 Estávamos todos em casa naquele dia. Era o primeiro inverno com as ruas vazias, sem ninguém brincando na neve; os pais deviam ter trancado os filhos em casa por medo de que eles fossem atingidos por algo.

 Os ataques de bomba recorrentes naquela época motivaram o prefeito a fazer um discurso recomendando a todos os moradores da cidade a implantaram abrigos antibombas em suas casas, o que só reforçava o conselho do presidente. Ele também disse que disponibilizaria o seu próprio abrigo para quem não pudesse fazer um ou se o seu fosse muito pequeno.

 Lembro-me de que minha irmã também estava na sala, praticando piano. Meus pais estavam na cozinha assando alguma coisa cheirosa e conversando. Eu estava sentado na poltrona ao lado da janela lendo um livro cujo nome não me recordo mais. A lareira estava acesa e a casa inteira estava com um clima muito aconchegante.

 A primeira bomba caiu tão de repente que foi como se até o ar tivesse paralisado por um instante.

 Caiu perto de minha casa. Ouvi um grito fraco que se dissolveu em um segundo. Quando olhei para a janela de novo, a casa de um amigo meu já não estava mais ali.

 Meus pais vieram correndo da cozinha. Eles gritavam algo como “Dara, Ariel, venham logo!”. Mas eu estava muito assustado e não conseguia me mover. Então mamãe se abaixou na minha frente, segurou meus ombros e disse o que eu nunca vou esquecer em toda a minha vida:

 – Você consegue superar isso, Ariel. Tenho certeza disso. Você é tão forte quanto seu avô.

 Mesmo eu não tendo conhecido meu avô, aquilo foi de extrema importância para mim.

 Então eu me levantei e mamãe segurou minha mão. Corremos para o quintal atrás de papai e Dara. Paramos algumas vezes quando ouvíamos outra bomba explodindo no lado de fora; nesses momentos, todos nós nos abraçávamos por um segundo. Creio que a maior parte dos abraços que já recebi tenham sido naquele dia.

  Quando chegamos no lado de fora, papai correu em tirar a neve de cima da passagem para nosso refúgio. Foram segundos agonizantes. Enfim, ele conseguiu abrir a tampa de nosso pequeno buraco de segurança.

 Papai colocou Dara primeiro e depois, eu. O nosso abrigo era muito pequeno e não tinha fornecimento de oxigênio e alimentos para mais de duas pessoas.

 Só cheguei a conclusão disso quando vi os olhares que meus pais trocaram.

 – O que vocês estão esperando? – Dara perguntou. – Entrem logo!

 – Não tem espaço o suficiente, querida – mamãe disse, sempre tenra. – Só cabem vocês dois aí.

 – Mas e vocês?

 – Vamos para o abrigo do prefeito – papai falou. – Não se preocupem. Fiquem aqui e não saiam até terem certeza de que está seguro. Dara, você é a responsável pelo seu irmão até nós voltarmos, entendeu?

 Minha irmã de treze anos acenou com a cabeça. Papai esboçou seu sorriso de orgulho para nós dois. Enquanto isso, os olhos de mamãe esbanjavam todo o carinho e amor que tinha, e isso fez eu me sentir abraçado de novo.

 – Nós amamos vocês – ela disse.

 Eles fecharam a porta e nós ficamos sozinhos no escuro.

. . .

  Acordei com uma luz na minha cara. Demorei segundos para entender que era Dara espiando o lado de fora.

 – Ariel? Está acordado?

 – Sim.

 – Acho que já está seguro; as pessoas já estão saindo de seus refúgios. Vamos encontrar nossos pais.

 Ela saiu e me ajudou a fazer o mesmo. O céu ainda estava claro no lado de fora. A maior diferença na paisagem encontrava-se ao meu lado: nossa casa, a casa em que crescemos, havia se reduzido a destroços sobre cinzas.

 Dara segurou minha mão e caminhamos juntos em direção à casa do prefeito. Pelo caminho, vi pessoas saindo de seus abrigos, famílias e amigos se abraçando, outros chorando pela casa ou ente perdido. Fiquei com pena deles e ainda mais ansioso para encontrar nossos pais.

 Estávamos quase chegando quando vi algo brilhando sob uma camada de neve misturada com cinzas. Minha curiosidade foi aguçada. Soltei-me de minha irmã e me abaixei para tirar o artefato de lá.

 Era um colar com uma pedra meio azul, meio verde. Exatamente como a que minha mãe usava.

 – Ariel, o que está fazendo? Venha logo!

 – Dara. Olhe só isso.

 Minha irmã voltou um pouco para verificar a pedra, mas não entendeu nada.

 – O que foi?

 – É o colar da mamãe.

 Juro que o rosto dela empalideceu. Ela olhou para o lugar de onde eu tinha tirado o colar. Nunca soube se ela também viu o pedaço de osso escapando daquele túmulo cinza.

 – Dara...

 – Você está maluco. Isso pode ser de qualquer um – ela disse. – Vamos, temos que encontrar nossos pais.

 – Dara, eles estão aqui.

 Mas ela não parava de andar.

 – Deixe de maluquices!

 – Dara, esse colar é da mamãe.

 – Não é não!

 – Dara!

 Ela parou. E então, correu mais rápido.

 Corri atrás dela. Passamos por várias pessoas que acabavam de sair do abrigo, umas chorando de alívio, outras de tristeza. Minha irmã pulou passou pelo portão do prefeito e foi direto para dentro do abrigo. Segui ela, ignorando os gritos dos guardas que avisavam que não tinha mais ninguém lá.

 Quando a alcancei, Dara estava ajoelhada no chão, olhando para o nada. Me ajoelhei na frente dela. Nós nos encaramos por um longo e breve momento, até ela começar a chorar e eu oferecer meu ombro como apoio.

 Foi quando eu entendi o que meu pai queria dizer quando falava que devíamos ser fortes. Ele não estava falando sobre força física. Falava sobre ser forte o suficiente para suportar o peso das pessoas que amamos, ainda que tenhamos nosso próprio peso para carregar.

 Aquela foi a primeira vez que consegui ser forte de verdade – embora tenha sido a única vez que consegui ser mais forte que minha irmã.


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Notas finais do capítulo

Nos vemos no próximo!
Comentários e críticas construtivas são bem vindos! Pode mandar, não custa nada :)



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