Homem-Formiga: Operação O'Grady escrita por Larenu


Capítulo 1
Apenas mais um começo, para apenas mais um herói


Notas iniciais do capítulo

Prólogo e Cap 1-3



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Prólogo

Na sede da Cross Tech, a empresa que um dia pertencera a Hank Pym, o atual presidente da corporação, o brilhante Darren Cross, estava realizando uma tomografia em um dos inúmeros laboratórios do prédio. O doutor que estava realizando o exame, essencial para o monitoramento do problema cardíaco de Cross, era Elihas Starr, o braço-direito de Cross, carinhosamente apelidado de “Cabeça de Ovo”.

Deitado no tomógrafo, enquanto escutava os sons da máquina, Darren pensava em como os resultados do exame poderiam mudar sua vida de uma vez por todas. Dependendo do estado do seu problema, Darren poderia precisar de um tratamento extremamente intensivo, que acabaria apenas por retardar o processo degenerativo de sua doença.

A verdade era que o presidente da Cross Tech estava vivendo sob a sombra da morte. A qualquer momento seu problema poderia se desestabilizar e mata-lo. A sentença de morte de Darren Cross estava dada, e era uma questão de tempo para morrer. A pergunta que lhe assombrava agora era “quanto tempo?”.

O tomógrafo se abriu, sinalizando que Darren deveria descer. Estava usando apenas uma sunga, então a primeira coisa que fez foi vestir seu terno e sua calça social. Em seguida, com os sapatos na mão, se aproximou do doutor Starr.

— E então, Elihas? Já tem o resultado?

— É... sim — disse o Cabeça de Ovo, ajeitando os óculos em sinal de nervosismo.

Darren percebeu o quão nervoso estava o doutor.

— Algo de errado?

— Na verdade, senhor, sim.

Ele cerrou os punhos.

— Me dê as más notícias.

— O seu coração... digamos que ele é praticamente uma bomba-relógio descontrolada, que pode explodir a qualquer momento. E ele se desestabilizou. Muito em breve irá se sobrecarregar e simplesmente parar de funcionar.

— Tenho quanto tempo?

— Diria entre uma ou duas semanas, senhor.

Assim que Cabeça de Ovo terminou de falar, Darren Cross surtou. Ele começou a berrar e a chutar as coisas que via pela frente. A notícia fora demasiado impactante. Estava completamente tomado por ira e cólera, atacando objetos com tamanha ferocidade.

Virou uma mesa e quebrou vidros que nela estavam. Em seguida, chutou um equipamento caríssimo por perto. Então, ele se voltou para Elihas e começou a se aproximar, com ódio nos olhos.

— Espere, senhor! — gritou o Cabeça de Ovo.

Mas Darren não parecia a fim de conversar. Ele bufava, e seus olhos pareciam não enxergar Elihas como o doutor que estava trabalhando para ajudar Darren, mas apenas como um homem qualquer e inferior a ele. Elihas, no auge de seu desespero, começou a pensar. Havia uma hipótese pouco provável de funcionar, mas que era possível. Contudo, era arriscado.

— Há uma forma... de parar de vez com seu problema.

Ao ouvir isso, Cross parou bruscamente.

— E qual seria?

Eihas suspirou.

— Você já trabalhou com Hank Pym, estou correto?

— Pym — disse Cross, assentindo.

— Ele está no hospital, de cama. Isso significa que o uniforme de Homem-Formiga está disponível.

— Acho que estou começando a entender.

— Se, de alguma forma, o uniforme caísse em nossas mãos, poderíamos enviar alguém para dentro do seu organismo e colocar um aparelho em seu coração que nos permitisse estabilizar sua frequência cardíaca e curá-lo. Vou trabalhar nesse projeto, caso você resolva aceitar a proposta.

Darren não pensou duas vezes.

— Proposta aceita. Vou enviar o mercenário, enquanto você trabalha no dispositivo.

Ele arrumou a gravata e deixou o laboratório, fazendo Elihas soltar um suspiro de alívio. Uma vez fora do laboratório, discou um número no telefone.

— William? Preciso de alguém para realizar um roubo. Quem temos disponível?

Do outro lado, William Cross, o mercenário conhecido como Fogo Cruzado, e que era também primo de Darren, passou alguns nomes. Um deles chamou a atenção de Darren.

— Estou decidido. William, quero Eric O’Grady. Mandarei Elihas se encontrar com ele.

Capítulo 1

Hank Pym estava deitado em sua cama em seu quarto de hospital. Sentada ao seu lado, Janet van Dyne segurava fortemente em sua mão, com um semblante de preocupação estampado no rosto, mesmo que Pym não retribuísse o gesto de carinho.

O Homem-Formiga original estava olhando fixamente para uma mosca na parede, pensando consigo mesmo quando a visita chegasse. Estava nervoso e ansioso, e sua mão livre batia com as pontas dos dedos no braço da cama de hospital.

Não sentia suas pernas. O acidente no Helicarrirer, ou Aero Porta-aviões, da S.H.I.E.L.D. destruíra não só o protótipo da Casa Grande, mas também o Homem-Formiga como todos conheciam. Pym fora fortemente prejudicado, e perdera o movimento das pernas na explosão. Por sorte, tinha Janet ao seu lado para lhe ajudar.

Foi então que bateram à porta do quarto dele.

— Entre — disse Janet.

Quem entrou foi o segurança de Pym.

— Senhor, sua filha está aqui, acompanhada de um homem. Ela tem sua permissão para entrar?

Um sorriso iluminou o rosto de Hank.

— Claro que sim.

O segurança assentiu e saiu do quarto. Quando a porta tornou a se abrir, foi Hope Van Dyne, filha de Hank e Janet, quem entrou, acompanhada de um homem, um ex-presidiário que roubara a Porsche de Janet e acabara por cair com ela em uma piscina. Ela ia começar a falar, mas seu pai a impediu.

— Você deve ser Scott Lang — ele falou, ignorando a presença da filha.

Pym largou a mão de Janet e arrumou os óculos.

— Sim, sou eu — respondeu o homem. — Olha, senhor Pym, se você está aqui para falar sobre o incidente com seu carro, eu...

— Esqueça o carro, posso comprar outro. Está aqui pois li sua ficha criminal.

Lang engoliu em seco.

— Droga. Agora estou completamente ferrado.

O Homem-Formiga tirou os óculos e entregou para Janet, com um semblante sério. Então, começou a rir alto. Confuso, Lang começou a fingir que ria junto. Mas Pym acabou por engasgar e tossir, acabando com as gargalhadas.

— Não vou repreender você, filho. Na verdade, suas habilidades de roubar não são tão ruins. Por isso mesmo quero oferecer um trabalho para você.

Scott soltou uma risada irônica.

— Você? Me oferecer um emprego? Ora, vamos lá. Onde estão os microfones e câmeras escondidos deste programa de auditório sem graça?

Hank sorriu.

— É verdade, senhor Lang. Preciso da sua ajuda em uma missão. Fui roubado e quero que você roube o ladrão de volta. Hope irá providenciar um transporte para meu prédio. Lá, meu parceiro, Bill Foster, irá apresentar para você a missão de forma devida.

A expressão de Lang era de surpresa.

— É sério mesmo?

— Claro que sim. E ainda terá seu próprio traje do Homem-Formiga para a missão.

Ele sorriu.

— Obrigado, senhor Pym! É claro que aceito!

Pym sorriu.

— Hope, leve-o para os Laboratórios Pym.

Ela assentiu, sem olhar nos olhos do pai, quase como se estivesse triste. Então, levou Scott para fora do hospital, onde encontraram o caríssimo Lambourghini Aventador de Hope Pym.

— Caramba, uma Lambourghini! — disse Scott, surpreso.

Hope olhou para ele e virou os olhos, apesar de parecer esboçar um sorriso.

— Pensei alto demais? — perguntou Lang, com um sorriso sem graça.

Os dois entraram no carro, e Hope ficou ao volante. Não conversaram durante o trajeto ao prédio de Hank Pym em Nova York. Outrora aquela fora uma sede da Pym Tech, contudo atualmente era conhecido apenas por ser sede do laboratório de Hank Pym, chamado mais popularmente apenas de “Laboratório do Homem-Formiga”.

Com a antiga Pym Tech nas mãos do implacável Darren Cross, Hank Pym vinha se contentando com seu laboratório nos últimos anos, além, é claro, do espaço que a S.H.I.E.L.D. muitas vezes lhe proporcionava com segundos interesses.

Chegaram à frente do prédio de Pym, que continha a imagem do capacete do Homem-Formiga na parte externa, logo acima da porta de entrada. Hope estacionou seu carro e o deixou nas mãos do manobrista, o que surpreendeu Lang, que jamais deixaria um manobrista cuidar de sua Lambourghini (isto é, se tivesse uma).

Entraram no prédio, ainda sem dialogar. Scott já tentara puxar uma conversa, mas antipatia de Hope combatera avidamente suas tentativas. Ao final, desistira de tentar. Hope apresentou seu crachá para uma máquina e passou pela catraca. Chamou o elevador e, quando este se abriu, pediu para Lang entrar.

— Vá para o décimo andar. Terei que deixá-lo só agora, pois tenho que retornar ao meu trabalho. Acredito que voltaremos a nos ver após a conclusão da sua missão.

— Está bem — respondeu Lang, e Hope já havia se virado para ir embora. — A propósito, tchau.

Hope parou. Pareceu conter alguma reação dentro de si, e logo se virou para Scott. Forçou um sorriso constrangido e respondeu:

— Até a próxima, senhor Lang.

— Pode me chamar de Scott. Se você quiser, claro, senhorita Pym.

— Ah, obrigado, Scott.

— Posso te chamar de Hope?

— Não temos tamanha intimidade, Scott.

E ela se virou para ir. A porta do elevador logo se fechou, deixando Scott sem poder continuar aquela conversa. Havia algo em Hope que chamara a atenção de Scott, e certamente não era sua simpatia.

Quando a porta do elevador tornou a se abrir, Scott se viu em um laboratório completamente branco, com detalhes em preto e vermelho. Era exatamente como imaginara que seria. Parecia com laboratórios que vira em obras de ficção, seja em filmes ou histórias em quadrinhos.

— Olá, senhor Lang — disse um cientista negro de óculos com uma cabeça a mais de altura em relação a Scott. — Sou o doutor William Foster.

— Doutor? Tem certeza de que não é jogador de basquete? Ou bodybuilder?

Foster forçou um sorriso.

— Tenho certeza, sim, senhor Lang. Se permite, gostaria de direcionar nossa conversa para o ponto correto. Vamos focar na missão para a qual foi designado.

O doutor se virou e indicou com a mão para que Scott o seguisse. Quando Foster novamente parou, Scott levantou a mão para sinalizar que tinha uma pergunta.

— Diga, senhor Lang.

— Por que Pym me escolheu para esta missão? Quer dizer, acredito que ele tenha muitos amigos super-heróis. Ou até mesmo da S.H.I.E.L.D. Tentei perguntar isso para a filha dele, mas ela não é lá uma Miss Simpatia.

O doutor sorriu.

— Ele tentou contatar a S.H.I.E.L.D. ou os demais heróis. Os Vingadores andam ocupados com questões a resolver, e a S.H.I.E.L.D. simplesmente não retornou os telefonemas do meu sócio. Além disso, vamos combater inimigos extremamente sofisticados.

— Um ladrão qualquer é sofisticado? — questionou Scott.

Foster sorriu.

— Sente-se e permita que eu lhe explique a missão e o contexto em que se encontra agora. Senhor Lang, acredita mesmo que um ladrão qualquer assaltaria Hank Pym?

— Eu assaltei, por que outro não o faria?

O doutor Foster riu.

— Perdão, mas… Acha mesmo que você assaltou Pym?

Capítulo 2

Scott Lang gelou com aquela frase do doutor Foster.

— O que você quer dizer? — perguntou Scott, surpreso.

— Hank Pym tinha a segurança necessária para barrar você, entenda. Entretanto, algo despertou o interesse dele. Um ex-presidiário cuja família apresentava problemas em aceitá-lo de volta. Lang, não se sinta mal, mas você era exatamente o que Pym precisava para missões como esta.

— Estou sendo usado por Hank Pym, é isso que você quer dizer?

O doutor Foster ficou em silêncio por um momento.

— Venha, deixe-me te mostrar uma coisa antes da apresentação da missão.

Os dois se aproximaram de uma tela presa à parede. Foster pressionou um botão, e um filme começou a passar. O primeiro vídeo a passar não tinha cores, apenas em preto-e-branco. Ele retratava o Homem-Formiga em ação em um enorme prédio com estilo mais medieval, derrubando seguranças até se aproximar de um homem com pele de pedra. Scott já vira aquilo antes nas notícias: aquele era o Gárgula Cinzento, um malfeitor que fora combatido por heróis na época em que uma máfia italiana estava sendo altamente combatida: a Maggia.

O próximo vídeo mostrava Homem-Formiga e Vespa desativando um míssil em pleno ar e o transportando em conjunto de volta a uma base militar dos Estados Unidos, logo depois mudando para o General Ross cumprimentando os heróis. Por último, Homem-Formiga e Vespa apareciam combatendo os Mestres do Terror no Aeroporta-Aviões da S.H.I.E.L.D.

O fim do último vídeo era trágico. Essa história fora amplamente discutida na mídia logo após acontecer. A queda do Aeroporta-Aviões provocara medo nos cidadãos, mas logo se transformou em um truque midiático do Mandarim: o uso dos Mestres do Terror tornara eles criminosos, enquanto o Mandarim se aproveitou e fez uso de seus poderes para afundar o Aeroporta-Aviões no mar, salvando a cidade de mais essa catástrofe.

Na época, as manchetes focaram em Mandarim. Era ele um vilão ou um herói? Mas o caso do Aeroporta-Aviões, ou Helicarrier, da S.H.I.E.L.D. tinha outras implicações. Esse caso representava o fim da carreira de dois heróis renomados: o Homem-Formiga (Hank Pym) e a Vespa (Janet van Dyne).

Hank Pym ficara paraplégico, e não poderia mais atuar como Homem-Formiga. Já Janet se dedicara a cuidar do marido, abandonando a carreira como heroína. Scott estava começando a entender onde Foster queria chegar.

— Ele me quer como sucessor, não quer, doutor William? — perguntou Scott.

WIlliam sorriu.

— Quer, sim. Ele vê em você o que ele nunca foi: livre. Por mais que você não tenha a ficha criminal exemplar, que seria a limpa, você é livre, e tem uma vida promissora pela frente. É divorciado, então seus vínculos familiares não te prendem tanto quanto os de Pym o fizeram — disse Foster, com um sorriso brilhante e estonteante na face. — A propósito, pode me chamar de Bill.

Scott retribuiu o sorriso e os dois trocaram um aperto de mãos.

— Venha, deixe-me lhe mostrar sua missão.

Enquanto Bill mudava o vídeo na tela, Scott maturava a ideia de se tornar o Homem-Formiga. Sua filha adolescente, Cassie Lang, ficaria orgulhosa de ver o pai ser um super-herói.

— Observe — disse Bill, trazendo Scott de volta ao presente.

A imagem deu lugar a uma gravação de câmera de segurança de um armazém. Mostrava um homem de roupas de couro num armazém se encontrando com uma silhueta oculta, mas cuja sombra representava a engraçada imagem de uma “cabeça de ovo”.

— Essa figura lhe é familiar?

— Sim, é claro. Vi ele na TV. O terrível Ovo Humano! — Scott disse, com tom de piada.

— Certo, nunca o viu antes. Este é Elihas Starr, um cientista que, atualmente, trabalha para Darren Cross. Popularmente, o chamam de Cabeça de Ovo. O homem com quem ele conversa veio a roubar a roupa do Homem-Formiga nos dias seguintes e foi identificado como Eric O’Grady. Acreditamos que Elihas tenha fornecido a O’Grady os recursos para assaltar este prédio e obter o uniforme de Pym.

— Onde estão eles agora? — perguntou Lang.

— O’Grady desapareceu nos últimos dia, mas o rastreamos e sabemos agora que ele está hospedado em um hotel cujo dono não existe. O hotel está em nome de William Cross, e não existem documentos comprovando a existência dessa pessoa. A conclusão à qual chegamos é que Darren é o verdadeiro dono, e que O’Grady está lá apenas aguardando um encontro com Starr. Investigando mais a fundo, concluímos que o encontro ocorrerá nesta noite. Elihas cancelou compromissos para hoje marcados, a fim de estar livre para ir e vir como bem entender. Queremos que você recupere o uniforme antes ou durante esse encontro. Forneceremos a você seu próprio uniforme de Homem-Formiga para a missão.

Scott sorriu.

— Missão aceita. Posso ver o uniforme, Bill?

— É claro — disse Bill, sorrindo de volta e julgando aquilo interessante.

Bill foi até uma abertura na parede fechada por uma placa de metal e digitou uma senha em um painel à esquerda. A placa de metal deslizou para o lado, revelando um vidro através do qual era possível ver uma roupa semelhante ao uniforme de Homem-Formiga que Hank Pym costumava usar.

— Caramba… é real!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! :D



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