- Raito... - L se aproxima, muito corado. - Do que Amane gosta em você?

- Que tipo de pergunta é essa?!

- Apenas responda.

- Hm, acho que a inteligência. - "E o fato de ser kira.", pensa Raito, rindo de leve.

- Que coisa...

- O que houve?

- Nunca tive uma namorada, sabia?

- JURA?! Caramba, Ryuzaki!

- ...

- ... Você precisa de ajuda. - O rapaz faz uma pose heróica, pronto para ensinar tudo que sabe sobre garotas. - Venha comigo. Começaremos pelo visual.

Os dois vão até o quarto, e L se senta na cama, observando. Raito estava procurando algumas roupas, mas o detetive só possuia jeans e blusas brancas, fazendo com que decidisse procurar no próprio armário. Após algunas minutos, havia uma pilha de diversos tipos de roupas ao lado de L.

- Escolha à vontade... Em instantes sairemos!

- M-mas...!

- Ande logo!

L entra no banheiro e passa meia hora lá dentro, impacientando o outro rapaz. "O que diabos está fazendo?!", grita ele, batendo na porta. "Não é confortável usar tênis! E tampouco essas roupas!", o detetive responde, mas em alguns minutos sai do banheiro, vestindo uma blusa preta com ideogramas japoneses na estampa, calça jeans e um tênis preto, sem meias.

- Ótimo! - Exclama Raito. - Mas... E quanto à personalidade? ...Já sei. MISA-CHAN!

- Sim? - A garota surge no quarto, sorrindo.

- Misa... O que você não gosta no L?

- As suspeitas que ele tem com Misa-Misa e Raito-kun!

- Não, querida, me refiro à uma visão feminina a respeito dele.

- Os modos, hmpf. Raito-kun, posso ir agora? Estou atarefada!

- Obrigado, Misa. Pode ir, sim.

A garota sai saltitando para checar sua agenda com Matsuda, enquanto o detetive se acostumava aos tênis. Apesar de não estar usando meias, aquilo incomodava muito os pés.

- Primeiro: modo de sentar. Esqueça os 40% de raciocínio, não vamos precisar tanto assim deles agora, mas sim de sua boa postura!

- Não mesmo!

- Experimente se sentar de forma comum.

L se aproxima da cama e, quando ergue sua perna para sentar-se como sempre, é repreendido por kira: "Primeiro a bunda, L! Não a perna!". Após algumas tentativas, ele consegue se manter no lugar.

- Muito bem. Agora o modo de comer. Não se deve pegar as coisas com as mãos. E não se entupa de açúcar!

- Yagami-san... Se me permite dizer... Esse não sou eu.

- Cale-se. Aprendeu tudo?

- S-sim.

Raito pega seu celular e faz algumas ligações, avisando a L que iria apresentá-lo à uma amiga: Harumi. Marcaram o encontro num café bem próximo ao prédio e saem, um pouco apreensivos.

São os primeiros a chegar, mas Harumi não demora muito. Depois das devidas apresentações e cumprimentos, resolvem pedir cafés e bolinhos.

- Então... Ryuzaki? O que faz na vida? - Ela pergunta.

- Ermm... - L estava nervosíssimo. O que deveria fazer na presença daquela moça? Deveria cortejá-la já? Como proceder?! - Jogo... Tênis. Você gosta?

- Não gosto de disputas...

- Por que? Não gosta de perder? VOCÊ é kira?

- O que?

- N-nada! - Raito interfere, antes que L pusesse tudop a perder.

- Espere, Yagami-san! Pode ser importante pro caso!

- Ryuzaki, é só uma garota! - O rapaz sussurra, raivoso.

- Mas ela tem 5% de chances de —

- Aqui estão os cafés e os cup cakes. - A garçonete surge, com uma bandeja reluzente e distribui os pedidos para cada um.

"GRAÇAS A DEUS! (?)", grita kira em pensamento. A garota mal havia chegado e já encarava L como um louco.

Neste meio tempo, o detetive enchia a xícara de café com cubos de açúcar, sem parar um instante. Quase não havia espaço para mais.

- Você gosta mesmo de doces, hein? - Ela fala, dando um sorriso constrangido.

- Sim.

- Como não engorda?

- Quando se usa a cabeça, a gente não engorda, mesmo comendo doces.

- Ahn...

- Ryuzaki, chega de açúcar...

- Você já não me deixa sentar como quero e agora quer que eu reduza os doces?!

O detetive se levanta bruscamente, desarrumando o cabelo e deixando o dinheiro da conta em cima da mesa. Em seguida, tira os tênis, diz "eu desisto delas" e sai, deixando os outros dois abismados. Sem tempo para uma reação melhor, Raito se despede de Harumi, que apenas observava, assustada. Corre atrás de L na maior velocidade que pode, entrando no elevador com ele.

Não dizem uma única palavra até chegarem ao quarto. Ambos entram e L fecha a porta para se trocar. Coloca suas velhas roupas e se senta na cama como de costume, suspirando aliviado por recuperar seus 40% de raciocínio, sendo acompanhado por kira.

- Estraguei tudo... Não é?

- ...

- Ninguém vai amar alguém como eu. Droga.

L deita na cama, apoiando as costas no travesseiro, derrotado pela complexidade feminina. A noite estava fria, o vento os fazia arrepiar de vez em quando. Era possível ver as luzes da cidade pela janela, principalmente pela penumbra do quarto.

De repente, L sente alguém engatinhar na camaaté ele, sentando-se pesadamente em seguida.

- Raito?

- Sabe, L... Eu gosto dessa sua roupa.

- Hã?

- E gosto do jeito que você senta, que você segura as coisas. Gosto da sua inteligência, da sua insônia...

E Raito se aproxima lentamente do rosto do outro até poder sentir sua respiração nervosa. Devido à pouquíssima claridade do quarto, kira não pôde ver L corar quando seus lábios se tocaram, evoluindo para um beijo ardente, cheio de sentimentos e desejo. O ingênuo detetive tinha seu primeiro beijo.

Só quando seus corpos se uniram num abraço intenso que puderam sentir os batimentos acelerados dos corações, inebriados de amor.