Superheroes escrita por gwmezacoustic


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

HEY CHEGUEI E NÃO ABANDONEI A ESTÓRIA! (Army Of Angels também não, podem confiar que a atualização logo chega.)
Sério, eu tive um período de bloqueio criativo que só Jesus na causa, e também uma imensa falta de foco - perdi a conta de quantas vezes sentava para escrever e terminava fazendo outras milhões de coisas, exceto escrever.
Mas entre trancos e barrancos, eis que estou aqui.
Informação importante: o que está em itálico são flashbacks.
Sem mais delongas, nos vemos nas notas finais e boa leitura, seus lindos.



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“Você já desejou alguém? Seu toque. Seu cheiro. Sua presença. Quando tudo o que você quer é ficar agarrada com ela? Fazendo nada. Dizendo nada. Apenas deitadas juntas. Quando nada mais importa.” — Tumblr

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Os grossos pingos de chuva maltratavam o vidro da janela, lá dentro podíamos avistar alguém que chorava compulsivamente, como se junto com as lágrimas todas as suas dores fossem embora; naquele momento sua alma se assemelhava a um trapo remendado, algo sem vida, sujo e envelhecido, algo que precisava ser lavado, ou melhor, revitalizado. E o que poderia resolver isso, se não um dia de chuva?

O céu estava nublado, o clima que antes era tão convidativo havia se transformado em uma grande escuridão barulhenta, seria uma grande piada dizer que naquele momento o céu refletia as dores de nosso protagonista?

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As letras que formavam o nome “Lewis”  brilhavam em contraste com a pouca iluminação do cômodo, Isabelle havia saído do banho há alguns minutos, usava um moletom antigo de Simon de dois anos atrás - quando ele ainda se preocupava em manter o closet da casa de campo atualizado - enquanto Simon tomava seu banho ela ligou para George pedindo que comunicasse aos seus pais onde estavam e agora encarava o seu dilema interno: ler ou não a carta que estava sobre a cômoda; optou pelo não, quando Simon quisesse falar sobre, ele lhe daria a chance de lê-la. Resolveu se aventurar pela cozinha da antiga casa, e não encontrou nada além de vinho e outras bebidas alcoólicas pelos armários, pela organização da casa ficava claro que a senhora Lewis havia contratado alguém para que cuidasse da propriedade, então não se surpreendeu ao encontrar a dispensa e geladeira abastecida. Pelas prateleiras havia alguns biscoitos, massas e inúmeros enlatados, ela odiava admitir, mas não possuía grandes habilidades culinárias, então simplesmente telefonou para uma pizzaria e fez o pedido de duas pizzas, uma vegetariana e outra doce, quando estava próxima a Simon sempre terminava influenciada pela sua aversão a carne.

Voltou a sala e esperou pacientemente até que Simon terminasse seu banho e descesse para que pudessem assistir algo juntos, demorou mais do que o esperado, mas ele finalmente desceu enquanto terminava de vestir seu moletom do capitão América, muito a contra gosto.

— Por que você me deixou comprar isso? - apontou para a estampa, sua voz transparecia uma falsa irritação.

— Porque quando você comprou isso eu ainda não escolhia suas roupas. - deu de ombros, era óbvio o quanto o estilo de Simon havia melhorado depois que Isabelle tomou as rédeas.

— Me lembre de comprar um do homem de ferro. - pediu, se dirigindo ao sofá e se jogando ao lado dela.

— Okay, senhor o-homem-de-ferro-é-melhor. - brincou, lançando uma almofada no escudo estampado sobre o tórax de Simon.

— Você sabe que ele é melhor, não é? - Simon realmente falava sério, ele não poderia estabelecer um relacionamento com alguém que achava que o capitão América era melhor que o homem de ferro, mas talvez abrisse um exceção para Isabelle.

— Armaduras são sexy. - Isabelle disse quase em um sussurro enquanto abria a porta para o entregador de pizza.

E então Simon se deu conta de que Isabelle usava seu moletom, não que aquilo fosse uma surpresa, ela sempre preferia suas roupas as reservas largadas no guarda-roupa do maior, mas não deixou de sorrir para a cena. Seu sorriso se desfez quando percebeu um único detalhe: as pernas torneadas de Isabelle ficavam quase totalmente expostas graças ao short curto que a menor vestia, pigarreou descontente enquanto desviava seu olhar da cena. Não que ele fosse possessivo ou ciumento, ele passava longe disso, mas não deixava que ser algo que lhe desagradava. No fundo, sentia como se precisasse protegê-la do mundo e sempre foi assim, eles dois contra o mundo.

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01 de Abril de 2003 - 13 anos antes

— Simon! Isabelle! - gritou, fingindo um tom de voz autoritário - Venham cá agora! - as crianças imediatamente largaram os lápis de colorir e correram até o mais velho, o medo evidente em seus rostos, eles não queriam levar uma bronca - O que eu falei antes de sair? - perguntou.

— Você disse que não devíamos aprontar... - o garoto informou, seus olhos focando na parede atrás de seu pai.

— E o que vocês consideram aprontar? - perguntou e respondeu rapidamente, eliminando qualquer chance de respostas dos menores - Talvez jogar tinta no meu quadro seja aprontar? - ele apontou para o quadro atrás de si, um retrato seu usando o fardamento militar que não era mais visto, graças a uma arte abstrata que Isabelle e Simon haviam feito horas antes.

— Nós só... - Simon começou, mas foi interrompido pela voz de Isabelle.

— Já ouviu falar de um programa chamado Art Attack, tio? No episódio que assistimos hoje cedo aprendemos sobre a arte corporal, ninguém quis nos ajudar, então pensamos “por que não tentar naquele quadro?” -  a pequena explicou.

— Ninguém quis ajudar vocês e então resolveram pintar o meu quadro? - frisou a palavra “meu”.

— Sim. - Simon respondeu de maneira direta.

— Então da próxima vez... - Simon pigarreou a espera do término do monologo do pai - Me esperem chegar, eu ficaria contente em ajudar vocês com isso. - se queixos pudessem cair, o de Simon teria feito isso.

— Não está bravo? - pediu a confirmação.

— Não, acho que ficou meigo... Vocês têm futuro. - deu de ombros, tendo os pés abraçados pelos pequenos braços das crianças a sua frente. - Peguem as tintas, vamos para o jardim.

O restante da tarde foi passado entre brincadeiras e muita tinta derramada sobre a base plástica que o mais velho espalhou pelo chão, o sorriso das crianças era sincero e para Walter, valia a pena sujar-se inteiramente de tinta para que estivessem contentes.

Já Simon não conseguia pensar em alguma tarde melhor, para Isabelle não foi muito diferente, eles talvez sentissem falta de momentos como aquele.

Só, talvez.

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27 de Maio de 2004 - 12 anos antes

Simon brincava com um dos bonecos de Isabelle, ele interpretava o pai e ela a mãe, mesmo que já tivessem feito famílias com duas mães e dois pais também, sendo incentivados pelo irmão de Walter que os vigiava de perto. Simon podia arriscar que viu um sorriso diferente em todos do cômodo quando deram de ombros e aceitaram a ideia do mais velho, para eles, todas as famílias eram feitas de amor.

— Eu quero dirigir o carro. - Simon repetia pela vigésima vez seguida.

— Eu já disse que eu dirijo, e você vai ligar o seu trenzinho quando embarcarmos - Isabelle o respondeu, da mesma maneira de todas as suas vinte tentativas.

— Certo. - bufou irritado, por que ela tinha que ser tão difícil?

— Pronto, agora você liga o trem e nos leva para Hogwarts, te matou esperar? - zombou dele, que lhe lançou um olhar ameaçador.

—ISABELLE SOCORRO - um Alec aterrorizado entrou na sala, sendo perseguido por um Jace sorridente.

— Jace, pare de perseguir o Alec. - pediu, encarando o primo que correu em direção a Clary, pegou o lápis de sua mão e lançou na cabeça do moreno.

— Isso é por você ter sujado minha capa do superman de lama. - deu de ombros, sorrindo e sentando ao lado da ruiva que lhe ofereceu outro de seus lápis de cor, mas não sem antes lhe dar um tapa na nuca por ter roubado o que usava anteriormente.

Enquanto os desenhos de Clary eram elaborados e faziam jus a paisagem que desenhava, o de Jace não passava da representação torta de bonecos palito, mas o importante é que estavam felizes juntos, igualmente a Simon e Isabelle que agora brincavam com um Alec sorridente que imitava o chapéu seletor.

De outro lado da cidade, um Walter irritado descia do avião do governo e lançava sua mala sem nenhum cuidado sobre o jipe, ele queria ver sua família depois de meses de luta contra as forças rebeldes, tudo naquele dia o estava estressando desde que acordou e recebeu a informação do atraso do vôo.

Ele só desejava chegar em casa e abraçar os filhos, e talvez irritar todos os vizinhos vendo Simon treinar guitarra ou bateria, mas isso ele não havia decidido.Esperou pacientemente enquanto o jipe atravessava as ruas de Nova Iorque e cerca de uma hora depois depois parava a frente de sua casa.

A vizinhança inteira estava silenciosa, chutou algumas pedras por ter chegado depois do horário de sono dos filhos, eles provavelmente só o veriam amanhã e ele não tinha a preparação emocional suficiente para isso. Abriu a porta e jogou suas coisas sobre o sofá, pelo menos ele achava que o sofá estava ali, mas quando ouviu o impacto sonoro das coisas contra o chão, descobriu que havia algo errado. Ligou as luzes e recebeu o choque de um corpo contra o seu, Simon abraçava a perna do pai e não parecia disposto a largá-la tão cedo. Todos os demais presentes - toda a vizinhança, no caso - observava a cena abobalhados.

Para Simon aquela era uma noite feliz, ele tinha o seu herói de volta e ele não o deixaria nunca mais, pelo menos era o que Walter havia prometido. Para este, os últimos meses haviam sido mais complicados do que imaginava e agora tinha no bolso da mala um pedido de dispensa, que havia preparado há meses, mas que no entanto não havia sido entregue.

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15 de Junho de 2005 - 11 anos antes

Simon tinha os olhos presos a imagem de um super herói qualquer que salvava o mundo, estava no quarto de Alec assistindo sua televisão, deitado em sua cama, simplesmente porque o Lightwood decidiu que queria passar um tempo com o menino. E Simon aceitou, mesmo sabendo que ele provavelmente ficaria preso ao videogame enquanto o deixava se distrair com algo na TV. No fundo ele gostaria de estar no quarto ao lado, Isabelle provavelmente o entreteria com algo mais divertido do que esse silêncio exaustivo. Por fim, se deu por vencido e dormiu agarrado a seu paninho da sorte. O resto do dia não foi tão longo quanto pensou que seria, Alec o havia liberado para brincar com Jace e seu pai havia decidido que precisava da ajuda dos menores para iniciar o projeto da casa na árvore.

Mesmo que inconscientemente, Walter sabia que realizar aquele desejo dos filhos e sobrinhos deixaria uma lembrança dele viva enquanto ele estava no outro lado do mundo. Juntos construíram a casa na arvore na antiga casa de campo da família Lewis e ainda fizeram placas para a frente das casas determinando as famílias, Simon gostava da ideia de ter um pai que salvava o mundo e sonhava com o dia que poderia seguir seus passos.

— No futuro eu seria como ele. - Simon sussurrou para Isabelle que simplesmente deu de ombros.

— Você poderia trabalhar mais perto de casa, aí sempre teríamos tempo para brincar. - disse radiante. Sei lá, eu gostaria de viver com meu melhor amigo.

E talvez, somente talvez, a nossa doce Isabelle tivesse razão.

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3 de Novembro de 2005 - 11 anos antes

Simon apertava o travesseiro contra suas orelhas, ele simplesmente havia cansado dos gritos dos pais no andar de baixo, não entendia como aquilo seria útil, gritos só lhe traziam dor de cabeça. Uma Becc sonolenta abriu a porta de seu quarto e ergueu a mão para que ele a acompanhasse, a sua irmã mais velha o abraçou pelos ombros enquanto atravessavam o jardim e se dirigiam até a casa ao lado. Tinha decidido de antemão fugir para a casa dos Lightwoods sempre que o clima em sua casa pesasse. E isso acontecia com freqüência nos últimos meses.

Entraram pela porta da cozinha e subiram as escadas, Simon abraçou o tio que os encontrou na cozinha e os levou no colo até os quartos, e os pôs delicadamente sobre as camas do quarto que já lhes era por direito. O mais velho depositou um beijo na testa de cada um e apagou a luz para de dormissem. Becc terminou por dormir de imediato, Simon remoia as palavras dos pais e terminou se dirigindo até o quarto de Isabelle, que dormia tranquilamente, mas não reclamou por ser acordada com os movimentos na cama, simplesmente abriu espaço para que ele deitasse ao seu lado e segurou sua mão, brincou com os seus dedos até que caíssem juntos no sono.

Uma nota importante:

As visitas a casa dos Lightwoods se tornaram cada vez mais frequentes.

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20 de Fevereiro de 2008 - 10 anos antes

Simon desceu as escadas da casa dos Lightwoods quase aos tropeços e rapidamente se pôs ao lado de Isabelle que o abraçou e depois o puxou em direção a porta. Aquele seria o dia D, não que alguém os tivesse dito, eles tiraram aquela conclusão sozinhos, tendo em mente as caixas que saiam da casa dos Lewis durante a semana.

Subiram até seu forte montado na casa da árvore e observaram durante longas horas, as coisas de Walter serem retiradas da casa e colocadas sobre um dos caminhões do exército. No fim do dia, Walter acenou para que eles descessem e se juntassem a ele na calçada, fizeram o que lhes havia sido pedido e Isabelle observou como seu melhor amigo chorava compulsivamente abraçado ao pai, que sequer tentou se fazer de forte e chorava como uma criança abraçado aos filhos. No fim, puxou Isabelle para o abraço e se despediu de todos com um até breve e prometeu que voltaria para visitá-los nos feriados.

E durante dez anos, isso nunca aconteceu.

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Já cansado do de seu dia cansativo de trabalho, o general Walter adentrou sua casa e foi recebido pelo filho mais novo, que sorriu para ele enquanto assistia algo na televisão. Adentrou seu escritório, lotado de medalhas e quadros, se jogou sobre sua poltrona, preparou seu uísque que desceu de modo amargo por sua garganta e concluiu que aquela seria mais uma noite que passaria encarando o que um dia foi um quadro que carregava uma foto sua.

E nunca em sua vida inteira amaldiçoou mais o seu patriotismo.

. . .

Isabelle tentava convencer Simon a colocá-la no chão, ele a lançou sobre a cama e riu graciosamente enquanto se gabava por ainda conseguir carregá-la.

Já essa, fechou sua expressão e se acomodou novamente na cama, Simon se lançou a seu lado e sorriu satisfeito por tê-la irritado.

— Não. Faz. Essa. Cara. - pediu, revezando beijos nas bochechas da morena no intervalo de cada palavra. Depois, a envolveu em seus braços e deixou que ela se acomodasse em seu pescoço, dormir agarradas já era um hábito. Uma de suas mãos se localizava na cintura dela, e com sua mão livre brincava com os dedos dela, outro hábito que não lembrava quando começou.

— Você sabe que precisa falar sobre o que aconteceu. - Isabelle sussurrou contra o pescoço dele.

— Eu sei disso, só podemos fingir que tudo está normal, pelo menos até amanhã de manhã? - pediu, sua voz suplicante, exatamente do jeito que fazia Isabelle ceder a qualquer pedido.

— Sim, podemos. - depositou um beijo em seu pescoço, e como mágica e em perfeita sintonia, caíram no sono no mesmo momento, como se a presença um do outro garantissem que tudo ficaria bem.

E do outro lado da janela, o vento não arrastava somente nuvens de chuva, mas também, situações mal resolvidas.

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“Das minhas lágrimas surgem as gotas de chuva, dos seus gritos nascem o estrondo dos trovões, e no fim a calmaria, simbolizando que nosso amor prevaleceu.”

— Garoto Flor.

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Notas finais do capítulo

A contagem dos tantos anos antes é feita a partir da idade do Simon, que é 17 aninhos de lindeza e fofura.
Eu tô em uma época bem corrida, mas não vou desistir da fic, já me organizei e tudo vai dar certo, porque eu sou pessoa positiva, então vai rolar capítulo novo sempre que der e o universo me permitir. Mas não se preocupem, farei o possível para liberar um capítulo por semana.
Erros eu corrijo depois.
Fiquem com Deus e até o próximo, beijão.
E fui.



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