Secou rapidamente a lágrima e tentou se concentrar nas lembranças boas, nos bons momentos que passou com seu pai.

Desde a morte dele, Violetta reprimia todas as lembranças relacionadas a ele. Mas naquele momento ela não pôde e nem quis reprimi-las.

Recordou os últimos dias com German, Angie e Julieta. Lembrou como ele estava feliz.

Mas algumas lembranças não eram tão claras e algumas duvidas começaram a surgir em sua mente.

German morreu em um acidente de carro, isso era tudo que ela sabia. Mas como aconteceu esse acidente? Porque as ameaças a ela começaram logo após esse trágico “acidente”?

Essas perguntas apareceram em sua mente.

Ela tentou desviar os pensamentos e as perguntas que estavam em sua cabeça. Levantou-se, deixou uma das flores que tinha comprado e andou até o tumulo de sua mãe.

...

Violetta’s POV

Depois de ir ao cemitério tinha que passar na empresa do meu pai para resolver alguns problemas.

Não consegui esquecer as coisas que pensei enquanto estava no cemitério.

Tudo tinha acontecido tão rápido e eu estava sofrendo tanto que nunca parei para pensar que eu comecei a ser ameaçada logo após a morte do meu pai. E com certeza isso não seria uma coincidência.

Será que foi realmente um acidente?

Essa pergunta gritou dentro da minha cabeça.

Logo Ramalho chegou e me fez desviar esses pensamentos.

— A Angie disse que eu tinha que vir até aqui, mas eu não entendi o motivo. Algum problema? – perguntei.

— Na verdade não. Você só precisa assinar uns papeis, afinal você é a herdeira de tudo isso. – ele me entregou alguns documentos e uma caneta.

Li rapidamente e assinei.

— Era só isso?

— A Angie me pediu pra falar com você sobre...

— Eu já até sei o assunto. – o interrompi.

— Ela está preocupada com você. – ele gentilmente tentou explicar.  Ramalho sempre foi muito amigo do meu pai. Depois da morte dele, Ramalho cuidava da empresa até eu me formar e assumir os negócios.

— Mas não devia está. – fiquei irritada e minha voz saiu num tom um pouco mais alto – Eu não posso ficar mudando de país na hora que ela quiser.

— Violetta, eu acho que você está distorcendo as coisas. Todos nós só queremos o seu bem. E você fala como se nós tivéssemos te expulsado de Buenos Aires.

— Eu sei Ramalho. – parei para pensar um segundo e lembrei do que estava pensando mais cedo  – Aliás, eu não sei... eu não entendo tudo o que aconteceu... eu nunca me questionei sobre isso e nunca fiz nenhuma pergunta. Eu simplesmente aceitei o que vocês me disseram e depois tentei esquecer tudo. Mas agora eu quero saber.

— Não estou entendo. O que você quer dizer com isso. O que você quer saber?

— O que aconteceu? Foi realmente um acidente que matou meu pai? Quem estava me ameaçando? E porque agora não tem mais risco? – as perguntas saíram muito rapidamente e ele ficou bastante surpreso.

— Eu... não sei se posso explicar. – ele ficou nervoso. Ele sabia de algo e não queria me contar. Não queria ou não podia? – É melhor você deixar as coisas como elas estão.

— Eu não posso fazer isso.

— Você confia em mim e na sua família?

— Confio. – respondi hesitante.

...

Voltei para casa. Eu estava confusa.

Todo momento aquelas perguntas passavam pela minha cabeça. Eu estava ficando louca ou estava recuperando minha sanidade?

...

— Viemos te fazer um convite. – Ludmila invadiu meu quarto, seguida por Francesca e Camila. – Na verdade é uma intimação.

— O que? – fiquei sem entender nada.

— Você sabe que essa semana é meu aniversário? – Ludmila perguntou e eu apenas assenti – Então você sabe que vai ter minha festa como tem todo ano.

— Eu não vou poder ir. – falei e ela fez uma careta.

— Não vai poder, ou não quer ir? – ela perguntou.

— Vilu, faz tanto tempo que a gente não comemora alguma coisa juntas e como nós sabemos que você vai embora logo... – Francesca foi interrompida por Ludmila.

— Violetta Castillo! Até agora nós agimos como se nada tivesse acontecido, fizemos tudo que você pediu e não te pedimos nada em troca, não pedimos nenhuma resposta, mas agora você decide se prefere contar tudo o que aconteceu ou aceitar o meu “convite”. – ela estava falando sério. Ludmila não brincaria com uma coisa dessa.

— Eu não acredito que vocês estão me chantageando. – tentei deixar o clima mais leve.

— Violetta nós três somos suas melhores amigas e por isso sabemos que o motivo de você não querer ir tem nome, sobrenome e endereço. – Camila disse me fazendo revirar os olhos e soltar um sorriso.

— León. – elas disseram em uníssono.

— Ok vocês conseguiram me convencer. Eu vou nessa festa. – eu disse e elas comemoraram.

...

Dois dias depois...

Eram 17h00min, então tive que pensar em que roupa eu iria usar na festa da Ludmila.

Não tinha trazido nenhuma roupa de festa na minha pequena mala. Então tive que dar uma olhada nas roupas que eu tinha deixado no meu armário. Nada ali me agradou. Aquelas roupas não combinavam mais comigo.

Pedi o carro emprestado à Angie e fui ao shopping. Eu tinha decidido que se eu fosse a essa festa eu iria aproveitar ao máximo. Para isso eu precisava de uma roupa especial.

Lembrei de um vestido que vi na dia que vim com Julieta. Rapidamente encontrei a loja e o vestido. Agora só precisava dos sapatos, porque já tinha uma bolsa.

Demorei mais ou menos umas duas horas no shopping. As lojas estavam todas cheias e também demorei a encontrar o sapato que eu queria.

Cheguei em casa e fui direto para o banho. Tomei um banho morno. Eu adorava a sensação da agua morna escorrendo pelo meu corpo, isso sempre me deixava mais relaxada.

Arrumei meu cabelo, optei por deixá-lo solto e ondulado. Vesti o vestido que havia comprado, ele era preto, relativamente curto e como um decote nas costas que ficava parcialmente encoberto pelo meu cabelo que era longo. Os sapatos eram da mesma cor do vestido. Fiz minha maquiagem, escolhi uma sombra marrom clara e um delineado fino, o batom era vermelho e fosco.

Parei em frente ao espelho e gostei do que vi.

Eu estava pronta.