Motivos para mudar escrita por Sofia Kiryuu


Capítulo 6
Capítulo 6 - Treinos e Esperas


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei que demorei mais de dois meses a atualizar, mas tive alguns problemas pessoais que me fizeram perder a inspiração, temporariamente... Perdoam-me? :(



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Após ter vestido uma blusa branca de alças simples e calças de fato de treino pretas, Toris calçou uns ténis, pegou num casaco do mesmo estilo que a roupa que estava a usar e desceu as escadas para se encontrar com Luísa, que já se encontrava à sua espera na entrada. Também ela estava vestida para treinar, com a diferença de que, ao contrário do lituano, a portuguesa estava com o seu casaco preto de fato de treino vestido.

— Porque é que estás vestida assim? – estranhou ele quando a viu.

— Ora, porque vamos treinar! Porque outra razão seria? – questionou ela, achando engraçada a cara de confusão do outro.

— Ah, n-não é isso! O que eu quero dizer é que pensei que fosses tu quem me ia treinar…

— E sou. Mas eu vou treinar-te enquanto treino contigo! – colocou as mãos na cintura e sorriu amigavelmente a portuguesa – Acho que, melhor do que estar parada, a dizer-te o que fazer, é fazer os exercícios contigo. É uma boa maneira de te motivar, não achas? – piscou-lhe o olho.

— Oh! Nunca tinha pensado nisso… Realmente parece ser uma boa estratégia! – sorriu o báltico.

— É, não é? – sorriu ela, ainda com as mãos na cintura – Bom, vamos lá que já se faz tarde! – disse ao caminhar até à porta da casa e abrir a mesma, mas parou e virou-se para trás antes de passar por ela – Ah, quase me esquecia! Toris, podes ir buscar a mala térmica que está em cima da mesa da cozinha enquanto eu tiro o carro da garagem, por favor?

— Claro, venho já.

Luísa foi buscar o seu carro, Toris trouxe a mala e os dois partiram para o sítio onde iriam treinar.

Enquanto seguiam viagem, foram conversando sobre assuntos triviais, até ao momento em que Toris se deu conta de que estavam prestes a entrar na Ponte 25 de abril, que ligava a capital às terras na margem sul do rio Tejo.

— Luísa, nós vamos sair de Lisboa? – questionou o lituano ao olhar para a portuguesa que conduzia ao seu lado.

— Sim! Vamos para o Seixal, onde uma das minhas equipas de futebol treina. – tirou um molho de chaves do bolso do casaco e chocalhou-o um pouco para o voltar a guardar logo em seguida - Pedi um favorzinho ao Presidente do clube e temos um campo no exterior e um ginásio ao nosso dispor. Não são muitos os jogadores que estão lá nesta altura, por isso talvez até consigamos usar a piscina.

— A sério? Mas não era preciso isso tudo só por minha causa! – sorriu, envergonhado.

— Claro que era! Eu prometi que iria fazer tudo o que pudesse para te ajudar e é isso que pretendo fazer. – olhou para o moreno, que olhava para si, pelo canto do olho e piscou-lhe o mesmo, enquanto sorria, antes de voltar a olhar para a estrada. Sim, definitivamente, iria cumprir a promessa que lhe fizera.

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Depois de algumas horas de viagem, finalmente estava à porta da portuguesa. Apesar de se terem passado alguns anos desde que ali estivera pela última vez, (sendo os seus encontros estritamente profissionais e que raramente ocorriam sem que estivessem com mais países por perto), ainda soube chegar ali como se tivesse saído dali no dia anterior e agora voltasse para se reencontrar com os lindos olhos azuis da lusa, que lhe faziam lembrar dos mares que um dia tinham percorrido em busca de terras e riquezas. Fechou os olhos e abadou um pouco a cabeça para afastar esses pensamentos. «Não é altura para pensar nestas coisas. Tenho que me apressar.», pensou.

Deu alguns passos até ficar mais perto da porta, tocou à campainha e esperou. Esperou, esperou… Talvez ela não tivesse ouvido, por isso voltou a tocar. Esperou mais um pouco e nada. Estranhou. Será que ela não estaria mesmo em casa ou simplesmente não lhe quisera abrir a porta? Refletiu um pouco e concluiu que não havia razão, pelo menos a seu ver, para Luísa o estar a evitar. Teria ido buscar Toris ao aeroporto? Provavelmente.

Resolveu sentar-se no chão e encostou-se à porta, pronto para esperar por ela. Afinal, mais tarde ou mais cedo, ela teria que aparecer.

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Após informar o porteiro, que já era seu conhecido, a lusa entrou no parque de estacionamento, procurou um lugar para deixar o carro, pegou na mala térmica e os dois seguiram a pé em direção ao edifício central.

Luísa, com Toris logo atrás de si, parou bruscamente mesmo antes de abrir a porta e virou-se para trás, ficando de frente para o rapaz, que quase foi contra ela.

— Toris, desculpa, eu esqueci-me de te perguntar se tens feito exercício regularmente, para saber como devemos começar a treinar. – disse com ar de culpa.

— Não há problema! Bem, sinceramente, não tenho estado muito motivado para me exercitar nos últimos tempos… – massajou a nuca um pouco envergonhado – Mas tento sempre fazer alguns abdominais todas as noites, antes de me deitar, ou correr um pouco de manhã cedo.

— Hum… Então, vamos começar com uma corridinha de 10 minutos no campo e depois vimos para o ginásio. O que achas?

— A treinadora és tu, por isso és tu que mandas. Eu só sigo as tuas ordens! – fez continência e ambos deram uma gargalhada.

— Bom, então, vamos lá!

Os dois seguiram para o campo e assim se pôs em prática o tão aclamado plano de Luísa.

Depois da corrida e de um breve aquecimento, foram para o ginásio, onde a portuguesa fez o moreno juntar-se a ela numa compilação de exercícios em que tinha estado a pensar durante a corrida.

Após 1 hora de treino, o lituano deixou que o cansaço levasse a melhor e deitou-se de barriga para baixo em cima do colchão onde tinha acabado de fazer flexões.

— Acho que… Por hoje… Já chega… Não achas? – perguntou, ofegante.

— Bem, se já estás no teu limite, – bebeu um gole de água – acho que o nosso primeiro dia de treino está terminado! – decidiu a lusa sentada no colchão ao lado do seu. Passou-lhe uma garrafa de água com um sorriso de satisfação.

— Obrigado. Luísa… Achas mesmo que isto vai resultar? – o báltico aceitou e sentou-se, voltado para a outra nação, enquanto recuperava o folgo.

— Claro que vai. – a portuguesa levantou-se do colchão num salto e colocou as mãos na cintura – Vou fazer a Natália ficar perdida de amores por ti, nem que seja a última coisa que eu faça! – estendeu a mão para ajudar Toris a levantar-se e este aceitou prontamente. Trocaram um sorriso cúmplice.

— Então, vamos lá arrumar isto aqui, para podermos ir para casa. – disse enquanto pegava no colchão que tinha estado a usar e o levava para o seu devido lugar.

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À porta de Luísa, Abel voltara a olhar para o seu relógio de pulso pela enésima vez. Eram quase 19h30. Tinha chegado ali quase às 17h, o que significava que já tinha estado à espera mais de 2 horas. E nem sinal da lusa.

«Luísa… Porque é que estás a demorar tanto?», pensava Abel, encostado à parede ao lado da porta e com os braços cruzados.

O loiro despertou dos seus pensamentos com o barulho de um carro que se aproximava dali e lhe chamou a atenção. Assim que viu quem eram as pessoas que estavam dentro dele, precipitou-se para uma das laterais da casa, de forma a esconder-se dos recém-chegados.

Luísa parou a viatura em frente à garagem e Toris foi abri-la, para que a portuguesa pudesse guardar o carro. Quando ela saiu da garagem, o moreno soltou a pergunta que não queria calar:

— Diz-me a verdade, Luísa… Eu estive muito mal hoje, não foi? – questionou, um pouco abatido.

— Claro que não! Para primeira vez, estiveste muitíssimo bem, acredita. – disse a lusa, com um sorriso amigável no rosto.

— Bem, se tu o dizes, tenho que acreditar! – sorriu o lituano, olhando para baixo, com a cara um pouco rosada.

— Podes acreditar que é verdade. – disse Luísa, enquanto se abaixava para trancar a garagem – Agora vamos para dentro que eu tenho o jantar para fazer. – continuou após pôr-se de pé novamente.

— Sim. Vou ter que ligar ao meu chefe para lhe pedir que mande toda a papelada que precise da minha assinatura para cá. Assim vou poder continuar a trabalhar enquanto aqui estiver. – Toris deu um passo em direção à porta, mas parou ao lembrar-se de algo e voltou-se de frente para a portuguesa – Ah… Quanto tempo é que achas que isto vai durar, já agora?

— Estás com pressa de ir embora, é? – riu ela, divertida.

— N-não, não! De maneira nenhuma! É que eu… – de repente ficou com um olhar sonhador e os seus lábios formaram um sorriso tímido – Eu estou um pouco ansioso para ver se finalmente consigo fazer progressos com a Natália…

— Toris… – murmurou ela, mais para si mesma do que para o outro, com um pequeno sorriso que logo se alargou – Bom, a duração do treino só depende de ti. Quando eu achar que estás pronto, será esse o momento para ires ter com ela! – agarrou o moreno pelo pulso e começou a andar em direção à porta da casa – Mas, vá, continuamos esta conversa lá dentro que eu já estou cheia de fome e ainda tenho de fazer algo para comermos!

— Também posso ajudar? – perguntou ele com um sorriso.

— Claro que sim! – respondeu mesmo antes de fechar a porta, já estando os dois dentro de casa.

Ao lado da casa, Abel conseguiu escutar tudo o que os dois tinham dito e aquela conversa não lhe tinha agradado de todo. Esteve mal? Primeira vez?! Era certo que, depois de terem falado em treino, aquelas palavras já não lhe suavam tão mal… Mas ainda assim, de que tipo de “treino” estariam eles a falar? Seria só o seu coração pregar-lhe uma partida por ter visto Luísa com outro homem? Mas e aqueles olhares e sorrisos que trocavam enquanto conversavam? Claro, Toris tinha falado em Natália… Mas e se isso fosse só uma desculpa para se aproximar da portuguesa? Não, não podia ser isso… Ela era demasiado perspicaz para cair num truque tão simples.

Suspirou, cansado das suas próprias especulações. Afinal, ficar ali parado, a formular teorias do que poderia estar a acontecer entre Luísa e Toris, não iria ajudar em nada. Assim sendo, resolveu tomar uma atitude. Foi até à porta e tocou à campainha. Iria confrontá-la e esclarecer aquela história de uma vez por todas.

Não demorou muito até a lusa aparecer à sua frente, ainda vestida com o fato de treino e o cabelo apanhado num rabo-de-cavalo. Assim que viu que era Abel que estava à sua porta, não conseguiu disfarçar a surpresa.

— Abel? O que é que estás aqui a fazer? – questionou ela, com uma sobrancelha erguida, em sinal de confusão.

— Eu… Eu vim perguntar-te… Quer dizer, eu queria saber se tu… Bem… – assim que pôs os olhos na portuguesa, não pôde evitar gaguejar. Toda a coragem que possuía segundos antes parecia ter-se esfumado.

Teria que dar a volta à situação e rápido!


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Notas finais do capítulo

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