Who I Am? escrita por StrangeDemigod


Capítulo 5
Number Five




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Ela apertou os olhos e os abriu, cegando-se com a claridade do local.

Colocou uma mão na testa e fez uma expressão de dor. Sentou-se. Ela continuava a apertar os olhos... Ainda não havia se acostumado com a claridade. “Desde quando meu quarto é tão claro?” Com os olhos semicerrados, ela observou o local. “Onde estou?”.  Ela reparou que o local possuía diversas macas. Em algumas delas pessoas se encontravam. Algumas dormindo, outras com ferimentos. Então ela, de repente, parou de piscar e fixou seu olhar em um ponto qualquer.

—Meu... diário... Diário...- ela murmurava.

Ao que parece alguém ouviu a voz dela, pois três pessoas se aproximaram dela. Um rapaz, loiro e duas meninas também loiras.

—Diário... Preciso... Meu diário.- ela continuava a murmurar, ainda sem piscar e com os olhos fixos no mesmo ponto.

—Jessie, o diário dela!- uma das garotas falou para a outra.

—O que tem de tão importante nesse diário?- o rapaz perguntou.

—Você vai ver.- a que se chamava Jessie falou e colocou um pequeno caderno sobre o colo de Helena. -Apenas faça silêncio e preste muita atenção.

Helena sentiu um peso sobre seu colo. Ela abriu o caderno em uma página, a qual estava marcada com um lápis, e começou a rabiscar nele. Sem piscar, sem olhar para ele. O garoto observava incrédulo. Os rabiscos se tronavam desenhos. Ele estava impressionado com a velocidade que ela fazia os desenhos, sem ao menos olhar para o caderno.

—O que ela...- o garoto foi cortado.

A garota sobre a maca havia terminado o rabisco. Helena piscou diversas vezes. Ela focou a visão no caderno em suas mãos. O rabisco havia se tornado quatro desenhos. Em todos os desenhos havia um manticore. Ela colocou a mão sobre a boca, segurando um grito na garganta. Os desenhos retratavam apenas coisas horríveis. Em três dos desenhos, o manticore foi desenhado matando três pessoas diferentes. No primeiro, uma criança; No segundo, uma mulher; E no terceiro, um homem. Porém, o quarto era completamente diferente dos outros. O manticore também era retratado, porém, ele estava sendo puxado para dentro de uma cratera por diversas mãos e, mais ao lado, ela havia desenhado uma silhueta. Mais abaixo do quarto desenho, tinha uma frase escrita. Assim como em seus outros desenhos, a frase estava escrita em grego: Θάνατος ποτέ να συγχωρήσει*. Ela sabia o que aquela frase significava. Ela já havia dito aquela frase, porém, não em grego.

“A morte nunca perdoa.”

Essas palavras ainda ecoavam em sua mente.

—Ela ‘tá bem?- O rapaz perguntou as garotas, que permaneceram caladas.

—Helena...- Jessie falou, segurando a mão da garota -Por que você ‘tá chorando?

Helena mal havia percebido que lágrimas escorriam de seus olhos. Ela olhou para a garotinha que segurava sua mão.

—Me... Me desculpe.- Helena colocou a mão no rosto da garota, que estava com uma expressão em uma mistura de confusão e espanto. A outra menina, Jenna, chegou mais perto da irmã e Helena a olhou. -Eu... Eu não consegui... Eu...- Ela se debulhava em lágrimas, tentando se explicar. Jenna segurou em seu rosto.

 -Helena... Do que você está falando? Nós duas...- ela apontou para a irmã e para si mesma. -Nós três.- ela se corrigiu e apontou para o garoto de pé perto da maca com uma expressão confusa. -Não estamos entendendo.

—Haja o que houver, saibam que seus pais... Que seu pequeno irmão... Que todos eles amam vocês duas.- ela falou, limpando as lágrimas e fechando o caderno. Deu um sorriso fraco. Olhou para o garoto a sua frente, que era extremamente parecido com as gêmeas. -Agora, vocês podem me deixar a sós com esse rapaz?- as meninas assentiram e se retiraram, deixando Helena e o rapaz sozinhos.

—O que você... Como você...?- ele tentava formular alguma pergunta. Helena colocou-se de pé, com as costas perfeitamente eretas.

—Qual o seu nome?- ela perguntou com um sorriso gentil.

—Nathan. Nathan Jones.- ele lhe estendeu a mão.

—Sou Helena... Só Helena mesmo.- ela retribuiu o cumprimento. -Então, Nathan Jones, que lugar é esse?- ela perguntou. O rapaz parecia atônito.

—Este é o Acampamento Meio-Sangue.- uma voz atrás dele falou. Nathan se virou de lado, dando a Helena a visão de um homem em uma cadeira de rodas. -Eu sou Quíron.

—Desculpe-me, mas eu não te conheço?- Helena perguntou a ele, com o cenho franzido.

—Creio que já ouviu falar de mim. Da mitologia... Fui eu quem treinou Aquiles, Hércules... entre outros.- ele falou como se contasse sobre aquilo todos os dias.

—Não.- a garota falou. -Eu já o vi antes. Não da mitologia, mas assim, em carne e osso, como estamos agora._ ela falou, tentando se lembrar, mas uma forte dor invadiu sua cabeça e ela se apoiou na maca. Os olhos faiscaram entre preto e castanho, numa guerra. Ela respirou fundo e se levantou, deu algumas piscadas e olhou para frente, encontrando um Quíron e um Nathan espantados.

—Nathan, deixe-nos a sós, por favor.- o loiro assentiu e se retirou.

—Mas então, o que eu estou fazendo aqui?- Helena perguntou.

—Sinceramente eu não sei, minha criança. Mas creio isso seja um sinal.- ele franziu o cenho.

—Um sinal do quê?- Helena questionou.

—Só o tempo nos dirá.- ele começou a “andar” em direção à saída. Helena pegou seu diário e o seguiu. -Mas então, os deuses...

—Da mitologia?- ela perguntou. Ele assentiu.

—Sim... Eles existem.- ele falou. -E você sabe que eles desciam ao mundo mortal e tinham filhos com os mortais, chamados semideuses. Teseu, Aquiles, Jasão, Hércules...- ele citou os exemplos. -Mesmo os anos tendo passado, eles não mudaram seus hábitos. Este lugar é aquele que protege todos os semideuses... Com sua barreira mágica, que impede de que qualquer monstro entre aqui.- ele completou. Eles andavam pelo acampamento. Ela estava com as mãos juntas, na frente do corpo, segurando o diário, observando o lugar. Muitos campistas andando por todo lado, alguns homens metade bode -sátiros- e algumas ninfas.

Eles continuaram andando, até que chegaram próximo a uma área onde diversos chalés estavam dispostos. Doze em forma de U e mais alguns ao final.

—É aqui que todos esses campistas dormem?- ela perguntou.

—Sim.- ele falou. Continuaram a andar. Até que chegaram perto de uma grande casa, onde na varanda, era possível enxergar um homem meio robusto e um sátiro jogando cartas. Quíron moveu sua cadeira de rodas em direção a casa. Helena apenas o seguiu.

Quando chegaram, Quíron apenas pigarreou e o sátiro e o homem levantaram a cabeça.

—Ela não mudou nadinha na aparência.- o homem falou.

—Não temos certeza se é ela.- Quíron se pronunciou. Helena estava confusa. “Eles me conhecem?”

 -Mas é claro que é ela. Ela está usando os mesmos anéis.- ele apontou para as mãos de Helena, que ainda estavam juntas segurando o diário. -A não ser que ela os tenha roubado.- ele levantou as sobrancelhas. -O que é impossível. Então, é ela sim.- ele concluiu.

—Dionísio... Não se pode ter tanta certeza assim... Precisamos...- Quíron foi cortado pelo homem, Dionísio.

—Claro que é ela. Eu me lembro bem que os anéis foram feitos somente para ela. Não poderia caber na mão de outra pessoa.- ele apenas jogou as cartas sobre a mesa. O sátiro escutava a conversa e comia uma lata de refrigerante.

—Me desculpe por isso, ele não sabe se controlar.- Quíron olhou pra mim. Ela respirou fundo.

—Vocês me conhecem?- ela franziu o cenho.

—Você não se lembra?- o homem, Dionísio, perguntou. Helena negou.

—Do que você se lembra?- Quíron perguntou. Helena então resumiu sua história até ao ponto em que ela acordou na maca. -Então, qualquer coisa antes de você acordar na casa daquela família, é um branco?- ele perguntou e ela assentiu. Quíron olhou Dionísio, como se estivessem tendo uma discussão silenciosa. O sátiro, que a pouco estava jogando cartas com Dionísio, já havia se retirado. Helena ainda estava confusa. Ela já havia visto aqueles dois antes. Mais quando? Ela continuava calada.

—Helena?- alguém a chamou e ela olhou em direção da voz. Ou melhor, das vozes. Eram Jenna e Jessie. Elas seguravam uma mochila nas mãos. Helena seguiu até elas e sorriu. Se aproximando das meninas. -Trouxemos sua mochila.- Falaram em conjunto novamente, o que fez Helena rir. Ela pegou a mochila e, logo em seguida, deu um beijo na testa de cada uma. -Nos vemos no jantar.- falaram em conjunto mais uma vez e saíram. “Essas duas...”. Pensou sorrindo e balançando a cabeça negativamente. Com a mochila sobre o ombro esquerdo e o diário em mãos, ela se virou. Quíron tinha um leve sorriso, enquanto que Dionísio tinha um olhar de reprovação.

—Acho que você deve de estar querendo tomar um banho, estou correto?- Quíron perguntou e ela assentiu. -Muito bem. Suba as escadas e entre no primeiro quarto a esquerda. Você poderá usá-lo durante a sua estadia aqui.- ele completou e ela concordou seguindo em direção às escadas. Entrou no quarto. Ele era simples. Todo branco. Havia uma cama de solteiro e um pequeno guarda roupas. Ela deixou a mochila num canto e o diário em cima da cama. Direcionou-se a porta a direita, onde ficava o banheiro. Abriu a porta e logo a fechou atrás de si, respirando fundo e segurando o pescoço por trás com as mãos.

Ela sabia que precisava pensar... e não há melhor momento para pensar do que num banho quente e relaxante.


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