Anteriormente em Who I Am?

[...] Os cabelos dela faziam uma pequena cortina em volta dos rostos de ambos. Os olhares se chocaram e um brilho surgiu. Agora era castanho no verde e verde no castanho. As respirações tão próximas a ponto de sentirem o hálito um do outro. O dele tinha um leve aroma de hortelã e o dela exalava a baunilha e chocolate. Estavam em transe profundo e se aproximavam ainda mais.

Até que não houve mais distância.

Agora:

Os lábios se selaram. Apenas um leve toque foi o suficiente para fazê-los sentirem um êxtase total. Era como se a boca do outro fosse uma droga. Uma droga extremamente viciante.

Harry levou sua mão à nuca dela, acariciando os cabelos dali. Helena arrepiou-se com o toque quente da mão dele em sua pele fria como mármore. Um simples toque como aquele a fez revirar os olhos e suspirar. Arranhando levemente o peitoral dele, ela mordeu o lábio inferior do filho de Poseidon, aprofundando o beijo. Ele sorriu com a atitude dela e levou ambas as mãos à jaqueta que ela usava, com o intuito de retirá-la. Conseguiu abaixá-la até os cotovelos dela e não deixou de passar suas mãos pelo trajeto da jaqueta, deixando a morena ainda mais arrepiada. Agarrando-a pela cintura, Harry trocou as posições, mantendo-a, agora, abaixo de si. Aproveitando a oportunidade, Helena passou seus braços pelo pescoço dele, o abraçando.

O beijo tornou-se ainda mais intenso. Assim como os toques. As mãos dele passeavam pelas coxas dela; e as dela, pelas costas dele, arranhando.

—Isso é tão perfeito! Mas acho que os pombinhos deveriam arrumar um quarto.- uma voz foi ouvida e ambos se assustaram. Helena, basicamente, jogou o rapaz para o lado, o tirando de cima de si. Sentou-se, olhando na direção da voz, arregalando os olhos em seguida. Uma loira, com seus belos olhos azuis, corpo esbelto e roupas de grife, dando destaque aos nada discretos saltos agulha na cor rosa fluorescente.

—A-Afrodite?!- estava incrédula. O moreno ao seu lado, ao ouvir o nome da deusa, olhou na direção da mesma, tendo a mesma reação da morena ao seu lado.

—Por que a surpresa?- inclinou a cabeça para o lado, confusa. -Bom, não importa. O que importa é por que os dois bonitinhos estavam se agarrando aqui?

—O-Ora, Afrodite! Pare de falar asneiras!- a deusa morena tinha suas bochechas coradas. -Não aconteceu nada aqui.

—Diga isso para as bocas de vocês.- apontou para o moreno.

—Oh, droga.- Helena estalou os dedos e sua espada voou até ela. Analisando os próprios lábios, apagou todo o borrado vermelho do rosto. Levantou-se, guardou a espada na bainha e ajeitou a jaqueta.

O filho de Poseidon se levantou, pegando a camisa pendurada e limpando o rosto. Passou a mão nos cabelos, ajeitando seu topete. Olhou para ambas as deusas a sua frente. Elas pareciam soltar faíscas com o olhar.

 -Oi Harryzinho.- acenou, tamborilando os dedos.

—Lady Afrodite.- deu um breve aceno.

—Argh...- a deusa da morte queria vomitar, ouvindo a doçura na voz da loira.

—“Argh”, o quê?- indagou a deusa loira. Observou ambos os morenos. A garota com seu olhar raivoso, de braços cruzados e o rapaz com a expressão confusa, querendo saber o que raios estava acontecendo ali. Como se uma lâmpada tivesse acendido acima de sua cabeça, Afrodite piscou, dando um sorrisinho sacana em seguida. -Já entendi.- sua fala chamou a atenção de ambos os mais novos. -Você está com ciúmes, Heleninha!

—É o quê?!- a morena arregalou os olhos. -Afrodite!

—Não se preocupe, queridinha.- juntou ambas as mãos, andando em direção ao filho de Poseidon. -Eu não roubaria seu homem.- deu uma piscadela à morena. -E que homem, por sinal. Bela escolha!

—Opa, pode parar por aí!- bateu o pé, nervosa. -Para começo de conversa, ele não é meu homem. E eu não estou com ciúmes!- exclamou, as bochechas vermelhas de raiva e vergonha.

—Todos sabem que negar que está com ciúmes é dizer que está com ciúmes.- riu a deusa loira.

—Humpf.- bufou. -Não vou mais perder meu tempo com você, loira maluca.—ajeitou os cachos e estalou os dedos, fazendo sua espada sumir. -Tenho assuntos mais sérios a tratar do que perder tempo aqui.- estalou os dedos mais uma vez e um esqueleto com uma prancheta apareceu ao seu lado. -Converso com você depois, Harold. Me deem licença.- e saiu da arena, com o esqueleto ao seu encalço.

O moreno estava com o maxilar travado. A deusa da morte, mais uma vez, havia sido indiferente em relação a ele.

—Acalme-se, querido. Ela vai voltar.- acariciou a cabeça do garoto. Momentaneamente, Harry sentiu-se atraído por aquele toque. Como se acordasse de um transe, afastou-se da deusa loira. -O que foi, querido?

—Perdão, milady... Mas o que quer comigo?- indagou, mantendo-se a certa distância da deusa loira. Esta sorriu de escárnio.

—Apenas vim plantar a semente da discórdia.- analisou as unhas. -Provocá-la sempre foi divertido.

—Não acho que seja uma boa ideia fazer isso.- comentou o moreno, coçando a nuca.

—Você que pensa.- abriu um belo sorriso. -Uh... Soube que está solteiro, Harryzinho.

—Prefiro não comentar sobre isso.- respondeu ele.

—Peço desculpas pela minha filha.-ela disse, com o semblante sério. -Ela nunca foi um poço de gentileza.

—Deu pra perceber.- ele arqueou as sobrancelhas.

—Mas parece que você já seguiu em frente.- a deusa teve uma mudança de humor extremamente repentina.

—O que quer dizer com isso?- o moreno virou-se para ela.

—Sou a deusa da sexualidade. Sinto a atração que emana das pessoas.- juntou as mãos. -E querido, vocês dois estão exalando tesão.

—O-Ora Milady...- ele tinha suas maças do rosto levemente coradas. -Não é nada disso do que está pensando.

—Não se mente para mim, querido.- a loira começou a se aproximar do semideus. Ele recuava aos poucos.

—Está exagerando, Milady.- ele disse, dando a volta atrás dela. -Me dê licença.- e saiu andando, as bochechas a ponto de explodir.

A deusa loira sorriu abertamente, apoiando o cotovelo direito na palma esquerdas e batendo o dedo indicador direito na bochecha.

—Harryzinho... Você ainda vai se entregar ao amor. Assim como a minha Heleninha.- mordendo o lábio inferior, saiu da Arena desfilando, em direção à Casa Grande.

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—Quem aquela loira pensa que é?- a morena resmungava, enquanto andava pelo Acampamento. Observava os campistas realizando suas atividades costumeiras; alguns já se retiravam do local, pois já começava a anoitecer.

—Senhorita! Senhorita.- o esqueleto atrás de si chamava.

—Sim, Jones, o que foi?- virou-se para ele.

—Temos alguns problemas.- ergueu a prancheta para ela.

—Então temos mais fugitivos, uh?- falou consigo mesma. Anotou algo na prancheta e devolveu. -Já tenho as coisas sob controle. Pode retornar.- o esqueleto assentiu e sumiu numa fumaça negra.

Ela suspirou. Estava cansada e precisava de um banho. Se dirigiu à Casa Grande em passos lentos.

Ao abrir a porta se surpreendeu com a vista de três deuses batendo um papo nada amigável.

—Você sempre fala asneiras, Afrodite!- Dionísio exclamou.

—Não sou eu que estou trancafiada aqui sem poder tomar vinho.- ela abriu um sorriso sínico e fez com que uma taça de vinho aparecesse em sua mão. Tomou um gole, se deleitando com a cara do deus do vinho -Mmm... Romanée-Conti. Sem dúvida, um dos meus favoritos.

—Afrodite, você está abusando da sorte.- Apolo comentou, de braços cruzados.

—Argh, crianças.- Helena bufou, revirando os olhos. Os três que discutiam se viraram na sua direção.

—Oh, querida! Me perguntei onde você estava!- a loira exclamou, se levantando.

—Você sabe que não é da sua conta o que eu faço ou deixo de fazer.- a morena comentou friamente.

—Céus, você é grossa como o seu pai.- a morena ficou nervosa e se virou na direção da loira.

—Não me compare com aquele verme.- rosnou. Fechando os olhos, massageou as têmporas e começou a subir as escadas. Entrou no quarto e foi direto ao chuveiro. Quando saiu de lá, encontrou uma deusa loira analisando o um conjunto sobre a cama. -O que pensa que está fazendo?

—Apenas arrumando umas roupas decentes pra você.- comentou com descaso.

—Eu não vou vestir isso aí!- exclamou, notando as vestes.

—Nem é tão diferente do que você costuma usar.- falou, revirando os olhos.

—Não uso coisas sem alça. Nem saltos enormes. -apontou respectivamente.

—Pare de reclamar e se vista logo.- a loira bateu o pé no chão, fechando ambas as mãos em punho.

—Você é um saco.- a morena começou a se vestir.

—Oh, obrigada.- Afrodite jogou os cachos loiros para o lado.

—Não foi um elogio.- Helena calçou os sapatos. -Agora me diz... Qual a necessidade de saltos tão altos?

—Você tem que ficar bem gostosa pra atrair o Harryzinho!- a loira bateu palmas frenéticas.

—Não quero atrair ninguém.- amarrava o cabelo em um rabo de cavalo. -E não me chame de “gostosa”. É nojento.

—Ora, pare.- fez descaso com ela. -Agora só precisa de um rímelzinho aqui, um lápis ali... Um pouco de batom e PRONTO.- berrou, assustando a morena.

—Eu estou parecendo uma boneca.- A morena se analisou.

—Bonecas não se vestem de preto dessa maneira.- a loira sorriu.

—Você é, definitivamente, um saco.- e saiu andando.

—_//__

Ele estava sentado em sua mesa no Pavilhão.

Aparentemente sua refeição não parecia tão apetitosa, pois o mesmo estava com o olhar vago, mexendo na comida sem interesse. Sua irmã estalava os dedos na frente dos olhos verdes dele, mas ele sequer deu atenção. Bufando, Milena deu um peteleco no irmão, que se assustou, dando um pulo no banco.

—O que foi?- ele tinha seus olhos arregalados.

—Harrold! Faz cinco minutos que eu estou te chamando e você sequer me dá atenção.- ela tinha o semblante franzido de raiva.

—Desculpe. Estava divagando.- suspirou.

—Deu pra perceber.- revirou os olhos. O irmão ainda divagava. -Harry, o que houve?

—Uh?- ergueu o olhar. -Nada, nada.

—Você está tão abatido.- apoiou o queixo em uma das mãos. -Já sei! O seu problema tem cabelos e olhos castanhos e está entrando no pavilhão agora, não é?

—Milena!- ele exclamou, antes de se virar para observar a deusa morena que adentrava ao pavilhão. Ela desfilava com Afrodite ao seu encalço. Aparentemente, a deusa loira estava irritando Helena.

Harry parou para observar as vestes dela. Usava um corset preto, calças de couro pretas, jaqueta de couro e um salto que tinha caveiras esculpidas na parte traseira. O moreno arregalou os olhos. O corpo dele esquentou. Ela estava muito...

—...Gostosa, não é Harryzinho?- o filho de Poseidon acordou de seu transe e notou que as duas deusas, loira e morena, respectivamente, estavam à sua frente.

—O quê?- Ele piscou algumas vezes e pigarreou. Analisou a deusa morena de perto e corou. Desviando o olhar, mordeu o lábio inferior.

—Você é uma retardada, Afrodite.- a morena tinha suas bochechas levemente coradas. Ela ficou internamente feliz por Harry a notar, mas jamais admitiria isso. Viu a irmã de Harrold rir. Sorriu junto e em seguida, cruzou os braços, voltando para a mesa dos diretores.

—Preciso de um mapa.- falou ao chegar. Apolo devorava um pedaço de pizza com fervor, competindo com a ruiva do Oráculo.

—Que tipo?- Quíron indagou.

—Político.- ela permaneceu indiferente. Depois de alguns minutos, fora entregue um a ela. Ela o fixou numa das pilastras de mármore do local, usando quatro adagas para isso, uma em cada ponta. Após isso, rodeou o pavilhão, pegando facas de cozinha. Voltou para a frente do mapa e segurou algumas facas em mãos.

—O que ela pretende fazer? Facas de cozinha não atravessam o mármore.- Dionísio disse.

Helena girou uma faca por entre os dedos e a atirou em seguida, surpreendendo a todos. As facas ficavam fixadas na pilastra, sem ameaçar cair. Tempos depois ela parou de atirar as facas e arqueou as sobrancelhas.

Quem olhasse o mapa, viria que a grande maioria das facas estava concentrada na região de Nova York.

—O que foi, Lena?- Apolo perguntou. Ele percebeu que ela estava tensa.

—Aquele desgraçado já começou a agir.- ela estava de costas para ele. -Tanto desperdício, ‘tsc.

— O que ele está fazendo?- Helena não conseguiu respondê-lo, pois um grito a interrompeu.

—HARRY!- Milena berrou. Todos se viraram na direção da filha de Poseidon. Muitos semideuses se aglomeraram na em cima do garoto, que estava desacordado no chão. Helena correu até ele, empurrando alguns semideuses. Ajoelhou-se. Ele não estava morto. Ela sabia.

—Harrold, acorde.- o balançava levemente. -Pelos céus, acorde... Por favor...- suplicava. Ele mexeu as pálpebras e ela suspirou. Ele estava acordando. O moreno abriu seus olhos, mas estes não estavam verdes como sempre. Estavam dourados, com um brilho assassino.

Antes que Helena pudesse raciocinar, o rapaz se jogou em cima dela, apertando seu pescoço com força.