A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO) escrita por Ally Faro


Capítulo 64
Capítulo Sessenta e Quatro – Convívio


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês apreciem esse capítulo, ele abre as portas para um relacionamento diferente do que estamos acostumados.

Divirtam-se! (Siiiiiiiiim! Eu ainda posso falar isso. AINDA)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698185/chapter/64

        Os dias estavam passando rapidamente, como se desejando que a pequena parcela de tranquilidade que Belinda começou a criar e se adaptar dentro da casa no Vale Jiuzhaigou chegasse ao fim, pensamento que ela tentava evitar, porque isso a atormentaria, sendo que ao fim da pausa com Dorian, iria diretamente para a Mansão Malfoy e consequentemente para as garras de Bellatrix e toda a corja psicótica que compunha os Comensais da Morte, a ideia a fez estremecer. Lestrange vestiu a jaqueta de moletom e prendeu o cabelo, começando a sair de seu quarto para poder fazer sua corrida noturna, a qual já estava atrasada. A corrida noturna era boa para espairecer e ter um momento sozinha, assim como dar um tempo ao próprio Dorian, que era adaptado com a solidão, contudo tinha que conviver com outra pessoa de repente e contra a vontade.

            Belinda estava prestes a sair do corredor e entrar na sala, mas quando dobrou na pequena esquina de um cômodo ao outro, deu de encontro a Dorian, que a segurou pela costa. A primeira coisa que ela registou foi a solidez do corpo dele, a segunda foi o calor do rapaz, que estava sem camisa e a segurava para evitar uma queda.

—Você não deveria estar correndo? –Ele questionou, soltando-a e a encarando de sobrancelha arqueada.

            Belinda bufou.

—Deveria, contudo acabei demorando mais que o previsto no banho.

            Dorian assentiu tranquilamente.

—Vou até a cidade comprar algumas coisas. –Alertou. –Quer vir junto?

           Não era estranho Dorian chama-la quando ia a cidade, na realidade fazia parte do convívio.

—Agora? –Ela arqueou a sobrancelha.

—De preferência.

           Lestrange deu de ombros.

—Tudo bem.

         Os dois já haviam se adaptado aos esbarrões pela casa e a companhia silenciosa que um propunha ao outro. Ninguém invadindo o espaço de ninguém e dando a maior liberdade possível ao outro.

          Dorian seguiu para o corredor, vendo-a se jogar no sofá e puxar um livro de Feitiços da mesa de centro, para esperá-lo. O que mais tinha espalhado pela casa eram livros de Feitiços, Poções e papel e lápis, uma combinação de bagunça e organização que de algum modo serviu perfeitamente a eles. Dorian tinha que assumir que ter Belinda como companhia não era tão ruim quanto ele imaginara quando soube daquilo, na verdade era bem fácil conviver com a garota, ela normalmente era calada, estava desenhando ou lendo, sendo que quando costumava falar era provocação ou coisas sérias, todavia as provocações sempre tinham um ‘Q’ de diversão, mesmo que ela não se divertisse com facilidade, a qual era curioso presenciar.

             Dorian puxou a camisa e a vestiu, enquanto voltava para a sala. Belinda estava da mesma forma, os olhos atentos fixos a página do livro, o qual ela lia com muita concentração. O albino fez careta e se aproximou, sem ser notado, o que era raro, já que Belinda costumava se atentar ao menor som. Dorian puxou o livro de sua mão, a fazendo bufar e o encarar, também adaptada aquela situação.

—Que? –Foi tudo que ela disse.

              Dorian a ignorou e leu o Feitiço o qual ela dava tanta atenção.

—Expecto Patronum?! –Ele pareceu curioso, voltando a encará-la.

—Estava tentando compreender como se produz um. –Ela revelou sem o menor problema, enquanto se erguia do sofá.

—Felicidade. –Ele bufou. –Essa é a chave. Um momento tão feliz que seja capaz de liberar um Patronum.

              Bell fez careta e saiu de dentro da casa, sendo seguida por Dorian.

—Creio que eu não tenha nenhuma chance de produzir um, sendo assim.

              Dorian deu um curto sorriso.

—Na realidade tem. –Belinda o encarou por sob o ombro.

—Não me iluda. –Brincou e ele rolou os olhos.

—Estou falando sério. –Ele foi firme. –Eu já estive na tua cabeça problemática, sei do que tô falando.

            Belinda não falou nada e assim que saíram da barreira de proteção permitiu que Dorian os aparatasse para uma viela das ruas de Pequim.

—Felicidade? –Ela questionou de repente, assim que ele largou seu ombro. –Onde você viu isso?

           Dorian sorriu de canto outra vez e a encarou. Estavam mais próximos do que normalmente ficavam quando acabavam de desaparatar, já que a primeira coisa a ocorrer quando chegavam a seu destino, era cada um ir para um canto.

—Mary está envolvida nessa lembrança, Belinda. –Ele foi claro. –Mary e Draco, na verdade.

           Belinda enfiou as mãos nos bolsos do moletom.

—Ah! –Ela exclamou. –Você acha que isso é o suficiente?

         Dorian não soube bem o que pensar, mas não conseguiu evitar a pergunta para qual já tinha a resposta.

—Você não é mesmo acostumada com a felicidade, não é? Nem reconhecer que teve momentos assim.

           Lestrange deu um sorriso de canto, surpresa pela frase.

—Na realidade eu acho que me desabituei a ela, Dorian.

        Não houve mais conversa, andaram pela rua em silêncio, até chegar ao restaurante que Dorian queria ir. Ele já havia se acostumado com a honestidade de Belinda, entretanto se chocou com aquela resposta. Lestrange era hostil, sarcástica, ácida e distante na maior parte do tempo, contudo quando eles falavam de seu passado ela parecia amarga de algum modo e era estranho recordar que ela tinha somente 16 anos.

     O restaurante estava quase vazio, mas isso não evitou os olhares de julgamento sobre Belinda, que usava somente um short folgado, jaqueta canguru de moletom e tênis. E embora Dorian estivesse certo de que normalmente os olhares recaiam sobre ele, por ser albino, tinha certeza que daquela vez os murmúrios eram por conta dela, que parecia absorta em seu próprio mundo.

    Belinda sentiu a mão de Dorian em sua costa, mas ignorou, ele só a tocava tão despreocupadamente quando era necessário, e o deixou guiá-la até sua mesa, próxima a enorme janela de vidro. Sentaram-se de frente um para o outro e ele a encarou.

—Está na hora de você experimentar algumas comidas típicas. –Decidiu por fim.

       Bell deu de ombros e se recostou na cadeira. Ela realmente vinha evitando comer as comidas típicas que Dorian pedia, normalmente fugindo para a segurança das carnes que o obrigava a comprar ou sanduíches.

—Me surpreenda. –Pediu por fim.

       Dorian acabou decidindo por pedir: Camarão à moda de Xangai, Chop Suey, Rolinhos primavera, que era a única coisa que Belinda havia aceito experimentar até aquela noite, e Pato Laqueado.

           Dorian a observou por um longo tempo, ela parecia perdida dentro da própria mente e os olhos traziam uma escuridão preocupante, o que o fez suspirar e se inclinar para a frente, apoiando os braços na mesa.

—Eu achava que não podia produzir um Patronum também. –Confidenciou, ganhando o olhar da menina. –Mas lembra o que eu disse sobre minha mãe me levar a Itália?

—A moeda sobre o ombro? –Ela questionou em retorno e ele assentiu.

        Belinda recordava, obviamente, Dorian não costumava falar do passado e ela gravava as pequenas coisas que ele soltava, não por se importar de fato com a história dele, mas porque sempre achou bom conhecer aqueles que a cercavam, sendo amigos ou não.

—Ela costumava me levar a muitos lugares, mas amava a Itália e sempre ia a Fontana di Trevi, sempre. –Ele sorriu saudoso. –Era a nossa primeira parada. –Ele suspirou e a encarou. –Minha mãe me ensinou a produzir o Patronum, alguns meses antes de morrer. –Belinda não esperava por aquela confissão, o que a fez dar total atenção ao rapaz. –Depois que ela se foi, eu não consegui mais fazer o Patronum, ele simplesmente desapareceu. Fui relembrar como se faz a menos de dois anos, Belinda.

        Bell fez careta e brincou na borda do copo d’água, os olhos perdidos em algo, até olhar novamente para o albino.

—E como se faz?

            Dorian sorriu de canto.

—Você tem todas as armas, o único problema é que tem medo de usar. –Ele viu algo estranho nos olhos dela. –Você tem as memórias certas, mas tem medo de trazer à tona. Tuas lembranças não te fazem fraca, pelo contrário.

—Você está enganado. –Ela o cortou, o surpreendendo. –Eu evito meu passado não só por ter medo das lembranças, o que claramente tenho, como nós bem sabemos. –Suspirou. –Eu as evito porque se Bellatrix ver o que tem em minha mente...

          Belinda não conseguiu nem concluir a frase. O que a fez fechar os olhos e respirar fundo. Só a ideia de Bellatrix revirando seus bons momentos a deixava furiosa.

—Ela não precisa ver. –Ele foi firme e ela abriu os olhos. –É por isso que eu estou te treinando. Rodolphus tinha gente melhor pra fazer isso, mas ele me disse que tínhamos semelhanças e que você era difícil de lhe dar, que não confia em qualquer um. –Ele sorriu.

           Bell bufou.

—E? Você também não.

—Nós dois achamos um meio de conviver, meio esse que ele não acha que você encontraria com nenhum dos outros.

           Belinda se viu obrigada a dar um sorrisinho.

—Porque todos os conhecidos dele são Comensais?

           Dorian sorriu novamente.

—Quase isso.

           Lestrange assimilou repentinamente o que ele dissera.

—Você não se incomoda mais em conviver comigo?

           Belinda viu o sorriso do rapaz permanecer, mas se transformar em algo mais sutil.

—Deixei de me incomodar com sua presença quando notei quem és.

        Belinda não soube bem o que pensar das palavras, do sorriso e nem do olhar. Dorian era surpreendente de muitos modos.

—Vou considerar um elogio.

—Só não faça muito que posso me arrepender.

         Bell deu um sorriso de canto e Dorian a viu relaxar. Belinda não confiava em quem não lhe dava algo em troca para confiar, ela analisava muito a tudo e todos, principalmente a honestidade que as pessoas em volta depositavam em suas palavras.

—Mas devo confessar que fiquei curiosa. –Ela o encarava abertamente. –Quem você acha que sou?

          O sorriso de Dorian foi divertido.

—Ah, Lestrange, tem coisas que a gente não pode revelar, alguns mistérios são melhores se mantidos.

         Bell reconhecia bem aquela frase, normalmente ele a usava, quando de muito bom humor, para lhe dizer que não contaria nada que ela queria saber. Isso a fez rir baixinho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? Curtiram?

O que vocês esperam disso tudo, em?

O que acharam do Dorian, por vontade própria, finalmente ter se exposto um pouco e contado algo do passado?

Deixem seus comentários.

Beijos e até o próximo capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.