A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO) escrita por Ally Faro


Capítulo 62
Capitulo Sessenta e Dois - Victória Wild


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
Divirtam-se com essa pequena descoberta. Hahaha



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698185/chapter/62

                Belinda sentiu o mundo tremer, parecia haver um terremoto debaixo de sua cadeira. Tantas perguntas se formavam em sua mente, mas nenhuma conseguia se transformar em palavras e sair de sua boca. Seja o que Rabastan estivesse disposto a contar, ou provocar, ela queria pelo menos saber como agir, contudo seu controle tão bem forjado lhe escapava pelos dedos como água corrente. Seus sentimentos sempre foram confusos quando se tratava de família, principalmente da mãe a qual nunca conhecera e ninguém se dispunha a falar nada, mas naquele momento ela nem sabia o que sentir. Lestrange jamais imaginara que um dia sentaria em um restaurante na companhia de Rabastan Lestrange e que ele falaria qualquer coisa relacionada a sua mãe, muito menos que a conhecia realmente ao nível de poder apontar semelhanças ou diferenças entre elas.

—Eu vejo que ficou chocada por eu conhecer a sua mãe, Ferinha. –Ele sorriu. –E sei também que muitos boatos foram discutidos, antes de minha prisão e depois de minha fuga. –Ele foi direto, mas com um tom tranquilo que Belinda ainda não o tinha escutado usar. –Entretanto eu espero que você não tenha dado crédito aos boatos sobre Bellatrix ter algum laço sanguíneo com você, não é? Apesar de tudo você é mais esperta que isso.

              Bell sentiu o canto do lábio formar um sorriso involuntário e real, sem falar de um enorme alivio tomar conta de seus sentimentos.

—Bem, sempre torci para não serem reais. –Admitiu e ele sorriu.

—Rabastan! –A voz feminina atraiu o olhar de Belinda e do homem.

                A mulher negra que se aproximava tinha um porte bonito e seguro, o cabelo em longas tranças avermelhadas destacava seu rosto marcante, com duas enormes cicatrizes que seguiam do olho castanho direito até a jugular. As curvas sinuosas chamavam atenção dentro de seu jeans justo e camiseta branca que marcava seu corpo.

—Elle. –Rabastan sorriu de volta, se erguendo e ganhando um abraço.

              Belinda nunca imaginou que veria Rabastan Lestrange sendo gentil e amigável realmente com alguém, a possibilidade daquilo era tão inimaginável que ela não conseguiu conter a surpresa.

—Por onde diabos você andou que não veio me visitar assim que saiu do inferno? –Ela questionou, dando um leve tapa no homem, que riu animadamente e pegou a mão da mulher, levando até o lábio e dando um leve beijo.

—Tive muito a fazer, minha cara Elle. –Rabastan sorriu novamente. –Mas me deixa apresentar. –Ele indicou Belinda. –Essa é Belinda Lestrange, minha...

—Pelo amor de Merlin, não me diga que é sua filha. –Ela debochou e pela expressão chocada de Belinda, gargalhou. –Estou brincando, estou brincando.

            Rabastan riu, parecendo relaxar mais ainda com a presença da mulher, não a tranquilidade típica dele, mas sim uma calma amigável.

—Ellen é uma amiga antiga, Ferinha. –Ele comunicou, voltando a sentar. –Será que a dona do estabelecimento mais incrível poderia sentar conosco? –Ele convidou a mulher, que sorriu e puxou a cadeira.

—Não por você, mas pela curiosidade de saber quem é ela.

               Rabastan sorriu.

—Estava prestes a contar para a Ferinha sobre a mãe dela, já que desde seu nascimento ninguém se importou em contar esse pequeno detalhe de sua vida.

—Mãe? –Ellen fez careta e cruzou os braços, como se o restante da frase não a deixasse curiosa. –E quem seria essa?

—Victória. –Ele informou.

—Victória? –Ellen pareceu pasma. –Você está falando da minha Vickie? Victória Wild?

Sua? –Bell pareceu confusa.

          Ellen olhou chocada para a menina, mas os olhos castanhos brilhando com certa amabilidade que fez Bell se sentir desconfortável e sem saber como agir.

—Sua mãe era minha melhor amiga, Belinda. Éramos como irmãs. –Ela disse saudosa. –Vickie, era como nós, Bast, Rod e eu, chamávamos pra ela. Éramos muito próximos antigamente.

—Rod? –Bell fez careta e encarou Rabastan. –Rod é o Rodolphus? –Rabastan assentiu. –E você é o Bast?

—Eu.

      Belinda ficou quieta por um momento, até finalmente rir audivelmente.

—Você tá de putaria comigo, né?

              Rabastan viu a raiva na pergunta da menina.

—Não. –Ele estava sério e isso fez Bell respirar fundo.

—Espero que sua explicação seja boa pra caralho, Rabastan. –Belinda parecia uma mulher de 30 anos muito zangada, não uma menina de 16 anos que deveria estar no auge da vida. –Pra começar, como merda você conheceu minha mãe? Ou melhor, como conheceu Victória? Porque uma imagem pintada por terceiros não é mãe.

           Pelo canto do olho Belinda viu Ellen morder o lábio e cruzar as mãos, parecendo triste com o comentário sobre sua melhor amiga.

—Estudávamos todos em Hogwarts. –Ele informou. –Ela era da Corvinal, mas já era amiga da Elle, que era da minha turma...

—Tem algo errado nisso. –Belinda interrompeu, não sabia o que pensar. –Quer dizer... Como?

               Rabastan suspirou e olhou para Ellen.

—Irei pegar algo para comer e beber. –Ela se ergueu. –Acho que isso deve ser conversado entre vocês.

               Ellen se afastou da mesa, parecendo apreensiva.

—Belinda, tem muito que você precisa saber, entretanto não posso contar tudo. –Rabastan informou.

—Por quê? –Ela arqueou a sobrancelha, extremamente séria.

—Porque me tiraram essa memória, não sei quem e o que levou, mas isso se apagou da minha cabeça. Entretanto nós dois sabemos quem foi a ladra de memórias, não é?

—Vadiatrix. –Ela respondeu. –Então como você pode saber que é essa Victória e não outra pessoa? E por que merda decidiu me contar? O que você vai ganhar com isso?

               Rabastan suspirou.

—Porque a pouco tempo ouvi Bellatrix conversando com o Mestre e contando de Vickie, como ela a matou e capturou você. –Ele confidenciou. –Quando sua mãe foi assassinada, havia outras duas mulheres e um homem com ela. Todos foram torturados por Bellatrix e assassinados, incluindo Vickie. –Ele ponderou por um momento, os olhos normalmente vigilantes pareciam perdidos no passado. –Nunca tive certeza de qual das mulheres era o real alvo de Bellatrix ou do motivo de ela querer a criança. Decidi contar a você para que os boatos sobre Bella ser sua mãe não a façam desistir de matá-la.

—Não irei. –Ela foi objetiva. –E de qualquer modo, Bellatrix queria a criança?

—Obviamente não. –Ele riu. –Bella é incapaz de amar alguma coisa que não seja o Mestre.

—Então como...?

—Como você acabou parando com ela? –Bell assentiu, incapaz de formular a pergunta. –Não sei ao certo, mas sua mãe era inteligente, então possivelmente conseguiu fazer algo que obrigou Bella a aceitar você, caso contrário você teria morrido no mesmo momento.

—Me aceitar? –Ela franziu os lábios.

—Aceitação não é a palavra, mas seja o que Vickie tenha feito, isso impede que Bella possa matar você de fato. –Deu de ombros.

—Por isso ela só me deixa beirando a morte e não o faz realmente? –Arqueou a sobrancelha e ele assentiu.

—Exatamente.

             Belinda mordeu o lábio inferior. Ficaram em silêncio por alguns minutos.

—E o que sabe sobre meu pai?

—Na verdade nada. –Ele foi franco. –Sei somente dos boatos de que talvez meu adorado irmão seja o pai.

—Tem possibilidade? –Ela quis saber, os olhos negros dela estavam duros.

—Na verdade sim. –Ele deu de ombros. –Rodolphus, na adolescência e antes de Bella, namorou Vickie e gostava muito dela.

—E por que casar com uma lunática no final? A não ser que Victória também fosse louca.

—Não, não. –Ele riu. –Vickie era uma garota encantadora, talvez uma das poucas mulheres gentis e leias que conheci e mantive por perto.

—Então qual o motivo de Rodolphus troca-la por Vadiatrix?

—Simples. –Ele sorriu. –O Mestre ordenou que assim fosse. Disse que meu irmão deveria se casar com Bella e nenhum dos dois foi contra a decisão.

—Você está me dizendo que Rodolphus nunca amou Bella?

—Será que alguém amou? –Ele debochou, mas depois sorriu. –Ele a amou, na verdade. –Respirou fundo e coçou a barba por fazer. –No começo ele realmente se apaixonou, Bella era uma mulher selvagem e encantadora, linda e cativante. –Ele encarou Belinda. –Mas ela foi perdendo a sanidade no decorrer do tempo e depois de Azkaban as coisas só pioraram.

—E você?

—Eu? –Ele pareceu confuso.

—Sua sanidade fica como?

                Rabastan riu.

—Eu era um rapaz sonhador e que queria ser Auror, mas acabei do outro lado do jogo, Ferinha. –Ele riu novamente. –Os ideias do Mestre me atraíram e estou aqui.

            Havia algo estranho na expressão de Rabastan, algo que Belinda não conseguia identificar. Belinda sabia que Rabastan era louco, contudo ser atraído por ideias como o Voldemort era um pouco demais para a cabeça da menina processar.

—Você se arrepende?

—Não mais. –A forma que ele disse a fez pensar em muita coisa, mas não chegar a nenhuma conclusão.

—O que você pode me falar sobre Victória?

             Ellen ressurgiu, com uma enorme bandeja de suco de laranja com abobora e tortinhas salgadas de peru.

 -Vick era brilhante, tanto que era da Corvinal –Ellen anunciou sorrindo. –Linda, gentil, amigável e fiel. Encantava a muitos em Hogwarts, era Armadora da Corvinal e sempre estava no ranking dos melhores alunos de Hogwarts. –Ela sorriu, retomando seu lugar a mesa. –Era Inglesa, assim como a família, embora morasse em Portugal, ela dizia gostar de viver em um lugar calmo como aquele... Ela também falava francês, italiano e alemão. Adorava comida picante e whisky de fogo. Odiava suco de limão e era viciada em doce de abóbora e chocolate. Era simplesmente inacreditável em Feitiços e Poções, mas terrível em Astronomia e Herbologia. –Ellen riu ao falar aquilo. –Tem tanto pra falar da Vickie.

—Acho que a Ferinha vai querer ouvir o que você tem a falar da Vickie.

—Você parece ter orgulho dela. –Bell observou.

—Você tem uma melhor amiga?

       Belinda foi pega de surpresa, mas escondeu o choque imediatamente.

—Deveria? –Ela arqueou a sobrancelha por fim.

—Seria triste se não tivesse.

                 Bell sorriu de canto.

—Me considere alguém triste então.

             Bell não mentira, não tinha nenhuma melhor amiga, somente um melhor amigo e estavam com o relacionamento abalado naquele momento.

—Se um dia você chegar a ter, vai ver que as conquistas dela são para se orgulhar, porque amizade é assim. –Ela sorriu.

—Quem sabe? –Bell deu de ombros.

                Ellen realmente tinha muito a falar de Victória Wild e de quão incrível ela era, assim como as poucas semelhanças físicas, quase imperceptíveis, que Belinda trazia dela, como o sorriso cínico e o olhar sério, o formato do rosto e os dedos longos.

              Belinda confessava não conseguir sentir nada grandioso, pois não chegou a conhecer Victória, mas admitia sentir falta de ter uma mãe ou pelo menos de uma presença forte como Rabastan e Ellen diziam que Victória era. . Contudo Belinda se sentia estranha por não ter nenhum sentimento positivo quanto a essa imagem que tentavam imprimir de Victória em sua mente, não que sentisse algo negativo, a verdade é que não tinha nada para sentir a respeito daquele pessoa que tentavam lhe apresentar. 

                     Ellen era uma mulher divertida, Bell notara isso no quinto ou sexto drink que a mulher tomou com Rabastan, que parecia muito diferente do que Belinda era acostumada, era uma visão curiosa e ele parecia alguém melhor do que ela já teve a ousadia de imaginar. Talvez no passado, quando eram um grupo de estudantes de Hogwarts, Rodolphus e Rabastan fossem daquele modo leve e divertido, não presenças que causavam medo e caos. Era uma imagem diferente e curiosa de se pensar, contudo mais agradável do que o retrato dos Comensais da Morte que eles vendiam.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? Curtiram?
O que acharam desse Rabastan? Acham que ele tá sendo completamente honesto? Será que tem mais escondido por trás de tudo o que ele disse?
Quem será essa Ellen realmente? E Victória, tão exaltada por eles? Será que foi uma mulher realmente leal e nobre? Ou mais uma lunática da história?
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.