A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO) escrita por Ally Faro


Capítulo 44
Capítulo Quarenta e Quatro - Flutuante e um Pouco Mais


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se!



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                Belinda ofegou diante a visão de um mundo mágico inteiro atrás daquela porta.

                Elfos Domésticos corriam de um lado para o outro, limpando as frentes de lojas diversas, as placas mais variadas e divertidas, com letras coloridas que flutuavam diante das lojas, tentando chamar atenção mais que a concorrência, as vitrines cheias de objetos lustrosos e curiosos.

—Bem vinda ao Flutuante. –Dorian brincou, a encarando com um leve sorriso, ainda sob a vigilância do homem que os recebera.

                O lugar a fazia recordar de Hogsmeade. Um aglomerado de lojas magicas onde você poderia encontrar de tudo.

                Dorian notou que Bores ainda os encarava, então ele se aproximou um pouco mais de Belinda e lhe sorriu, a pegando desprevenida pela repentina aproximação, mas ela sabia disfarçar bem, lhe dando um sorriso charmoso em retorno.

—Você vai gostar daqui. –Dorian falou amigavelmente.

                 Belinda suspeitou que quem os olhasse de fora até acreditaria que eram um casal, o que era uma ideia estranha, no mínimo.

                 Dorian a viu sorrir e relaxar, seus rostos estavam apenas alguns poucos centímetros do outro, fazendo as respirações se misturarem.

—Me surpreenda então. –Ela sorriu, o fazendo se afastar e encarar o homem.

—Bores, nós vamos comprar algumas coisas e depois voltamos.

                 Dorian a levou para longe dos olhos do homem, sem esperar uma resposta e ainda de mãos dadas, mas assim que entraram na primeira loja, a largou, indo atrás de pó de e Gengibre. Enquanto Belinda encarava algumas Sangue-Sugas e lesmas.

—Prontinho. –Dorian voltou, ainda colocando os pacotinhos na mochila que trazia.

                 Belinda o encarou por sob o ombro e assentiu, voltando a olhar as vitrines.

—Acho que quero acrescentar algumas Sangue-Sugas e lesmas na lista.

—Estranha. –Foi tudo que ele disse antes de se virar para a vendedora incrivelmente negra e linda.

                 Dorian viu o olhar de Belinda sobre a mulher e deixou a vendedora se distanciar, assim que se viu sozinho com Lestrange, se inclinou para falar em seu ouvido.

—Veela. –Informou, vendo a compreensão iluminar o rosto pálido da menina.

                  Belinda compreendeu o porquê do cabelo cacheado se mover mesmo quando a mulher estava quase estática.

                  O passei pelo Flutuante foi inacreditável, haviam algumas lojas, que segundo Dorian, eram baseadas no mundo dos Trouxas, lugares onde Belinda acabara comprando mais do que planejava, principalmente doces.

                  Dorian passou o braço pelos ombros dela novamente, a pegando de surpresa mais uma vez, o que o fez sorrir, contudo antes que ela escapasse, o albino a puxou para mais perto e se inclinou para falar em seu ouvido, sem parar de andar.

—Enquanto estivermos próximos a Bores ou de alguém que trabalha pra ele, você é minha namorada. –Ele sussurrou. –Não direi seu nome e caso eles perguntem, não responde.

                  Lestrange achou estranho o segredo com os nomes, mas Dorian devia ter seus motivos e ela ser reconhecida pela família de qual era poderia acarretar muitos problemas.

—Ele sabe o seu? –Questionou levemente, enquanto tirava o pirulito na boca.

—Não. –Ele sorriu e Bell rolou os olhos.

—Às vezes, pra ser bem franca, eu acho que nem eu sei seu nome. –Ela o encarou e ele arqueou a sobrancelha alva, a fazendo dar um pequeno sorriso. –Alguém sabe?

                  Dorian tinha certeza que quem os olhasse de fora, acharia que os dois eram apenas um casal jovem fazendo compras, jamais imaginando o que um representava para o outro e principalmente as conversas que ocorriam entre eles.

—Você pergunta demais. –Ele pareceu quase divertido e ela bufou, colocando o pirulito na boca outra vez e voltando a olhar para frente, enquanto seguiam caminho de volta ao iate.

                  Belinda se encostou na grade proteção, encarando a imensidão do mar, a brisa fresca bagunçava seu cabelo negro, que já não trazia mais traços de coloração. Lestrange pensou em toda a loucura que estava vivendo, era tão devastador saber que a única pessoa em quem confiava a havia machucado, porém era irônico também, que justo Dorian fosse estar ao seu lado naquele dia, mesmo sem saber os verdadeiros motivos de sua tristeza, que era óbvio que ele havia notado.

                  Lestrange viu Dorian conversar com o homem, o albino trazia uma tranquilidade surpreendente e jovial, não parecia seco e debochado como o normal, mas seu modo de agir parecia não agradar ao anfitrião e Bell imaginou que era exatamente por isso que Dorian se portava de tal modo. Bell suspirou e fechou os olhos, apreciando a brisa do mar, lugar que raramente estivera, mas que lhe acalmava.

                  Dorian encarou Belinda apoiada na proteção, parecia em paz, apesar de tudo. Ele caminhou calmamente até ela, se distanciando de Bores, que ele sabia ainda o estar encarando.

—Vamos? –Dorian chamou, se aproximando e ela retirou o pirulito da boca, já quase no final.

                  Dorian a viu abrir os olhos negros e os fixar nele, parecia menos anuviado, mas ainda assim escondendo algo. Ela abriu um pequeno sorriso e ajustou a postura.

—Claro.

                  Dorian não sabia como ela conseguia mudar a expressão de acordo com sua vontade e não por seus sentimentos, compreendia os motivos, afinal ele mesmo usava muitas máscaras para conquistar o que desejava, mas não como a menina a sua frente, que parecia dominar os sentimentos com uma maestria assustadora. Se ele já não tivesse passado tanto tempo estudando seus sentimentos e pensamentos, teria problemas muito grandes em ficar ao lado dela, jamais confiaria dar as costas a alguém como Belinda, mas eles já haviam passado daquela fase.

—Estou te devendo um almoço, certo? –Ele sorriu, roubando o pirulito da menina e colocando em sua boca.

                  Lestrange bufou, mas sabia que tudo isso se devia ao fato de estarem sendo analisados por Bores. Ela olhou para o céu, onde não havia mais nem vestígios do sol e fez careta, voltando a encara-lo.

—Pelo horário está mais para jantar. –Resmungou e ele sorriu. –E agora me deve um pirulito.

—Irei compensar. –Prometeu, olhando por sob o ombro e encarando Bores, que os analisava meticulosamente. –Obrigado pela ajuda, Bores.

—Se vier trazer companhia, avisa antes. –Resmungou.

—Se eu vier acompanhado, será dela. –Alegou sorridente, voltando a olhar para a menina e mordeu o doce que estava em sua boca, sentindo-o quebrar por completo.

                 Belinda sentiu o olhar de Bores até que estivessem quase de volta ao Pier, se era somente a sensação fria, não saberia dizer, mas não comentou nada, não até estarem em terra.

—Esse cara tem problemas de raiva ou simplesmente com você? –Ela perguntou, quando eles já estavam fora do píer.

—Provavelmente os dois. –Dorian admitiu e Belinda o encarou de cenho franzido. –Você não precisa saber o motivo. –Disse com simplicidade e ela bufou.

—Homens. –Resmungou. –Nos tratam tão bem em frente aos outros, mas sempre são uns idiotas ao ficarem sozinhos com as garotas. Que espécie de namorado é esse?

                  A brincadeira fez Dorian rir, não sorrir como Belinda era acostumada, algo que não passou desapercebido pela menina.

—Passar tanto tempo contigo começa a irritar qualquer pessoa. –Ele falou, mas ainda assim sorria.

—Tem verdade nisso. –Ela admitiu, colocando as mãos nos bolsos e ele rolou os olhos. –Mas devo dizer que a reciproca é verdadeira.

                  Dorian sorriu e dobrou em uma esquina, pensando no que poderia revelar do lugar onde a levou e sobre Bores.

—Bores não gosta de visitas inesperadas porque a entrada do Flutuante é ilegal. –Confessou.

—Puta merda! –Belinda o encarou . –Tem alguma coisa na tua vida que seja verdadeira?

                   Dorian fez careta e abriu um largo e debochado sorriso.

—Eu sou um Animago e sou albino. –Ele alegou dando de ombros, o que a fez rir.

—Você é mais idiota do que eu pensava.

                    Os dois se calaram, mas estavam mais tranquilos na presença um do outro do que já estiveram desde que se conheceram, nem mesmo quando corriam juntos como Animagus eram tão íntimos quanto como estavam nesse momento.

                    O restaurante que Dorian a levara era agradável, não luxuoso, mas extremamente aconchegante e isso a fez se sentir confortável.

—Você já comeu lula? –Perguntou enquanto ocupavam uma mesa na área externa do lugar.

                    Belinda pensou um pouco.

—Não.

—Isso vai ser interessante então. –Ele disse erguendo a mão e uma moça apareceu, com uma caderneta em mãos.

—Interessante? –Ela questionou e ele assentiu simplesmente.

                    Não ouve muito a dizer enquanto aguardavam o jantar, mas a noite de Cabo Verde era bem iluminada e tranquilizante, Belinda tinha que realmente agradecer por Dorian permitir que ela ficasse com ele naquele dia.

                    Bell encarou o prato que fora deixado a sua frente e fez careta. Havia uma porção de arroz branco no prato e ao lado rodelas maleáveis cobertas com um molhe marrom avermelhado e pedaços de batatas. Já vira, quando criança, Mark comendo lulas, mas havia algo na aparência da comida que não a atraia tanto.

—Primeiro, o que é isso? –Ela encarou Dorian, que a olhava divertido.

—Lulas guisadas com molho apimentado.

                    Belinda espetou um dos pedaços do que ela supunha ser a lula e analisou meticulosamente, vendo Dorian empurrar um copo com um liquido escuro.

—Coca-Cola. –Ele informou.

—Já ouvi falar. –Ela fez careta. –Você está tentando me envenenar, é isso?

                    Dorian bufou, tomando um gole do próprio refresco.

—Não seja frouxa. –Disse. –É gostoso.

                    Ele havia pedido o mesmo prato. Mas tinha que admitir que a primeira vez que vira a comida, teve uma reação semelhante à da menina, talvez um pouco mais dramática, já que na época os pedaços de lula não estavam tão pequenos.

                    Belinda o viu dar uma garfada na comida, mas ela deixou o garfo no prato e bebeu um gole da Coca-Cola, era refrescante, pelo menos tinha certeza que a bebida era boa, mas a comida era aparentemente duvidosa.

—Que Merlin me proteja. –Ela disse após o ver comer um pouco, pegando o garfo novamente e enfiando o pequeno pedaço na boca.

                    Bell sentiu primeiro o sabor do molho, que era muito bom, mas ao mastigar o pedaço da lula, que devia admitir ter um bom sabor, não gostou da textura da coisa. Dando uma longa golada no copo com Coca-Cola.

—Muito apimentado? –Dorian parecia se divertir.

—Você... –Ela bufou. –O molho é excelente, mas a textura é... Estranha.

                    Dorian rolou os olhos, mas sorriu.

—Posso pedir outra coisa, como...

—Nem começa. –Ela bufou, dando mais um gole na Coca. –Sei que vai pedir mais alguma coisa estranha.

—Estou sendo gentil. –Ele sorria.

—Não confio em você.

—Faz bem.

                   No fim das contas Belinda acabou comendo tudo e ganhando uma enorme e deliciosa fatia de bolo de chocolate e sorvete de morango.

—Tudo bem. –Ela disse enquanto eles caminhavam pela beira da praia. –A comida não era tão ruim.

—Admite que era gostosa. –Ele comentou.

—Jamais. –Ela disse teimosamente e ele bufou, enfiando as mãos no bolso e fazendo o gesto recordar Draco, o que a fez respirar fundo e olhar pra longe.

                   O mar estava agitado, grandes ondas quebravam na areia e o vento estava forte, a fazendo abraçar a si mesma, encarando a imensidão do mar, até onde o escuro da noite lhe permitia ver.

—O que? –Ele quis saber, parando ao seu lado e encarando o mar também.

—Se eu pudesse provavelmente nunca mais voltaria a Hogwarts ou para perto dos Malfoy e Lestrange. –Ela admitiu, pegando Dorian de surpresa.

                    Dorian suspirou e olhou para o rosto da menina.

—Tá tão ruim?

—A pessoa que eu mais confiava me traiu, Dorian. –A dor profunda em sua voz era surpreendentemente real, Belinda estava sendo verdadeira como nunca fora com ele. –Algo que nem eu sei como fazer pra perdoar. –Riu sem humor e ele a viu secar uma lágrima, o fazendo desviar e olhar o mar outra vez. –E olha que eu sempre desculpo tudo que ele faz.

                    Dorian não disse nada, somente se manteve ao lado dela, que parecia feliz com aquele silêncio sendo invadido somente pelo som das ondas quebrando na beira da praia. Ele compreendia sobre traições e a dor que isso trazia.


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Notas finais do capítulo

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