A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO) escrita por Ally Faro


Capítulo 33
Capítulo Trinta e Três - Olhos de Desenhista


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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          Belinda começou a escapar toda noite após alguns minutos do jantar. Sempre encontrando Dorian em lugares diferentes e isolados. Mas isso não queria dizer que não encontrara Bellatrix algumas vezes, durante o dia.

Mais fácil para treinar e não sermos descobertos. –Ele disse quando interrogado do motivo se sempre estarem em locais isolados.

 

          Era o último dia antes da volta as aulas, por tanto Belinda estava com Dorian desde que amanheceu. Estava satisfeita com o que aprendera e feliz por voltar a Hogwarts, mas tinha algo a incomodando.

—Belinda! –Ele chamou, a assustando e a fazendo encara-lo, piscando diversas vezes para focar seu rosto. –Ouviu o que eu disse?

—Não, desculpa.

        Dorian fez careta, ela não pedia desculpas.

—Eu disse que vamos continuar a fazer o mesmo quando você voltar pra Hogwarts. –Repetiu e ela assentiu.

—Tá bom. –Não houve interrogações e nem comentários irônicos. –Tem algo errado. –Ela soltou por fim, olhando em volta.

—Do que você tá falando? –Ele seguiu os olhos da menina, atento e com a mão na Varinha.

—Não sei, Dorian. É ai que tá o perigo, eu não sei o que tá acontecendo. –Ela voltou a encara-lo. –Mas acredita em mim, tem algo muito errado. –A seriedade com qual ela falava o fez relembrar da própria sensação de mais cedo. –A pior parte é que eu sei que isso não será nada bom.

        Belinda não gostava desse sentimento, normalmente ela acertava.

        Dorian arqueou a sobrancelha e assentiu, ele também havia tido aquela impressão logo que acordara, mas não sabia o motivo. A parte realmente estranha é que Belinda parecia muito certa daquilo.

—Acho que chega de treino por hoje. –Ele decidiu.

        Belinda assentiu e se aproximou do rapaz, sem falar nada. Quando chegaram em frente a Mansão Malfoy, ela o encarou, os olhos negros sérios e parecendo mais escuros que o comum.

—Seja o que for, acho que não será bom pra ninguém. –Ela comentou, atraindo mais a atenção dele. –E você sabe que estou certa.

         Dorian não rebateu, somente a viu se afastar e entrar na Mansão, antes de desaparatar no beco próximo ao Departamento de Magia.

—Hey, Oliver. –Gustavo o chamou e ele encarou o homem baixinho. –Achei que não viesse trabalhar hoje.

         Dorian sorriu.

—Não vim, só decidi dar uma passada.

—Oliver, Oliver. –Gustavo sorriu. –Você não consegue ficar muito tempo longe, mesmo de folga, em camarada?!

 

         Belinda entrou em casa e se alongou, retirando a jaqueta e colocando-a dentro do armário.

—Finalmente você voltou, Ferinha! –Rabastan comemorou assim que ela surgiu na sala. –Já estava cansado de esperar.

—Onde você estava? –Narcisa questionou.

—Achei que eu pudesse sair com meus amigos quando quisesse. –Ela falou dando de ombros. –Foi o que Rabastan me disse.

—Mas seria bom nos falar antes. –Ela rebateu.

        Belinda fez careta.

—Pedi que Draco falasse, antes que ele fosse encontrar Blaise. –Deu de ombros novamente. –Alguém tem algo interessante a me dizer? Algo que não seja tentar regular meus horários e o que faço? Se não eu prefiro ir comer.

          Rabastan riu.

—Preciso falar com você.

—Tenho escolha? –Ela o encarou.

—Não. –Ele sorriu e se colocou de pé.

         Belinda o acompanhou até o escritório e fechou a porta atrás de si.

—Como foi o treino? –Questionou.

—Normal. –Disse o mais vaga possível.

—Só isso? –Ele sorriu divertido. –Ou outros beijos surgiram?

—Por favor. –Ela bufou, sentando em uma das cadeiras. –Você chamou pra isso?

—Não, não. –Ele riu. –Foi somente uma curiosidade.

—O que você quer, Rabastan?

—Estou querendo saber os progressos que você vem fazendo com Dorian. –Ele falou. –E tenho que dizer que será mais fácil encontrar só ele, principalmente agora.

—Por quê? –Ela se sentiu nervosa, a impressão de que algo estava fora do lugar tomou conta de sua mente, percebendo que iria descobrir naquele momento do que se tratava.

—Aqui está. –Ele tirou um folheto do bolso do casaco e entregou para a menina, que arregalou os olhos assim que viu a foto. –Foi descoberto a fuga de Bellatrix e...

—Isso levará a todos os outros prisioneiros que escaparam de Azkaban.

         Belinda encarou a foto de Bellatrix aos gritos de fúria.

—Ainda não foi divulgado, estão somente trabalhando na matéria.

—Quando você acha que os jornais vão divulgar?

—No máximo no jornal de depois de amanhã. –Ele avisou e Belinda fechou os olhos, amassando o papel nas mãos. -Eles dariam prioridade, mas como...

—Por que decidiu me avisar?

—Como isso já foi descoberto, Lord das Trevas planeja retirar mais alguns de seus Comensais de Azkaban, ainda hoje. -Anunciou, fazendo a menina sentir pânico e ódio.

—E o que eu tenho com isso? Eu não quero saber de nada disso, Rabastan!

         Belinda começou a sentir o desespero lhe preencher.

—Você sabe que muitos em Hogwarts vão ligar o nome Lestrange.

—Eu sei! –Soltou furiosamente.

—Umbridge ficará mais de olho em você que nunca.

—Você está querendo me preparar para o pior, Rabastan? –Ela o encarou e deu um riso debochado. –O pior foi quando Bellatrix apareceu na minha vida. E ninguém me preparou pra isso. –Se ergueu. –Não se dê o trabalho agora. O que pode acontecer? –Ela riu. –Me odiarem mais por ser uma Lestrange? Conte-me uma merda de novidade.

—Entre ser pega de surpresa e...

—Eu realmente agradeço. –Ela cortou. –Provavelmente você tá certo, será mais fácil lhe dar com a situação já estando ciente de que ela virá. –Suspirou. –Com licença, Rabastan.

—Belinda...

—Não se preocupe. –Ela avisou, sem se virar para encara-lo. –Agora eu a quero mais morta que antes.

        Belinda saiu do escritório e passou pela sala.

—Belinda...  –Narcisa tentou.

—Me deixa. –Ela mandou.

          Belinda correu para o quarto, onde Draco a aguardava.

—Você já sabe? –Ela questionou, fechando a porta atrás de si.

—Fiquei sabendo ainda há pouco.  –Ele respondeu, erguendo somente a cabeça, sem se dar ao trabalho de levantar da cama.

          Belinda se jogou na cama ao lado do amigo e suspirou.

—Vai ser um semestre e tanto.

—Sinto muito. –Ele pegou sua mão.

         Belinda não dormiu aquela noite, deixou que Draco pegasse no sono e sentou em sua escrivaninha, puxando o caderno de desenho e vendo o esboço que fizera de Dorian, ainda não estava satisfeita, mas por outro lado a raiva que estava sentindo a fez ficar decidida a terminar o desenho.

        Draco acordou quando o sol já invadia o quarto, vendo que Belinda estava sentada próximo a janela, pintando algo, a mão estava suja de cinza, preto e lilás, o que era raro, já que quase nunca ela usava a cor.

—O que você tá fazendo? –Ele questionou, enquanto sentava na cama.

—Preciso acabar esse desenho, antes que eu enlouqueça de vez.

—O que é?

—Dorian. –Ela falou sem preocupação.

—Oi? –Draco se sentiu confuso.

—Eu posso não gostar dele, mas as feições dele são perfeitas para desenhar. –Ela respondeu, continuando a pintar. –Infelizmente eu não posso desenhar com ele modelando, então tenho que fazer com os poucos detalhes que consigo gravar.

        Draco a viu afastar o cabelo do rosto, deixando uma mancha colorida em sua bochecha.

—Você está desenhando o Dorian? –Draco não tinha certeza se ainda estava lerdo por ter acabado de acordar ou o fato de Belinda estar desenhando Dorian o chocaria daquele modo a qualquer momento. – Justo ele?

—Ele é um babaca, mas é lindo. –Deu de ombros. –Principalmente para ser desenhado. E eu estava querendo desenha-lo há dias, mas somente agora consegui.

        Uma fraca batida na porta os interrompeu, antes que Narcisa aparecesse no quarto.

—Bom dia. –Ela os cumprimentou.

—Bom dia, mãe. –Draco respondeu, mas Belinda permaneceu em silêncio.

—Vocês deveriam se arrumar, está quase na hora de irem embora. –Belinda nem mesmo alterou a expressão. –Draco, permita que eu fale com a Bell por um minuto, sim?

—Vou tomar banho. –Ele falou, começando a sair do quarto.

        Belinda ouviu a porta ser fechada, mas permaneceu desenhando. Era difícil conseguir chegar à cor exata do lilás nos olhos de Dorian, mas finalmente ela conseguira.

—Bell? Bell?

—Eu estou escutando. –Ela falou, seca.

—Você pode me olhar?

—Não. –Foi fria.

         Narcisa suspirou e puxou uma das cadeiras da escrivaninha.

—Querida, sinto muito se...

—Por favor, Narcisa. –Ela ergueu os olhos negros. –Não se dê ao trabalho, de verdade.

—Mas...

—Você quer continuar bem comigo? –Narcisa assentiu. –Então não ouse tocar no nome de sua irmã e nem arrumar desculpas para as atrocidades que ela fez e faz. –Narcisa mordeu o lábio. –Vamos continuar como éramos antes, Bellatrix não existe e não é citada nessa casa, não quando estou presente e nós seguimos a vida.

—É difícil...

—Não é não. –Ela afirmou. –Porque você continua protegida pelos muros da sua Mansão, enquanto eu vou lá pra fora e tenho que olhar nos olhos dos meus colegas e mentir, fingir ultraje com o que tá acontecendo, deixar alguns relacionamentos porque morro de medo que a lunática da sua irmã mate alguém que eu gosto! Então não, Narcisa, não é difícil pra você. –Sorriu. –Adoraria se você me deixasse terminar meu desenho e me arrumar para voltar a Hogwarts.

        Narcisa não comentou nada enquanto se retirava, mas olhou uma última vez para Belinda, que já havia voltado para seus papeis e tintas, parecendo que nunca tivera aquela conversa.

       Belinda suspirou quando finalizou o desenho. Conseguira captar aquela jovialidade que vira em Dorian, conseguiu passar a raiva e tédio em seus olhos, assim como desgosto e deboche, exatamente como conseguira capturar aquele sentimento que viu, mas não conseguia distinguir o que era. Ela conseguiu retratar o exato Dorian que vira aquela manhã após o natal.

        Belinda sorriu satisfeita e deixou o desenho sobre a escrivaninha para secar e foi tomar banho.

        Draco estudava o desenho de Dorian quando Belinda voltou para o quarto.

—É o Dorian, mas não é. –Draco comentou, ainda de olhos no desenho. –Eu o vi uma vez e não foi isso que eu vi. –Ela riu da frase confusa.

—Esse é um Dorian que nem eu tinha visto, acho que por isso eu queria tanto desenha-lo.

         Draco assentiu, sabia que Belinda gostava de eternizar esses momentos que ninguém mais via nas pessoas. Ela tinha olhos de desenhista e talvez por isso visse o que outros não viam.

—Temos que ir. –Ele disse, fechando o caderno de desenho, que já estava seco, e colocando na mochila da amiga, já que Bell demorara muito mais que o necessário no banho.

         Belinda assentiu e respirou fundo. Aquela volta a Hogwarts seria a pior de todas.

 

 


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Notas finais do capítulo

E ai?

O que vocês acham que o Dorian foi fazer no Ministério da Magia? Por que o chamaram de Oliver? O que ele está armando?

Deixem suas teorias nos comentários.

Beijos e até o próximo capítulo.



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