Hocus Pocus escrita por mimidelboux


Capítulo 6
Camelot precisa de cavaleiros. Não só os do tipo do Arthur, mas pessoas normais como eu e você


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou!!
Me desculpem pelo sumiço de dois meses! Começo de semestre na faculdade foi arrebatador e fiquei um pouco sem tempo de escrever (e vontade também, mas isso é um detalhe ahhaha)
Queria dedicar este capítulo para a minha amiga Alice (que não tem conta aqui no Nyah), já que o aniversário dela foi ontem e ela está gostando bastante da fic e ficava me lembrando de atualizar ela! :) Feliz aniversário Lili! E obrigada por ficar pedindo capítulos novos! xD



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Os pulmões de Drake queimavam a cada metro percorrido. Depois que Merlin o livrou daquela “maldição”, o menino não teve nem tempo para respirar direito. O velho, desesperado, perguntou à Drake se ainda havia gente na escola e este lhe respondeu que, no período da tarde, haviam os clubes de esportes para os alunos. E que hoje era o time de futebol que estava praticando.

Mal tinha acabado de falar e o velho já passara pela porta da biblioteca, correndo em direção ao campo de futebol, fumegando como uma chaminé de trem. E Drake o seguiu. Não sabia o por quê, mas na situação presente, ele apenas o fez sem nem pensar duas vezes.

Claro, ele podia ter deixado pra lá a caça ao duende e ido direto pra casa. Ainda mais sabendo que as chances de encontrar Biff Tyndal no treino de futebol eram grandes, já que o encrenqueiro era o meio campo do time da escola. Mas a informação nem passou pela cabeça de Drake. Ele estava tão curioso para saber o que mais de interessante podia acontecer quando o velho estava presente em algum lugar, que ele simplesmente seguiu-o como um cachorrinho vira-lata segue uma criança na rua, desejando ganhar um lar.

Merlin notou que o menino o seguia. Não podia deixar de notar. Uma angústia em seu interior fechava mais a sua garganta, a cada passo que o menino dava em cima do seu. Quanto mais o garoto visse e soubesse do mundo mágico, mais forte o encantamento de remoção de memórias seria. O que era um tanto ruim, já que se não fosse reproduzida corretamente, Merlin poderia deletar toda a memória do garoto.

— Ali! – Drake soltou alto o suficiente para apenas Merlin ser capaz de ouvir no campo aberto. Não tinha percebido que seu olhar buscava espontâneamente pelo pequeno serzinho.

O feiticeiro olhou para onde o menino apontava, um local do outro lado do campo de futebol, e viu um cone verde, estranhamente ereto demais para ser uma planta, pulando de um lado para o outro, entre as moitas. Merlin não pensou duas vezes e começou a correr na direção indicada, atravessando o campo e atrapalhando o treino de futebol.

Drake sentiu suas bochechas queimarem e uma vontade enorme de esconder o rosto, enquanto apertava o passo para alcançar o velho. Todos os meninos no campo pararam em seus lugares para ver o velho louco atrapalhando o jogo e era possível ouvir o técnico gritando ao fundo com Merlin, que o ignorava completamente. Drake tentou puxar um pouco a aba do casacão para cima, numa tentativa meio inútil de esconder o rosto. Mas o movimento resultou na troca de olhar entre ele e Biff Tyndal, que obviamente estava com a posse da bola no momento e que o encarava como um animal selvagem.

Coisa que Drake às vezes não entendia. Ele se considerava a grama, o pasto, na piramide social escolar. Por quê Biff Tyndal, que era um animal carnívoro, se daria o trabalho de olhar para ele, sendo que ele não era o seu tipo ideal de refeição? A lógica expeculada não batia na verdade da realidade.

Drake desviou o olhar o mais rápido que pode. Sabia que aquilo iria resultar em problemas mais tarde. Problemas físicos. Problemas físicos que o velho nunca parecia ter, já que quando Drake desviou o olhar, este se seguiu para o pulo que Merlin dera sobre as moitas. Um pulo enorme de alto e que o velho não tinha, claremante, medo de se machucar e quebrar algo ao encontrar o chão.

Mas havia algo de anormal com aquele senhor. Ele se sentava no meio da moita, segurando firmemente o duende com as duas mãos, e com um baita sorriso no rosto e sem nenhum arranhão se quer na pele. Era como se as plantas tivessem amortecido a queda dele.

— Muito bem, garoto! – Merlin comemorava, os olhos azuis brilhando de felicidade e quase impossíveis de serem vistos, por causa do tamanho de seu sorriso. – O que eu daria para ter de volta a minha visão de jovem!

— Agora vai ficar tudo bem, certo? – Drake não hesitou em perguntar, mas parecia que faltava algo, que ele logo adicionou. – Senhor.

— Bah! Que senhor o quê! Meu nome é Merlin!

Drake não soube bem como reagir. Era um nome forte e nada comum. Ninguém se chamava Merlin. Apenas o Merlin, o feiticeiro das histórias do rei Arthur.

— Como o do rei Arthur?

— O próprio! – Merlin continuou. – Eu só não apertaria sua mão agora, pois as minhas estão um tanto ocupadas. – e ele balançou o duende de leve.

Drake olhou para aquele serzinho pequenino e verde, que se debatia nas mãos de Merlin. Ele havia perdido o chapéu e Drake podia ver melhor que nunca o rosto do duende com detalhes mais nítidos. Sua cabeleira rala ruiva descia pelos maxilares e formava uma barba ainda mais rala. Até seus cílios eram ralos, ornando os enormes olhos verde claros. Eles pareciam um pouco esbugalhados, o que fez Drake se sentir um pouco mal pelo duende.

— Ele vai ficar bem?

Merlin olhou de soslaio para o duende.

— Eles são mais resistentes do que parecem. Agora, por que não retomamos de onde paramos?

O duende se aquietou ao ouvir a voz de Merlin se direcionando para ele.

— O que é isso? Vai ficar quietinho agora? – Merlin resmungou.

O duende cruzou os braços, parecia que nada faria ele abrir a boca.

— O quê? Quer privacidade? Já temos privacidade o suficiente no meio das moitas!

O duende olhou para Drake demoradamente e depois voltou seu olhar para Merlin.

— É o menino? Pode falar o que eu te pedi anteriormente, que depois eu vou apagar a memória dele!

Drake levou um susto. Não queria ter a sua memória daquele momento precioso apagado. Teria que sair de lá logo, mas ainda queria ficar o suficente para poder ouvir a conversa dos dois.

Enquanto o duende, depois de dar uma rápida olhadela de volta para o menino, balançou a cabeça, mostrando que estava recusando algo.

— Não? – Merlin ficou confuso. – Você não quer que eu apague a memória do garoto ou você não quer me contar?

O duende fitou os olhos de Merlin. Ele parecia perceber que não tinha saída a não ser dar aquilo o que Merlin pedia.

— Você não pode. E você não deve. – ele falou por fim.

— Então me dê uma boa razão para que eu não o faça. – Merlin conseguia entender rapidamente as pequenas linhas da fala do duende, coisa que Drake, aventureiro de 1º viagem, não compreendia ainda muito bem.

— Porque é ele! – e o duende voltou a olhar para Drake mais uma vez.

— Ele?! – agora Merlin olhava atônito para Drake.

— O que tem eu? – Drake não conseguira segurar. Os dois estavam claramente falando dele. E ele não estava entendendo nada. O que ele tinha feito de errado? O que ele tinha feito, para um duende saber da existência dele?

— Foi ele quem eu vi segurando a espada na Abadia. – Drake entendeu na hora as palavras do serzinho. O que havia naquela espada para ser considerada especial? Ou fazer ele ser considerado especial para um duende?

— Ele? – Merlin riu, depois de soltar uma bufada de escárnio. Ele nem tentou esconder o meio sorriso do rosto. – Ele pode muito bem ter tirado facilmente a espada da pedra.

— Você sabe melhor do que eu que a espada não é facilmente retirada da pedra, velho feiticeiro. – o duende repreendeu Merlin com o olhar. – Eu vi, e você sabe que duentes não mentem. Eu vi o garoto receber a espada da pedra.

— Receber?! – Merlin olhou por todo o rosto do duende, e depois fixou o olhar em Drake. – Isso é verdade?

A pergunta era retórica. Merlin sabia que duendes não podiam mentir, que não eram capazes de mentir. Mesmo assim ele não conseguia acreditar direito e soltou a pergunta no ar. Meio para o duende, meio para Drake.

— …… s…sim……?? – Drake não sabia bem o porque respondera. Mas ele sentia que não podia mentir na presença do duende e do (meu deus!) feiticeiro. Eles o encaravam como ninguém nunca havia encarado-o antes. Os ohos dos dois seres mágicos brilhavam de um jeito estranhamente fora do normal.


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