On the Edge of Paradise escrita por Jana


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, esse é o primeiro capítulo da nossa história. Boa Leitura!



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POV Guilherme

Era sexta-feira à noite, e eu como sempre estava na balada. A festa estava bombando, apesar de eu ainda não ter pego nenhuma garota. Summer Eleanor Dummel estava dançando á noite inteira ao meu lado, e eu inacreditavelmente não conseguia me concentrar em "caçar" com ela lá. Tudo ficava mais divertido com aquela garota em nossa rodinha, ela realmente animava uma festa.

— Vai ficar só admirando a Summer a noite toda Gui? – Vinicius Z. Jones, meu melhor amigo, perguntou rindo. Ele e eu éramos inseparáveis desde sempre, já que nossas mães eram amigas antes de nascermos, e a vida toda estudando juntos. Muitas vezes perguntavam se éramos irmãos gêmeos, já que nós dois somos loiros de olhos azuis, pele bronzeada e mais algumas semelhanças.

— Admirando? Eu hein! – Dei uma risada e um gole em minha bebida. – Só to observando. Ela é gostosa pra caralho né? – Falei não tirando os olhos nela, e em como seus quadris balançavam junto da música. Com certeza ela conseguia seduzir qualquer um daquele jeito. Faria quem quer que fosse cair de quatro por ela.

— Eu quem diga! – Ele riu. Meu amigo como todos os outros caras do meu colégio já tinham ficado com a Sum. – Ainda não entendo porque vocês nunca se pegaram.

— Nem eu cara! – Confessei. Summer e eu éramos tão idênticos! Vivíamos a vida aproveitando ao máximo, indo a todas as festas, bebendo todas, pegando todo mundo. Ela era a única garota da escola que eu não havia pegado, e eu o único que ela não havia. E não existia motivo algum para isso. Só percebemos esse fato no último sábado, quando nossos amigos sugeriram que ficássemos. Porém, ambos tínhamos ideias bem melhores naquele dia.

— Guilherme? – Vini gritava ao meu lado.

— O que foi? – Falei saindo dos meus pensamentos.

— Viajou legal agora né.

— Foi mal. – Olhei novamente para ela, que sem querer cruzou nossos olhares. Ela levantou uma sobrancelha e nos lábios havia um sorriso debochado. Enquanto isso, Teresa B. Swan, com um ar de leoa se aproximava de Vinicius. Com uma pele morena contrastando com seu curto vestido branco, seu cabelo castanho liso que estava meio preso, e seu natural quadril á estilo “Kim Kardashian”. Ela realmente estava linda!  

— Minha hora parceiro! – Vini cochichou antes de ir em direção de Tery.

Em um momento eu estava dançando ao lado de duas gatas que tinha acabado de conhecer. Em outro estava ao lado de uma Summer furiosa por ter ficado sozinha e ter brigado com Barbie, sua segunda melhor amiga, e também minha, eu poderia considerar. Barbie P. Jones Davis era daquele tipo que se achava (e provavelmente era) melhor que todo mundo. Uma supermodelo, filha de uma pessoa super influente no ramo da moda, era conhecida desde sempre. Por isso e por ter sido criada tendo tudo que queria, não aceitava perder qualquer coisa. Junte isso á uma ruiva barraqueira, e você terá uma briga incessante. Em questão de segundos discutimos também. Ta aí! Talvez por isso nunca houvéssemos ficado. Summer era insuportável.

— Ah vai se ferrar Guilherme! Tchau! – Summer terminou a discussão e saiu rebolando aquela bela bunda para fora da boate.

— Aonde ela foi? – Barbie perguntou irritada aparecendo do nada do meu lado.

— Eu sei lá!

— Estúpido! – Só vi a loira ir atrás dela e as duas discutirem de novo. Virei às costas e fui para o bar. Precisava beber.

— Você e a Summer brigaram de novo? – Jefferson perguntou sentando do meu lado no bar e rindo. Jeff era meu segundo melhor amigo, e também primo de Summer. Poderia ser algo de família, pois meu amigo também era um porre. Talvez por isso ele e a ruivinha também não se suportavam .

— Ela é uma otária. Porque mesmo trouxemos essa mala junto?

— Porque ela é nossa amiga? – Ele disse gargalhando. – Mas ela realmente é uma mala, mesmo sendo minha prima. – Falou daquele jeito convencido dele. Revirei os olhos – Que merda deu em vocês hoje que não transaram com ninguém em nenhum banheiro dessa porra ainda?

— Eu estava ocupado aguentando o piti dessa ruiva. Falando nisso, Vinicius e Teresa devem estar bem agora né.

— Com certeza! – Rimos.

— O que rolou gata? – Jeff falou envolvendo Barbie pela cintura quando ela veio até nós. Esse era o motivo de terem perguntado por que Summer e eu nunca ficamos: nossos melhores amigos se pegavam desde sempre. E é claro, nós dois sempre seguramos vela.

— Ela deve estar de TPM. Deixa-a pra lá. Daqui a pouco arruma alguma coisa pra fazer e melhora.

— Vou ao banheiro. A gente se vê depois. – Falei para eles. Eu deveria sair do banheiro e pegar uma das muitas fáceis mulheres que me olhavam. Mas, em vez disso, comecei a procurar a ruiva involuntariamente. Depois de beber alguns drinks, recusar vários convites, e rodar por todo aquele lugar, a encontrei sentada em uma varanda quase vazia. Ela estava em cima de um muro, olhando pro nada.

— Você não deveria ficar aqui sozinha. – Falei sentando ao lado dela, que me olhou assustada. – Alguém pode te assustar e derrubar do muro. Ou algum bêbado pode te agarrar.

— Pufft! – Bufou. – Sei muito bem me cuidar sozinha.

— To ligado. – Concordei com a cabeça e olhei na mesma direção que ela.

— Porque tais aqui? – Ela perguntou sem olhar para mim, depois de um tempo em que permanecemos em silêncio. Porque eu estava ali? Boa pergunta! Desde quando me importava com ela, mesmo?

— Eu não sei. – Falei sinceramente. Suspirei. – Queria saber como você estava. – Acabei me assustando com a sinceridade daquilo. Eu estava preocupado com uma garota babaca? Porque merda?

— E porque merda você se importa? – Olhou para mim irritada. Fiquei com vontade de virar as costas e a deixá-la sozinha. Mas eu mesmo acabara de fazer essa pergunta. Dei de ombros. – Você deveria estar comendo mais algumas pra lista. – Ela completou. Compartilhamos uma risadinha irônica.

— E você também. Deveria estar destruindo o coração de alguns sortudos, em vez de estar aqui depressiva.

— Não to depressiva. Vai tomar no cu. E não to afim. To sem vontade de dar. – Ela olhou pra frente. Não pude deixar de rir da forma que ela disse.

— Como assim ta sem vontade de dar? – Tive que rir de novo. Summer era a maior vadia. E o melhor ou pior dela, dependendo o ponto de vista, é que ela nunca negou nada. É quem ela é mesmo e fim. Gosta de sexo e não nega isso.

— Ainda não sabe que mulheres não têm vontade de transar o tempo todo como vocês?

— Eu sei. A maior parte demonstra isso o tempo todo na verdade. – Suspirei. Por isso que nunca pensei em relacionamento sério. Ter que ficar agradando, aguentar pitis, ter que se segurar quando a sua mulher não estiver afim. Muito empenho. Melhor pegar uma diferente cada dia e deu. – Mas você não se encaixa nisso. – A olhei de um jeito óbvio.

— É. – Ela abaixou a cabeça e prendeu uma risada.

Ficamos em silêncio.

— To mal. – Ela confessou do nada.

— Humm, ah... – Murmurei sem saber o que falar. Não tinha muita experiência em consolar pessoas.

— Que merda. – Sussurrou. – Acho que to carente. – Ela falou ainda mais baixo, como se doesse confessar aquilo. Tinha muito menos experiência com pessoas confessando isso para mim. Contudo, eu até a entendia. Ela tinha uma mãe louca que nunca a deu atenção, e eu também. Ela não tem um pai, e eu de certa forma também não tenho, não sei se posso considerar Marcio um pai de verdade. Nós dois nunca namoramos de verdade, então não conhecemos esse tipo de afeto. Só nos restam os amigos mesmo. Que muitas vezes estão ocupados com os seus próprios problemas, e nós dois sendo os mais “foda-se” com a vida acabamos só ajudando e nunca sendo ajudados.

Aproximei-me mais dela. Pareceu-me o certo a se fazer.

— E porque merda eu te disse isso? – Sum disse e deu uma risada sem humor. Dei de ombros novamente. Eu quase nunca ficava sem saber o que falar. Não que fosse um tagarela, mas não me intimidava facilmente. A não ser pelo meu pai.

— Quer conversar? – Perguntei com uma vontade repentina de ajudá-la. E olha que eu quase nunca me importava com os problemas dos outros. O único que eu realmente ouvia e me importava era o Vinicius, pois ele era pra mim um irmão.

— Quero. Mas não sobre isso.

— Tudo bem. – Sorri pra ela. Que forçou um sorriso de volta.

Pelo resto da noite permaneci sentado conversando sobre coisas diversas com aquela instável garota. Falamos de preferências, de escola, de sexo, de jogos, de bandas, de esportes. Rimos, cantamos e sem perceber estávamos cada vez mais próximos. Nesse momento por causa do frio ela estava colada no meu peito, escondida em meus braços enquanto eu a abraçava. Também, com um vestido tão curto daquele jeito, e do lado de fora da boate, era óbvio sentir frio. Mas eu não a provoquei dizendo isso, abraçar ela estava parecendo o mais certo e o melhor de se fazer. Nunca a vi daquele jeito. Parecia tão frágil, tão pequena e indefesa. Completamente diferente da Summer forte, estúpida, marrenta e mal educada que conheço. Ou que pelo menos achava conhecer. Talvez tivesse muito mais por debaixo daquela armadura.

— Eu queria ir pra casa. Você me leva? – Ela perguntou me olhando. Seus olhos cor de esmeralda me fitando por meio daqueles enormes cílios. Porra que olho!

— E os outros? – Perguntei me lembrando de que vieram mais pessoas comigo.

— Eles vão com o carro do Vini. Que se fodam. – Falou levantando-se – Você quer ir ou não? Qualquer coisa eu vou de táxi.

Eu deveria permanecer ali e aproveitar o que restava da festa. Mas eu tive vontade de ir com ela.

— Eu vou. – Falei levantando em um pulo.

— Valeu. – Sorriu pra mim. Na sua boca ainda tinha um pouco de um batom bordo que deixava ela ainda maior e mais bonita.

Fomos à maior parte do caminho para casa em silêncio. Ou melhor, a ouvindo sussurrar as músicas do rádio. Estacionei na frente de seu prédio. Ficamos olhando pra frente por um tempo. Não sabia direito o que falar agora. Na verdade eu não queria que ela fosse agora.

— Está entregue. – Falei por fim. Sem querer soltei um suspiro.

— Obrigada Gui. – Ela disse me dando um beijo no rosto e saindo do carro. Parte de mim queria pedir para ela não ir. Mas por quê? – Ei! – Abriu a porta de novo antes que eu pudesse arrancar o carro. – Hum, quer subir? Minha mãe não ta em casa e eu não to a fim de ficar sozinha. Prometo não te assediar. – Ela riu.

Acompanhei sua risada. – Tudo bem. Se você deseja tanto a minha companhia eu subo donzela. – Falei debochado.

— Haha. Vai nessa. – Ela disse provocante. O que não era tarefa difícil para aquela garota. Estacionei o carro e fui atrás dela. Fomos irritando um ao outro com comuns alfinetadas.

— Ta, eu vou tomar um banho rápido. Pode ficar no meu quarto assistindo TV se quiser. – Ela disse entrando em um corredor. A segui. – Fica a vontade. – Falou quando entramos em seu quarto. Percebi que eu nunca tinha ido a casa dela. Ela morava só com sua mãe em um apartamento muito confortável e bonito. Seu quarto era bem moderno, totalmente a cara dela. Tinha roupas e maquiagens espalhadas por todo lugar, uma bagunça divertida. Seu perfume exalava combinando perfeitamente com as cores fortes pelo ambiente.

— Valeu – Disse me jogando em sua cama.

— Talvez não tão à vontade. – Ela disse empurrando meus pés ainda com sapatos para fora da cama. E nenhum pouco delicadamente.

—Ei! – Resmunguei. Ela gargalhou e seguiu para o banheiro.

Tirei o sapato e liguei a TV. Levando á sério à parte do fique à vontade. A cama dela era confortável e o programa legal, mas eu estava mais concentrado no barulho do chuveiro e em controlar meus pensamentos para não imaginar ela lá dentro. Depois de um tempo a vi caminhando calmamente para o closet, enrolada em uma toalha com um coque nos cabelos que não foram molhados.

—E aí folgado! – Deu uma risadinha. Revirei os olhos. – Se quiser pode tomar uma ducha. – Gritou de dentro do armário. Eu realmente estava precisando me acalmar um pouco. Tomei uma chuveirada rápida e quando saí encontrei uma Summer adormecida. Sorri com a cena. Desliguei a TV e apaguei a luz, depois caminhei até ela. Delicadamente a tampei e dei um beijo em sua testa. Não sabia por que fizera aquilo, porém senti a necessidade. Quando estava saindo vi seus olhos verdes abrirem. – Não vai. Fica. Dorme comigo. – Pediu com uma voz sonolenta, mas de uma forma firme. Fiquei paralisado por um tempo. Entendendo o que aquilo significava. Eu nunca havia "dormido" com uma mulher antes. Não no sentido literal da palavra. A não ser minha mãe. E nunca podia imaginar que a primeira seria a Summer. Logo ela.

— Hum, ta. Tem certeza? – Perguntei ainda em dúvida.

— Tenho. – Respondeu bocejando.

Fiquei só de cueca. – Não faz mal né?

Ela riu. – Como se fosse o primeiro homem que eu tivesse visto de cueca.

— Com toda a certeza não. – Dei uma risadinha e deitei ao seu lado. Ela rapidamente se aconchegou em meus braços. O que me deixou assustado e maravilhado ao mesmo tempo. Comecei a acariciar seus cabelos. E percebi que aquilo era tão bom. De uma forma tão simples, tão inocente.

— Obrigada por hoje. Por tudo. – Ela sussurrou.

— De nada ruivinha. – Logo depois disso ela adormeceu.

Eu por outro lado, não consegui dormir. Comecei a pensar no que o Vinicius tinha dito mais cedo, em como ficamos próximos essa noite, e admirar ela... Percebi detalhes que antes nunca tinha notado. Como o cheiro de seu cabelo, que era uma mistura de shampoo de frutas vermelhas com chocolate branco, com resquícios de cheiro de álcool e cigarro. Fiquei curioso pra saber como era o cheiro do cabelo assim que ela saía do banho, sem a intervenção dos aromas de uma festa. Contudo, é claro que assim para mim estava ótimo, tudo que lembra festa pra mim está perfeito. Delicadamente coloquei seu cabelo á cima de nossas cabeças, deixando seu pescoço livre. Desci devagar o nariz e respirei profundamente. O seu perfume possuía um cheiro forte, sensual e envolvente... Não sabia qual, mas era um perfume caro, com certeza. Eu já havia sentido ele, pois sempre onde ela passa, esse cheiro permanece no ar. Só que nesse momento pude sentir outros aromas, encobertos pelo seu perfume. Desci para a sua clavícula sentindo um cheiro doce de rosas vermelhas do seu hidratante ou óleo corporal. E, além disso, quando desci rapidamente pelo seu ombro até uma parte de seu braço e voltei, pude sentir um cheiro natural parecido com algodão e lavanda, erva doce? Não sei, mas era algo tão leve e... Puro. Na verdade a mistura de todos aqueles aromas formava o melhor perfume que eu já sentira. E olha que já havia cheirado diversos pescoços. Porém, naquela hora era diferente. Pude perceber perfumes que em outro dia, outro momento, nunca iria perceber. Questionei-me se algum dia alguém já havia estado tão próximo dela e usado essa oportunidade para perceber essas pequenas coisas, para descobrir escondida nela alguém tão envolvente, tão... Perfeita. E não só pela sua beleza. Que sim, era estonteante! Mas por diversos detalhes. Na mistura de todos os seus medos, dúvidas, tristezas, amores... Deitei novamente me acomodando ao seu lado, abracei-a e escutei um suspiro cansado, inocente. E sorri. Aquela noite tinha valido muito mais a pena do que muitas outras. Ter conhecido Summer de verdade valeu muito mais do que ficar com qualquer garota daquela festa. Então senti uma vontade enorme de que aquela noite nunca acabasse e que eu pudesse ficar para sempre a protegendo. Peguei no sono envolvido com seu cheiro, que com certeza era a melhor coisa que existia.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram, não custa deixar reviews! Críticas construtivas são sempre bem vindas também! Beijinhos



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