Eu tava com uma sensação de que algo ruim ia acontecer.

O que incluía dificuldade para respirar, um aperto no coração e um frio que vinha de dentro para fora que causava tremores por todo o meu corpo. Thalia havia ido avisar à Lady Artemis e agora eu estava na tenda dela coberta com um grosso cobertor de pelo de urso pardo, mas nada melhorava a minha febre.

Ou o delírio.

Eu me via em um túnel escuro e cheio de armadilhas; nenhum lugar para onde eu fosse tinha uma saída, mas todos tinham armadilhas para me matarem; era um labirinto.

Eu tinha uma pequena noção da voz da Thalia perguntando à deusa o que estava acontecendo comigo e da deusa entoando canções muito antigas de cura; mas a maior parte da minha atenção estava naquele labirinto. Eu não sei o porquê, mas eu tinha a sensação de que eu tinha que encontrar alguém e que essa pessoa precisava muito da minha ajuda.

Depois do que me pareceu serem duas horas correndo e gritando por ajuda aquele lugar imundo e traiçoeiro eu me vi encurralada em um corredor: de um lado tinham vários monstros e do outro um precipício. Os monstros não pareiam me ver, mas mesmo assim eu estava desesperada.

Eu devo ter me debatido muito nessa hora porque eu escutei a Thalia gritar algo para mim, mas não conseguir entender. Então eu vi a minha salvação: ao meu lado havia a entrada para um pequeno túnel. Era necessário olhar diretamente para ele para notá-lo. Eu me joguei sem hesitar.

O túnel estava cada vez mais quente, as paredes de pedras brilhavam e o ar dava a sensação de que eu estava em um forno, mas eu não iria parar; eu não podia parar. Eu sentia que estava no caminho certo; que era por aqui que estava a pessoa que eu estava procurando.

Depois de algum tempo saí em uma caverna do tamanho de um estádio de futebol. Não havia piso, apenas larva borbulhando a centenas e metros abaixo. Eu estava na borda rochosa que circundava a caverna. Uma rede de pontes de metal se estendia por ela. No centro havia uma imensa plataforma com máquinas, caldeirões e forjas de todos os tipos, e a maios bigorna que eu já havia visto – um bloco de ferro do tamanho de uma casa. Criaturas moviam-se por ali – várias formas escuras e estranhas que estavam longe demais para eu poder distinguir os detalhes.

Eu fui à plataforma no meio do lago de larva e olhei a cima do caldeirão. No centro da plataforma havia quatro demônios marinho adultos, que eu reconheci como sendo telequines, com quase dois metros de altura. A pele negra reluzia à luz do fogo à medida que trabalhavam faíscas voando enquanto eles se alternavam martelando em um longo pedaço de metal incandescente.

- A lâmina esta quase completa. – disse um deles em grego antigo – Precisamos de novo resfriamento em sangue para fundir os metais.

- É – disse um segundo – Vai ficar ainda mais afiada do que antes.

Eu senti um arrepio de puro medo passar pelo meu corpo já adoentado ao ouvi-los dizer isso. Aquele calor estava me sufocando... Eu estava para pegar o caminho de volta para o labirinto – que eu decidir ser melhor do que esse lugar, o que era isso? Uma forja Telequine? – quando ouvi uma explosão e jovens telequines surgirem aos montes, tropeçando uns nos outros.

Eu não sabia o que havia acontecido a eles, só queria dar o fora dali o mais de pressa possível. Então eu o vi. O meu amado amigo: Percy.

No verão do ano passado eu e Thalia havíamos nos juntado as caçadoras e deixado o Cabeça de Alga para trás. Eu tinha pesadelos com ele direto; Ele não sabia cuidar de si mesmo, era um desmiolado suicida. Se não fosse por mim ele e Grover teriam morrido no primeiro dia fora do acampamento na nossa primeira missão. Ate hoje eu sentia medo de que algo acontecesse a ele porque eu o amo. Foi por isso que eu entrei para a caçada.

Quando eu tinha 10 anos de idade eu consegui “seqüestrar” a grande profecia da múmia que era o oráculo.

Um meio-sangue de um dos três grandes deuses

Chegará aos dezesseis contra todas as chances.

E verá o mundo em um sono sem fim

A alma do herói, pela lâmina amaldiçoada será ceifada

Uma única escolha deverá terminar seus dias

O Olimpo preservar ou arrasar.

Ate hoje eu tinha pesadelos com a “alma” do Percy sendo ceifada... Se ele iria morre porque eu deveria permanecer com ele? Lady Artemis tinha a cura para o que estava sentindo eu apenas aceitei a sua ajuda.

- La – gritou um demônio marinho me trazendo de volta a realidade, se e que isso e real.

A turma toda de Telequines atravessou correndo a ponte de metal em direção ao Percy. Eu queria ajudar, mas logo agora a magia da Lady Artemis parecia estar tendo efeito e me levando de volta para o acampamento da caçada.

Percy correu para o meio da plataforma, assustando os quatro demônios marinhos mais velhos, que deixaram cair a lamina incandescente.

Eu precisava ajudá-lo. Eu queria gritar para ele deixar de ser burro e sair dali, mas a minha alma estava voltando para o meu corpo. A voz da Lady Artemis já era mais clara do que a dos demônios...

- O que temos aqui? Um filho de Poseidon? – rosnou o mais alto.

- Sim! Posso sentir o cheiro do mar no sangue dele.

Eu senti um puxão extremamente forte nas minhas pernas me levantando a cima dos monstros e de Percy. A ultima coisa que eu vi antes de abrir os olhos e dar de cara com a deusa da caca foram os telequines jogando larva no Percy e o vulcão explodindo.

Eu chorei.

Eu tinha certeza que aquilo não havia sido somente um sonho. Mas não era para eu me sentir assim! Quando eu entrei para a caçada eu abri mão do amor romântico; então porque eu me sentia como se fosse implodir?

-Oh minha caçadora – disse a deusa – você abriu mão do amor romântico, não dos seus amigos.

Eu não conseguia nem pensar direito. Eu me sentia destruída, como se eu realmente estivesse no vulcão quando ele explodiu.

Eu tinha perdido o meu Percy. E não tinha sido para a maldita profecia...