A filha de Esme e Charles - versão 1 escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 34
Capítulo 34




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Angeline PDV

O que minha mãe lhe disse? Com o que ela concordou? Ela lhe deu permissão para que? No mesmo instante em que eu pensei isso foi tudo tão rápido e ele ficou inda mais próximo de mim. Me agarrando mesmo. Ele aproxima sua boca de meu pescoço e me sussurra ao pé do ouvido:

— Fique tranquila, criança. Relaxe, se não vai doer – ele me diz com a voz melíflua.

Relaxar. Por que? Eu tento, mas alguma reação involuntária de meu corpo mantém meus músculos tensos. Alguma coisa me diz que isso não é bom. Não é normal.

Eu lembro quando Charles beijava meu pescoço – era o máximo que ele fazia. Jamais me deu um beijo na boca, mas isso é completamente diferente. Sinto algo me dizendo que isso não é nada comum, nada corriqueiro. É anormal.

Tento fazer o que Carlisle sugeriu, respiro para relaxar. Mas não adianta. Estou nervosa. Em parte por causa das reações instintivas de meu corpo e porque nunca gostei do desconhecido. Tenho medo do desconhecido.

Não posso relaxar com medo.

Eu sinto quando os dentes dele rasgam a pele de minha garganta e afundam ainda mais até suas presas chegarem na minha veia jugular. Aí dói mesmo e eu não posso evitar soltar um grito.

— Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

Mas claro que já é tarde. É completamente inútil. Não tenho mais esperança nenhuma. Já era. Fui.

Enquanto eu sentia meu sangue sendo drenado, percebia minhas pernas ficarem proporcionalmente cada vez mais fracas. Carlisle me segurava para que eu não caísse no chão. Não sei quanto tempo ainda mais iria durar. Mas logo ele tirou os lábios dele de meu pescoço e ouvi Esme dizer:

— Vamos levá-la para casa. Eu ainda me lembro que é aqui perto.

...XXX...

 

Segundos depois chegamos e eu percebi quando Carlisle me deitou na cama e Esme veio segurar a minha mão.

Ardia muito. Eu já queimei o dedo e sabia qual era a sensação. Mas era ainda muito pior. Era como se meu corpo todo tivesse sido queimado. Eu me sentia em meio a uma fogueira como aquelas da Inquisição espanhola. Só ouvi falar, mas imagino que era assim. Eu estava queimando, não apenas por fora, mas por dentro também. Como se o sol estivesse dentro de minha pele.

Eu tentei gritar, mas eu havia perdido onde estava a minha voz. Não conseguia encontrá-la.

Era uma tortura. Parecia que eu estava no inferno. E era bem provável que eu estivesse mesmo. Eu sabia que Charles havia me condenado ao suplício eterno também por ter me forçado a cometer um pecado. Ele me fez cometer o pecado do incesto ao me deitar com ele.

E talvez eu tenha cometido um pecado ainda mais grave por ser uma ASSASSINA por ter matado meus dois filhos. Matar bebês é abominável, o mais execrável e hediondo dos crimes. Mas eu não os matei intencionalmente... Mesmo assim tenho culpa por tê-los gerado.

Esme lutou pelo direito de nascer de seu filho e até meu direito de viver evitando que meu pai me matasse quando eu ainda era um bebê, mas eu matei dois seres indefesos e completamente inocentes. A pior forma de assassinato. A mais cruel.

Fui condenada ao tormento eterno com razão. Claro. Deus nunca erra. Ele jamais falha. Ele não pode. É infalível. Sua justiça é sempre perfeita. Seu julgamento sempre correto, seus desígnios são inquestionáveis, indiscutíveis e irrepreensíveis.

...XXX...

 

PDV da Autora

Carlisle saiu por um minuto e foi ao hospital ali perto. Entrou por uma das janelas ele foi direto ao lugar certo. Deixou seu olfato apurado o levar até onde estava o que queria e estava procurado. Ele sabia exatamente o cheiro da morfina. Carlisle pegou uma seringa com o anestésico para aplicar na menina.

Saiu pelo mesmo lugar que havia entrado sem chamar a atenção ou ser notado, ele não se perderia pois tinha em mente o trajeto percorrido no caminho para a vinda e para voltar era só o inverso. O cheiro da garota se transformando o levaria de volta a pequena residência. Mesmo sem isso a memória de vampiro não o deixaria esquecer onde era a casa em que Esme morou com o ex-marido.

Retornando a pequena habitação, subiu as escadas e entrou no quarto. Carlisle arruma o material e injeta a quantidade letal para um humano, na veia do braço de Angeline. Mas que não a afetará, apenas ajudará a amenizar um pouco a dor incomensurável, pois ela está passando pela transformação.

Esme observa o marido agir e lhe diz quando finaliza:

—  Precisamos vigiar para o caso de que Charles volte.

Não seria necessário fazer nada, os sentidos aguçados deles os alertariam da aproximação do homem asqueroso:

— Eu não vou deixar ele machucar vocês duas novamente – diz Carlisle, protetoramente.

Sua face se distorceu em uma expressão feroz, incomum para o pacato vampiro. Mesmo assim ele é capaz de ferir alguém que queira ferir aqueles a quem ama. Ninguém pode fazer qualquer coisa contra sua família e esperar que ele não reaja. Carlisle é mais agressivo na defesa. Não ofensivo, mas defensivo. Apenas se defende se alguém ataca primeiro.

...XXX...

 

...Dias se passam e a transformação de Angeline termina e ela desperta. Ao abrir os olhos lentamente a menina percebe a mãe ao seu lado:

— Mamãe! Estou tão confusa. O que aconteceu comigo? Onde estou?

— Fique calma, meu anjo. Você agora é uma Cullen.

— Quê?

— Esse é o nosso sobrenome. Na verdade, o sobrenome de seu pai. Isso quer dizer que você é uma vampira como nós dois agora.

— Onde eu estou? Não reconheço este lugar.

— Aqui é nossa casa numa cidade próxima a Columbus, chamada Toledo.

— E se Charles vier atrás de mim? De nós? Ele não sabe que você está viva mamãe, ele pensa que você está morta. Ele queria me fazer acreditar nisso também.

— Eu sei. Vocês dois estavam certos – agora eu sei que isso é possível, por mais estranho que pareça nenhum de nós dois estava enganado. Tanto eu quanto Charles estávamos ambos certos. -  Mas não se preocupe, querida, ele não pode nos machucar. Isso se ele nos encontrar de alguma forma. 

 

Angeline PDV

— Quer dizer que agora eu me alimento de sangue? – minha voz subiu algumas oitavas na palavra sangue, demonstrando todo o meu desespero. – Eu não quero machucar ninguém, mamãe. Por favor, me ajude – me levanto e a abraço.

— Ai – Esme geme.

— O que foi, mamãe?

— É que como recém-criada você é um pouco mais forte do que eu por ter um pouco de seu sangue ainda em seu corpo.

— Ah! Me desculpe, eu jamais quereria te machucar.

— Eu sei disso minha filha. Já estou bem. Vamos caçar?

— E Carlisle onde ele está? – Não é um nome muito comum o nome dele, não dá para não lembrar.

— Você ainda lembra do nome dele, querida? Isso é fantástico.

— Claro que sim. Claro que eu lembro do nome de meu pai.

— Fico muito feliz que você o aceite tão rapidamente e de braços abertos.

— Ele foi muito gentil comigo no pouco tempo em que ficamos próximos; eu senti que ele é um bom homem. E se você gosta dele mamãe eu também vou gostar.

— Sim, eu o amo muito desde a primeira vez que o vi – os olhos dela parecem voltar no tempo e recordar o momento em que os dois se viram pela primeira vez. – Carlisle saiu, foi trabalhar no hospital, mas deve voltar logo. Seu plantão já terminou. Ele vai gostar muito de ver que você acordou, filha.

— Eu também te amo minha deusa – Carlisle aparece no quarto e beija a esposa.

Eu fico muito feliz em ver.

— Papai!!!!

— Querida – Carlisle se aproxima da cama correndo e levanta-me no colo e rodopia. – Você está maravilhosa. A cara da sua mãe. Esculpida em mármore de Carrara.

Fico lisonjeada, mas não esqueço o que queria dizer:

— Você trabalha em um hospital papai? Como consegue?

— Anos de prática, minha filha. Agora não faço nenhum esforço. Mas você e Esme não poderiam se expor ao sangue como eu faço.

Sinto a minha garganta formigar e minha mão afaga instintivamente meu pescoço. Carlisle vê e diz:

— Vamos caçar, criança? – eu adoro quando ele me chama de criança.

Saímos de casa e entramos na floresta.

Em meio a corrida chamo:

— Mamãe, papai – Carlisle e Esme olham para trás em minha direção.

— O que foi, querida? Porque parou? – pergunta Esme preocupada.

— Eu posso ter o seu nome também mamãe? Posso ser Platt também?

— Oh, querida! – ela vem correndo até onde estou e me dá um beijo no rosto. – Fico lisonjeada. – diz Esme emocionada. – Claro que sim, meu amor.

 ...XXX...


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Notas finais do capítulo

https://en.wikipedia.org/wiki/Toledo,_Ohio