The Feeling escrita por Agent Nalla


Capítulo 5
V – Found Girl




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As semanas seguintes andaram lentamente. Katherine e Bucky montaram suas defesas juntos e, para facilitar certas coisas, a loira se mudou para o quarto do soldado sem falar absolutamente nada. Steve que se surpreendeu com aquilo, pois adentrou o quarto para falar com seu amigo em um dia qualquer, acabando por pegá-la secando os cabelos distraidamente enquanto verificava seu celular. Não demorou muito para que todos soubessem que os dois estavam tendo uma espécie de relacionamento, embora nenhum deles conseguia defini-lo com alguma palavra concreta.

Eles apenas gostavam um do outro, e era o que importava no momento.

Cada vez que se aproximava o dia em que teria de defender não só ela, mas Barnes e seu irmão, Oliver, um nervosismo tomava conta de seu peito. Kath não gostava de ser o centro das atenções, mas era a única que poderia livrá-los de serem presos por pessoas que não tinham a mais remota ideia do que haviam sofrido enquanto estiveram nas mãos da HYDRA. Eles eram as maiores vítimas dos indivíduos mais cruéis que puderam conhecer.

Era um dia antes da audiência, a vidente só conseguia olhar através da parede da sala inquieta. Nem mesmo as estrelas que tanto teimava em encarar conseguiam acalmá-la, então bufou, sacudindo a cabeça e se encaminhou à cozinha, pegando a chaleira que estava sobre o fogão para encher d’água, pois lhe bateu a vontade de beber um chá apenas para ver se acalmava a si mesma. Assim que acendera uma das bocas e pousou a chaleira sobre ela, recostou-se na pia, soltando um suspiro ao encarar o teto.

Sua cabeça estava uma zona, mas a única coisa concreta que tinha no momento era Bucky, que parecia entendê-la melhor do qualquer um que convivia nos últimos dias. Era o ponto de equilíbrio em sua mente bagunçada, mesmo que ele não concordasse muito com aquele fato, coisa que a loira ignorava toda vez que o soldado tentava explicar seus motivos para tal. Ela sempre o calava com um beijo... E seu homem não voltava ao assunto tão cedo.

— Distraída? — Katherine voltou ao presente de modo abrupto, virando seu rosto para o lado antes de sorrir ao encarar os olhos azuis do moreno mais belo que já vira nos últimos tempos.

— Apenas preocupada. — Confessou com uma careta, abraçando seu corpo ao encolher seus ombros discretamente. — Não sei se terei coragem o suficiente para ir lá e fazer o que tem de ser feito. Não quero ver o futuro, pois não depender disso para ter segurança do que quero realizar, mas... — Ela soltou um longo suspiro. — Está sendo bastante complicado, Bucky.

Observando-a por alguns segundos, ele fez um sinal para que Kath se aproximasse de si e, um tanto cabisbaixa, a vidente andou até estar perto o suficiente para que Barnes colocasse uma mecha dos fios loiros atrás de sua orelha, aproveitando para acariciar a bochecha dela com delicadeza.

— Eu vi tudo que reuniu dentro desse pen drive. — O soldado pegou o pingente do colar que ela utilizava no pescoço, que era onde todas as informações que precisariam no dia seguinte se encontravam. — Você se dedicou muito para organizar uma defesa digna para nós três e me sinto bem ao saber que uma pessoa com o seu coração está fazendo de tudo para livrar acusações de... 70 anos... Das minhas costas.

Um singelo sorriso surgiu na face de Katherine, meneando de leve a cabeça enquanto refletia por alguns segundos no que dizer a ele em retorno.

— Só estou fazendo o que acho certo. Ninguém deve ser preso por crimes que não fez por que quis. — Seu olhar era firme ao mirar os orbes azuis do moreno. — Eu sei que minha decisão é a melhor para resolver tudo que está acontecendo conosco. E eu vou conseguir.

Sorrindo de leve, Bucky se aproximou um pouco mais, pousando a mão biônica na cintura da loira antes de puxá-la contra seu corpo o mais gentilmente que conseguiu, embora não fosse costumeiro do soldado ser daquela maneira. Ele tinha tato com certas coisas que aconteciam com Kath, mas aquela brutalidade que viera de anos de HYDRA era algo que, por mais que tentasse, não tinha formas de livrar-se daquilo, mesmo que a mulher em seus braços não se importasse nem um pouco com aquele detalhe.

— Confio em você. Sabe disso. — Murmurou ao recostar seu rosto no dela, fazendo-a fechar seus olhos com a aproximação. — Desligue essa chaleira e venha comigo, sei perfeitamente o que vai tranquilizá-la. — Barnes observou a pele da vidente de arrepiar diante de seus olhos com o tom rouco que utilizara próximo ao ouvido da mesma.

Quando ela trouxe seu rosto para trás, seus orbes esverdeados brilhavam com malícia antes de se afastar do moreno, que deixou seus lábios se curvarem em um sorriso provocante ao observá-la fazer exatamente o que havia dito e retornar a si, assim podendo cercar o tronco da loira com ambos os braços, logo sentindo a boca dela contra a sua. A forma lenta que Katherine o beijava tinha certa centelha de provocação, mas, acima de tudo, havia o algo a mais. Aquele sentimento que ambos se recusavam a nomear.

Repentinamente, o soldado a pegou pelas coxas, colocando-a sobre a beira da bancada para ter suas mãos livres, contudo, Kath quebrou o beijo, assim podendo encará-lo de perto ao passar os dedos delicadamente pelos fios negros do mesmo.

— Você está tranquilo demais para quem vai ser julgado amanhã. — Ela observou com o cenho franzido em curiosidade.

Bucky soltou um discreto suspiro, baixando seu olhar e concentrando-se no movimento que sua mão fazia ao subir e descer pela perna da mulher, logo voltando a mirá-la com seriedade.

— Não estou nem um pouco tranquilo, mas demonstrar não fará bem a ninguém, muito menos a mim. — O moreno deu de ombros. — A única coisa que quero no momento é que tudo isso acabe o mais rápido possível.

— E vai. Ou não me chamo Katherine. — Seu tom declarava segurança, coisa que Barnes amava nela mais do que qualquer outro detalhe de sua personalidade. A loira estava sempre segura do que envolvia a si mesma e as pessoas com que ela se importava, como se tivesse uma carta na manga caso a primeira opção não desse certo...

— Se hipoteticamente essa audiência apenas piorar a situação... Você tem outro plano, não é? — A vidente apertou os lábios juntos, mirando os orbes claros de seu amante completamente quieta, e tal silêncio foi resposta o bastante. — Kath...

Ela pousou seu indicador nos lábios dele, impedindo-o de continuar.

— Vai dar tudo certo, amor. — Katherine murmurou, fitando-o com um sorriso sincero. — Sei perfeitamente o que estou fazendo.

...

O dia seguinte foi de tensão. Ninguém pronunciou nada desde o café da manhã até a chegada ao local onde ocorreria a audiência, tendo de desviar dos mais diversos jornalistas até alcançarem a entrada, logo sendo encaminhados por agentes a serviço do governo em direção a uma sala para que aguardassem até que todos os secretários estivessem presentes.

Inquieta, a vidente andava de um lado a outro, sempre arrumando o terninho azul marinho, ajeitando a gola de sua blusa branca, ou apenas ouvindo o som de seus saltos ecoarem pelo amplo espaço enquanto retorcia seus dedos uns nos outros nervosamente. Ela tinha certeza do que estava realizando, no entanto, estava se impedindo de ver o que tanto queria: se, de fato, aquilo daria certo.

Sua mente estava tão longínqua que se sobressaltou ao sentir a mão de Bucky em seu ombro.

— Acalme-se. Daqui a pouco irá afundar esse chão com seus sapatos. — Soltou com um toque leve de humor em sua voz, fazendo-a suspirar ao comprimir as sobrancelhas. Ele deixou que a seriedade tomasse suas feições quando levara a mão direita ao rosto da loira, acariciando-o. — Respire fundo, leve isso da maneira mais prática que puder e, principalmente, raciocine como se fosse uma pessoa desconhecida que foi jogada nessa situação do nada, tendo de defender um assassino e uma mulher raptada quando adolescente, junto com seu irmão. Não deixe suas emoções guiá-la, mas sim tudo que sabe aqui. — E apontou para sua cabeça, conseguindo arrancar um sorriso da mulher, logo sendo abraçado por ela.

— Obrigada pela força. Eu apenas... Estou preocupada, dessa vez com meu irmão. — Katherine soltou um longo e pesado suspiro, afastando-se apenas o suficiente para encará-lo nos olhos. — Não sei se ele vem, pois me falou com todas as letras que estava receoso com relação a essa audiência e não tinha nenhum plano de ir à prisão. Até entendo sua escolha, mas ainda assim, queria-o aqui, perto de mim. — E encolheu os ombros, apertando seus lábios juntos.

Acariciando um dos braços da loira, ele foi para falar algo para tentar reconfortá-la, porém, as portas foram abruptamente abertas, surpreendendo muitos, principalmente Kath, que se afastou do soldado enquanto assimilava o que estava vendo em sua frente.

O rapaz que adentrara tinha cabelos loiros escuros, olhos cor de mel e um sorriso fácil ao carregar seu terno pela gola, o deixando sobre seu ombro esquerdo. Antes que qualquer um dos homens presentes tivesse reação, ela soltou um grito alto de alegria, correndo até o mais velho para abraçá-lo com força, acabando por se pendurar no pescoço do outro sem que Oliver Lacviek estivesse preparado para tal. Mas ele tampouco reclamou.

O loiro fechou os olhos, apertando-a com certa força contra si enquanto as lembranças de um passado já distante vinham em ritmo acelerado dentro de sua cabeça, apenas intensificando a saudade que ele sentira de sua irmãzinha durante os oito anos em que estiveram nas mãos da HYDRA, obrigados a cooperar com coisas que não queriam.

— Que saudades que eu estava de você, Theri! — Exclamou Oliver assim que a colocou no chão, separando-se dela para que pudesse examiná-la de cima a baixo. — Olha! Você está alta! — Quando notou os orbes verdes estreitados em sua direção, soltou uma risada divertida antes de se aproximar apenas para beijar o topo da cabeça da loira. — Que bom que está inteira. — Comentou aliviado, pouco se importando com a plateia que tinham.

— Parcialmente inteira. — Corrigiu, com um sorriso tristonho que retirou parte do brilho que haviam em seus olhos esverdeados com aquele reencontro. — Você deve ter ideia do que ele fez comigo quando não o obedecia. — O loiro tornou-se sério, pois tinha plena ciência do que Von Strucker era capaz e, somente ao imaginar sua irmã nas mãos de um filho da puta como aquele, lhe dava vontade de destruir meio mundo.

Ela viu quando a mão de Oliver se semicerrou, assim como seu maxilar tencionado, mas Kath apenas negou discretamente com a cabeça, vendo-o assentir em concordância, pois sabia a que a caçula se referia e respirou fundo, concentrando-se apenas no que estavam prestes a realizar.

— Conseguiu mesmo reunir provas o bastante para nos livrar dessa? — Inquiriu com curiosidade, vendo assentir com um sorriso que atingiu seus olhos, logo mexendo discretamente no colar que havia em seu pescoço e ele percebeu que aquilo era um pen drive. Um que pertencera à mãe deles. — Como você...?

— Eu peguei nas coisas dela antes de irmos ao orfanato. Estava em meio aos pertences que mantinha dentro de sua caixinha de jóias e, como precisava de algo, nem que fosse pequeno, de nossa mãe, acabei escolhendo esse. — A loira mexeu com discrição no pingente, afundando-se em seus pensamentos antes de perceber que lágrimas quentes desciam por seu rosto copiosamente, logo tendo os braços de Oliver ao redor de seu tronco sem nem ao menos notar a aproximação.

Eles sofreram muito com a morte de Alice Lacviek, que fora assassinada com o intuito de conseguirem por as mãos nos dois filhos da mulher por serem dotados de habilidades únicas. Eram para terem conseguido proteção da SHIELD e serem criados por alguém pertencente à organização, no entanto, as coisas ocorreram com tanta rapidez que não tiveram a chance de protegê-los.

— Está na hora de todos terem conhecimento do que ocorreu conosco. — Murmurou próximo ao ouvido da vidente em um tom que declarava perigo. — E iremos conseguir juntos. Como fazíamos quando pequenos.

— Promete? — Ela questionou insegura contra o peito do irmão, que a apertou um pouco mais contra si, como se quisesse impedir que qualquer mal a alcançasse novamente. Repentinamente, recordou-se do que certo homem lhe falou uma vez, mas afastou tal pensamento de sua mente.

Os dois precisavam ter ao menos seus nomes limpos para que pudessem levar uma vida tranquila.

— Eu prometo, pequena.

...

Enquanto esperavam, Katherine apresentou seu irmão mais velho a Bucky, assim como a Steve e Tony, que resolveram acompanhá-los naquela empreitada, por mais que a loira houvesse dito que não precisava. Embora Oliver não estivesse muito inclinado a aceitar que um homem estava tendo certa... Intimidade... Com sua irmã, acabou tratando o soldado com educação e agradecendo por ele não recordar sobre acontecimentos passados.

Após uma hora no interior daquela sala, os três acusados foram chamados e, reunindo o máximo de coragem que conseguiu, a vidente tomou a frente, seguindo um dos agentes até o amplo salão que ocorreria tal audiência. Ela quase travou ao ver tantos indivíduos observando-os andar até estarem próximos do secretário Edwin Rivers que, mesmo não querendo, aquele nome lhe era estranhamente familiar. Bucky e Oliver sentaram um ao lado do outro enquanto a loira assumia como advogada de ambos, assim como de si própria.

O homem grisalho por volta dos 60 anos analisou-a com atenção antes de passar seus orbes castanhos por todos os presentes.

— Essa sessão está sendo iniciada com o intuito de decidir se James Buchanan Barnes, Oliver e Katherine Von Strucker são de fato culpados ou inocentes das diversas acusações que temos em mesa. — Pronunciou no microfone, entortando os lábios assim que percebeu os flashs das câmeras, assim como os diversos gravadores daqueles jornalistas sem nada de importante para fazer. Edwin soltou um suspiro quase que silencioso. — Soube que a acusada será também a defesa deste caso. Estou correto?

— Sim, senhor. — Kath deu um passo à frente, logo sorrindo com educação. — Um diploma de advocacia de vez em quando cai como uma luva. — Algumas risadas foram ouvidas atrás de si, mas ela fez questão de ignorar. — Posso começar?

— Perfeitamente. — E recostou-se em sua cadeira ao observar a mulher andar até a mesa que havia próximo ao local em que o secretário, assim como alguns outros, se encontravam. A loira retirou o que parecia ser um colar de seu pescoço, logo puxando a ponta do pingente do mesmo para, em seguida, conectar em um dos cantos. Aquilo com certeza era tecnologia de Tony Stark, pensou ao erguer seu olhar em direção ao herói, que se encontrava no fundo do salão com uma expressão séria em sua face. — Por qual defesa irá começar, Srta. Von Strucker?

Ela esperou a tela ampla aparecer em sua frente antes de começar a puxar quatro fichas distintas que, após deixá-las fixas para todos verem, Rivers notou serem de quatro secretários presentes naquela tribuna. Katherine cercou-a até estar plenamente visível a todos que se encontravam em sua frente.

— Antes de começarmos, queria informar que estes quatro homens negociavam diretamente com Daniel Whitehall e Alexander Pierce para investirem em diversos projetos da HYDRA, assim como ter suas vidas poupadas pela mesma caso, em um acesso de loucura, decidissem matar todos os políticos dos EUA. — O que antes era apenas murmúrios, havia se tornado ávidas discussões, acusando a mulher de estar mentindo descaradamente. — Podem até dizer que isso é mentira, mas até onde fui informada, vídeos não mentem. — E moveu-se até estar em frente a tela, puxando vídeos para executá-los em frente a Edwin, que mirava cada um deles com certa incredulidade, embora estivesse vendo as provas ali, naquele momento.

— Quero que os quatro sejam mantidos em uma sala imediatamente. — Declarou em alto em bom som, logo observando os quatro homens serem arrastados por agentes, logo fixando seus olhos na loira, que se mantinha altiva ao analisar a situação. — Bela forma de começar, senhorita. Limpou minha bancada, literalmente. — Ele se inclinou para frente, mirando-a com curiosidade. — O que mais sairá dessa sua Caixa de Pandora?

Com um leve sorriso, Katherine moveu suas mãos para outra pasta, revelando diversos documentos da HYDRA, assim como vídeos e as provas que limpariam o nome de James Barnes facilmente, o que fez Rivers se perguntar onde ela havia conseguido tanta informação para livrar uma única pessoa.

— Como todos podem ver, James Buchanan Barnes foi usado contra sua vontade pela organização que dizia ser dono do que eles nomearam como Soldado Invernal. Mexeram com sua mente sem sua autorização e, antes disso ocorrer, havia sido submetido a uma experiência que impulsionou a HYDRA a criá-lo. — Ela falava com tanta naturalidade que parecia ter presenciado a criação dele. — Vi com meus próprios olhos como os médicos e soldados soviéticos o reprogramavam para realizar qualquer missão sem questionar. James nunca teve pleno controle de si próprio em cada maldito crime que realizou. Havia indivíduos poderosos por trás de cada ato, e com certeza não era ele. — Um silêncio pesado tomou conta do salão e, por mais que a defesa tenha sido explicativa e convincente, havia certeza no olhar de Katherine ao pronunciar cada uma delas.

— Então você foi testemunha, Srta. Von Strucker? — Indagou, recebendo um aceno de confirmação a seguir.

— Mais do que isso, senhor. Cuidei de James Barnes durante um ano inteiro a mando de meu pai, Barão Von Strucker. — Revelou a vidente com certa raiva reprimida em cada palavra dita. — Ele... Ele me fez cuidar de um indivíduo instável que eu não tinha a menor ideia se me mataria ou não. Acabei me apegando ao soldado, mas quando testemunhei a maneira horrenda como mexiam com sua cabeça, não tive outra escolha senão abandonar aquilo permanentemente. — Ela respirou fundo, como se estivesse tomando coragem para continuar. — Não tinha poder o suficiente para tirá-lo daquele lugar, mas tinha inteligência o bastante para mandar um recado a Nicholas Fury sobre o projeto que a HYDRA estivera criando por anos e que seria utilizado na Estrela da Lemúria, já que a organização estava infiltrada há décadas na SHIELD. Pena que foi mais tarde que o esperado.

Mais silêncio. A mulher era prática, falava cada palavra com calma e clareza, mas acima de tudo, tinha certeza de cada coisa que dizia, como se houvesse treinado cada palavra por anos até ter a oportunidade de revelar tudo de uma vez só. No entanto, aquilo apenas havia deixado Rivers interessado em outro ponto daquela história.

— Como a senhorita parou na HYDRA?

A loira ergueu seus olhos abruptamente, que ficaram atordoados por um momento antes de realizar movimentos hábeis para abrir uma reportagem que poderia ser desconhecida para diversas pessoas ali dentro... Mas não para o secretário que encarava aquilo sem compreender por que estava sendo revelada em meio àquela audiência.

“Mulher é assassinada por métodos incomuns na cidade de Manhattan”

— Eu e meu irmão, Oliver, fomos criados por nossa mãe no subúrbio da cidade de Manhattan. Ela teve dificuldades em nos manter, afinal, éramos crianças ainda, não fazíamos muita coisa por nós mesmo. — Cada palavra doía em Katherine, mas não tinha qualquer intenção de parar com aquilo. — Então, com muito esforço, encontrou um trabalho que poderia cuidar da gente e ter como nos manter sem precisar nos deixar em um orfanato, pois era a última coisa que ela desejava. Fomos criados junto a um garoto bem estranho, cheio de manias e muito mimado, mas ele adorava nossa mãe, assim como aprendeu a gostar de nós. — Ela parecia absorta nas lembranças que aquilo lhe trazia, e aquele detalhe apenas impulsionou o secretário a falar.

— Alice Lacviek era uma das mulheres mais admiráveis que já conheci em anos. — A menção do nome de sua mãe fez a vidente encará-lo com o cenho franzido em confusão. O olhar que estava presente no rosto de Edwin era de consolidação. — Nunca fez absolutamente nada de errado, criou meu filho como ninguém teria conseguido com tanta exatidão e, ainda por cima, enfiou educação naquela criança que eu não conseguia lidar desde que sua mãe falecera. — Ele a analisou com extrema atenção, conseguindo notar que a loira tinha os mesmos olhos da mulher por quem se apaixonou, assim como estava mais que disposto a aceitar seus filhos como dele naquela época. — Já faz muito tempo, pequena Kath.

O queixo da mulher caiu ao perceber com quem estava falando.

— Tio Ed?

Rivers sorriu de canto assim que ouviu a forma como aquela pequena garotinha de curiosidade ampla o chamara diversas vezes quando se cruzaram. O tumulto começou a se tornar nítido assim que fora comprovado que os dois se conheciam e, ficando em pé, ele encarou a todos antes de falar:

— Ordem! — Os sons começaram a diminuir, mas não se eliminaram por completo. — O caso de Katherine e Oliver Lacviek estará suspenso até segunda ordem. — As vozes se agitaram novamente, porém, tal detalhe não o abalou nem um pouco. — Quanto ao caso de James Buchanan Barnes, será analisado com cuidado ainda hoje para que seja dado um veredito o mais rápido possível.

...

Eles esperaram cerca de quatro horas até que o veredito saísse e, para passar um pouco do tempo, os irmãos explicaram com detalhes sobre a história da mãe de ambos com o secretário, assim quando foram raptados por agentes da HYDRA por serem especiais, mas como eram muito jovens na época que aconteceu, acabaram por não conseguir entender até atingirem uma idade específica.

No momento em que tudo fora decidido, eles os chamaram mais uma vez, apenas para declarar que Bucky seria inocentado por seus crimes, contudo, teria de prestar contas ao governo caso desejasse utilizar suas habilidades para que pudesse ser incluso nos Vingadores, detalhe que mal focaram no momento. Também falaram que ele não poderia sair do país até que tudo em seu nome fosse regularizado, afinal, o soldado ainda era cidadão americano. Mas o que mais marcou aquela audiência foi Edwin encontrar Kath e Oliver antes de saírem do local.

— Sinto muito pelo que aconteceu a vocês. — Falou assim que parou em frente aos dois, que acenaram em agradecimento. — Tudo que necessitarem, é só me comunicar. Estarei sempre disponível para ambos, ok? — Ele puxou um cartão pequeno de um bolso interno de seu paletó e entregou a loira, que o examinou por alguns segundos antes de mirar o homem.

— Por acaso a casa de mamãe continua lá? — Questionou hesitante e, assim que Rivers sorriu em sua direção, ela teve a resposta que desejava. — Queríamos ficar no lugar que era dela. Será que teria como morarmos nela?

O secretário assentiu, mantendo aquele sorriso em sua face.

— É claro que sim! Posso organizar isso para ambos o mais rápido possível.

Antes que pudesse se controlar, Katherine se aproximou do homem e o abraçou com certo carinho, demorando um tempinho para sentir os dele rodearem seu tronco.

— Obrigada, Ed. — Agradeceu do fundo de seu coração antes de se afastar para encará-lo. — Ainda não estamos livres do inquérito, mas pelo menos agora as pessoas têm ciência de parte da situação.

— Devemos essa a você. — Completou Oliver, estendendo a mão para Edwin, que logo a apertou com firmeza. — Que seu futuro seja realizador. — O loiro desejara ao outro com sinceridade, acabando por fazê-los recordar da maneira como a mãe deles falava após realizar suas sessões de regressão com um cliente e outro, pois ela aproveitava seu dom para ganhar um extra e mantê-los bem alimentados.

Ao vê-lo se afastar, ela encarou seu irmão com a sobrancelha erguida.

— Quando vamos contar para todo mundo que tudo aconteceu por causa de que mamãe era Inumana e usou os pequenos cristais derivados de um Divinador em nós dois involuntariamente?

O mais velho suspirou com certo pesar.

— Como acham que irão reagir quando dissermos que somos parte alienígena? — Redarguiu Ollie, pegando o momento em que Kath revirou os olhos para sua preocupação. — Eles vão querer analisar nossos sangues, acima de tudo. Depois vão desejar fazer testes atrás de testes para tentar entender o que somos. Não quero isso para mim, e você?

Mirando-o com certa irritação, a vidente bufou, mas não discutiu com ele. Oliver tinha razão, afinal de contas, pois ambos eram diferentes e, sem sombra de dúvidas, iriam desejar revirá-los do avesso para descobrir o que tinham de diferente.

O único pequeno problema naquela situação era que Katherine não tinha medo do futuro. Não quando podia manipulá-lo.


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