Konoha ainda era exatamente como se lembrava. Quando Ino pôs os pés em sua cidade natal de novo sentiu repulsa. Pensou que tinha se livrado daquilo. No entanto, estava sendo empurrada para o lugar miserável de onde tinha espado. Se pudesse, apagaria tudo que viveu ali. A duquesa lamentava que tivesse sofrido tanto por causa de Sasuke, Sai e até mesmo Inojin. Assim que o libertou, o filho virou as costas para ela. Ino sabia que o perdão de Inojin não significava sua afeição. Da última vez que ligara para o filho, Inojin foi direto e disse que tinha dado a ela uma segunda chance para que fosse feliz ao lado de quem ama.

A ideia de Inojin era genuína. Um recomeço! Uma nova vida ao lado de Gaara sem ter que pagar por seus pecados! No entanto, Sasori não era tão benevolente quanto seu filho. Por trás da figura do Rei justo e nobre, preocupado com as criancinhas passando fome na África, estava um soberano que não mediria esforços para satisfazer seu desejo oculto por anos. Quando Sasori ameaçou Ino, ele sabia que a duquesa faria até o impossível para trazer Sakura para ele. E, sim, ela faria.

Naquele dia, Ino se hospedou no Konoha Palace. Após guardar sua mala, ela pegou seu carro alugado e foi fazer uma visita a Sakura. Pela tabela de horários que Sasori havia entregado a ela – sim, ele ainda mantinha Sakura monitorada por capangas – a Haruno estaria sozinha em casa. Sasuke estaria trabalhando e Sarada na casa dos avós.

Quando estava na frente da casa de Sakura, Ino tocou o interfone. Sakura ficou surpresa ao ver que era Ino em sua porta, mas a recebeu. Ino se acomodou na sala, pediu um café e então explicou porque estava ali.

— Não entendo porque Sasori mandou você vir me visitar. – Disse Sakura, após servir o café a Ino.

— Deu esperanças a ele, não?

— Claro que não! Como pode ver, estou grávida e feliz com meu marido. – Disse Sakura e o olhar de Ino se prolongou na barriga ainda pequena de Sakura. O coração de um novo Uchiha batia ali dentro, o que lhe gerou ódio. Podiam passar mil anos e ainda amaldiçoaria Sasuke por suas dores.

— Sakura, não se faça de sonsa. Qualquer mulher na face da Terra adoraria ser rainha. Por que a recusa? Sei da sua história com Sasori.

— Então, também sabe que já se passaram mais de quinze anos e que essa história está esquecida.

— Não vai mesmo abandonar essa vida para se tornar Rainha?

— Não. Ino, não entendo... O que ganha vindo aqui tentar me convencer de largar Sasuke para ficar com Sasori e ser Rainha? Ainda está de olho em meu marido?

A suposição de Sakura fez Ino rir.

— Tão tola... Acha mesmo que eu me abalaria da minha casa até aqui por causa de Sasuke?

— Por que está rindo?

— Por que você é ridícula. E, se quer saber, acho que será uma péssima rainha. No entanto, são ordens do Rei e eu, como súdita, costumo cumprir ordens do meu soberano.

— Diga ao seu Rei que ele pode mandar em Suna, mas não na minha vida.

— Adoraria dizer isso a ele, mas não vai ser necessário...

Ino então abriu sua bolsa com uma seringa. Sakura ficou assustada e tentou correr para a porta da saída, mas Ino bloqueou a porta, agarrou Sakura pelos cabelos e sem pestanejar injetou o liquido na seringa no braço de Sarada.

— O que é isso? – Perguntou Sakura meio grogue.

— Um tranquilizante, porque nós vamos fazer uma viagem. – Disse Ino e segurou o corpo de Skaura que estava ficando mole, a ponto dela desmaiar.

Após ver Sakura apagada, Ino carregou a digital influencer até seu carro com alguma dificuldade. Depois dirigiu por algumas horas até chegar a casa abandonada em que ela tinha prendido Inojin anos atrás. Ainda estava do jeito que ela lembrava. Trancou Sakura no mesmo quarto que Inojin tinha ficado preso. Depois, tentou raciocinar sobre como convenceria Sakura a aceitar por fim em seu casamento com Sasuke.

[...]

Quando Sasuke chegou em casa, estranhou que Sakura nem Sarada estivessem lá. Viu que a esposa tinha deixado o celular em casa, então ligou para Sarada na esperança de que a esposa estivesse com ela. No entanto, Sarada disse que não via a mãe desde a hora do almoço, que foi o momento em que ela deixou a casa para visitar seus avós e depois foi encontrar Chouchou e Obito para irem ao cinema já que eram os últimos dias das férias.  

— Ela não tá mesmo com você, Sarada? – Perguntou Sasuke preocupado.

— Não, não está. Será que ela não tá com os meus avós? Ou com a tia Izumi?

— Eu vou na casa dos seus avós e falar com Itachi e Izumi. Venha para casa! – Ordenou Sasuke.

— Claro papai!

Sasuke saiu de casa correndo para a casa dos pais. Chegando lá, sua mãe lhe disse que não havia visto nem falado com Sakura o dia todo. Ligaram para Itachi e Izumi e nenhum dos dois tinha noitcias da rosada. Sasuke ficou desesperado. Sakura não tinha como ter sumido sem dar noticias. Então, ele percebeu que o sumiço de Sakura estava muito parecido com a maneira como Inojin sumiu. Então, desconfiou de Ino. Quando Sarada chegou, Sasuke dividiu sua desconfiança.

— Sarada, eu acho que sei com quem a Sakura pode estar! – Disse Sasuke nervoso.

— Com quem papai?

— Ino, só pode ser ela! A forma como Sakura sumiu é muito parecida com a forma como Inojin desapareceu. Sumiu sem levar nada, deixou o celular, tinha uma xícara de café na mesa de centro da sala. Tudo parece!

— E por que ela faria isso agora?

— Filha, Ino sempre odiou nossa família! Ela não precisa de muitas razões para fazer mal a qualquer um de nós! – Disse Sasuke.

— Sasori! O rei pode estar envolvido nisso também!

— Precisamos ser rápidos! A vida de Sakura e do bebê está em perigo! – Disse Sasuke.

Sasuke foi até a policia dar queixa do desaprecimento de Sakura e aproveitou para dizer que poderia Ino Sabaku no Akasuna estar por trás disso. Sasuke contou sobre todas as vezes que Ino tentou prejudicar a sua família. Enquanto isso, Sarada ligou para Inojin e pediu ajuda. Perguntou ao menino se ele poderia ter alguma pista. Inojin então disse que pensaria em algo, mas que estava indo para Konoha, pois se tinha alguém que podia impedir sua mãe de fazer alguma bobagem seria ele.

[...]

Ino estava nervosa. Seu plano era arriscado. Tudo ou nada. Se tivesse sorte, teria tudo. Queria ter tudo. Continuar sendo a rica, uma duquesa, a esposa de Gaara, uma Sabaku no Akasuna, era o seu objetivo. Tudo isso estava ameaçado por Sasori, por Sakura e, é claro, Sasuke Uchiha. Sempre ele sendo o motivo de sua desgraça. Ino ligou para Sasori e lhe disse que tinha Sakura em suas mãos. Disse para ele ir até lá buscá-la no endereço que ela passou, disse que teria sua Rainha quando chegasse e Sasori ficou animado.

— Conseguiu a minha rainha? Como a convenceu? – Perguntou surpreso com a rapidez.

— Ainda não a convenci, mas em poucas horas ela estará convencida. Preciso de você aqui para esse glorioso momento.

— Como?

— Vou ameaçá-la como fiz com Inojin. Preparei um chá abortivo. Se ela se recusar a ser rainha, a farei beber e matarei o bebê Uchiha que ela carrega no ventre. Não é brilhante? – Disse Ino e Sasori ficou preocupado.

— Ino, não está indo longe demais?

— Não se preocupe! Estou cumprindo com minha parte no trato, te entregando a sua Rainha...

— Ela tem que estar viva para isso, Ino! Não a mate!

— Fique tranquilo. Só matarei o bebê... quer dizer, só matarei o bebê se ela não topar ser sua rainha, mas, certamente, ela topará. Fique sossegado! – Disse Ino friamente.

— Você é louca! – Disse Sasori.

— Não me diga que se arrependeu Sasori? Pediu uma Rainha, então lhe entregarei o que pediu.

Ino desligou o telefone ao ouvir Sakura bater na porta e gritar por socorro. Ela respirou fundo, fechou os olhos e tentou manter a calma antes de ir falar com a Haruno. Antes de abrir a porta, pegou o chá abortivo e sentiu seu aroma. Sorriu com isso. Até que não seria nada mal matar um bebê Uchiha. Menos um maldito daquela família no mundo.

Ino então usou seu melhor sorriso ao abrir a porta e ver Sakura deitada na cama. A Haruno estava esgotada de tanto chorar e gritar por ajuda.

— Desculpe, Sakura, mas aqui ninguém vai te ouvir. Essa casa tem um ótimo isolamento acústico. – Sorriu Ino.

— Por que fez isso? Por que eu estou aqui?

— Sakura, você não quis ser Rainha, então, eu resolvi te dar uma segunda chance. Pensa melhor... Essa casa é ótima para isso. Inojin também passou um tempo aqui quando sumiu. – Confessou Ino.

— Você é uma bandida! – Acusou Sakura.

— Ei, não. Não sou isso. Eu sou uma duquesa e estou cumprindo ordens do Rei.

— Sasori não é um mosntro como você. Ele não te pediria isso...

— É, ele não me pediu pra te sequestrar, mas ele me pediu pra te convencer. E, como a sua resposta ao pedido educado dele de casamento era não e ele resolveu ameaçar meu casamento com Gaara, resolvi que essa era a maneira mais fácil de quase todo mundo sair feliz no fim da história. – Disse sorrindo.

— Você é louca! Primeiro, vendeu a história de Sarada para a imprensa. Depois, sequestrou o próprio filho e agora essa...

— Sakura, eu só faço o que acho necessário. E, para você não ficar pensando que eu sou tão monstruosa assim, vou te dar o direito de escolher seu futuro...

— Ah é? De que forma?

— É bem simples... Se você aceitar pedir o divórcio de Sasuke para se casar com Sasori, sua família viverá em paz e você será Rainha de Suna. Se não aceitar a minha proposta, eu vou ter que obrigar você a tomar esse chá e sabe qual é o poder dele? De abortar esse lindo bebezinho Uchiha que você carrega com tanto orgulho na barriga! – Disse Ino.

— VOCÊ É LOUCA! SOCORROOOOOOOOOOOOOOOOOO! PELO AMOR DE DEUS, ALGUÉM APARECE???? ALGUÉM ME AJUDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! – Sakura começou a gritar chorando.

— Sakura, não sei pra que tanto escândalo! É tão fácil escolher! É só dizer que aceita Sasori e seu filho vive!

— Eu... Eu aceito. – Disse Sakura baixinho.

— Ótimo! Viu? Não doeu nada!

— Ino, agora me solta! Eu já topei a sua ideia maluca!

— Você acha que é assim? Aí você sai correndo para os braços do Sasuke e me entrega? Nananinanão! Primeiro, tem que esperar Sasori chegar. Vocês vão pra Suna e de lá ele tratará do seu divórcio!

— Você vai fazer comigo como fez com Inojin?

— Uma boa mentira pode se tornar verdade, Sakura! É só plantar uns boatos de que você traía o Sasuke com Sasori, dizer que o filho que está esperando é na verdade dele e aí você ganha uma nova vida em Suna como Rainha. Bem melhor do que ser uma Uchiha né?

[...]

Quando Inojin chegou a Konoha, ele abraçou Sarada com muita força. A menina já estava ao lado de da família e de Boruto na hora que o Yamanaka chegou com o pai, Kiba e Akamaru.

— Tem certeza de que minha mãe está com ela, Sarada? – Perguntou Inojin a Sarada.

— Absoluta. Segundo papai, ela fez igualzinho ao que fez a você.

— Bem, se ela fez igualzinho, então eu acho que sei onde a Sakura pode estar. – Confessou Inojin.

— Então vamos, Inojin! – Disse Sasuke.

— Não temos tempo a perder. – Disse Sarada.

— Vamos com a policia! – Disse Boruto.

— Não é melhor você ficar, Boruto? – Disse Sarada.

— Sarada, eu vou com você! Somos amigos não? – Disse Boruto.

— Obrigada por vir assim que soube que a minha mãe desapareceu. – Agradeceu Sarada.

— Minha família faz parte da sua. – Disse Boruto gentilmente.

Boruto se sentia dessa forma. Desde criança, a família Uchiha era uma extensão da sua. Sasuke era seu padrinho de batismo, então o via como um segundo pai. Se a esposa dele com o bebê que esperava estava correndo risco, ele gostaria de estar lá dando força a Sarada e a Sasuke.

Enquanto isso, Inojin estava ali por sua mãe. Temia por ela, por sua sanidade. Às vezes, se questionara se sua mãe era realmente um monstro. Se culpou quando Sarada disse que a mãe dela e o irmão corriam risco de vida. Se ele tivesse denunciado Ino por seu sequestro, não estariam passando por isso... Aliás, por qual razão sua mãe faria tal ato de monstruosidade? Seria vingança mais uma vez?