Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 41
Capítulo 40 — O jardim de Astoria.


Notas iniciais do capítulo

E então, depois de anos, eu ressurgi das cinzas para anunciar: Aprendendo a Mentir VAI TER FIM SIM! Nem que eu termine na força do ódio! kkkkkkk. Eu amo vocês, boa leitura!



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Capítulo 40:

O jardim de Astoria.

Scorpius

 

Atchim.

Rinite. Como poderia Astoria Malfoy ser tão sádica a ponto de fazer seu único filho, um garoto atacado por alergias, tomar de conta de um jardim?

"É bom para o caráter dele cuidar de coisas vivas" foi o que disse para o marido quando entregou pela primeira vez uma pá e uma tesoura ao garoto de oito anos.

Quem em sã consciência dá uma tesoura para uma criança?!

Scorpius chegou em casa para o Natal com um péssimo humor. A mãe o abraçou apertado, cuidadosa como sempre era quando ia buscá-lo em Kings Cross. O pai não foi por conta do trabalho, mas encontrou os dois em casa para o jantar. Encheram Scorpius de perguntas sobre como havia sido o semestre, sobre as provas e como estava seu braço.

— Isso me lembra uma coisa — falou Astoria enquanto servia o prato do filho — está de castigo.

— Castigo?!

— Recebemos cartas de McGonagall. Você anda rebelde demais para o meu gosto. — Ela balançou a cabeça e colocou ainda mais comida. O prato estava transbordando. — Pegadinhas na aula do Professor Lupin, brigas com garotos mais velhos, briga com Albus Potter, andar no meio da escola à noite...

Draco ergueu a mão para interromper a esposa, mas acabou recebendo um olhar mortal dela, ainda armada com a concha que servia Scorpius.

— Em defesa de Scorpius, se ele não estivesse andando pela escola, não teria encontrado a filha dos Potter.

Scorp sentiu o rosto formigar em pânico.

— A Diretora mandou tudo isso em cartas? — O que ele realmente queria perguntar era: o que mais ela contou?

— Edward mandou algumas também. Ele estava preocupado com você desde sua confusão com uma das meninas Weasley na aula dele.

A expressão dele se fechou, e algo dentro de si disse que seu pai prestou atenção naquilo.

— Nós brigamos. Somos inimigos, sempre fomos.

Lentamente, olhou para a quantidade de comida que a mãe colocou no prato. Era uma péssima cozinheira, mas ainda assim se esforçava. E quando ela o enchia de comida queria dizer uma coisa: estava preocupada.

— Scorpius...

— Bom! — Ele ergueu o rosto e pegou uma colherada do engodo, sorrindo para os pais. — Em minha defesa também, minhas notas continuam boas. Se eu disser que dei aulas para o pessoal do quinto ano como reforço para os NOMs, estou liberado do castigo?

— Não — soaram Astoria e Draco em uníssono, nenhum dos dois rindo.

Porcaria de castigo. Porcaria de jardim. Ele não causou as brigas, elas que vieram na sua direção!

Talvez ele tenha mesmo puxado a briga com James Sirius quando disse “já acabou, James?”. Talvez também tenha causado a briga com Albus que fez os dois passarem quase duas semanas sem se falar. Era capaz também de ter sido sua culpa o bate boca com Jasper Wood. Mas ele estava com mais confiança que nunca de que era também vítima ali. 

Odiava com todas as forças Rose Granger-Weasley, então iria culpá-la por tudo de errado que aconteceu naquele semestre e não lhe dar nenhum crédito pelas coisas boas!

— Porcaria de jardim — murmurou sozinho enquanto aparava alguns galhos com a tesoura, pendurado numa escada alta e vestido um maldito avental de babados cor de rosa da sua mãe. — Porcaria de recesso. Porcaria de árvore. Porcaria de Rose…

— Espero que esteja falando da roseira.

Estava com tanta raiva que até escutava a voz da maldita! Ficou louco de vez e…

Scorpius parou o corte de um galho na metade, sentindo o sangue desaparecer de seu rosto. Aquilo não foi nenhum surto de psicose com alucinação auditiva. Não. O rosto virou lentamente para trás, e os cabelos dela se destacaram feito o sol no meio do verde do jardim. Lá estava Rose Weasley, em pé de braços cruzados a encará-lo.

— Não vai descer da escada para falar comigo? — disse ela com um erguer de sobrancelhas desafiador.

Ele até desceria da escada… se não tivesse perdido completamente as forças das pernas. Pior, perdeu o equilíbrio e caiu para trás com as costas direto ao chão!

— Scorpius!

O corpo dele despencou feito um tronco cortado junto à escada. O barulho foi alto, e o baque na grama pior aos seus pobres ossos. Ela iria matá-lo ainda! Só se deu conta de que a alma não estava fora do corpo quando abriu os olhos e viu o teto de vidro sobre si. Então, sentiu a mão dela tocar seu braço. A mão de Rose.

Rose…

Virou o rosto, e ali estava ela falando algo sem que Scorpius pudesse compreender. Todo som estava abafado, o mundo silencioso. Rose falava e falava, era o que mais sabia fazer. Falava, mas nunca dizia nada realmente importante.

Seu peito apertou, e ele segurou a mão dela.

— Rose, o que está fazendo aqui?

Os olhos se encontraram. Os dela, castanhos e tempestuosos. Os dele, azuis e perdidos. O que Scorp realmente odiava era gostar daquela maldita garota tanto assim, o suficiente para doer encará-la. O suficiente para estar ansioso. O suficiente para estar até um pouco feliz em vê-la, mas jamais para admitir.

— Não é óbvio? — Ela sorriu e apertou a mão de Scorpius. — Eu vim te reconquistar.

Como se tivesse sido pego por uma corrente elétrica, o Malfoy soltou o toque e se arrastou para trás desesperadamente em mais de dois metros, distanciando-se dela às pressas! Rose franziu a testa, parada ainda, enquanto fitavam um ao outro.

— Tá me zoando?! — falou alto demais e pigarreou. — Ficou maluca de vez?

— E eu tenho cara de quem perde tempo zoando as pessoas? Isso é coisa de Albus. — Lentamente, a moça se ergueu, oferecendo o braço para ajudá-lo a fazer o mesmo. — Está inteiro? Quebrou algo?

Era bizarro como a imaginação funcionava. No tempo em que esteve em casa, desde que retornou para os feriados, Scorpius tinha imaginado dezenas de cenários onde Rose pediria desculpas. Pensou que voltariam a Hogwarts e ela iria encurralar os dois até forçá-lo a perdoá-la. Imaginou que voltariam a se falar apenas na formatura, quando ela anunciasse que ia se casar com Jasper Wood dali duas semanas, e ele estava convidado. No pior cenário, ela seria sem noção o suficiente para chamá-lo para ser padrinho do primeiro filho dos Weasley-Wood. E Scorpius, bobo como era, aceitaria. Daria ótimos livros de presente até…

Precisou pestanejar e sacudir a cabeça para se livrar daqueles pensamentos.

— Você é sem noção — resmungou Scorpius, levantando-se sem usar a ajuda dela. Seria a última coisa que faria! — Não pode simplesmente invadir a minha casa dessa forma sem ser convidada.

— É um pouco tarde demais para me dizer o que posso ou não posso fazer. Até porque… Eu já estou aqui.

— Eu sei! Esse é o problema, Rose! — Maluca! Era uma louca que achava que o mundo girava ao redor do seu umbigo grifinório!

Mas ela sorriu marota, erguendo as sobrancelhas.

— Correção: essa é minha tentativa de solução.

— Pedante! Acha que só porque tem um ego inabalável não pode ser atingida pelas consequências das suas ações?

Ela não fazia ideia de como era o ego dele que estava abalado. Mas Rose não vacilava, e Scorpius não sabia se isso era o que mais o irritava ou atraía nela.

— Eu aceito as consequências, o que eu não aceito é você não me escutar — falou lentamente, sendo clara ao pronunciar cada palavra. Aquilo arrepiou Scorpius. Ele não seria manipulado assim!

— Me diga, se fosse a situação contrária, você me escutaria?

— A Rose de seis meses atrás? Jamais. — Então, o sorriso se delineou longamente naqueles lábios malditos. — A Rose depois de se tornar sua amiga e criar paz consigo mesma e perceber o que sente por você? Essa ao menos se esforçaria. Por você. Porque é você, Scorpius.

Ele ficou vermelho. Todos os pensamentos que acumulava em horas e dias até ali pareceram fugir por um ralo escondido na mente. Se pedissem para dizer seu próprio nome ali, certamente esqueceria que era Malfoy. 

— Não pode me dizer essas coisas — murmurou, pasmo.

— Se você acha que eu já disse tudo o que queria, está redondamente enganado, como o garoto idiota que eu sei que você é.

— Quer parar de me xingar enquanto tenta pedir desculpas? — Balançou a cabeça, já perdendo o fio da meada e começando a rir sem crença alguma no que estava ouvindo. — Não existe nada mais você que isso…

Mas bastou ele começar a rir que o sorriso de Rose Granger-Weasley começou a murchar.

— Eu tinha esperança de que você visse que existe sim.

Os olhos se encontraram, silenciosos finalmente. Scorpius não sabia sequer definir qual era a sensação em seu peito. Respirar era dolorido. Ouvir aquilo era esperançoso. Rose tinha os olhos vibrantes em seu castanho maldoso, era hipnotizante em toda a raiva e ressentimento que refletia no espírito dele.

Queria esganá-la. Queria perdoá-la. Queria beijá-la.

— O que houve naquela noite? Eu achei que estávamos tendo… um momento.

— Estávamos. — A resposta dela foi rápida, assertiva num balançar de cabeça ligeiro. — Acredite, aquilo foi mais que um momento. Por Dumbledore, eu não viria aqui pedir desculpas por aquela noite se não pensasse em você dia e noite depois do que houve.

Rose se aproximou um pouco mais, umedecendo os lábios e respirando fundo. Scorpius já não sentia os espinhos, seria impossível se afastar outra vez.

— O que houve para você não voltar? 

— Foi um erro. — A Weasley olhou para baixo um instante, antes de encará-lo novamente. Rose era fogo e queimava bem ali, na sua frente, próxima demais para deixar marcas na pele e no peito de Scorpius. — Foram minhas dúvidas falando mais alto do que eu fui capaz de mandá-las calarem a boca. Se pudesse mudar o passado, eu sequer teria ido.

Dúvidas… Parte de Scorpius se assustava com aquilo porque para ele havia certezas demais da sua parte e dúvidas demais por parte dela. Ao mesmo tempo, parte o corroía no peito por um instante: havia pedido demais dela? Quem estava se declarando era ele. Não ela. Quem estava pedindo por algo era ele. Não podia exigir nada dela.

— Eu… — murmurou, baixando os olhos por dois segundos antes de erguê-los novamente. — Queria que tivesse voltado. Achei que voltaria para dizer que queria ficar comigo. Não achei que me trocaria pelo Jasper.

— Calma lá! — Rose exclamou alto e deu um passo para perto dele, erguendo as mãos próximas ao rosto. — Eu não troquei! Você é você, já falei que o que me fez não voltar foi um erro meu por coisas minhas, nada a ver com o Jasper!

— Entenda, foi isso que pareceu.

Ela começou a estalar a língua várias e várias vezes, negando com a cabeça.

— Não aprendeu nada nesses últimos meses sobre nós dois? Não podemos tirar conclusões precipitadas, as coisas não são o que parecem na maioria das vezes, Scorpius.

Eram esses argumentos que o irritavam. Eles sempre apareciam para que ela soasse mais correta. Com aquela cara lavada, olhos enormes e espírito cruel, acabava estando correta.

Mas, dessa vez, Scorpius pressionou os olhos e abaixou o rosto para se aproximar dela. Ficou junto demais. Se fosse em outra situação, estaria se aproximando assim por um motivo mais quente, mais forte.

— Então me explica, palavra por palavra, o que aconteceu? Está vindo aqui por pena?

O problema era que Rose conseguia ser pior que Malfoy. Tão pior, que se aproximou mais, desafiadora como sempre, erguendo o rosto ainda mais próxima a ele e prendendo a visão na sua. Não havia nada além dos olhos deles ali.

— É isso que meu olhar te diz? Que foi por pena?

— Não me jogue perguntas de volta, Weasley.

Ela segurou na camisa dele. Não desprendeu a atenção nem saiu de perto.

— Não me chame de Weasley — resmungou num sussurro. Os olhos castanhos desceram à boca de Scorpius, e ele engoliu a seco antes que voltassem a subir. — Contei a Jasper sobre nós dois, sobre você e eu. Disse o que houve e o que há. Ele não respondeu nada bem a isso.

As mãos apertaram um pouco mais na camisa de Scorpius. Por um momento, teve a sensação de que Rose estava perdida em seus próprios pensamentos. Abriu e fechou a boca mais de duas vezes, como se quisesse falar mais do que estava à sua disposição nas palavras. E, ainda assim, havia aquela sinceridade bruta em cada sílaba soletrada.

Scorpius não resistiu a encarar os lábios dela também. Isso o deixava revoltado porque, lentamente, estava esquecendo o tempo que ficou esperando no corredor da escola.

— Mas foi você quem não voltou — falou como se toda aquela dor do dia saísse por essas palavras, uma após a outra. — Foi por minha causa, Rose?

No final, era isso que tinha medo. Que fosse por conta dele. Que houvesse algo tão errado com ele, Scorpius Malfoy, o garoto sem graça, sem confiança, sem noção e sem juízo, que a fizesse desistir depois de um problema. Nem mesmo percebeu que sua própria mão suava, que mordia o interior da boca e que alternava seu peso entre as pernas. Estava nervoso porque, finalmente, teria a dúvida sanada.

— Foi por minha causa, Scorpius. — Devagar, ela se aproximou um pouco mais e deixou que as testas encostassem uma na outra, fechando os olhos e respirando fundo. Scorpius fez o mesmo. Sentia o cheiro dela mais forte, e o seu calor abrasador era capaz de incendiar. — Foram as minhas inseguranças comigo mesma, e eu… Sinto muito. Sinto muito mesmo. Porque eu deveria ter voltado. Eu queria, sabe? E hoje eu estou aqui para te dizer…

Parou um instante e se afastou apenas para que pudessem olhar novamente um para o outro.

— Para dizer…

Rose piscou algumas vezes e sorriu sem mostrar os dentes.

Isso. Isso que eu já disse. — Ela balançou a cabeça rapidamente, soltando a camisa de Scorpius e passando as mãos no peito dele como se fosse desamassar o que já era. E depois de muito tentar, parou. Fitou Scorpius e disse: — Eu gosto de você. E eu quero que você veja isso. Porque eu sinceramente acho que nós dois somos especiais um para o outro. Mais que isso, nós nos tornamos especiais. Durante meses, durante problemas, durante gritos e durante beijos.

Scorpius soltou um meio riso e levantou a mão para segurar as delas em seu peito.

— Acho que essa é a primeira vez que você é tão gentil. Que bicho te picou nesse jardim?

— Idiota, desse jeito eu arranco sua língua fora e a única coisa que vai saber dizer é “eo ogueio a wose weasey” — brigou, sorrindo. Pronto, ali estava Rose Weasley: ofendendo quem podia como podia e usando violência. Mas as mãos dos dois não se soltaram. — Quer ir para o Natal lá nA Toca?

Ok. Por aquilo, ele definitivamente não esperava.

— Eihn?

— Toca. Casa da vovó Weasley. É lá que a gente passa todos os Natais e… Eu achei que o Albus tinha te contado já essa informação importante. Cara lerdo… — Rose revirou os olhos, afastando-se um pouco enquanto balançava a cabeça negativamente. — Foi ideia da minha tia, tia Ginny. Ou do tio Harry, eu já não faço mais ideia de quem começou com o movimento “Vamos manter Scorpius Malfoy perto de Lily Luna” — disse ela, fazendo aspas com os dedos enquanto bufava. — Mas de repente parece que você é mais que bem-vindo no Natal da minha família. Albus vinha aqui te convidar, e eu quis aproveitar a oportunidade para conversarmos. Fora que eu queria chamá-lo, não queria que fosse minha prima fazendo isso. Convenhamos, nunca deveria ser sobre você e ela, certo?

Scorpius franziu a testa, refazendo tudo aquilo passo a passo na sua cabeça até entender.

— Certo. Passar algo do Natal com os Weasley-Potter. E… quanto a isso aqui? — Apontou para o espaço entre os dois. — Quer que seja você me convidando, não Lily. O que quer dizer sobre nós dois lá?

— Eu quero conversar com meus pais antes — explicou com calma, fazendo-o assentir com a cabeça. — Dizer a eles o que está acontecendo. Quero passar a noite ao seu lado. Quero…

Rose fez uma pausa. Scorpius esperou. Scorpius sempre esperava.

— Quer…

— Quero beijar você.

Os olhares dos dois se cruzaram como se uma flecha passasse com toda a força. Foi um raio. Foi um trovão. E o peito dele retumbou talvez alto demais, o suficiente para que ela escutasse e reagisse. 

Rose foi sempre certa de suas opiniões. Ainda que estivesse errada, defenderia a si mesma com unhas e dentes apenas para não admitir que estaria errada. Quando ela disse aquilo, ficou na ponta dos pés e segurou o rosto de Scorpius, aproximando-se o suficiente para que seus lábios encontrassem calmamente os dele. De olhos fechados, de peito aberto. Ela o beijou, e Scorpius a segurou em sua cintura como um reflexo há muito aguardado. Fechou os olhos e suspirou enquanto o calor se alastrava de um beijo até o restante do corpo. Foi calmo, foi longo, foi um sentimento muito maior do que aquilo que ele já havia admitido em voz alta.

Quando ela lentamente separou o rosto, Scorpius se aproximou outra vez e segurou o beijo lento. Pelas barbas de Merlin, poderia ficar uma eternidade com ela. Ficaram tempo demais, e os lábios se separaram apenas para que eles tivessem os olhos presos um ao outro.

— Eu vou — sussurrou Scorpius Malfoy, hipnotizado pelo castanho nas orbes dela. Rose sorriu infinitamente. Scorpius sorriu em reflexo. — Isso aqui é bom.

— É água e fogo, não é? — Ela deu um risinho e assentiu. — Ah, Scorp, eu…

— EU ESTOU ENTRANDO! — A voz de Albus ecoou ao longe no jardim, fazendo com que Scorpius desse um passo para trás no impulso. Rose, no entanto, ficou parada, virando apenas o rosto na direção que a voz vinha. — MALFOY! Quer dizer, Malfoy Júnior. Malfoy filho? SCORPI- Ah, vocês estão aí.

Albus apareceu com seu sorriso idiota e grande ao virar um carvalho do jardim, acenando antes de realmente deixar o corpo se mover.

— Ele vai para o Natal. — Rose foi direta, fazendo com que Albus erguesse as mãos em comemoração. — Sem gritos. Sem caos. Sem desespero. Por Dumbledore, você não sabe ser discreto?

— Onde está aquela Rose gentil e humilde me pedindo para trazê-la aqui? Ain, Albus, por favor me deixe falar com ele — chiou o rapaz Potter afinando a voz enquanto se aproximava.

— Da próxima vez que quiser aparecer aqui, não precisa vir por ele, sabe? — Scorp sorriu para a ruiva, e o reflexo de Albus foi revirar os olhos.

Rose assentiu com uma curva feliz em seus lábios. Os mesmos lábios que ele beijou e que beijaria novamente.

— Avise ao Sr. Hollis do quadro, prometo que não será a última vez que ele me verá aqui. Mas nós dois nos vemos no Natal — disse ela por fim, virando-se para Albus. — Albus, dê meia volta. Tenho muito o que fazer e você já está me atrapalhando.

— Eu?! — Ele engasgou enquanto Rose passava na sua frente. — Mas eu que vim chamar essa louca! 

Scorpius riu e deu de ombros. Essa garota ia deixá-los malucos. Com ela andando daquela maneira, era difícil até mesmo pensar no momento que andou para longe naquele corredor. Sentia verdade em Rose. Eles não mentiam mais da mesma forma, ao menos não um para o outro. O que houve com Jasper Wood ficou no passado.

 Ele observava calmo a cena dos dois indo embora quando percebeu que não se dirigiam à saída, mas na direção da cozinha da senhora sua mãe. Foi como se trovões soassem imediatamente, assustando-o de uma vez ao correr na direção do que seria um possível desastre! Quão surpreendente foi descobrir que não apenas sua mãe havia conhecido Rose Weasley quanto seu pai também. E lá estava ele, Scorpius Hyperon Malfoy, observando ao passo que Astoria sorria ardilosamente ao falar:

— Volte mais vezes, Albus! — E ainda por cima entregava embrulhos de doces nas mãos dele e de Rose. — E não deixe a falta de convites do Scorp te intimidar ou a qualquer um de seus amigos. A dona da casa sou eu.

— De fato, é ela — murmurou Draco Malfoy com uma risada.

— Dê um pedaço generoso à sua mãe, Rose. E diga a ela que em breve trarei ao Ministério novos sabores de bolos solados — completou a Sra. Malfoy com uma piscadela para a ruiva. O rosto de Scorpius acendeu em brasa.

— Lembrarei de cada palavra, mas omitirei a palavra “solados” para nossa segurança — respondeu ela, fazendo com que ambos os pais de Scorpius rissem.

Rose e Albus acenaram antes de serem consumidos pela chama do Flu, deixando os três Malfoys na sala sozinhos com o retorno do silêncio da casa.

— Essa menina Rose é muito bonitinha — disse Astoria para o marido. — Ela se parece mesmo com a Hermione, tem a língua maior que a boca.

— Mas bem mais com o pai dela. — Draco franziu as sobrancelhas.

— Parece que tem aquela coisa que todos os Weasleys têm no rosto, sabe?

Rapidamente, Scorpius olhou para o pai com dúvida no semblante.

— Sardas? — disse, e os pais o encararam. — Digo, são as sardas que os Weasleys têm?

Draco nada disse. Na verdade, quem respondeu foi Astoria Malfoy, sorrindo.

Fogo, querido. Todos têm fogo nos olhos… — Ela pegou a tesoura de jardim presa no avental de Scorpius e entregou às suas mãos. — Mas então, de volta ao trabalho, certo? Quero meu jardim perfeito para o Natal!

— Com toda essa animação, nem parece que vai receber a sogra — riu Draco Malfoy, acompanhado de uma careta de Astoria.

Os dois seguiram caminho para o resto dos aposentos da casa, deixando o filho sorrindo que nem idiota sozinho. Ele odiava aquele jardim... Mas talvez, só talvez, nem tanto assim.

Rose era mesmo fogo. E se ele ia entrar no covil dos Weasleys, era melhor aprender a dançar mas chamas para não se queimar.


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Notas finais do capítulo

Então, é isto! Eu voltei! Com um pouco de cara de pau? Sim, mas voltei hahahah. Nossa, anos se passaram, não foi? Uma pandemia no meio de tudo, uma autora terminando a faculdade, criando um pouco de caos na vida em OFF, mas retornando com a criatividade para terminar o que foi iniciado há muito tempo. Aquela chama de amor por AaM foi reacendida, e eu desejo mais que nunca terminar essa história que me dá tanto prazer de escrever! Espero que vocês ainda estejam por aí para acompanhar esse último ato que logo tem início. Mas ahhhh, acham que vem só coisa boa por aí? hihihihi. Rose não contou do beijo para o Scorpius, não é? QUE COISA!
Vejo vocês no próximo capítulo!



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