Love is Easy escrita por Marina Lupin, The Marauders


Capítulo 2
Sobre ser acordado, despedidas e não estar sozinho.


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu *-* Gostaria de agradecer a todos que comentaram e favoritaram a fic, eu gostei muito de saber que vocês curtiram a ideia.
Talvez esse cap não tenha muito romance, mas espero que vocês gostem.



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Era um clichê, mas Nico não sabia o quanto estava cansado até estar deitado em um leito de ambulatório com apenas o som de passos ao seu redor. Havia muita luz no ambulatório improvisado criado pelo Chalé de Apolo após a guerra, e quem sabe o Chalé 13 tivesse menos barulho, mas deitado ali naquele leito branco com um teto de lona amarela na cabeça, Nico adormeceu em pouco tempo. Talvez fosse só a poção de Will.

O garoto acordou com uma cabeleira loira em cima de si, e uma mão morna em sua testa, afastando os cabelos de sua testa - que talvez estivessem compridos demais, não se lembrava da última vez que tinha cortado.

Por um reflexo agarrou o pulso da mão desconhecida e afastou de seu rosto.

— Wow, wow campeão! — riu Will. — Sou só eu.

"Só eu", aparentemente já era alguém. A partir do momento que registrou que a pessoa perto dele era Will, todo o corpo de Nico relaxou. A sensação absurda de familiaridade o fez se sentir estranho. Como se não tivesse problema em ser tocado afinal, se a pessoa fosse Will. Uma parte de si registrou isso tudo, e que ainda segurava o pulso do filho de Apolo. A outra parte estava meio embasbacada. O garoto estava sobre si, em um mar de fios loiros e olhos azuis, contra o sol e isso era tudo que Nico podia ver. Will parecia ter uma áurea quase divina. O que era irônico e enervante.

— Desculpe — começou Di Ângelo, sentando-se com cuidado. Segurando o pulso, ainda muito perto de Will. — foi reflexo.

— O Acampamento Júpiter já está saindo. Achei que você ia querer se despedir. — explicou Will, de olho nas mãos dos dois. Como se testando, virou o pulso no aperto de Nico e escorregou a mão até estar na do outro. Uma corrente elétrica foi perpassando entre os dois, assim como alguns arrepios. Não era uma sensação ruim, Nico sabia, e o nervosismo não era novo pra ele, gostar de alguém. Mas esses toques deliberados eram mais sensações, correntes elétricas e arrepios, que um nervosismo de embrulhar o estômago e causar vertigem.  Isso era bom, e novo. Novo demais.

— Oh, sim. — tirou a mão da do outro em um puxão rápido, enquanto tomava alguma distância na cama. — Obrigado. — acrescentou em um tom mais amável.

Will não pareceu ter se importado, sorriu para ele, e quando ia abrir a boca para dizer alguma coisa, Miranda Gardiner entrou no ambulatório.

— Os romanos precisam de mais suprimentos para os que ainda estão feridos, Will. — comunicou ela ofegante.

— Os romanos — começou o menino num tom bem zangado. — precisavam esperar seus campistas se recuperarem antes de tentar atravessar o país!

Lançou um olhar pra Nico, como se estivessem minutos antes falando sobre isso e Nico tivesse concordado veemente, depois rolou os olhos e foi tratar de arrumar os tais suprimentos.

Lá fora, perto de onde os Suvs estavam quase completos, Nico avistou uma mão se erguendo e balançando para ele, e foi em direção a ela.

— Me escreva. — pediu Hazel assim que ele se aproximou, puxando-o para um abraço.

— E apareça. — completou Reyna, abraçando-o logo em seguida. — Pode contar comigo para o que for.

— Pode contar com todos nós. — acrescentou Frank, apertando o ombro do garoto, em um gesto amigo.

— Eu sei. Obrigado, de verdade. — e ele sabia, sabia que podia contar com eles pro que desse e viesse.

Jason e Piper sorriam ao seu lado, mas Annabeth e Percy estavam mais distantes, uma mala a seus pés e agora Nico notava também, suas mochilas estavam nas costas.

— Decidiram pegar uma carona? — perguntou o filho de Hades.

— Poupar recursos é o dever de todos. — brincou Annabeth, mas parecia meio desligada.

— Eu preciso ir pra casa, cara. — explicou Percy, meio sem jeito, coçando a nuca e olhando algo muito interessante nos próprios pés. — Tem sido um longo tempo desde que eu vi minha mãe, e só conversei com ela por Íris, até agora. Ela está bem chateada. E meu padrasto ainda disse que ela anda tendo essas crises de enjoo e tonturas, eu preciso voltar.

Nico reparou Annabeth revirando os olhos a menção da “doença” da mãe de Percy.

— Além do mais, parece que eu perdi umas coisinhas nesse tempo.

— Coisinhas? Quase todo o seu segundo ano escolar. — resmungou a namorada dele. — Você precisa estudar se quisermos ir juntos para a faculdade.

— Viu, e nós ainda temos que...

— Está tudo bem, Percy. — cortou Nico, prevendo a enxurrada de explicações. Percy e Annabeth pareciam estar se sentindo culpados por deixar o Acampamento, dava pra dizer pela forma como olhavam de tempos em tempos ao redor, ou como Annabeth parecia estar com um olhar fixo no pinheiro momentos antes. Se um lugar é sua casa por tanto tempo, como o Acampamento Meio-Sangue era para aqueles dois, deixa-lo em busca de outra coisa soava um pouco como traição, um sentimento que Jason parecia compartilhar em relação a deixar o Acampamento Júpiter. — Vocês dois deram a esse lugar mais do que ele poderia pedir.

       — Nico tem razão. — concordou Jason. — Quíron disse a vocês que está tudo bem, nós damos conta de tudo.

       Hera tinha feito mais do previra, Nico pensou. Ao mandar Jason para o Acampamento Meio-Sangue, havia feito com que o garoto criasse raízes mais profundas aqui do que lá, Jason não deixaria Piper e nem desistiria de Léo. Agora tinha Nico também, o que era uma agradável surpresa. E ao mandar Percy para o Acampamento Júpiter, lhe dera uma coisa que provavelmente não teria em outro lugar, paz para construir um futuro ao lado de Annabeth.

       — Nós não estamos dizendo adeus. — disse a loira, com os olhos perigosamente úmidos. Ninguém sentia vontade de chorar, todos haviam tido sua cota de lágrimas desde a morte de Léo.

       — Não, bons amigos são difíceis de achar. — acrescentou Reyna, e em um tumulto alegre, levados por Piper, eles deram um abraço em grupo. Nico iria desistir uma hora, ninguém se importava mais com a regra do “não tocar”. Ele não parecia arrasado com isso.

       — Nico — chamou Percy quando terminaram e a roda se desfez em conversas paralelas. — você pode me chamar se precisar, ok?

       Se aquela era a forma de Percy dizer que estava tudo bem entre eles desde a confissão que fizera, Nico que não ia exigir uma longa conversa sobre o assunto. Os dois já haviam passado por coisas demais juntos, em algum momento Percy devia ter sentido ódio, raiva, instinto de proteção, pena de Nico, assim como os sentimentos do garoto por ele haviam sido conflitantes. Mas agora tudo o que parecia restar era uma boa amizade.

       Aos poucos terminaram as despedidas e os cinco entraram nos automóveis.

       Jason tinha um braço em volta da cintura de Piper e o outro nos ombros de Nico, enquanto observavam os carros se distanciarem.

       Eles também vão uma hora, pensou o garoto. Piper iria gostar de ver o pai, e sem dúvida estariam a procura de Léo enquanto pudessem. E então Nico estaria sozinho, mais uma vez. Só que agora não se sentiu triste, solitário. Sabia que eles estariam a distância de uma mensagem de Íris, não que quisesse atrapalhar a vida dos amigos, mas era bom saber que podia contar com eles.

       Enquanto ia descendo para os chalés, viu Will sentado na varanda do chalé 7. O garoto sorriu e acenou para Nico, que viu seu rosto sorrir de volta sem sua permissão.

       Era um pensamento insano, mas talvez houvessem outros motivos para Nico não se sentir sozinho.


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Notas finais do capítulo

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