L Lawliet

Após contar o que havia presenciado para Ryuku e Misa, Raito espera alguma resposta do shinigami.

- Então por isso não consegui ler o nome dela... Life Note...

- O que sabe sobre esse caderno?

- Nada. Eu não fazia ideia que existia, pra ser sincero.

- Você vai ter que renunciar o Death Note?

- Eu tenho três dias pra fazer isso.

Raito se levanta bruscamente e vai para o notebook, pesquisando sobre o Life Note. Não há resultados.

Outra mensagem chega, dessa vez não era anônima. Flandres a havia enviado. E dizia: "Agora você sabe da minha existência, do meu trabalho. Não eram os planos pra agora, mas podemos adiantar as coisas. Tem uma pessoa que quer te ver. Esteja sozinho em casa amanhã às 16:00. Sem mais". O link para responder dava erro.

Quando ele desliga o notebook, segue para a sala, sentando-se no sofá e ligando a televisão. Misa aparece pra ele, num vestido preto e curto.

- Raito-kun, eu sinto você muito distante de mim. Depois da morte de L, nada foi o mesmo.

- Eu sei.

- Por favor, pare de besteiras... Eu quero que você acorde novamente, que você reine.

- Tudo se resolverá amanhã. - Disse, com convicção.

- Você quer beber alguma coisa?

- Não. Obrigado.

- Comer? Doces?

- Não quero nada, estou bem assim.

Misa se senta ao lado dele, sorrindo. Faz um carinho em seus cabelos e murmura algo. As horas passam lentamente, como se pirraçassem Raito. Na manhã do dia seguinte, ele anuncia que quer o apartamento somente pra ele às 15:40, para não haver atrasos.

- Mas por que isso, Yagami-san?

- Eu quero. E só. Vão passear, tirem o dia de folga.

Não havia como discutir. Até Ryuku fora expulso. Na hora combinada, o apartamento estava vazio, silencioso. Raito se senta, triunfante.

- Agora é só esperar.

Ele olha para o pulso, contemplando os minutos de seu relógio. Lembra então que havia um fragmento do Death Note ali dentro, mas não faz nada a respeito. Ele não precisaria. 16:00. Eis que a hora mais esperada por kira chega. A pontualidade da tal pessoa era supreendente, já que segundos após chegada a hora, a campainha toca.

Raito sente as pernas fraquejarem, as mãos suadas tremiam. Se fosse L Lawliet, era capaz dele próprio morrer de ataque cardíaco.

- Já vai.

Ele caminha como pode e então segura com força a maçaneta, escorregando-a lentamente para a lateral e girando, abrindo a porta.

- Raito.

Os olhos do kira se abrem, numa mistura de pânico, surpresa e êxtase. Ele jurou naquele segundo que se fosse alucinação, daria um fim a sua vida. Calça jeans, blusa branca. Não usava sapatos. Olheiras. Era indubitavelmente L Lawliet. O detetive entra no apartamento, fechando a porta.

- L! L! - Raito engasga, ajoelhando-se.

- Yagami-san, você está bem?

- Eu... Ah, meu Deus, como eu sonhei com esse momento! Dizer algo que não disse antes!

- Raito, eu...

- L, ME PERDOE. - E então kira se agarra às pernas de L, que se assusta. - Eu fui um idiota todo esse tempo. Eu nunca notei que...

- Que...?

- Que eu amo você. E sempre amei.

- Levante, Raito-kun.

L o ajuda a levantar, segurando em sua mão trêmula. E em seguida, sem explicações, sem palavras, sem expressões, ele beija Yagami Raito. Para ambos, aquele era o momento mais feliz que já tiveram. L sussurra pra Raito em meio a carinhos, "eu também te amo". Raito tinha milhões de perguntas a fazer, assim como L, mas não iriam perder tempo com formalidades. O amor que nunca admitiam ter agora explodia descontroladamente.

- Tenho que te perguntar uma coisa... - O detetive se senta no sofá com o outro.

- Pois não? - Raito não conseguia tirar seus olhos de L.

- Você foi kira todo esse tempo que estive fora?

- Não... Estava deprimido demais pra isso. Misa cuidou de tudo. - Ele olha pra cima e em seguida volta a observar o detetive. - Você sabe que sou kira, não é? O que fará agora?

- Nada. Você não será mais. Flandres-san me contou que você tocou o Life Note. Ou você morre, ou deixa de ser kira.

- Se eu deixar o Death Note, ainda terei você?

- Raito-kun, você sempre me terá ao seu lado enquanto quiser. Mas precisará fazer uma escolha...