Entra en mi vida escrita por Reê
POV Bella
Correr.
Era boa a sensação de me distância daquela casa, de minha tia e de tudo.
O ar estava começando a ficar escasso, mas não me importei. Nada mais importava. A culpa, minha fiel companheira prosseguia me perseguindo bem como as lembranças.
...
Sequei as lágrimas e corri pra cama escondendo o porta retrato debaixo do travesseiro assim que ouvi seus passos se aproximando.
— Meu amor, você terminou seu dever? — perguntou papai ao irromper pela porta de meu quarto. — Se sim olha o que o papai te trouxe, como não comeu muito na mesa de trouxe alguns biscoitos e seu copo de leite quentinho.
Sua voz morreu no silêncio e ele acabou colocando a bandeja por sobre a cômoda.
— O que você tem meu amor? O que houve? Por que está chorando de novo?
— Na...da! — respondi entre soluços.
— Mas essas lágrimas e essa carinha tristinha não estariam aí se não fossem por nada Bells! Vamos, me conte… o que você tem meu coração? O que aconteceu… conta pro seu pai! — pediu ao se aproximar sentando na beirada de minha cama.
— Quando a mamãe vai voltar papai? — perguntei me sentando de frente a ele.
Seu silêncio perdurou por um tempo.
— Bella já conversamos sobre e pensei que já havia compreendido que…
— Papai é que quero muito que ela venha pro meu aniversário, porque sem ela não será o mesmo… — confessei expondo a imensa saudade que sentia.— Por que ela se foi papai? Foi por minha culpa?
— Não Bella, claro que não foi por sua culpa! — afirmou papai com o cenho franzido. — Já te disse filha, a mamãe está no... céu agora.
— Você me disse isso já… mas eu não entendo, ela não pode vir nos ver e depois voltar?
— Bells… — disse papai com as pálpebras fechadas. Odiava vê-lo triste, mas eu também queria entender. — Filha você precisa se acostumar com a ideia que daqui pra frente seremos só eu e você e que a mamãe só existirá em nossos corações. Bells, ela não vai voltar!
— Nunca mais papai? — perguntei chorando junto dele recebendo um abraço apertado.
— Nunca mais meu amor!
...
Eu tinha seis anos na época, mais tarde que vim compreender que Renée, minha mãe, havia morrido em um acidente de carro envolvendo polícia e bandidos.
Três anos depois, quando estava com meus 9 anos, papai voltou a se casar.
Charlie sempre foi o tipo de homem que não conseguia ficar só e creio que pensando em mim também ele tenha tomado essa decisão. Eu só não a chamava de mãe, pois esse título só pertencia a Renée, mas a entrada de Cecília para nossa família foi a melhor coisa que ocorreu. Cecília sempre foi dócil e amorosa comigo, confesso que tinha um conceito errado do que era uma madrasta e o carinho e atenção dela fizeram com que desmistificasse isto.
Na verdade… a megera sempre foi Elena.
Elena é a irmã mais velha de Charlie, minha tia. Ela odiava Renée, pois foi casada, o marido dela a abandonou com uma filha e ela se tornou uma solteirona convicta e, pelo pouco que sei, ela vivia com meu pai até ele decidir viver sua própria vida e casar-se com minha mãe, daí creio que veio o rancor dela por Renée que foi transferido pra mim, posteriormente.
Quando uma pessoa não gosta de você isso se sente e se demonstra, seja através de olhares ou gestos.
Tia Elena nunca gostou de mim e este sentimento sempre foi recíproco.
Eu a via pouco na minha infância. Ela sempre me dava medo. Elena não era tão presente enquanto minha mãe estava viva ela veio a voltar as boas com meu pai e passar a frequentar minha casa quando papai voltou a se casar.
Lembro que Cecília também sabia que Elena não era flor que se cheirasse, mas ambas, até onde sei, sempre mantiveram a compostura.
Detestava quando papai me forçava a ir para casa de tia Elena e visando fazer com que tirasse essa impressão ruim que tinha da irmã dele ele sempre arranjava uma desculpa para me deixar um pouco com ela. O que me confortava antes era que lá havia Rosalie, minha prima, filha da tia Elena, ela era 6 anos mais velha, mas nos dávamos bem, contudo ela estava em um intercambio em Nova York, o que significaria que seria eu e tia Elena.
Cecília também me entendia e tentava dissuadir papai a não me deixar com tia Elena, as vezes dava certo, o que agradecia com vigor, outras nem tanto.
...
— E então meu irmão, qual o motivo da visita de vocês? — perguntou tia Elena animada.
— Amanhã Cecilia e eu temos de ir a Houston, se casará um grande amigo meu e queria perguntar se Bella poderia ficar com você este fim de semana? — ouvi papai perguntando a minha tia Elena.
— Mas claro que sim Charlie! Sabes bem que sem a Rosalie aqui me sinto tão solitária. Será um prazer ter minha sobrinha aqui em casa.
— Pai… — o chamei entrando na sala tentando fazer mudá-lo de ideia, afinal já tínha feito outro trato com Cecilia. — Mas eu quero ficar na casa da minha amiga Angela! Ela já até pediu permissão pra mãe dela e eu tinha combinado com a Ceci.
— Mas a Angela é uma amiga, minha lindinha — explicou tia Elena se entrometendo. — O correto é que você fique comigo que sou da sua família!
Redirecionei meu olhar para papai.
— Mas é que eu quero ficar com a minha amiga papai! — implorei.
— Não filha, você estará bem melhor com a sua tia.
— Não papai, não estarei melhor!
— Minha lindinha nós vamos ficar bem, vai ver, será um fim de semana inesquecível!
...
— Meu amor, me parte o coração te ver chorando… serão só 2 dias, na segunda pela manhã já estaremos aqui!
— Não quero Ceci, não quero ficar com a minha tia Elena, não quero! — confessei. — Você havia me dito que eu ficaria com a Angela!
— Sim, eu sei meu amor, mas também te disse que teria de consultar o seu pai e eu tentei minha pequena, mas ele preferiu te deixar na casa da irmã dele.
Mais lágrimas se seguiram.
— Tenta convencer o papai Ceci, eu não quero ficar com a tia Elena, ou fica você comigo, por favor!
— Ah meu amor, eu sinto tanto, mas eu preciso ir com seu pai a este casamento… é um grande amigo dele e como nos casamos a pouco tempo ele faz questão para que eu vá para me apresentar a ele.
— Então pede pro papai me levar ao casamento — supliquei. — Quero conhecer Carlisle, papai sempre me disse se alguma vez eu tivesse algum problema que era para procurá-lo e eu nem sequer o conheço.
Cecilia estava desolada, bem como eu.
— Eu prometo Bella que vou convidar ele, a esposa e o filho que eles tem para passar uns dias aqui em Louisiana para você os conheça, está bem? — propôs afagando meu rosto triste por eu estar triste tal como mamãe fazia. — Mas no casamento seu pai não quer te levar, meu amor, entenda é um lugar para adultos e não iriamos chegar a tempo para você ir pro colégio, mas assim que chegar da aula na segunda já estaremos aqui para te levar pra casa conosco, está bem?
— Está bem… mas estejam aqui, por favor!
— Estaremos… sabe que te amo muito, mesmo que não tenha nascido de mim, não é?
Assenti limpando as lágrimas que persistiam em cair.
— Eu também te amo Ceci!
— Promete que vai se alegrar minha pequenina? Me parte o coração te ver assim tristinha — confessou Ceci espalmando suas mãos em meus olhinhos.
— Eu vou! — menti a abraçando fortemente.
...
Na manhã seguinte acordamos cedo e meu pai junto de Cecilia me deixaram na casa de Elena como combinado.
Eu não queria que eles fossem, mas eu só tinha 10 anos e tive de obedecê-los. Jamais esquecerei aquele fim de semana, de fato, foi inesquecível!
...
— Aqui filha — disse papai me entregando um pedacinho de papel com 2 números de telefones. — Assim que chegarmos a Houston nós ligaremos pra você, mas te deixo os números dos nossos celulares.
— Você pode ligar pra nós quando você quiser Bella — completou Ceci brincando com uma mecha de meu cabelo.
Sorri para minha boadrastra.
— Até se eu tiver pesadelos papai? — perguntei mais por força de hábito.
— Quando você quiser filha! — concluiu papai entusiasmado afagando meus pulsos com os olhos presos na pulseira de ouro que pertenceu a minha mamãe e que o mesmo havia me dado para sempre me lembrar dela.
Brinquei também com um dos pingentes sorrindo.
— Elena, minha irmã, muito obrigada… qualquer coisa pode nos ligar, está bem?
— Pode deixar Charlie, vai tranquilo, Bella não poderia ficar em melhores mãos! — disse tia Elena com a voz doce e risonha depositando suas mãos em meus ombros me fazendo estremecer minimamente.
— Bem, agora vamos indo, o tempo não está bom e quero tentar chegar em Houston antes da chuva.
— É longe daqui papai?
— Quatro horas aproximadamente meu amor, então preferimos ir de carro que é menos cansativo!
— Te amamos bonequinha. — disseram Ceci e papai me abraçando fortemente e me dando beijos.
— Vão logo meninos, o temporal está por vir… vão tranquilos e até segunda. — apressou-se tia Elena.
Ambos adentraram o veículo e eu acenei triste por eles irem.
— Se comporte Bella! — pediu papai pela janela do carro enquanto Cecilia me soprava beijos.
Acenei algumas vezes e eles partiram.
— Divirtam-se! — gritou tia Elena ainda risonha, mas assim que o carro dobrou a esquina de sua casa seu sorriso desvaneceu e sua carranca regressou e nós entramos.
...
Meu inferno então começou.
...
— Estou feliz que vai passar o fim de semana aqui… você é uma menina caprichosa e muito mal educada e vou fazer de tudo para que nem sempre seja como você quer. — disse tia Elena assim que me colocou pra dentro de sua casa.
— Por que você não gosta de mim tia Elena? — perguntei a pegando de surpresa com os olhos já marejando.
Tia Elena arqueou suas sobrancelhas me desafiando. Desejei que papai não tivesse ido mais que nunca.
— Claro que eu gosto menina, não fale besteira — disse em tom de ofensa. — Mas comigo há regras e limites e não vou fazer que nem Cecilia e meu irmão, que estão te estragando, te mimando, pois se continuarem assim vão fazer de você uma menina mais insuportável do que você já é!
— Eu não sou insuportável — rebati não me contendo.
A expressão de tia Elena mudou abruptamente, de má passou para furiosa.
— Sua insolente — gritou pegando meus braços com violência. — Eu vou te ensinar sua mal criada… vou te ensinar que aqui você não vai fazer suas vontades!
Ainda segurando um de meus braços, com a mão livre, sua mão se enroscou na pulseira que pertencia a minha mãe e que papai havia me dado e com um puxão tia Elena a arrebentou fazendo com que centenas de pedrinhas se espalhassem pelo carpete amadeirado.
Juntar as pedrinhas não foi algo fácil, alguma se perderam, mas ainda tenho o que restou da mesma escondido.
Não foi um sábado fácil.
Relembro cada detalhe do mesmo como se tivesse sido hoje. O cabelo preso fortemente. As unhas cortadas até doerem. O banho e seus esfregões em minhas costas que arderam… recordo que tia Elena tanto no almoço e janta me fez comer somente coisas que crianças não comem e por mais que eu dissesse que não queria ela me obrigou a comer, caso contrário, não sairia da mesa. O pior não foi comer os legumes e verduras, eu comia em casa com meu pai e Cecilia, o ruim eram que estavam demasiadamente apimentadas e o suco totalmente sem açúcar e como previsto, meu estômago frágil de criança não suportou o tempero e amargor do suco, mas passar mal e colocar pra fora a comida que Elena havia preparado, ali mesmo na sala de estar, só a fez ficar com mais raiva me proibindo de ligar para Charlie e Cecília pegando o papelzinho que tinham me dado rasgando-o em minha frente.
O epítome de sua não paciência se deu antes que eu fosse dormir.
...
— Já rezou Bella? — questionou tia Elena irrompendo meu quarto e acenando a luz quando estava quase pegando no sono.
— Já... orei sim… tia! — a informei arrastadamente ainda sonolenta desejando dormir e que o tempo passasse.
— Se diz rezar! — corrigiu-me já nervosa. — Vamos, levante-se… vai rezar novamente!
A contragosto a obedeci de imediato com medo.
Saí de debaixo das cobertas e me ajoelhei aos pés da cama olhando a imagem do menino Jesus na parede da cama.
— Isabella… — disse meu nome friamente. — Na hora de se rezar tem de ser humilde criança, os joelhos sempre no chão!
— Mas eu, papai e Cecilia fazemos desse jeito e… — minha voz morreu assim que vi sua expressão.
Tia Elena não gostava de ser contrariada.
— Ainda não ficou claro quem é que manda aqui? — gritou agarrando meus cabelos me deixando apavorada. — Engole o choro e cala a boca, cale-se e não chore e se falar para meu irmão ou Cecilia as cintadas que você levará você saberá quem sou eu!
Até aquele momento eu nunca havia apanhado e descobri o que era isso nas mãos de minha tia.
fechei meus olhos desejando que as próximas lembranças não viessem e por sorte tiveram um fim.
Só o que lembro, antes que a escuridão tão desejada finalmente me alcançasse foi de algo me lançar para cima e meu corpo rodopiar por sobre o asfalto até parar.
Não havia dor, só a paz... a paz desmerecida.
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Continuo?