Entra en mi vida escrita por Reê


Capítulo 1
Capítulo 1




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POV Bella

Correr.

Era boa a sensação de me distância daquela casa, de minha tia e de tudo. 

O ar estava começando a ficar escasso, mas não me importei. Nada mais importava. A culpa, minha fiel companheira prosseguia me perseguindo bem como as lembranças.

... 

 Sequei as lágrimas e corri pra cama escondendo o porta retrato debaixo do travesseiro assim que ouvi seus passos se aproximando.

Meu amor, você terminou seu dever? — perguntou papai ao irromper pela porta de meu quarto. — Se sim olha o que o papai te trouxe, como não comeu muito na mesa de trouxe alguns biscoitos e seu copo de leite quentinho.

Sua voz morreu no silêncio e ele acabou colocando a bandeja por sobre a cômoda.

O que você tem meu amor? O que houve? Por que está chorando de novo?

Na...da! — respondi entre soluços.

Mas essas lágrimas e essa carinha tristinha não estariam aí se não fossem por nada Bells! Vamos, me conte… o que você tem meu coração? O que aconteceu… conta pro seu pai! — pediu ao se aproximar sentando na beirada de minha cama.

Quando a mamãe vai voltar papai? — perguntei me sentando de frente a ele.

Seu silêncio perdurou por um tempo.

Bella já conversamos sobre e pensei que já havia compreendido que…

Papai é que quero muito que ela venha pro meu aniversário, porque sem ela não será o mesmo… — confessei expondo a imensa saudade que sentia.— Por que ela se foi papai? Foi por minha culpa?

Não Bella, claro que não foi por sua culpa! — afirmou papai com o cenho franzido. — Já te disse filha, a mamãe está no... céu agora.

Você me disse isso já… mas eu não entendo, ela não pode vir nos ver e depois voltar?

Bells… — disse papai com as pálpebras fechadas. Odiava vê-lo triste, mas eu também queria entender. — Filha você precisa se acostumar com a ideia que daqui pra frente seremos só eu e você e que a mamãe só existirá em nossos corações. Bells, ela não vai voltar!

Nunca mais papai? — perguntei chorando junto dele recebendo um abraço apertado.

Nunca mais meu amor!

...

Eu tinha seis anos na época, mais tarde que vim compreender que Renée, minha mãe, havia morrido em um acidente de carro envolvendo polícia e bandidos.

 Três anos depois, quando estava com meus 9 anos, papai voltou a se casar.

 Charlie sempre foi o tipo de homem que não conseguia ficar só e creio que pensando em mim também ele tenha tomado essa decisão. Eu só não a chamava de mãe, pois esse título só pertencia a Renée, mas a entrada de Cecília para nossa família foi a melhor coisa que ocorreu. Cecília sempre foi dócil e amorosa comigo, confesso que tinha um conceito errado do que era uma madrasta e o carinho e atenção dela fizeram com que desmistificasse isto.

 Na verdade… a megera sempre foi Elena.

 Elena é a irmã mais velha de Charlie, minha tia. Ela odiava Renée, pois foi casada, o marido dela a abandonou com uma filha e ela se tornou uma solteirona convicta e, pelo pouco que sei, ela vivia com meu pai até ele decidir viver sua própria vida e casar-se com minha mãe, daí creio que veio o rancor dela por Renée que foi transferido pra mim, posteriormente.

 Quando uma pessoa não gosta de você isso se sente e se demonstra, seja através de olhares ou gestos.

 Tia Elena nunca gostou de mim e este sentimento sempre foi recíproco.

 Eu a via pouco na minha infância. Ela sempre me dava medo. Elena não era tão presente enquanto minha mãe estava viva ela veio a voltar as boas com meu pai e passar a frequentar minha casa quando papai voltou a se casar.

 Lembro que Cecília também sabia que Elena não era flor que se cheirasse, mas ambas, até onde sei, sempre mantiveram a compostura.

 Detestava quando papai me forçava a ir para casa de tia Elena e visando fazer com que tirasse essa impressão ruim que tinha da irmã dele ele sempre arranjava uma desculpa para me deixar um pouco com ela. O que me confortava antes era que lá havia Rosalie, minha prima, filha da tia Elena, ela era 6 anos mais velha, mas nos dávamos bem, contudo ela estava em um intercambio em Nova York, o que significaria que seria eu e tia Elena.

 Cecília também me entendia e tentava dissuadir papai a não me deixar com tia Elena, as vezes dava certo, o que agradecia com vigor, outras nem tanto.

...

E então meu irmão, qual o motivo da visita de vocês? — perguntou tia Elena animada.

Amanhã Cecilia e eu temos de ir a Houston, se casará um grande amigo meu e queria perguntar se Bella poderia ficar com você este fim de semana? — ouvi papai perguntando a minha tia Elena.

Mas claro que sim Charlie! Sabes bem que sem a Rosalie aqui me sinto tão solitária. Será um prazer ter minha sobrinha aqui em casa.

Pai… — o chamei entrando na sala tentando fazer mudá-lo de ideia, afinal já tínha feito outro trato com Cecilia. — Mas eu quero ficar na casa da minha amiga Angela! Ela já até pediu permissão pra mãe dela e eu tinha combinado com a Ceci.

Mas a Angela é uma amiga, minha lindinha — explicou tia Elena se entrometendo. — O correto é que você fique comigo que sou da sua família!

Redirecionei meu olhar para papai.

Mas é que eu quero ficar com a minha amiga papai! — implorei.

Não filha, você estará bem melhor com a sua tia.

Não papai, não estarei melhor!

Minha lindinha nós vamos ficar bem, vai ver, será um fim de semana inesquecível!

...

Meu amor, me parte o coração te ver chorando… serão só 2 dias, na segunda pela manhã já estaremos aqui!

Não quero Ceci, não quero ficar com a minha tia Elena, não quero! — confessei. — Você havia me dito que eu ficaria com a Angela!

Sim, eu sei meu amor, mas também te disse que teria de consultar o seu pai e eu tentei minha pequena, mas ele preferiu te deixar na casa da irmã dele.

Mais lágrimas se seguiram.

Tenta convencer o papai Ceci, eu não quero ficar com a tia Elena, ou fica você comigo, por favor!

Ah meu amor, eu sinto tanto, mas eu preciso ir com seu pai a este casamento… é um grande amigo dele e como nos casamos a pouco tempo ele faz questão para que eu vá para me apresentar a ele.

Então pede pro papai me levar ao casamento — supliquei. — Quero conhecer Carlisle, papai sempre me disse se alguma vez eu tivesse algum problema que era para procurá-lo e eu nem sequer o conheço.

Cecilia estava desolada, bem como eu.

Eu prometo Bella que vou convidar ele, a esposa e o filho que eles tem para passar uns dias aqui em Louisiana para você os conheça, está bem? — propôs afagando meu rosto triste por eu estar triste tal como mamãe fazia. — Mas no casamento seu pai não quer te levar, meu amor, entenda é um lugar para adultos e não iriamos chegar a tempo para você ir pro colégio, mas assim que chegar da aula na segunda já estaremos aqui para te levar pra casa conosco, está bem?

Está bem… mas estejam aqui, por favor!

Estaremos… sabe que te amo muito, mesmo que não tenha nascido de mim, não é?

Assenti limpando as lágrimas que persistiam em cair.

Eu também te amo Ceci!

Promete que vai se alegrar minha pequenina? Me parte o coração te ver assim tristinha — confessou Ceci espalmando suas mãos em meus olhinhos.

Eu vou! — menti a abraçando fortemente.

...

Na manhã seguinte acordamos cedo e meu pai junto de Cecilia me deixaram na casa de Elena como combinado.

Eu não queria que eles fossem, mas eu só tinha 10 anos e tive de obedecê-los. Jamais esquecerei aquele fim de semana, de fato, foi inesquecível!

...

Aqui filha — disse papai me entregando um pedacinho de papel com 2 números de telefones. — Assim que chegarmos a Houston nós ligaremos pra você, mas te deixo os números dos nossos celulares.

Você pode ligar pra nós quando você quiser Bella — completou Ceci brincando com uma mecha de meu cabelo.

Sorri para minha boadrastra.

Até se eu tiver pesadelos papai? — perguntei mais por força de hábito.

Quando você quiser filha! — concluiu papai entusiasmado afagando meus pulsos com os olhos presos na pulseira de ouro que pertenceu a minha mamãe e que o mesmo havia me dado para sempre me lembrar dela.

Brinquei também com um dos pingentes sorrindo.

Elena, minha irmã, muito obrigada… qualquer coisa pode nos ligar, está bem?

Pode deixar Charlie, vai tranquilo, Bella não poderia ficar em melhores mãos! — disse tia Elena com a voz doce e risonha depositando suas mãos em meus ombros me fazendo estremecer minimamente.

Bem, agora vamos indo, o tempo não está bom e quero tentar chegar em Houston antes da chuva.

É longe daqui papai?

Quatro horas aproximadamente meu amor, então preferimos ir de carro que é menos cansativo!

Te amamos bonequinha. — disseram Ceci e papai me abraçando fortemente e me dando beijos.

Vão logo meninos, o temporal está por vir… vão tranquilos e até segunda. — apressou-se tia Elena.

Ambos adentraram o veículo e eu acenei triste por eles irem.

Se comporte Bella! — pediu papai pela janela do carro enquanto Cecilia me soprava beijos.

Acenei algumas vezes e eles partiram.

Divirtam-se! — gritou tia Elena ainda risonha, mas assim que o carro dobrou a esquina de sua casa seu sorriso desvaneceu e sua carranca regressou e nós entramos.

...

Meu inferno então começou.

...

Estou feliz que vai passar o fim de semana aqui… você é uma menina caprichosa e muito mal educada e vou fazer de tudo para que nem sempre seja como você quer. — disse tia Elena assim que me colocou pra dentro de sua casa.

Por que você não gosta de mim tia Elena? — perguntei a pegando de surpresa com os olhos já marejando.

Tia Elena arqueou suas sobrancelhas me desafiando. Desejei que papai não tivesse ido mais que nunca.

Claro que eu gosto menina, não fale besteira — disse em tom de ofensa. — Mas comigo há regras e limites e não vou fazer que nem Cecilia e meu irmão, que estão te estragando, te mimando, pois se continuarem assim vão fazer de você uma menina mais insuportável do que você já é!

Eu não sou insuportável — rebati não me contendo.

A expressão de tia Elena mudou abruptamente, de má passou para furiosa.

Sua insolente — gritou pegando meus braços com violência. — Eu vou te ensinar sua mal criada… vou te ensinar que aqui você não vai fazer suas vontades!

Ainda segurando um de meus braços, com a mão livre, sua mão se enroscou na pulseira que pertencia a minha mãe e que papai havia me dado e com um puxão tia Elena a arrebentou fazendo com que centenas de pedrinhas se espalhassem pelo carpete amadeirado.

Juntar as pedrinhas não foi algo fácil, alguma se perderam, mas ainda tenho o que restou da mesma escondido.

Não foi um sábado fácil.

Relembro cada detalhe do mesmo como se tivesse sido hoje. O cabelo preso fortemente. As unhas cortadas até doerem. O banho e seus esfregões em minhas costas que arderam… recordo que tia Elena tanto no almoço e janta me fez comer somente coisas que crianças não comem e por mais que eu dissesse que não queria ela me obrigou a comer, caso contrário, não sairia da mesa. O pior não foi comer os legumes e verduras, eu comia em casa com meu pai e Cecilia, o ruim eram que estavam demasiadamente apimentadas e o suco totalmente sem açúcar e como previsto, meu estômago frágil de criança não suportou o tempero e amargor do suco, mas passar mal e colocar pra fora a comida que Elena havia preparado, ali mesmo na sala de estar, só a fez ficar com mais raiva me proibindo de ligar para Charlie e Cecília pegando o papelzinho que tinham me dado rasgando-o em minha frente.

O epítome de sua não paciência se deu antes que eu fosse dormir.

...

Já rezou Bella? — questionou tia Elena irrompendo meu quarto e acenando a luz quando estava quase pegando no sono.

Já... orei sim… tia! — a informei arrastadamente ainda sonolenta desejando dormir e que o tempo passasse.

Se diz rezar! — corrigiu-me já nervosa. — Vamos, levante-se… vai rezar novamente!

A contragosto a obedeci de imediato com medo.

Saí de debaixo das cobertas e me ajoelhei aos pés da cama olhando a imagem do menino Jesus na parede da cama.

Isabella… — disse meu nome friamente. — Na hora de se rezar tem de ser humilde criança, os joelhos sempre no chão!

Mas eu, papai e Cecilia fazemos desse jeito e… — minha voz morreu assim que vi sua expressão.

Tia Elena não gostava de ser contrariada.

Ainda não ficou claro quem é que manda aqui? — gritou agarrando meus cabelos me deixando apavorada. — Engole o choro e cala a boca, cale-se e não chore e se falar para meu irmão ou Cecilia as cintadas que você levará você saberá quem sou eu!

Até aquele momento eu nunca havia apanhado e descobri o que era isso nas mãos de minha tia.

fechei meus olhos desejando que as próximas lembranças não viessem e por sorte tiveram um fim.

Só o que lembro, antes que a escuridão tão desejada finalmente me alcançasse foi de algo me lançar para cima e meu corpo rodopiar por sobre o asfalto até parar.

Não havia dor, só a paz... a paz desmerecida.


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Notas finais do capítulo

Continuo?



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