Nobre Amor escrita por DennyS


Capítulo 14
Pelo Amor Vale A Pena Arriscar


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!! ^^



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~*§*~

 

Capítulo 14Pelo Amor Vale A Pena Arriscar

 

—VOCÊ FICOU LOUCA?! – Berrou Sasuke furioso com uma mão sobre o peito.

Sakura assustou o inferno fora dele. Qual era o problema dela? Ao perceber que nada de catastrófico estava acontecendo, ele tentou controlar seu coração acelerado e respirar novamente como uma pessoa normal. Nunca em sua vida tinha sido acordado daquele jeito e por isso a raiva se apossou dele.

—O que você está fazendo aqui? Por que não estou vestida? – Perguntou Sakura apreensiva, abraçando os ombros e encolhida sobre o sofá.

—O que? Você não se lembra de nada de ontem à noite? – Perguntou Sasuke incrédulo. – Você me fez passar um inferno!

Sakura desviou os olhos dele e tentou não entrar em pânico. Por que sua mente era um borrão? Por que não conseguia se lembrar? Será que eles tinham feito alguma coisa e... Sakura arregalou os olhos para o Uchiha ao imaginar o que poderia ter acontecido.

—Agora você se lembra? – Perguntou ele entredentes.

—Lembrar do que? – Disse ela com um fio de voz.

—Eu não vou te perdoar por isso, Sakura. É uma quebra do nosso contrato. Está tudo acabado por sua causa! Se mude daqui três dias e devolva o depósito de segurança. Enviarei uma mensagem com o número da minha conta. – Sasuke se levantou bruscamente da cadeira e jogou sobre o sofá a almofada da qual ele tinha dormido agarrado a noite toda.

Sakura estava à beira de ter um ataque. Por que ele estava tão furioso daquele jeito? O que diabos ela tinha feito de tão grave?

—Espere! – Sakura se levantou em pânico, vestiu a camiseta que tinha lhe servido de cobertor e o seguiu para fora da clínica.

Sasuke estava de costas para ela falando em seu celular quando o alcançou.

—Secretário Lee? Estou ligando da clínica veterinária. Venda esse lugar em três dias e...

Sakura tomou o celular dele com um movimento nervoso.

—Com licença, o Sr. Uchiha vai retornar mais tarde! – Disse ela antes de desligar a chamada.

—O que pensa que está fazendo? – Sasuke se virou para ela com aquela cara irritada que Sakura estava quase se acostumando a ver.

—Eu não sei o que aconteceu. Pode me dar mais uma chance? – Sakura tinha um olhar suplicante, mas aparentemente o coração daquele homem era feito de gelo. Se é que ele tinha um. Pensou Sakura inconsolável.

Sem dizer nada, Sasuke se aproximou com poucos passos e pegou de volta seu celular das mãos dela, depois lhe deu as costas. Sakura entrou em pânico sem saber mais o que fazer. Ela não podia perder aquela clínica, era tudo que lhe restava. E principalmente perder sem saber exatamente o que tinha feito para deixar o Uchiha tão furioso a ponto de querer expulsá-la.

—Uchiha Sasuke! – Ela gritou fazendo-o parar e se virar de volta lentamente.

Sakura se aproximou dele sem poder conter o pânico de perder novamente sua clínica por causa daquele homem.

—Eu nunca fico grudenta e imploro assim sempre, mas preciso saber o motivo dessa vez! – Sasuke cruzou os braços enquanto a ouvia e assistia o desespero dela. – Tenho feito meu trabalho muito bem sendo sua namorada falsa. Por que eu tenho que te devolver o dinheiro do depósito? O que foi que eu fiz ontem a noite de tão grave?!

—Você realmente não se lembra? – Perguntou Sasuke sacudindo levemente a cabeça como se não acreditasse nela.

—Estou perguntando porque não me lembro!

Sasuke respirou fundo e desviou os olhos dela por um momento. Toda a raiva da noite anterior tinha retornado e duplicado ao se lembrar do que tinha acontecido. Se ela não se lembrava era porque tinha bebido mais do que ele imaginava e isso só o deixava mais insano.

—Como você se atreve? – Ele se aproximou dela e Sakura andou para trás sem poder evitar sentir medo do olhar estreito de Sasuke. – Você se embebedou na companhia de outro homem. Você não tem vergonha?

Sakura recuou dele até bater as costas na parede e ficar aprisionada pelo Uchiha furioso. Me embebedei com outro homem? Pensou ela confusa, mas logo teve um flash de memória em que via Sasori, Ino e algumas garrafas de Soju vazias.

Oh, Deus! Sakura colocou as mãos sobre a boca e quase se enterrou no chão de vergonha. Ela se lembrou que Sasuke a levou para casa e se não estivesse enganada ela tinha vomitado em cima dele.

Sasuke percebeu que ela estava começando a se lembrar. Seu rosto estava vermelho e sua expressão apavorada, mas ele não sentiu nenhum pouco de pena. Sakura merecia uma lição.

—Me dê mais uma chance! Eu realmente tive um dia difícil ontem! – Disse Sakura suplicante. – Descobri que aquela desgraçada da Kusaga espalhou mentiras sobre a minha clínica pela internet, depois atendi um pobre vira-lata doente e tive que dizer a dona que ele não iria sobreviver! Foi por isso que bebi tanto!

Sakura implorou silenciosamente para que aquele homem tivesse sequer um pouco de compaixão por ela. Mas a expressão dele não demonstrava nada disso. Ele realmente estava furioso e disposto a lhe tirar a clínica.

Sasuke, implacável como um Pit Bull a encarou com o rosto há poucos centímetros dela. A mandíbula apertada, seus olhos estreitos, quase soltando faíscas.

—Por que você escolheu aquele cara quando as coisas ficaram difíceis? Você podia ter procurado a mim!

Ele saiu da clínica rapidamente com passos duros e os punhos cerrados. A raiva o estava consumindo e ele precisava urgentemente de distância para se controlar.

—Aquele cretino... – Murmurou Sakura assistindo-o ir embora como um raio furioso.

Que reação era aquela? Sakura imaginou que ele estava incomodado por ela ter ficado bêbada e precisado de seus cuidados, mas aparentemente ele estava com raiva por ela ter estado com o Sasori.

“Você podia ter procurado a mim”, foi o que ele disse, mas ele quis mesmo dizer aquilo? Se perguntou Sakura confusa. Ela podia jurar que Sasuke parecia estar com ciúmes, mas isso era impossível.

Ele admitiu que estava começando a gostar dela, mas isso o incomodava, já que ele também admitiu que um homem como ele não estava em posição de ter algum tipo de relacionamento sério com ela. Então por que sentir ciúmes do Sasori?

Arg! Sakura sacudiu a cabeça para espantar aqueles pensamentos e se arrependeu no mesmo instante. Sua cabeça doeu como se estivesse sendo martelada do lado de dentro. Teve que admitir, ficar bêbada na última noite foi uma péssima ideia.

Ela não queria se desesperar pelo que tinha acontecido com Sasuke naquela manhã, mas foi difícil. Depois que ele foi embora, ela tomou um banho frio para se curar da ressaca e bebeu quase dois litros de água.

Embora se sentisse com receio de Sasuke lhe tirar a clínica, Sakura ainda não podia aceitar a derrota, aquele homem tinha que perdoá-la pela última noite, porque não foi de propósito. Sakura não era uma alcóolatra como ele deveria estar pensando, ela realmente só teve um dia difícil e acabou extrapolando na dose. Aquele Uchiha arrogante deveria entender isso, ele não podia simplesmente tomar a clínica e o dinheiro que tinha emprestado a ela.

Com o estômago roncando mais que um porco tirando uma soneca, ela preparou uma tijelinha de macarrão instantâneo e foi comer do lado de fora da clínica. O dia estava nublado e friento como se estivesse combinando com sua má sorte. Ela não queria ficar chorando por sua desgraça, mas não pôde evitar.

—Que droga... Não faço nada direito. – Ela choramingou enquanto assoprava e comia o macarrão.

—Ou você come ou você chora. Não faça os dois ao mesmo tempo.

Ela olhou para trás e viu Sasuke parado com as mãos nos bolsos, parecendo mais calmo que uma hora atrás. Ele estava usando as mesmas roupas de mais cedo. Sua camisa roxa ainda estava com os botões de cima abertos, seus cabelos ainda estavam meio bagunçados e os olhos escondidos pelos óculos de sol. Aparentemente ele não tinha ido embora. Ou tinha ido, mas acabou voltando sem ao menos pentear os cabelos. Mesmo sem entender a mudança repentina no humor dele, ela voltou a comer seu café da manhã sem se importar com a presença dele.

—Não se meta! Eu faço o que eu quiser!

Sasuke deu a volta no banco e parou na frente dela com a mesma pose e a mesma expressão branda. O que aquilo significava? Pensou Sakura confusa. Ele estaria arrependido?

—Você ainda é a minha namorada. – Disse ele retirando os óculos e a encarando.

—Você disse que o contrato estava terminado. – Sakura lançou a ele um olhar desconfiado. O que ele estava tramando?

—E se não tiver terminado? – Perguntou ele dando de ombros e fazendo cara de paisagem.

Sakura ficou confusa, mas não pôde evitar sentir um pouco de esperança de que ele fosse perdoá-la pela bebedeira da outra noite.

—Sem chance. Vamos terminar... – Ele se virou para ir embora, mas parou no meio do caminho quando Sakura gritou o que ele queria ouvir.

—Eu faço qualquer coisa!

Sem poder evitar, Sasuke esboçou um leve sorriso de costas para ela. Quando foi embora naquela manhã, ele estava tão insano que nem conseguia raciocinar direito. Chegou em casa, mas não pôde se aprontar para o trabalho. Ele estava em conflito. Estava furioso pelo comportamento da Haruno na última noite, mas também não queria se livrar dela. Ele não sabia o que fazer, até se dar conta de que aquela era a oportunidade perfeita para ela fazer o que ele queria.

Sasuke desfez seu sorriso, virou-se de volta para Sakura e a encarou sério.

—Qualquer coisa? – Perguntou ele e Sakura assentiu prontamente. – Então tudo bem. Faça as malas e venha morar comigo.

—O que?!

Sakura arregalou os olhos e Sasuke não pôde evitar sorrir de satisfação. Ela tinha feito justo o que ele queria sem ele precisar se esforçar muito.

—Há consequências para tudo, Srta. Haruno. – Sasuke observou que Sakura estava ficando vermelha e antes que ela pudesse explodir, ele resolveu se despedir e ir embora enquanto estava ganhando. – Te vejo em casa hoje à noite, estou indo trabalhar. Envie uma mensagem avisando quando estiver pronta e mandarei alguém vir busca-la.

Sasuke colocou de volta seus óculos escuros e caminhou satisfeito e arrogante até seu carro, enquanto Sakura, aflita o observava partir. Antes de entrar no carro, Sasuke lançou um último olhar à veterinária que não tinha nem se movido do lugar. Pelo meio sorriso provocante que ele esboçava, ela percebeu logo o que ele estava pensando.

Eu consigo tudo o que quero, Haruno Sakura. Afinal, sou Uchiha Sasuke.

 

~*§*~

 

Sasuke chegou ao escritório um pouco antes do almoço, de banho tomado, usando roupas limpas e cabelos impecavelmente penteados. Ele não conseguia parar de sorrir enquanto encarava a foto de Sakura em seu celular há vários minutos. O trabalho daquela manhã estava acumulado em sua mesa, mas ele não se importava. Embora tenha sentido uma fúria dos infernos por Sakura ter se embebedado na companhia de outro homem, ele não poderia estar mais satisfeito pelo ocorrido ter sido a desculpa perfeita para que ela aceitasse de uma vez se mudar para a casa dele.

—Estou contente por vê-lo feliz, senhor. – Disse o secretário Lee ao entrar em seu escritório e pegar o chefe sorrindo como um idiota para uma foto.

Lee nunca tinha visto Uchiha Sasuke ficar constrangido antes, mas naquele momento, o Uchiha parecia envergonhado e tentou disfarçar o máximo que pôde.

—Mesmo que o senhor pareça tão feliz, sinto muito por ter que te contar isso. – Disse Lee após limpar a garganta. – A Sra. Uchiha me mandou uma mensagem, já que não consegue falar com o senhor.

Sasuke soltou um longo suspiro e tentou manter o bom humor, seja lá qual fosse a mensagem de sua mãe. Ele não deixaria ninguém estragar aquela sensação boa que nunca tinha experimentado antes.

—Qual é a mensagem?

O secretário Lee pigarreou mais uma vez e olhou para o Uchiha com um olhar estranho, como se estivesse imitando o olhar insano da Sra. Uchiha.

—“Filho, ouvi dizer que você saiu sozinho e que ninguém sabe onde você está. Você está louco, garoto?! Pretende matar sua mãe? Ah, se eu estivesse aí para lhe dar umas palmadas!” – Sasuke arqueou uma sobrancelha para seu secretário, que continuou a interpretar a mensagem sem se importar. – “A mamãe quer saber quem é a moça com quem você está saindo. Então, me ligue enquanto peço educadamente, ok?”

—Isso é tudo? – Perguntou Sasuke fechando os olhos por um breve momento.

—Não, senhor. – Lee pigarreou outra vez e continuou a passar a mensagem. – Segundo a Sra. Uchiha, o senhor humilhou sua família na festa do Sr. Hyuuga. Bem, ela escreveu um texto muito desagradável, senhor, reprovando seu comportamento e o da suposta namorada. Por isso ela o obriga a comparecer ao encontro às cegas que ela cuidadosamente organizou semanas atrás.

—Que ótimo. – Sasuke tentou não atirar no chão o iPad que Lee entregou a ele com as fotos das pretendentes que sua mãe lhe arrumou.

Eram as trinta mulheres solteiras mais influentes, que pertenciam às famílias ricas e tradicionais do Japão. Algumas daquelas famílias não tinham conexão com a corporação Uchiha e isso explicava o motivo de sua mãe escolhe-las. Uma conexão tão forte como o casamento com alguma daquelas mulheres, só tornaria a corporação Uchiha mais poderosa.

Sasuke nunca foi um filho desobediente, mas naquele caso ele não iria ceder às vontades da mãe, mesmo que sua intenção fosse pelo bem da empresa e não pelo bem de seu filho. Arranjar-lhe uma noiva já era ultrapassar os limites. Em que século eles estavam afinal? No século XXI não se realizavam mais casamentos arranjados. Se Sasuke fosse se casar um dia, ele escolheria sua própria noiva. Ele deixaria isso bem claro para sua mãe, iria ligar naquele instante para lhe dizer isso. Mas uma foto no iPad lhe chamou atenção. Era uma mulher ruiva que lhe pareceu bem familiar. Sua família não era muito poderosa, eles até recebiam investimentos da corporação Uchiha, Sasuke não entendeu por que sua mãe a escolheu. Ao perceber que se tratava daquela amiga desagradável de Sakura, uma ideia passou por sua cabeça.

—Secretário Lee. Marque um encontro com essa mulher para hoje.

—Senhor? – Lee encarou o chefe sem entender o seu pedido. O secretário acreditava que o Uchiha não fosse aceitar o ultimato da mãe. Sasuke lançou a ele um olhar sério e estreito como se tivesse algo em mente e Lee apenas confiou no seu chefe. – Imediatamente, senhor.

 

            ~*§*~

 

Naquela mesma tarde, Sasuke foi até um restaurante chique no centro da cidade para se encontrar com Kusaga Karin. Quando chegou ela já esperava por ele sentada à mesa que tinha sido reservada pelo secretário Lee. A ruiva o recebeu com um sorriso estonteante quando o CEO Uchiha se aproximou e sentou à mesa de frente para ela.

—Eu pedi vinho tinto para nós, Sr. Uchiha. – Disse ela sorridente e empolgada. Ela tinha um olhar tão ferino na direção de Sasuke que se ele não estivesse tão irritado com aquela mulher, teria se sentido incomodado.

Sasuke só tinha ido àquele encontro, porque se lembrou do que Sakura tinha dito mais cedo sobre a Srta. Kusaga. Aquela mulher tinha espalhado boatos mentirosos sobre a clínica de Sakura pela internet e por esse motivo ela quase não tinha nenhum cliente desde a inauguração. Sasuke pediu ao secretário Lee que fizesse uma breve investigação sobre isso e quando Lee mostrou a ele a quantidade de publicidade negativa que aquela mulher descaradamente espalhou por sites blogs e redes sociais, Sasuke ficou furioso. E já que sua mãe, por mera coincidência colocou aquela mulher na lista de pretendentes, Sasuke se encontraria com ela para não dizer que ele era um filho desobediente e ao mesmo tempo daria um ultimato para aquela mulher deixar Sakura em paz.

Ao se sentar à mesa, antes que pudesse dizer qualquer coisa, o celular de Sasuke tocou indicando o recebimento de uma mensagem. Ao perceber que era de Sakura, ele não hesitou em responder.

—Com licença. – Disse ele à Karin ao pegar seu celular.

—Fique à vontade. – Respondeu a ruiva com um sorriso. Ela mal conseguia conter a empolgação de estar naquele encontro com o Uchiha.

 

~*§*~

Sakura: Tenho mesmo que morar com você?

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Sasuke balançou levemente a cabeça e sem poder evitar esboçou um leve sorriso. Não tinha para onde correr. Sakura iria se mudar para sua casa. Ele já tinha vencido essa luta.

Ele rapidamente digitou uma resposta.

 

~*§*~

Sasuke: Pare de perder tempo e vá fazer as malas.

Sakura: Tem que ser hoje? Não estou emocionalmente preparada para isso.

Sasuke: Você não disse que faria qualquer coisa? Está voltando atrás?

Sakura: Honestamente, eu fui enganada por sua trapaça.

~*§*~

 

Dessa vez, Sasuke soltou uma risada sem se importar de estar sendo observado atentamente por Karin.

 

~*§*~

Sasuke: O que? Minha trapaça? Aquilo foi uma negociação!

Sakura: Que bom para você!

Sasuke: Que bom que você sabe. Se não gosta, saia do meu prédio.

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A resposta dela demorou um minuto inteiro para chegar. Sasuke contou até os segundos. Ele podia imagina-la naquele momento tendo um ataque de raiva, xingando-o e atirando coisas na parede.

 

~*§*~

Sakura: Você é um idiota!!

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Sasuke sorriu novamente ao ler sua mensagem e perceber que estava certo. Ela provavelmente quebrou alguma coisa pensando nele.

—Você parece estar bem ocupado. – Disse Karin tensa e um pouco irritada. Ela deveria saber que Sasuke estava falando com a Sakura.

Sasuke guardou o celular no bolso do paletó e lançou a ela um olhar sério e estreito.

—Fiquei feliz por você me convidar para esse encontro numa tarde tão linda de sexta-feira. – Disse Karin enrolando uma mecha de seu cabelo no dedo indicador. Sasuke segurou a vontade de revirar os olhos pela forma como sua voz sou tão falsa. Aquela tarde estava cinzenta e fria, ninguém diria que era uma tarde bonita. – Eu queria vê-lo sozinho, sem a Haruno Sakura.

Sasuke respirou fundo para controlar a raiva que acendeu dentro dele.

—Estou saindo com ela. Você já deve ter notado. – Disse ele sério.

—Se passar mais tempo comigo, você mudará de ideia. Verá que ela não é nada comparada a mim. – Disse a ruiva com um meio sorriso e um olhar cheio de segundas intenções.

—Com certeza eu não poderia compara-la a você. – Disse Sasuke ficando rapidamente de pé. – Você não chega nem aos pés dela.

Sasuke não podia mais suportar aquela mulher. Ele já tinha conhecido e levado para cama muitas mulheres como Karin. Mulheres ricas e fúteis que se achavam superiores a outras mulheres. Esse tipo de mulher nunca o incomodou antes. Se tivesse conhecido Karin alguns meses atrás, provavelmente ele teria lhe dado atenção, afinal ela era uma mulher muito bonita, elegante e atraente. Mas agora, depois de ter conhecido alguém como Sakura, só de estar perto da Srta. Kusaga, ele se sentia incomodado.

—Fique longe da Sakura e não tente prejudica-la de novo. – Disse Sasuke em tom de ameaça. – Se fizer isso, se eu souber que você fez ao menos algum tipo de comentário ruim sobre ela, a pequena parceria que a corporação Uchiha tem com a sua família, desaparecerá.

Karin ficou muda e pálida de repente e apenas observou Sasuke lhe dar as costas e sair do restaurante sem lhe lançar um último olhar. Ele pegou o celular do bolso e ligou para o secretário Lee.

—Diga a minha mãe que já fiz o que ela pediu e não farei outra vez. E que se isso acontecer de novo, você será o primeiro a ser demitido, Secretário Lee.

Ele desligou a chamada antes que Lee pudesse dizer qualquer coisa e seguiu na direção do seu carro.

 

~*§*~

 

Ainda na tarde de sexta-feira, Sakura foi para o Le Tango Café ao invés de fazer as malas e ir para casa do Sasuke. Ela ainda estava confusa e por isso não conseguiu aceitar aquela ideia absurda. Sasuke havia se aproveitado da situação, ela deveria ter pensado melhor antes de dizer que faria qualquer coisa para que ele não lhe tomasse a clínica. Mas quando percebeu que havia caído na armadilha dele já era tarde demais.

Antes da aula de dança começar, Sakura mandou uma mensagem ao Sasuke dizendo que estava no Le Tango e que ainda não estava pronta para se mudar naquela noite. E o que ela queria dizer com isso, era que não estava pronta emocionalmente. Sua cabeça estava cheia de pensamentos confusos e tinha medo de tomar uma decisão precipitada. Ela ainda não tinha certeza de seus sentimentos. Sasuke mexia com ela de um jeito desconhecido, mas intenso. Por isso, estar na mesma casa que ele não era uma boa ideia. E se ela acabasse se apaixonando por ele?

Sakura não queria nem pensar numa coisa dessas. Seu coração já batia absurdamente rápido por aquele homem, ela já nutria sentimentos estranhos por ele e o fato de Sasuke ser incrivelmente bonito não ajudava em nada. Sakura tinha que admitir que qualquer mulher poderia ficar facilmente encantada por ele, até mesmo ela que era tão inexperiente em relacionamentos.

Por isso, apenas o pensamento de conviver com Uchiha Sasuke a assustava. E se ao conviverem juntos, Sakura se apaixonasse e não quisesse mais ir embora? Ela poderia correr esse risco? Poderia arriscar sua felicidade? Seu futuro por um amor não correspondido?

Sakura queria dar um tempo àqueles pensamentos e só por isso foi para a aula de dança daquela tarde no Le Tango. Enquanto fazia uma pausa após dançar a primeira música da aula, Sakura estava tomando um copo d’agua quando Sasori se aproximou dela sorrateiro e puxou conversa.

—Seu namorado parecia furioso ontem, Sakura-chan. Ele ficou bravo por você estar bêbada e Ino e eu não estarmos. Ele quase me bateu.

Sasori disse isso com tanta tranquilidade que ele até sorria, enquanto Sakura constrangida tentava não esconder o rosto de vergonha. Sinceramente, aquele Uchiha tinha que aprender a controlar os nervos!

—Eu sinto muito, Sasori-kun. – Disse ela desviando o olhar do ruivo.

Teve que admitir, que bem no fundo se sentiu um pouco importante por Sasuke ter tanto ciúmes dela com o Akasuna. Seu subconsciente estava sorrindo de satisfação enquanto se lembrava da expressão que o Uchiha fazia quando estava enciumado.

—Eu honestamente queria que ele tivesse me batido. – Disse Sasori interrompendo os pensamentos dela.

—O que? – Sakura o encarou confusa.

Sasori demorou alguns segundos para responder. Ele a fitou com intensidade, seu olhar cheio de segredos que Sakura não poderia desvendar.

—Assim eu poderia revidar. – Disse ele com uma voz grossa e baixa.

Sakura não soube o que pensar, muito menos o que dizer. Ela daria tudo para ouvir algo assim ou receber aquele olhar intenso de Sasori em seu tempo de universitária quando era apaixonada por ele. Mas naquele momento ela não sentia absolutamente nada além de constrangimento.

Sasori não parecia esperar alguma resposta dela, ele apenas sorriu e lhe estendeu uma mão.

—Pode me acompanhar nessa dança, senhorita? – Ele perguntou e Sakura segurou sua mão sem hesitar.

Ela não queria que a relação entre eles ficasse estranha, então por isso decidiu agir como se nada tivesse acontecido. Juntos e de mãos dadas eles caminharam até o centro do salão vazio e começaram a valsar.

Sakura estava usando saia preta rodada, blusa branca pregueada e sapatilhas sem saltos. Sasori, como era um profissional da dança de salão, rodopiou com Sakura com agilidade, conduzindo-a elegantemente ao ritmo lento da música que soava por todo o salão.

Quando Sasori se afastou de Sakura para girar o seu corpo e trazê-la de volta, ela foi tomada pela mão e acabou girando e caindo nos braços de outro homem. Sakura levantou a cabeça um pouco tonta e sentiu seu coração disparar ao encontrar os olhos negros e intensos de Sasuke a encarando.

Sakura ficou muda e sentiu suas pernas fraquejarem. Ela buscou interpretar a expressão do Uchiha, mas não chegou a uma decisão. Seu olhar era estreito e intenso, seu rosto sério e austero. Ele poderia estar irritado e com ciúmes, mas havia algo a mais ali. Algo que Sakura não pôde entender.

—Ser educado na dança é terminar de dançar com o mesmo parceiro com quem começou. Sabia disso? – Perguntou Sasori com a voz dura.

Mas tanto Sasuke quanto Sakura não desviaram o olhar para ele. Ambos continuavam em silêncio se encarando, como se estivessem em transe.

—Eu não me importo. – Disse Sasuke ainda com os olhos nela. Ele a girou antes de puxá-la contra o seu corpo e continuar a dança interrompida. Sasori se afastou deles, sem que notassem. Parecia que o mundo ao redor tinha desaparecido.

Sakura segurou no ombro de Sasuke e se sentiu meio zonza novamente. Talvez fosse o perfume dele, talvez fosse aquele calor estranho que estava começando a sentir por estar tão perto de seu corpo. Ela não sabia dizer o motivo.

—Sasuke... – Ela tentou afasta-lo e parar de dançar, mas Sasuke não a soltou.

—Apenas se concentre em mim. – Ele pediu apertando-a contra seu corpo.

Sasuke a conduziu em uma dança lenta e íntima, onde os corpos se moviam juntos e o contato visual nunca era quebrado. O coração de Sakura batia acelerado e as novas sensações que invadiram seu corpo eram fortes e indescritíveis.

Sem entender exatamente o motivo, tudo o que ela tinha vivido até o momento ao lado daquele homem passou diante de seus olhos. Desde a noite em que ela lhe salvou a vida até aquela manhã em que ele furioso ameaçou tomar sua clínica. Foram momentos cheios de intensos sentimentos. Sentimentos esses que ela nunca havia experimentado antes, mas que de certo modo tinha valido a pena sentir.

No entanto, o medo de que fosse arriscado se perder naqueles sentimentos também era forte e chegava a assustá-la. Sakura sempre teve medo do desconhecido, sempre teve medo de se machucar ao tomar uma decisão que mudaria tão drasticamente sua vida. Por isso, antes de cair de cabeça naquela aventura, ela tinha que se sentir segura.

Um longo minuto depois, a música terminou, mas Sasuke não a soltou ou se afastou dela. Eles estavam tão próximos que Sakura podia sentir as batidas do coração dele contra o seu peito. Talvez fosse o coração dela, mas não havia como ter certeza.

Sakura respirou fundo e tentou acordar daquele estranho torpor.

—Podemos conversar? – Ela perguntou.

 

~*§*~

 

Sasuke levou a Srta. Haruno de volta à clínica para que eles pudessem conversar. Embora estivesse muito curioso, dentro do carro a caminho da clínica ele não lhe perguntou nada ou comentou alguma coisa sobre a dança de minutos atrás.

Sasuke apenas tinha sido pego de surpresa. Ao chegar no Le Tango Café e encontrar outro homem com as mãos nela, ele ficou insano e agiu sem pensar. Quando percebeu já tinha tomado Sakura dos braços do Akasuna e a vontade de continuar segurando-a contra ele falou mais alto.

—Sobre o que você quer falar? – Perguntou Sasuke quando eles entraram na clínica.

—Quero te fazer uma pergunta. – Disse Sakura encostando-se no balcão de pedra da clínica e ficando de frente para o Uchiha. – Vou fazer as malas depois de ouvir sua resposta.

Sasuke a encarou com curiosidade ao invés de dizer que nada do que ela falasse mudaria o fato de que teria que se mudar para casa dele. Ele realmente não entendia o motivo dela hesitar tanto, afinal ele tinha deixado claro seus motivos para querer que eles morassem juntos. Por que ela estava tão confusa?

—Ok. Estou ouvindo. – Disse Sasuke cruzando os braços e a fitando atentamente.

—Assim que morarmos juntos, o que acontece se nada for como o esperado? – Perguntou Sakura cuidadosamente.

—O que quer dizer? – Questionou Sasuke confuso.

—Digo, quando morarmos juntos e quando for a hora de partir, você não quiser me deixar ir embora? – Sakura estava envergonhada, mas tentou ser o mais clara possível.

Sasuke riu sem humor e balançou a cabeça negativamente. O que Sakura queria dizer com isso? Que ele iria amá-la tanto ao ponto de não deixa-la ir?

—Sem chance. – Disse ele como se não acreditasse naquela possibilidade.

—E se eu não quiser deixar você ir embora? – Ela perguntou hesitante, sem olhar diretamente nos olhos dele.

Com isso, Sasuke entendeu que ela queria perguntar e “se ela o amasse tanto ao ponto de não deixa-lo ir?”. Sasuke não tinha parado para pensar nisso, porque não acreditava que poderia acontecer. O objetivo para que morassem juntos era totalmente o contrário. Ele queria poder “desgostar” daquela mulher quando a conhecesse de verdade.

Esse era o motivo, mas porque parecia ser mais uma desculpa? Por que ele realmente queria que Sakura morasse em sua casa?

—Nada está decidido ainda. – Disse Sasuke tentando espantar aquelas perguntas da sua mente. Agora era ele quem estava confuso. – Mas o importante é que eu quero tentar viver com você. Não há como saber o que acontecerá. Por que não arriscamos?

Sakura o fitou sentindo seu coração acelerar. Valia a pena arriscar e cair no desconhecido?

Ela nunca iria saber se não tentasse.

Então, movida por uma sensação forte e positiva, ela decidiu que o melhor a se fazer era não ter medo do amanhã e deixar tudo nas mãos do destino. Não podia viver a sua vida com medo de tomar decisões importantes.

—Eu vou fazer as malas. – Disse ela com firmeza e recebeu um genuíno sorriso do Uchiha.

 

~*§*~

 

Já tinha escurecido quando Sasuke estacionou na garagem de sua enorme casa. Como era noite, Sakura não pôde ver direito como eram os jardins e a entrada, mas pôde perceber que a casa era imensa e moderna.

Sasuke levou as duas malas enormes de Sakura para dentro da casa, enquanto ela carregava a bolsa de transporte de Marie. Ela tinha ficado tão quietinha dentro da bolsa que Sasuke nem havia notado a gata dentro do carro. Sakura tinha certeza que se ele tivesse notado, teria reclamado a viagem inteira por causa do pelo branco da gatinha.

—Uau! Isso é incrível! – Exclamou Sakura quando entrou pela porta da sala.

O hall de entrada era imenso, com piso de mármore e paredes branquíssimas. Uma moderna escada de mármore preto levava até o segundo andar, onde Sasuke estava indo com as malas dela. Sakura o seguiu admirando o lugar com os olhos arregalados.

—Este é o seu quarto. – Disse Sasuke abrindo a terceira porta do corredor.

Sakura entrou percorrendo seu olhar curioso por todos os cantos antes de colocar a bolsa de Marie sobre suas malas. Foi então que Sasuke percebeu que havia uma coisa viva dentro daquela bolsa.

—Por que você trouxe esse animal peludo? Eu disse que odeio pelos de animais voando por aí.

Sakura lançou a ele seu olhar mais suplicante. Ela já sabia que ele reclamaria da gata.

—Ela é como uma filha pra mim! Não tenho me afastado dela pelos últimos três anos! Você queria que eu a deixasse sozinha na clínica?

—Não, mas poderia doar para alguém que goste de pelos de gato.

Como se implorasse para ficar Marie deu um fraco miado de dentro da bolsa e Sakura continuou olhando para o Uchiha com olhos grandes e suplicantes. Sasuke soltou um longo suspiro antes de responder.

—A mantenha longe da minha vista. – Disse ele sério. – Não a deixe sair do quarto.

Sakura assentiu com um sorriso enorme, depois continuou a explorar o lugar com seus olhos curiosos. O quarto era imenso e estava decorado em tons de lilás e rosa. Era um quarto tão feminino que chegava a doer os dentes de tão doce.

—Quando foi que você preparou tudo isso? – Perguntou Sakura curiosa. Era impossível que ele tivesse feito tudo aquilo sozinho em um dia. Também era impossível que aquele quarto já estivesse decorado daquele jeito na casa de um homem solteiro e tão masculino como ele.

—Eu não disse que era mais diligente que você? – Perguntou Sasuke dando de ombros. – Desfaça as malas e relaxe. Depois te mostro o resto da casa.

Sasuke saiu do quarto e fechou a porta. Sem poder se conter, Sakura se jogou sobre a enorme cama no centro do quarto e animada, começou a pular sobre o colchão super macio.

Marie soltou um miado como se repreendesse o comportamento infantil de sua dona, mas Sakura não se importou e num último pulo, caiu deitada sobre a cama e se esfregou sobre os lençóis limpos e novos.

—Que macio... – Disse ela se contorcendo sobre os travesseiros. – Oh, Deus! Isso é seda!

Sakura tinha bagunçado toda a cama, mas não se importava. Depois de tanto tempo dormindo em um sofá desconfortável, suas costas agradeciam aquele mimo.

Ainda desforrando a cama e se esfregando nos lençóis de seda como uma gata manhosa, a porta do quarto se abriu e Sasuke estava de volta do lado de dentro.

—Eu... – Ele olhou para ela por um momento e estreitou os olhos diante daquela cena. Sakura estava estirada sobre a cama bagunçada, toda descabelada como uma maluca olhando para ele. –Eu vou trabalhar no meu escritório. Se quiser comer alguma coisa, tem comida na geladeira.

Sem se mover da cama bagunçada, Sakura apenas assentiu e o agradeceu. Sasuke lançou a ela um último olhar estranho antes de sair do quarto. Quando saiu, sem poder evitar esboçou um leve sorriso.

 

~*§*~

 

Dormir em um lugar diferente pela primeira vez não é fácil para qualquer pessoa. Mas para Sakura não era um problema, ela era capaz de dormir em qualquer lugar. Bastava apenas estar cansada.

Naquela noite, porém, a pior coisa que poderia acontecer estava acontecendo. Desde que tinha se mudado para Tóquio nunca tinha caído uma gota de água do céu, mas justamente naquela noite a chuva decidiu aparecer e aparecer com estilo. Antes da meia-noite, uma tempestade começou e Sakura desesperada estava procurando por seus fones de ouvido.

Em noites de tempestade ela sempre buscava ficar quieta no seu quarto ouvindo música no último volume para não se assustar com os trovões. Mas pelo jeito seus fones tinham ficado na clínica.

Sakura tinha um trauma de infância que ainda não tinha sido superado. Na noite em que seus pais morreram em um acidente de carro, estava chovendo muito forte e ela, que na época tinha uns quatro ou cinco anos de idade, tinha ficado presa dentro do carro no meio da tempestade. Era por isso que sempre que ouvia trovões ela gritava de medo e procurava não ficar sozinha.

—Mais que droga! Onde estão os meus fones? – Ela tinha revirado suas malas e não pôde encontra-los.

Um raio cortou o céu e iluminou o quarto por um breve segundo e logo depois ela ouviu o estrondoso barulho do trovão. Sem poder se conter, ela gritou e correu para fora do quarto, enquanto ouvia os trovões cada vez mais altos e assustadores.

 Sasuke que ainda estava trabalhando em seu escritório, se assustou ao ouvir os gritos e correu rapidamente para fora. Ao virar a esquina do corredor, Sakura corria na sua direção aos gritos.

—O que foi? O que houve? – Perguntou ele apavorado.

Sakura continuou correndo ao encontro dele e se jogou contra seu corpo, cercando-o pelo pescoço com os braços e a cintura dele com as pernas. Sasuke ficou paralisado sem saber como reagir e ao soar o barulho de outro trovão, Sakura o abraçou mais forte.


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Notas finais do capítulo

Oi amores!! Mil perdões pela demora! Estou totalmente sem tempo! Se tudo der certo, publico o próximo capítulo amanhã.

Beijos!! XD