Acampamento Imortal escrita por Vallabh


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu já havia postado essa história a algum tempo atrás, mas acabei abandonando e recentemente decidi retomar e termina-lá.
Obrigada @Cam por ser uma beta incrível e por estar me ajudando muito!



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Estávamos a mais ou menos 40 minutos no carro, o acampamento fica em uma área afastada da cidade. A voz de Bruno Mars cantando Uptown Funk preenchia o silêncio do carro.

— Uma jujuba pelos seus pensamentos. — A voz do Kai soou acima do tom da música.

— Terá que melhorar as suas formas de suborno, Sr. Albuquerque.

— Não seja tão má, pequena. — Ele diz, finalizando com aquele apelido idiota que ele me deu a alguns anos quando eu parei de crescer e ele continuou crescendo feito uma árvore. — E não mude de assunto. Passou a viajem quase toda calada, algum problema?

— Não é nada, grandão. — Assim que ouviu o apelido ele fez uma careta de desgosto e eu abri um sorriso vitorioso.

— Animada para o primeiro dia de trabalho? — questiona.

— Não, estou normal. — Falei sem muito ânimo. Mesmo que eu tenha esperado a vida toda por isso. É como se agora que eu consegui não faça mais sentido. Ele me olhou um pouco desconfiado e depois voltou a prestar atenção na estrada.

A paisagem da floresta começou a mudar e aos poucos os prédios foram aparecendo. Não costumamos sair muito do acampamento, só quando necessário e sempre acompanhados de nossos tutores. Cada semideus, quando completa 15 anos, ganha um tutor, eles nos treinam e passam a cuidar de tudo a nosso respeito. No meu caso, desde que cheguei no acampamento sou educada pelo meu querido Thoth, no começo ele não gostava muito de mim, parecia ser obrigado a cuidar de mim, mas com o tempo e um jeitinho eu consegui conquistá-lo, hoje ele é como um pai para mim.

Já estávamos no centro urbano de Ottawa e o trânsito estava caótico. Meu Deus! Como cabe tanta gente em uma cidade só...

— Mais que merda! — Kai meio falou meio gritou batendo no volante.

— Calma aí, desse jeito só vai conseguir uma dor no punho.

— Eu sei. Já decidiu que curso vai fazer?

— Análise e desenvolvimento de software. — Ele ficou meio tenso quando eu falei, mas disfarçou rapidamente.

— Tem certeza? — perguntou, olhando-me de relance.

— Claro, se não tivesse não teria falado. — Sei que meu amigo deve estar estranhando a minha escolha, afinal eu nunca expressei abertamente interesse por essa área, mas ele também sabe que eu sempre fui apaixonada por tudo que envolvesse programação.

— Tudo bem, docinho. — falou, dando uma risada sarcástica.

Kai entrou em uma avenida larga e movimentada, logo consegui avistar a fachada do prédio principal da Universidade. Ele estacionou em uma vaga perto da entrada e desligou o carro.

— Vamos? — perguntou, pegando suas coisas no banco de trás.

— Sim, sim.

Ele deu uma risada gostosa de se ouvir e saiu do carro, deu a volta e abriu a porta pra mim.

— Senhorita. — disse fazendo pequena reverência.

— Cavalheiro. — Começamos a rir e fomos caminhando para a entrada.

— Pequena, você se importa de ir sozinha?

— Não, por quê?

— Já tô um pouco atrasado e tenho que terminar algumas coisas antes da minha apresentação.

— Tudo bem. Te espero na cafeteria. — falei observando as pessoas andando pelo campus.

— Certo, assim que tiver o resultado, me avisa. Sabe onde fica o auditório?

— Claro... que não. — Ele deu um sorriso e me explicou onde ficava.

Depois de me explicar ele me deu um beijo na testa e saiu. Fiquei um tempo observando a segunda pessoa mais importante da minha vida se afastar. Depois de um tempo, acordei do meu pequeno transe e comecei a procurar o caminho que o Kai me explicou. Andei pelos corredores tentando identificar onde estava, já estava rodando a uns 20 minutos e nada de encontrar o auditório. Depois de muito rodar encontrei o bendito lugar. O campus inteiro possui cerca de dez blocos diferentes, um para cada área de estudo, o auditório fica no bloco administrativo, que é considerado o coração da universidade e situado bem no centro da construção.

Ao lado da entrada do auditório tinha um grande quadro de avisos com várias folhas de ofício impressas presas por pequenas tachinhas, muitas pessoas estavam tentando encontrar seus nomes no quadro. Enquanto tentava chegar em frete ao quadro acabo esbarrando em alguém, me desculpo rapidamente e volto a caminhar parando em frente ao meu destino e procurando a folha do meu curso.

 

Luna Hagne — Auditório

 

Havia recebido a carta de aceite da universidade na semana passada,  hoje seria realizado um pequeno momento para repassar as orientações iniciais e amanhã minha aulas começam de verdade.

— Ei, garota! Vai ficar paquerando o quadro por muito tempo? — Um grupinho de pessoas que estavam com ele riu.

— Babaca! — falei, me virando e indo para dentro do auditório.

— Do que você me chamou? — O brutamontes perguntou, vindo em minha direção.

— Além de babaca é surdo também? — Os "amigos" dele começaram a tossir tentando segurar o riso.

— Qual é a tua, garota? Sabe com quem tá falando?

— Um monte de anabolizantes ambulante?

— Agora entendi, tudo isso é desejo reprimido por esse corpinho gostoso aqui. — Ele falou com um sorriso que eu acho que deveria ser sexy.

— Não se iluda, já vi melhores! — Um aglomerado de pessoas já se reunia ao nosso redor e alguns riram da piada de duplo sentido. O babaca que eu não sei o nome estava vermelho e com cara de quem quer me matar.

— Sua... — Ele não terminou a frase e veio pra cima de mim, estava pronta pra revidar quando alguém segurou o braço dele.

— Opa, nunca lhe ensinaram que não se bate em uma dama, Lancaster? — Dei um passo para trás por causa do susto, de onde ele veio? Eu já vi esse cara antes...

Lembrei! Ele era a pessoa em quem eu esbarrei em frente ao auditório quando eu cheguei.

— Me solta, Telles! Você não tem nada a ver com isso, vai atrás da tua mamãezinha!

Tão rápido quanto apareceu, Telles acertou um belíssimo soco no tal Lancaster que o deixou caído no chão. Que homem é esse... ele é muito alto, deve ter quase 1,90m ; cabelo preto liso de tamanho médio  fazendo com que alguns fios caíssem na testa; olhos verdes da cor de esmeraldas; e uma boca carnuda que dispensa apresentações; pele bronzeada de quem vive na praia e, por fim e muito importante, o corpo, braços fortes; ombros largos; coxas grossas que ficam deliciosas naquela calça apertadinha e eu tenho certeza que por baixo daquela blusa tem um belo tanquinho com seis gominhos. Tudo bem! Parei!

— Já pode parar de babar pelo gostosão!

Eu estava tão distraída analisando o bonitão que nem percebi a garota ao meu lado.

— Não estou babando por ninguém. — falei me fazendo de desentendida.

— Tudo bem. Se você diz...

Dois garotos estavam tentando segurar o moreno enquanto uma garota tentava ajudar o Lancaster a se levantar, o tal Telles havia feito um belo estrago no rosto do brutamontes.

— ISSO VAI TER VOLTA, TELLES! VOCÊ NÃO PERDE POR ESPERAR! — Lancaster gritava enquanto a garota tentava acalmá-lo.

— PODE VIR! EU ACABO COM VOCÊ DE NOVO! — Telles gritou e depois olhou pra mim, nossos olhos ficaram conectados pelo o que pareceu uma eternidade, ele cortou o contato visual primeiro, virou as costas e foi embora pelo corredor.

— Nooossa! O que foi isso? Vocês praticamente se comeram com os olhos! — Acordei do transe com a voz da garota. Ela é um pouco mais alta que eu, tem os cabelos loiros cacheados, olhos castanhos, nariz afilado, boca grande e um corpo levemente magro.

— Desculpa, mas quem é você mesmo? — perguntei olhando pra ela.

— Ah, mas que falta de educação a minha! Meu nome é Júlia! Prazer! — Ela falou com uma empolgação única e me estendendo a mão.

— Luna. — falei, apertando a sua mão.

— Nome legal. Primeiro dia aqui? — perguntou com um sorriso amigável no rosto, ela parece ser uma boa pessoa.

— Tá tão na cara assim? — perguntei fazendo uma careta.

— Só alguém no seu primeiro dia teria coragem de enfrentar o Leo. — falou com uma certa repulsa.

— Por quê? Quem ele é pra ninguém ter coragem de colocá-lo no lugar?

— Ele é filho do reitor, por isso se acha no direito de fazer o que quiser com quem quiser.

— Idiota! E quem era aquele que quebrou a cara dele? — perguntei com certa empolgação e me arrependi imediatamente.

— Hum... Interessada? — Quando eu ia responder que não, ela me cortou.

— Brincadeira. Aquele é nada mais nada menos que Tobias Telles. O gostosão da Universidade de Ottawa, todas as garotas suspiram por ele, mas nenhuma conseguiu mais que uma noite com ele. Ele e o Leo nunca se deram bem, mas é a primeira vez que eu os vejo  brigando de verdade. — falou um pouco pensativa.

— Então, que curso vai fazer? — Me perguntou, ela fala demais!

— Análise e desenvolvimento de software. — respondi, ela deu uma risada divertida e depois disse —, Bom, então acho que seria bom se apressar. O senhor Anthony não gosta de atrasos.

— Claro, obrigada, Júlia. Nos vemos por aí.

— Se quiser posso lhe mostrar o campus após as aulas.

— Adoraria. — respondi amigavelmente.

Após combinarmos de nos encontrar no restaurante da universidade, ela foi pra aula e eu entrei no auditório. O senhor Anthony nos deu as boas vindas e fez uma breve apresentação sobre o curso. Ele seria o nosso professor na disciplina de Introdução à Programação durante o primeiro semestre além de ser o coordenador do curso.

Depois que o senhor Anthony terminou, fui à secretaria ajeitar o que faltava da papelada para iniciar o curso. Olhei no relógio e ainda era 10:27, tinha marcado com a Júlia às 11:40, então eu tinha um pouco mais de uma hora pra fazer alguma coisa. Fiquei um tempo sentada em um banco perto da secretaria até decidir ir ao restaurante. Como a pessoa extremamente atenta que eu sou — só que não —, me perdi umas 5 vezes antes de conseguir chegar no restaurante. Sentei-me em uma das mesas e lembrei de mandar mensagem pro Kai.

 

10/08 - 10:47 AM

PARA: Kai

Minha aula já terminou, o professor parece ser bem legal e acho que eu fiz uma amiga.

 

Depois de mandar a mensagem pedi alguma coisa para comer, estava faminta. Kaique me apressou tanto que não tive tempo de merendar. Pouco depois meu celular vibrou.

 

10/08 - 10:53 AM

DE: Kai.

Que maravilha, pequena! Onde você tá?

 

10/08 - 10:56 AM

PARA: Kai.

No restaurante do campus.

 

Assim que respondi meu pedido chegou, comecei a comer meu X-Burguer com Coca-Cola. E mais uma vez meu celular vibrou.

 

10/08 - 11:00 AM

DE: Kai.

OK, minha última aula foi cancelada. To indo te encontrar aí pra gente ir para o café.

 

10/08 - 11:02 AM

PARA: Kai.

Tudo bem.

 

Respondi e o celular não vibrou mais. Estava terminando meu lanche quando escutei alguém me chamando.

— LUNA!! — Júlia vinha correndo em minha direção, acenando e gritando meu nome.

Droga! Me esqueci que tinha combinado de conhecer o campus com ela após as aulas.


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Notas finais do capítulo

E é isso, irei ficar postando todas as sextas feiras, então até o próximo!
XOXO



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