Acampamento Imortal escrita por Vallabh


Capítulo 18
Capítulo 17




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— O que é esse torneio então? Por que todas as provas ou tentaram me matar ou revelaram segredos que aparentemente eu não deveria saber?

— Isso já é mais complicado. — Thoth fala e não parece disposto a explicar. — Algum de vocês vai querer explicar? — pergunta olhando para os outros Deuses.

— Ãn... como eu digo isso?! — Dionísio fala coçando o queixo. — Há algum tempo algumas coisas têm acontecido com criaturas místicas, ninfas têm ficado doente e morrido, centauros, faunos e agora, alguns deuses também.

— Como isso é possível? — Kaique pergunta e percebo que a informação é novidade para ele também.

— Não sabemos ainda, mas uma espécie de praga tem se espalhado entre nós e adoecido a todos. A boa notícia é que nós já descobrimos a possível fonte disso, a má notícia é que não podemos chegar até lá para resolver o problema.

— Quanto mais eu escuto, mais confuso fico. — Tobias define os meus pensamentos.

— Uma fonte de energia estranha foi captada no Tártaro há algumas semanas, logo depois os primeiros doentes começaram a aparecer. Sabemos que a causa disso deve estar lá, mas não temos como ter certeza, pois quando Zeus trancou Perséfone lá ele selou as portas, para que nenhum Deus do Olimpo pudesse abrir.

— Isso é loucura, ele deve ter deixado uma forma de entrar lá. — Kai diz.

— Infelizmente não.

— Mas o que isso tem a ver com o torneio?

— Eles não podem entrar lá, mas nós podemos, não é mesmo? — Tobias fala respondendo à pergunta do irmão.

— Exatamente. — Ártemis confirma. — O sangue mundano que circula nas veias de vocês, permite que consigam entrar no Tártaro. No seu caso, Luna, provavelmente o feitiço de selamento deve permiti-la entrar, enquanto você não romper o selo, continuará sendo uma semideusa.

— O torneio é uma espécie de seleção natural, considerando que somente os mais fortes vão chegar ao final e um filho de cada Deus vai gerar um grupo com uma diversidade maior de poderes.

— Exato, acreditamos que a mesma criatura que está causando essa praga, está também interferindo nas provas do torneio e, consequentemente, seja quem esteve tentando matar a Luna durante todo esse tempo.

— Então a história do prêmio, vulgo arma produzida por Hefesto, nunca existiu?

— Não necessariamente, Kaique, o Tártaro é a parte mais profunda do submundo, foi criado por Hades para aprisionar os Titãs após Zeus derrota-los. Os três irmãos selaram as portas da prisão juntos, com a Lança de Trios.

— Lança de Trios? Nunca ouvi falar sobre isso.

— Porque sua existência não é citada nos livros que estudamos, Luna, mas em livros de contos infantis, segundo eles os Ciclopes Primordiais presentearam os grandes deuses com três armas. O raio de Zeus, o tridente de Posseidon e o elmo de Hades. Para trancar os portões do Tártaro, Zeus fundiu o seu raio com o tridente de Posseidon e usou o elmo de Hades, só assim eles conseguiram aprisionar os Titãs.

— Às vezes fico assustado com a quantidade de conhecimento que você possui. — Dionísio fala olhando assustado para Tobias. — Mas o conto infantil não é totalmente verdadeiro.

— Como assim? — questiono, tentando entender.

— Zeus não usou o elmo de Hades, ele quebrou os dois chifres que eram a fonte de poder da arma e os fundiu com o tridente e o raio. Os portões do Tártaro possuem uma espécie de fechadura e a chave é a lança de trios.

— Isso é loucura, vocês estão dizendo que estão com as armas dos três principais deuses do universo? — Quanto mais tento entender, mais perto fico de enlouquecer.

— Não necessariamente... Digamos que o seu querido avô é um tanto quanto esforçado quando decide fazer algo, então ele meio que escondeu a lança e nós sabemos uma provável localização dela.

— É por isso que Posseidon faz tudo o que Zeus quer? Por que ele tomou o seu tridente?

— O que você quer dizer com isso, Tobias? — Thoth pergunta visivelmente interessado de repente.

— Antes, Posseidon sempre vinha me visitar, mas de repente ele parou de vir. No começo eu pensei que ele havia se desentendido com Ártemis e estava evitando vê-la, mas com o tempo eu percebi que ele não vinha por não querer, mas por não poder.

— Interessante... Mas não creio que esse seja o motivo principal, as armas são apenas potencializadores dos seus poderes naturais, mesmo sem o tridente, Posseidon ainda é capaz de controlar os sete mares.

— Mas não é capaz de enfrentar Zeus. — Kaique diz, parecendo juntar os pontos de alguma teoria em sua mente. — Nós sempre aprendemos que Hades era um Deus forte e impetuoso, ele nunca permitiria que tomassem de si a mulher amada e a filha recém-nascida, a não ser que ele soubesse que em um duelo com o seu algoz, não sairia vencedor.

— Faz sentido, as armas são apenas potencializadores, mas sem elas, eles não são capazes de enfrentar o próprio Zeus.

            Antes que algum de nós possa falar mais alguma coisa, os dois tiros do canhão são ouvidos por todos, o tempo da prova acabou.

— Nosso tempo acabou, voltem para a tenda dos semideuses e descansem, ao fim do dia a última prova será anunciada. — Thoth diz, se levantando. — E, Luna, eu entendo que esteja se sentido traída por todos nós, mas espero que também saiba que tudo isso vai muito além de você. Todos nós tivemos que fazer escolhas, todos nós abrimos mão de coisas e pessoas que amávamos para aceitarmos essa missão, tenho certeza que, se qualquer um aqui nessa sala tivesse tido a chance de escolher fazer as coisas de uma forma diferente, de uma forma que não lhe magoasse, ninguém hesitaria em fazer essa escolha.

— Nós começamos isso de forma obrigada, mas nenhum dos momentos vividos durante a sua criação foi falso ou forçado. — Apollo fala.

— Você tornou a nossa missão mais leve e nos ensinou, em alguns anos, o que séculos no Olimpo não nos ensinou, o que é ser família. — Ártemis complementa a fala do irmão.

— Não estamos pedindo que nos perdoe, apenas que não se esqueça o quanto nós a amamos e que sempre estaremos aqui por você, afinal, é isso que quer dizer família, não é mesmo?! — Não consigo dizer nada, a fala de Dionísio faz um bolo se formar na minha garante, sinto que estou por um fio de desabar e não aguento mais me sentir assim, me sentir fraca.

— Família quer dizer nunca abandonar ou esquecer, pequena. — Por mais que não queira, sinto as palavras do Kai aquecerem meu coração.

— E você é a nossa família, malagueta.

— Eu tenho que ir. — Saio da tenda do conselho ainda com a voz do Tobias em meus ouvidos dizendo que eu sou parte da família deles.

Passo pela tenda dos semideuses, mas não paro, continuo caminhando até chegar em um ponto afastado da floresta. Encontro uma árvore propícia para ser escalada e subo sem pensar duas vezes, me acomodo em um galho grosso o suficiente para que eu não caia, encosto minhas costas no tronco e abraço minhas pernas apoiando minha cabeça nos meus joelhos. Por um momento tento prestar atenção apenas no barulho do vento na copa das árvores e esvaziar minha mente.

Durante muito tempo eu me preocupei em descobrir as minhas origens, achava que, ao saber disso, eu poderia finalmente dizer que tinha uma família, pensado sobre isso agora percebo o quão imaturo e estúpido era esse pensamento. Fiquei tão focada nisso, que não percebi a família que me acolheu, me criou, me deu amor da forma que pôde e cuidou de mim todos esses anos. Não consigo perdoa-los totalmente ainda, entretanto, sei que não posso julga-los pelas suas decisões, por mais que eu queira dizer “Eles poderiam ter feito escolhas diferentes”, sei que qualquer escolha que fosse tomada traria consequências, eles tentaram tomar as decisões que trariam as menores consequências.

Talvez, se eles tivessem me contado a verdade desde o começo, eu não seria quem eu sou hoje. Saber que você carrega o destino da humanidade nas suas mãos, que o seu avô lhe odeia, que a sua mãe está aprisionada nas profundezas do submundo por sua causa e que o seu pai não pode fazer nada a respeito de tudo isso, não é algo que uma adolescente no meio da puberdade saberia lidar. Refletindo sobre tudo isso, percebo que na verdade, já os perdoei a muito tempo. Quem eu estou querendo enganar? Por Zeus! Se fosse eu no lugar deles, se tivesse que tomar uma decisão para proteger a pessoa que eu amo, mas ciente de que isso poderia me fazer perder essa pessoa, eu não hesitaria em tomar essa decisão. Mesmo que eu não tivesse mais a pessoa amada ao meu lado, saber que ela estaria segura seria o suficiente pra mim.

— Quão patética eu sou!? Não consigo sequer odiar as pessoas que mentiram pra mim durante anos!

— Vocês, humanos, têm conceitos estranhos, isso no nosso reino é chamado de nobreza. — Me assusto com a voz estranha e quase me desequilibro.

— Por Hades, mas que inferno! Quem está ai?!

— Perdão se a assustei, jovem humana, mas você estava tão quieta perdida em pensamentos que não pude deixar de observa-la mais de perto, me perguntava o que se passava nessa cabeça tão brilhante quanto o fogo e de repente você verbalizou. — Uma espécie de raposa branca estava sentada na outra extremidade do tronco em que eu estou, seu pelo me lembra a luz da lua, seu tamanho era extremamente grande para um animal da sua espécie. — Permita-me apresentar, me chamo Teumessian, a raposa destinada a nunca ser capturada.

— Prazer em conhecê-la, Teumessian, meu nome é Luna. Eu devo estar maluca por estar escutando conselhos de uma raposa gigante, mas vamos lá, o que você quis dizer sobre a nobreza?

— Ah, sim. Eu fui criada por Dionísio a muitos anos atrás, minha missão era punir o povo da cidade de Tebas após eles cometerem um crime que despertou a raiva do Deus do Olimpo, durante anos eu vivi caçando pessoas que já haviam se arrependido dos seus atos há muito tempo. Mesmo assim, Dionísio não os perdoou, o seu ódio causou outros vários anos de sofrimento para aquele povo e para mim. Sabe, quando se é uma criatura imortal, chega um momento em que a solidão se torna um fardo e tudo o que se quer é a paz do descanso eterno.

— Por isso você considera o ato de não conseguir odiar alguém uma coisa nobre?

— Não o ato de não conseguir odiar alguém, mas o ato de perdoar aquele que lhe machucou. Quando você consegue perdoar alguém, mesmo aquelas pessoas que lhe causaram um grande mal, você é livre para seguir a sua vida e criar lembranças que irão fazê-la esquecer os momentos ruins. Em contrapartida, se você se apega a ressentimentos passados, você nunca conseguirá seguir a sua vida e viverá eternamente acorrentado a um passado doloroso.

— Entendo, faz sentido.

— É claro que faz!

Fico pensado nas palavras ditas pela raposa sábia e percebo que, no fundo, ela tem um pouco de razão, eu vivi tantos anos apegada a mágoa de ter sido abandonada pelos meus pais que isso quase me cegou para a família que eu formei aqui no acampamento. Não posso permitir que esse sentimento de traição que estou sentindo me faça perder a família que lutei tanto para conseguir. Além do mais, se existe alguém que é realmente culpado de tudo isso, ele está a um Olimpo de distância de mim.

— Obrigada, eu espero que você consiga se livrar desse fardo de nunca poder ser capturada e um dia seguir a sua vida também.

— Fico feliz por ter conseguido ajudá-la, Megala Thea. — Ela agradece e se prepara para saltar do tronco e ir embora.

— Espere! — Ela para e me encara novamente. — O que significa isso, Megala Thea? — Agora a raposa me encara com a cabeça inclinada para o lado e percebo um pouco de divertimento em seus olhos.

Megala Thea, — A raposa pronuncia a palavra de forma lenta, como se apreciasse o sabor que ela tem ao ser proferida. —, foi assim que você foi chamada quando chegou ao Olimpo. Também foi assim que o meu criador a chamou quando você chegou a essa floresta, eu estava lá no dia em que eles desceram do Olimpo para habitar entre os mortais, eu não esqueceria esses cabelos que queimavam como o fogo da justiça, você era tão pequena e mesmo assim causou um enorme alvoroço entre todos nós. Mostrando desde o início a grande deusa que seria, é isso o que quer dizer Megala Thea, A Grande Deusa! — Dessa vez a criatura não espera que eu fale novamente, ela salta do tronco pousando de forma graciosa sobre a terra, ela começa a correr e parece flutuar sobre o chão.

Olho para o céu e percebo que a lua e as constelações estão começando a aparecer, a última prova deve ser anunciada logo logo. Desço da árvore e começo a caminhar de volta para o acampamento, quando chego ao local paro por um momento em frente ao quadro de classificações, o nome de Hermesson aparece em primeiro lugar seguido de vários outros, vejo o de Peter entre eles, em nono lugar, o do Tobias e em decimo e último lugar, o meu. Volto a caminhar em direção a tenda e entro procurando uma cabine vazia, coloco uma roupa limpa, pois a outra estava repleta de terra e outras sujeiras dessa última prova. Opto por uma calça jeans preta, o tecido estica um pouco o que a torna muito confortável para se movimentar, visto uma regata branca e por cima um moletom com zíper na frente e o emblema da Adidas e capuz, para finalizar calço meu bom e velho all star. Decido descansar um pouco enquanto não fazem o anúncio da próxima prova, me deito na cama e aos poucos meu corpo vai relaxando e minha mente apaga.

POV TOBIAS

Luna sai da tenda e o silêncio que reina traz o mesmo sentimento de todos, culpa. Por mais que todos nós tenhamos tomado as nossas decisões visando sempre o melhor para ela, isso não nos isenta das consequências dos nossos atos.

— Você está bem? — Me surpreendo quando percebo que a pergunta veio de Apolo, ele e eu nunca nos entendemos bem. Apolo sempre foi superprotetor com aqueles que ele gosta, isso não seria diferente com Ártemis e Kaique, sempre que eu discutia com o pupilo dele ele se metia na confusão e tentava defender o meu irmãozinho. Com o passar dos anos, as discussões ficaram mais acirradas e complicadas, até chegar ao ponto em que não conseguíamos conviver mais do que o extremamente necessário. — Não me olhe assim, só estou perguntando, pois parece que você vai provocar a qualquer momento e não quero presenciar essa cena.

— Eu vou ficar bem, agradeço a preocupação. — Por mais que tente disfarçar me sinto fraco ao ponto de ainda não me sentir seguro de levantar do sofá, Ártemis me olha preocupada.

— Percebi que quando a Luna gritou mais cedo, acabou gerando um trovão e isso afetou você, não é mesmo? — Dionísio mais afirma do que pergunta.

— Eu não sei explicar o que está acontecendo, mas quanto mais os poderes da Luna começam a aparecer, mais eu sinto que algo dentro de mim quer sair. Eu sinto o selo dos poderes dela cada vez mais fraco e consequentemente eu também me sinto mais fraco, é como se estivesse adoecendo. — Dionísio não fala nada, mas Thoth encara Ártemis de forma preocupada e isso não passa despercebido por mim. — O que foi? O que está acontecendo?

— Quando nós selamos os poderes da Luna em você, nós nunca contamos com a possibilidade desse selo ser rompido, na verdade nós torcíamos para que isso nunca acontecesse.

— Por quê? — Ártemis parece hesitante em continuar.

— Imagina uma tubulação feita para transportar água, mas de repente você começa a colocar lava fervente para correr por ela, mesmo que seja a tubulação mais resistente, a lava ainda será capaz de corroê-la e com o tempo ela irá se desfazer, permitindo que o conteúdo transportado transborde.

— Você está querendo dizer que o poder da Luna que existe dentro de mim está me matando aos poucos e que quanto mais fraco o selo fica, mais chances eu tenho de morrer, é isso?

— É, você resumiu de forma perfeita. — Apolo confirma e eu não sei o que dizer.

— Quando a Hiyori retornou ao acampamento falando que a Luna fez a estação do tempo mudar, nós sabíamos que tinha algo errado e a sua reação a manifestação dos poderes dela só confirmou isso.

— Então o quê? O que vocês vão fazer? Vocês não podem deixá-lo morrer!

— Se acalme, Kaique, nós estamos tentando entrar em contato com a sacerdotisa que presidiu a primeira cerimônia, vamos descobrir se é possível realizar um novo rito para fortalecer o selo. — explica Apolo. — Entretanto ela parece ter desaparecido do mapa.

— Contudo, estamos preocupados que o selo não aguente até lá. A próxima prova irá expor a Luna a um ambiente repleto de magia que é o Tártaro, e isso pode acelerar esse processo de ruptura.

— E consequentemente, acelerar a minha morte. — Acabo rindo desacreditado. — Aquelas velhas assustadoras tinham razão, afinal.

— Pare de rir dessa forma, fica parecendo um maluco. Explique logo o que isso quer dizer. — Dionísio repreende.

— Em Atenas, quando estávamos saindo da casa das Moiras, elas disseram que o meu fio da vida estava constantemente passando por suas mãos.

— Entendo, isso é preocupante. Iremos nos esforçar para encontrar a sacerdotisa o mais rápido possível. Por hora, tente se manter seguro. — Thoth diz. — Kaique.

— Sim?

— A partir de agora, você irá nos ajudar na busca pela sacerdotisa.

— Certo.

— Agora vão descansar. Ártemis, faça uma emulsão de ervas para o Tobias, precisamos dele bem para a próxima prova.

Kaique sai da tenda sendo seguido por Apolo, Dionísio e Thoth. Ártemis sai em seguida para preparar a emulsão e eu me acomodo melhor no sofá para esperá-la. Fecho os olhos para relaxar um pouco mais e acabo sendo arrastado para o mundo dos sonhos.


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Notas finais do capítulo

Depois de anos, eu voltando aqui para postar esse capítulo.
Assim como o anterior, esse capítulo é totalmente dedicado a minha antiga beta!
Querida Cam, obrigada por ter me ajudado até onde pôde!!
Até o próximo capítulo, talvez amanhã, semana que vem ou em alguns anos...
XOXO



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