Destinados escrita por Martell


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Hi sweets sz
Demorei, mas cheguei. Espero que não tenham desistido de mim ;-;
Espero que aproveitem :>



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Tia Petunia parecia mais cruel que o normal. Harry desconfiava que a culpa era a data, 31 de Julho, seu aniversário, mas ele esperava que ela realmente não lembrasse. Nunca recebera um único 'parabéns' dentro daquela casa, mas já estava acostumado com o descaso daquela gente. De toda forma, desde que tinha 7 anos, passara a não esperar nada de bom da sua família.

Desde a conversa logo no começo do dia, a ruiva, Ginny, não saia de sua cabeça. Como poderia? Ela tinha um lindo sorriso, os olhos mais bonitos de todos, adoráveis sardas pontilhadas pelo nariz pequeno e fofo. Algo dentro do moreno aquecia-se ao pensar nela, a mesma sensação que sentia quando pensava nos pais. Imaginava sentir as mãos pequenas nas suas, ouvir a voz musical novamente, ganhar outro deslumbrante sorriso envergonhado. Ginevra. O nome soava mais doce cada vez que pensava nele.

Perdido em seus estranhos pensamentos, acabara queimando uma das torradas que preparava. Já sabia que seria a sua, então colocou diretamente no seu prato, ganhando um resmungo de Dudley que afirmou que ele queria matá-lo de fome, preparando primeiro a própria comida e deixando a dele por último. Oque gerou alguns gritos do tio Vernon e um início de dor de cabeça para Harry, que nada respondeu, apenas se concentrou na tarefa a sua frente. É, feliz aniversário para mim.

Depois do desastroso café da manhã, Harry começou a limpar o quintal (o que incluía podar os arbustos, cortar a grama, lavar os bancos e etc). Sabia que passaria toda a manhã no serviço, mas não abriu a boca para reclamar. Apenas mais 8 anos e saio desse lugar. Apenas mais 8 incrivelmente longos anos. Estava acostumado com essa vida, o único problema era as tonturas que sentia as vezes, provavelmente porque era pouco alimentado e fazia a maior parte do trabalho pesado da casa.

Harry limpava o quintal, o jardim, a sala, os quartos, os banheiros, botava as roupas para lavar, para secar e depois ainda engomava uma a uma. Cozinhava e depois lavava toda a sujeira. Lustrava os móveis, varria a poeira do dia e lavava as janelas. As únicas coisas que realmente não fazia era limpar a cozinha, pois era o lugar que tia Petunia mais amava e jamais deixaria ele fazer o péssimo trabalho de sempre com um lugar que ela tinha tanto carinho. Isso era o que ela resmungava a cada vez que precisava ficar passando o pano nas suas lustrosas bancadas.

O garoto não tinha tempo para coisas como estudar ou fazer as atividades, o que o tornava um péssimo aluno. Mas era ideal para os tios que ele fosse menos esperto que o Dudley, o que nem mesmo dessa forma acontecia. Enquanto o moreno não podia se dedicar à escola, o loiro apenas não queria. O que fazia com que Harry ainda tivesse melhores resultados nas provas. Os professores não sabiam lidar com o menino de olhos verdes, fechavam os olhos para o terror que a gangue de delinquentes do primo fazia com ele, e chegavam a culpar o próprio pela violência que era submetido.

Não era a vida ideal. Nem mesmo uma vida boa. Ou saudável. Mas era o que ele tinha. E mesmo que todas as noites implorasse para os céus que alguém o tirasse dali, sabia que isso não aconteceria. Passaram-se 9 anos desde o acidente dos seus pais e ninguém nunca apareceu. Provavelmente nunca apareceriam. E ele era muito inteligente para presumir que por mágica ele achasse outro lugar para viver, com pessoas que realmente o amassem. E a cada grito da tia, a cada surra do tio, a cada brincadeira violenta do primo, ele fechava bem os olhos e contava os dias até ficar maior de idade. Pois era assim que sairia dali, com 18 anos e provavelmente indo morar debaixo de um viaduto, mas seria um viaduto do outro lado do país.

Ele mal terminou o serviço e correu para a cozinha, para finalizar o almoço que tia Petunia já havia começado. A mulher já havia ido para o salão, afinal teria um evento muito importante para a empresa do tio Vernon e ela não queria estar "menos que perfeita". Como ela conseguiria tal proeza era algo que Harry se questionava, pois a mulher não era das mais bonitas, mas ele não achava certo julgar a aparência das pessoas de toda forma. Então apenas ficou quieto e finalizou os pratos.

Durante a tarde apenas tirou o pó da casa e foi para o armário. Por algum motivo, sentia que deveria estar perto do espelho naquele momento. Algo estava o atraindo ao objeto, mas Harry sabia que era muito arriscado fazer alguma coisa "estranha" na casa dos tios. Ele tinha que dar o fora dali o mais rápido que pudesse. O espelho, parecendo entender a vontade do garoto, encolheu ao ponto de poder ser guardado em um bolso sem chamar atenção. Sendo assim, o garoto pegou o objeto diminuto, colocou no bolso do jeans enorme que usava e saiu da casa, percorrendo as ruas de Little Whinging até chegar no seu "esconderijo".

Era uma espécie de bosque. Não era grande ou algo assim, apenas era um amontoado de árvores de grande porte que ficava ao lado de uma pracinha abandonada. Um lugar meio sombrio, mas que sempre atraíra Harry de alguma forma. Nos piores dias, depois de ser surrado e humilhado por Vernon, era para onde ele escapava. Ali ele sentia que as dores passavam, era um refúgio de todos os sofrimentos, onde ele poderia apenas respirar fundo, fechar os olhos e sentir o vento, normalmente frio, se chocar contra seu corpo. O lugar onde ele deixava de ser o estranho Harry Potter, sobrinho delinquente dos respeitáveis Dursley's e passava a ser apenas Harry.

Depois de passar quase meia hora caminhando, o garoto finalmente chegou ao seu refúgio. Entrou pelo caminho já tão conhecido e andou até uma espécie de cabana, que ele vinha construindo no último ano. Algumas taboas de madeira no chão, algumas para formar uma espécie de teto, panos que pegara coma Sra. Figg formando as paredes e um nome pretensioso: Templo do Bosque. Entrou em seu santuário e tirou o espelho do bolso, levando até a sua frente. Deixou o objeto no chão e sentou-se na madeira levemente úmida. O que foi uma ideia inteligente, já que ele teria caído com o susto de ver o objeto começar a flutuar e liberar uma aura prateada.

Logo o espelho assumiu o tamanho original, cerca de dois metros de altura, brilhando em prata no meio do verde e marrom das árvores. E refletido nele estava o homem de antes, e agora com o corpo inteiro a mostra. Ele era alto, cerca de 1,90, o corpo todo coberto por uma armadura negra, sem nenhum detalhe adicional fora o grande leão vermelho no peito. Uma espada de cabo negro e lâmina vermelha se destacava a seu lado, assim como os dois enormes machados que seguiam o mesmo padrão, cruzado em suas costas. Seus cabelos pretos iam bagunçados até os ombros, o rosto era bronzeado e marcado por cicatrizes pequenas. Olhos verdes intensos, cheios de dor e determinação.

O rosto era tão absurdamente familiar. Os traços maduros lembravam os traços infantis de Harry. Os olhos do guerreiro lembravam os olhos da criança. Mas o porte do homem no espelho era nobre, como se ele fosse algum tipo de rei. Ele exalava poder, confiança, perigo. Mesmo assim, o garoto não consegui desviar os olhos. Sabia que era a hora da revelação. O coração palpitava, pois sabia que nada mais seria igual.

— Harry Potter. - O homem falou o nome cautelosamente, como se testando o som das palavras em sua voz rouca e baixa.

— Quem é você? - Antes mesmo que pudesse pensar a pergunta já havia saltado de seus lábios. Ele percebeu o olhar levemente divertido do homem e teve vontade de baixar o rosto, mas sentia que deveria continuar firme.

— Eu achei que fosse meio óbvio. Eu sou você garoto. Só que numa versão 600 anos mais velha. Meu nome é Garrett, protetor dos portões do sol.

— Garrett. - Harry falou, sem saber se pronunciara da forma correta. - Não me parece tão antigo.

— Talvez porque no século 19 alguns nomes germânicos e célticos foram "revividos" por seu povo. Mas Garrett era um nome muito mais comum até o século 13.

— Okay, eu estou no meio de um bosque vazio, falando com um cara num espelho que afirma ser eu, só que 600 anos mais velho. Nada confuso, não é?

O homem gargalhou quando o mais jovem falou isso, como se ele tivesse contado uma piada particularmente boa. O que não era o caso, pois o garoto estava mesmo sem saber no que acreditar. Passara a vida toda negando a existência de magia, para agora algo assim estar acontecendo com ele.

— Tens tanto que aprender sobre seu destino. E eu irei ensinar-lhe. Mas por agora, deve apenas acreditar no que digo. Tempos sombrios se aproximam e por isso nós despertamos novamente. Essencialmente, nós somos a mesma pessoa, mas ao mesmo tempo somos diferentes.

— Como podemos ser a mesma pessoa se somos diferentes? E que história é essa de tempos sombrios? E quem seriam esse "nós"? Ginny está envolvida nisso? Existem outros? - E Harry continuaria despejando mais e mais perguntas se o homem, o tal Garrett, não tivesse pigarreado levemente, interrompendo o fluxo de palavras.

— Calma garoto, uma coisa de cada vez. Nós dois temos a mesma essência, isso é, a mesma alma. Mas eu sou apenas uma memória, eu já vivi e morri séculos atrás, tudo o que fiz não pode ser mudado. Já você está vivo, agora, "comandando", você não vai ser o mesmo que eu fui, entende? Há vários caminhos a sua frente, você pode trilhá-los como achar melhor.

— Está ainda um pouco confuso, mas eu acho que eu entendi. E o resto das perguntas?

— Assunto para outra hora. Se eu fosse você, voltaria para casa. (E pare um segundo para apreciar a ironia nessa frase.) Talvez seus parentes fiquem irritados por você ficar tanto tempo fora.

Assentindo Harry decidiu que deveria voltar. Assistiu com interesse Garrett sumir e o espelho começar a se encolher novamente, até o moreno poder guardá-lo no bolso e começar a longa caminhada para casa. Mais perguntas que respostas surgiram, mas o que ele pensava era em como a pequena ruiva estava envolvida nessa história maluca.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo. Comentem plissss :> Vocês me fariam uma autora muito feliz.
Caso achem algum erro, me informem. Sou eu que reviso tudo e as vezes deixo passar algumas coisas.
Com amor,
Duda sz