My Last Anchor escrita por luckygirl


Capítulo 1
The End.


Notas iniciais do capítulo

Olá, babes!
Sim, pois é, aqui estou eu com mais uma história.
Bom, só uma nota: Derek tem 17 anos quando houve o incêndio da mansão Hale.
Espero que gostem! ♥



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A brisa não era leve.

Ela podia ouvir o som alto dos ventos batendo nos galhos das árvores e as folhas balançavam violentamente pela copa, fazendo com que alguns pássaros voassem pra longe dali.

Athena via tudo pela janela da sala.

A morena passava longos minutos debruçada sobre o sofá veludo, olhando pra longe, apenas esperando ele chegar.

— Filha, vem comer. - sua mãe lhe chamou, mas Athena não deu atenção.

Seu rosto estava cada vez mais próximo ao vidro gelado, o hálito quente da garota fazia com que ele ficasse embaçado, e ela tivesse que passar o dedo para limpá-lo.

Derek estava demorando mais que o normal.

— Querida, vem almoçar. Ele já está chegando. - a mão quente de sua madrinha tocou suas costas.

Os olhos azuis fitaram a mulher com semblante gentil.

Talia achava aquela relação entre Athena e Derek muito adorável, claro que não era algo carnal, até porque a garota ainda era uma criança e Derek apenas um adolescente, mas era algo forte. E ela tinha muitas expectativas quanto isto no futuro.

Ela concordou relutante.

O almoço fora tranquilo.

A mansão era grande o suficiente para a família Hale inteira.

Athena era calma, absurdamente mais madura e inteligente do que todas as outras crianças que moravam ali, mas nunca resistiu a uma brincadeira com seus outros primos.

A morena adorava quando, aos finais de semanas, eles podiam ficar horas se divertindo pelas relvas fofas que haviam ali perto, e principalmente, quando ele estava junto.

Athena e Derek tinham sete anos de diferença, e por isso, o moreno ainda não a via como nada mais do que apenas uma pequena pincesa, apesar que ele a tinha com extremo carinho. Mas, para Athena, Derek era seu princípe.

— Vira essa página, querida. - seu tio Peter falou.

— O quê? - Athena arqueou as sobrancelhas, confusa.

— Derek está namorando. - ele deu os ombros.

Os lábios da criança começaram a tremer, ameaçando choro.

— É mentira! - ela resmungou.

— Peter! - Talia o repreendeu.

— Como se isso não fosse esquisito. - ele sussurrou tão baixo que apenas a mulher mais velha o ouviu.

— Querida, vai brincar com as outras crianças, que tal? - Talia lhe sugeriu.

— Eu quero esperar o Derek. - ela cruzou os braços.

A mulher suspirou, e então, deixou um sorriso surgir no seu rosto.

Realmente, adorável.

A mãe de Athena assistia tudo de longe.

Ela não era realmente parente dos Hale, seu marido que sim, mas, era distante. Ele ainda não conseguia aceitar tal relação entre seu “sobrinho” e sua filha, mas sempre era acalmado pela esposa, que por sua vez, achava tudo aquilo um amor tão puro quanto nunca havia visto.

— Filha. - a voz doce lhe chamou.

— Oi, mamãe. - ela sorriu.

— Quer me ajudar a fazer um bolo de chocolate?

O rosto da garota se iluminou na hora.

Ela sempre havia gostado de passar um tempo com a mãe.

— Eu posso lamber o pote? - a garota pediu com um sorriso sapeca.

O bolo já estava no forno.

A mãe lhe repreendeu com o olhar.

— Só um dedo. - disse firme.

Ela experimentou a cobertura de chocolate.

— Athena! A gente vai brincar de esconde-esconde. - Danny, de oito anos, lhe chamou animadamente.

Os olhos azuis fitaram a mãe com um pedido silencioso.

— É claro que você pode ir, meu amor. - a mãe lhe deu um beijo na testa.

— Eba! - como a morena ainda era apenas uma criança, rapidamente se distraiu.

A garota era pequena. Ela se escondia muito bem, e havia vários locais para que ela pudesse passar desapercebida naquela mansão.

Athena estava escondida no armário da cozinha, e ela já estava suada por causa de toda correria que estava fazendo naquele tempo, mas em determinado momento, o calor estava ficando cada vez mais forte.

A morena começava a sentir sua pele mais quente, sua respiração já ficava mais difícil quando a porta do armário fora aberta com violência, mas não por alguma criança, e sim, por sua mãe.

— Athena! - seu grito era de alívio. - Vem, amor.

— Mas…

Sua frase foi interrompida por um alto estrondo junto a um grito abafado.

A mulher agarrou a garota e a puxou dali com rapidez. A morena nunca pôde se lembrar com detalhes do que havia acontecido naquele dia, enquanto elas corriam em direção à porta, a forte luz causada pelo fogo que se espalhava por toda a mansão, cegava a visão dela.

Quando finalmente sentiu os pés descalços na relva fofa, Athena tossiu violentamente.

— Se esconda, Athena! Fica entre as árvores e não saia dali! - a voz de sua mãe era desesperada.

A morena nunca a havia visto chorar.

— Cadê o meu papai? - perguntou chorosa quando sentiu uma forte ardência em seu ombro direito.

O olhar da mãe naquela direção foi preocupado. Ali, tinha uma ferida de queimadura, não tão grave, mas que poderia infeccionar.

A mulher pegou com firmeza os pulsos finos da criança, e sugou toda a dor que ela deveria estar sentindo. Ela se ajoelhou no chão e deu um longo beijo na testa da filha e sussurrou um “eu te amo”.

— Ele já vem, querida. - falou apressada. - Se esconde! - disse rapidamente antes de correr para dentro da mansão novamente para tentar ajudar outras crianças.

Athena estava sozinha.

Ela olhou para a mansão em chamas.

O que estava acontecendo?

Ouviu alguns passos ao longe, pôde observar homens truculentos envolta da mansão. então fez o que sua mãe disse, se escondeu.

A morena se escondeu por detrás de um denso arbusto, que ficava envolta de uma árvore grande.

O vento estava forte.

As folhas voavam e os galhos batiam uns nos outros, o som alto do canto dos pássaros que voavam pra longe dali não abafavam os gritos de horror que Athena podia ouvir de dentro da mansão.

Ela estava com frio.

Estava encolhida no canto mais escuro que conseguiu achar, seus braços abraçavam suas pernas com força e ela escondia a cabeça por entre elas, tentando não ouvir o que estava acontecendo.

Seus olhos estavam fechados com força, Athena gostaria de poder dormir agora, mas ela não conseguia, não podia.

Olhou para o lado e viu que a queimadura ainda estava vermelha, mas ela não sentia dor. Não sentia absolutamente nada.

Ela também não chorava. Seus olhos estavam lacrimejados e sua garganta estava fechada, mas ela não chorava, não conseguia.

Athena tinha a plena certeza de que ficaria ali pra sempre.

Até que ouviu passos próximos de onde estava, e um baque surdo quase que ao seu lado.

— Crianças...! - uma voz feminina choramingou.

A morena instintivamente se encolheu, mas as folhas secas fizeram um barulho audível com o movimento.

Uma mão adentrou por entre os arbustos e Athena, depois de um longo tempo, finalmente sentira a brisa ainda mais gelada.

— Oh… - ouviu um suspiro da mulher. - Oi, querida. - falou carinhosamente.

Athena não respondeu.

— Você está com frio?

Ela apenas balançou a cabeça timidamente em um “sim”.

A mulher se inclinou para lhe cobrir com um casaco de lã seu, mas parou ao ver a ferida no ombro da garota.

— Você se queimou… - ela disse preocupada.

— Hã? - ela falou pela primeira vez com a mulher. Athena ouviu o som de um tecido sendo rasgado, e logo sentiu sua ferida ser fortemente pressionada pelo pano.

— Isso deve ser bom por hora. - sorriu para a morena. - Qual seu nome?

— Athena. - ela sussurrou depois de se sentir aquecida pelo casaco grosso.

— Que nome lindo. - disse. - Sou Elizabeth.

A criança apenas acenou com a cabeça.

A mulher loira de pelo menos 30 anos, ficou fitando a pequena garota encolhida naquele canto, seus lábios já estavam roxos de frio e ela ainda tremia levemente.

Elizabeth sempre quisera ser mãe, mas tinha se tornado estéril depois de ser gravemente ferida por um lobisomem, e desde então, passou a caçá-los, com ódio. E agora, ela não poderia explicar para si mesma, o tamanho carinho que já sentia por Athena.

A morena estava mais aquecida, e admitia para si mesma, que a companhia da mulher gentil fez com que ela sentisse menos medo agora. E ao longo do tempo, elas não trocaram mais nenhuma palavra, mas Athena já podia sentir o sono vindo.

Sem que Elizabeth esperasse, sentiu o pequeno corpo adormecido cair em seu colo.

Não que ela pudesse esquecer de repente do que estava acontecendo na mansão Hale, mas não pôde deixar de abrir um mínimo sorriso.

Parecia certo.

Quando Derek voltava para sua casa, ele apenas podia esperar uma coisa todos os dias, sua pequena Athena lhe esperando na janela ou ás vezes, ela ficava no jardim recolhendo algumas flores para dar à sua mãe.

Algumas vezes, ela estava suja de lama - e ele não se importava em sujar-se também para abracá-la -, brincando com as outras crianças ou deitada na relva macia apenas olhando para as nuvens.

Mas, Derek não poderia nunca se preparar para o que viu.

Sua casa em chamas.

Derek ouvia os batimentos cardíacos cada vez mais lentos.

Seus passos eram vacilantes, ele cairia a qualquer momento.

Desabaria.

Ele não ousou entrar na casa, ele não quis ver.

Onde estaria sua mãe?

Suas irmãs?

Onde estaria sua pequena morena?

Derek não suportava a visão dos olhos azuis se apagando com o fogo.

Era doloroso demais.

Ele passou as mãos pelos cabelos, querendo os arrancar.

— ATHENA! - seu grito fora ensurdecedor.

O eco fora apavorante.

E ele não recebeu resposta alguma.

Não poderia mais acreditar que nunca mais ouviria sua doce voz lhe chamando, suas mãos macias lhe abraçando ou as promessas adoráveis que iriam se casar.

— Derek… - ele se virou em direção ao sussurro, quase falho.

O lobisomem mais novo rapidamente se agachou ao lado de seu tio, pai de Athena.

— Cadê ela? - falou desesperado. - Cadê Athena?

— Cuide dela… - foi a única coisa que disse.

Ele ficou longos segundos apenas encarando o vazio.

Até que sentiu uma mão em seu ombro.

— Vamos… - Laura lhe falou suavemente.

— O que aconteceu? - ele a encarou com os olhos marejados.

A irmã mais velha apenas balançou a cabeça e o ajudou a se levantar.

Athena nunca conseguiu se lembrar do dia do incêndio, nunca entendeu o que havia acontecido, e sua mãe adotiva nunca lhe explicou.

Ela havia mudado muito ao longo dos anos, apenas algo se perpetuou, sua cicatriz no ombro e seu amor por Derek, seu príncipe.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso!
Espero que gostem! ♥
Me mandem review, babes ♥