Sempre preferi a quietude à tormenta. Desde o massacre do clã foi assim. Antes a solidão era algo que temia, sempre fiz de tudo para estar ao lado de quem me era importante naquela época, seja meu irmão Itachi ou meus pais...

Otou-san, mesmo sisudo e tendo a predileção por meu nii-san, sempre esteve ali quando eu precisava. Era como se, mesmo que nunca tivesse contado a ninguém o que ocorria dentro de mim, quando o silêncio era absoluto, ele sabia. No fundo ele sempre soube o quão desconfortável eu ficava e, por isso, mesmo com todos os problemas do clã, ele se fazia presente não deixando que o medo me dominasse. Mesmo com toda a dureza que ele demonstrava para mim.

Naquela noite todo o clã estava calado... a tensão tomou conta de todo o meu ser antes mesmo de entrar nos limites do Distrito Uchiha. A tranquilidade reinava ali, mas não era uma calma saudável, era algo que gelava até a última gota de sangue de quem se aproximasse do entorno.

A Lua de sangue... era tudo o que via, não consigo lembrar os motivos de terem me feito chegar tão tarde em casa. Eu era apenas uma criança com seus completos seis anos de idade, deveria estar em casa vigiando okaa-san preparar o jantar, mas não... eu não estava ali... eu não deveria estar ali e por isso não estava... eles também não deveriam, mas se encontravam em casa... todos eles... todo o clã... toda minha família...

Não restara ninguém naquela noite, a não ser eu e ele. Por longos anos foi assim – eu e ele. Os últimos Uchiha’s. Os temidos e odiados Uchiha’s. A extinção do que um dia foi minha família estaria completa quando nos enfrentássemos. Era assim que eu pensava.

Durante toda minha infância calculei, planejei todos os detalhes de como mataria Itachi. De como vingaria minha família. O plano de reconstruir o clã não veio dessa noite. Ele só veio depois, quando meu silêncio foi quebrado. Estraçalhado. Fragmentado em milhões de pedaços quando minha negritude encontrou com seus esmeraldinos.

Você não sabe o quanto fugi das suas esmeraldas. Você não sabe o quanto elas me causaram confusões e o quanto elas me acalmavam sempre, que aos berros, recordava do mar de sangue de minha linhagem.

Naquela época, pensava que deveria te manter afastada de todas as formas. Você acabava com meu silêncio. O silêncio que aprendi a gostar após aquela noite. Rechacei-te de todas as formas possíveis e inimagináveis. Tentei te matar tantas vezes. Em tantos momentos. Em tantas ocasiões me arrependi por isso e por te fazer sofrer tanto.

Meu coração havia sido transformado em pedra, era o que acreditava. Mas hoje, vejo que ele apenas se acendia e batia normalmente quando minha paz era interrompida por você. Não sei como, depois de tudo... de tudo o que fiz... de todo o mal que causei às pessoas que você ama e a ti própria, como me perdoou... as únicas coisas que sei são que agradeço enormemente por você ter acabando com meu silêncio constante e ter conseguido me perdoar.

Hoje, continuo gostando do silêncio, mas não daquele que me amargurava antes, e sim daquele de ter você dormindo em meus braços sempre que estamos juntos, como também daquele quando acaba dormindo com nossa filha e eu tendo que buscá-la, sempre a levando nos braços. É desta quietude que gosto. A calma de ter uma família novamente, a minha família e tudo graças a você.

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— Sas...Sas...Sasuke...