Eu nunca volto atrás com minha palavra. Nem ela.

Descobri nesses 7 dias ao lado dela que Hinata também compartilhava do meu jeito ninja de ser. Sorri como um bobo apaixonado quando ela me contou.

Na verdade, além de fazer amor incontáveis vezes, também conversamos muito. Descobri seus gostos e dissabores, seus medos e sonhos. Fiquei sabendo do seu passado, alguns fatos não gostei nada, como por exemplo, saber que seu primeiro beijo havia sido com Kiba e não comigo.

— Mas isso é culpa sua! Se tivesse reparado em mim antes... – ela provocou.

Eu cocei a nuca, constrangido. Era verdade. Eu era um idiota... mas tudo bem, estava me retratando pela minha lerdeza, e como ela própria havia me cobrado, estava pagando com juros... esperava eu, que para o resto da vida!

— Hime, está pronta? Temos de ir? – Gritei por ela já com a porta da sala aberta.

— Já estou indo! – Ela gritou de volta.

Não pude deixar escapar um sorrisinho. Eu não estava mais sozinho.

Olhei mais uma vez para o meu pequeno apartamento e ele todo parecia mais iluminado. Não só porque Hinata me ajudou a arrumá-lo, mas porque a presença dela fazia isso por mim. Senti um calor gostoso no peito, ao tocar no ponto, senti a mão dela me abraçando por trás.

— Você! – Eu disse, surpreso e feliz. Distraído, não notei quando ela se aproximou. – Com esses pés de gatinha mal te ouço!

— Miau! – ela brincou, em seguida disse – Cuidado, também arranho.

— Hime... não faz isso agora! – Pedi, o olhar já enevoado com pensamentos nada apropriados para o horário. – Estamos atrasados!

— Certo. Certo! Você tem razão, Naruto-kun. É só que... – ela não terminou a frase, mas ficou vermelha e mordeu os lábios.

— Hime... – minha voz morreu. Hinata me olhava de um jeito irresistível.

Não tive outra escolha senão beijá-la.

Os lábios macios me foram muito receptíveis e doces, como sempre. Ah... eu podia beijá-la o dia inteiro não fosse...

— Kakashi-sensei – eu disse, e ela nos separou do nosso beijo, fazendo um biquinho lindo que me fez beijá-la novamente.

— Vamos, Naruto-kun, senão não chegaremos no horário – ela por fim, me soltou e se arrumou como se nada tivesse acontecido.

Eu por outro lado, estava descabelado e bem... acordado em outras partes. Hinata percebeu e me deu um sorriso inocente, como se não fosse a culpada pela minha situação.

— Hime, você é... – “Incrível, sensacional, espetacular”, pensei, mas resolvi provocá-la: pior que o Ero-sanin.

— Naruto-kun! – Ela me repreendeu daquele jeitinho doce que fazia e ficou completamente vermelha.

Eu ri, satisfeito com a mini provocação.

— Eu te amo demais. Sabia? – Declarei, assim, de repente. A puxando para meus braços para um abraço carinhoso.

Hinata merecia uma declaração por dia, como eu disse, eu levava minhas promessas a sério! Estava disposto a quitar minha “dívida” da melhor forma possível. Sorri com o pensamento.

— Do que está rindo?

— Nada, Hime.

— Naruto Uzumaki, eu conheço bem cada expressão sua! Pode ir desembuchando!

— Não! Agora vamos que estamos mais que atrasados – dizendo isto, peguei-a no colo.

— Naruto!!!

— Vamos voando, meu bem!

Ela deu um gritinho de susto e emoção tão logo pulei nos telhados de Konoha. Corria tão rápido por cima da cidade que era quase como voar.

De fato, ao lado de Hinata eu me sentia voar.

Não importava o lugar, ela era o meu lar.

Sorri para ela que me sorriu de volta num sorriso de iluminar uma cidade inteira.

“Narutooô!” era Kurama me chamando “abaixa essa luz que está me incomodando”

“Haha! Não mesmo, raposa! Estou amando”

Kurama bufou, fingindo desagrado, mas a verdade é que estava feliz por mim. Sentia isso.

“Hehe!”

— Olha lá, Tsunade-sama está começando a discursar! – Hinata disse, apontando.

— Chegamos bem na hora.

Assim que aterrissamos na multidão, um agente da Ambu surgiu do nada, solicitando minha participação no pódio, para que ficasse ao lado de Sasuke e Sakura quando nosso sensei recebesse oficialmente o título de sexto Hokage da Folha. Senti-me honrado.

— Está bem. Já vou – disse ao Ambu que assim que ouviu minha resposta, sumiu. Em seguida, me virei para Hinata: - Vem comigo.

— Mas, Naruto-kun, Kakashi-sensei só quer os alunos dele lá em cima.

— Se ele me quer lá com ele, você vai também. Aonde eu for, você vai e vice-versa.

Hinata não contrapôs, vi quando seus olhos brilharam marejados e ela assentiu.

Caminhamos entre a multidão e logo quando estávamos perto de onde era requisitado, Sasuke me chamou.

— Naruto, kakashi-sensei quer conversar com você antes.

— Hai.

Fui com Hinata ao escritório do Hokage – que daqui uns minutos seria de Kakashi-sensei de fato, por ora, ainda pertencia à vovó Tsunade, - por isso, não me surpreendi ao encontrar Shizune com a porquinha à tiracolo.

— Naruto – Kakashi-sensei me cumprimentou, enérgico. Dava para ver que estava nervoso. – Hinata – ele a cumprimentou, gentil. – Naruto, te chamei aqui porque quero lhe falar algo, mas é particular, se não se importa – ele deu a indireta para que Hinata saísse da sala, mas eu segurei sua mão para que ela permanecesse ao meu lado.

— Pode dizer, Kakashi-sensei. Hinata e eu vamos nos casar. Não há nada que eu queira esconder dela.

— Hai – ele concordou e respirou fundo antes de dizer: - Eu conversei com Sasuke e Sakura, e agora tenho a oportunidade de falar com você, meu aluno. Quero dizer que como de vocês, pude observar de perto a evolução de cada um. Eu não poderia estar mais orgulhoso, especialmente da maneira como cresceram feito homens honestos. O Sasuke indo por um caminho mais torto e você, firme e forte, nos seus sonhos e objetivos. Nunca conheci alguém com mais fibra, caráter e força de vontade que você, Naruto. Não é à toa que é filho do quarto, meu antigo mestre – ele pausou e eu já estava com o nó na garganta. Ser reconhecido pelos meus atos e ainda por cima, ser comparado ao meu pai, eram coisas que mexiam demais comigo. Hinata não deixando passar nada, apertou delicadamente meu braço, numa demonstração de suporte. Kakashi-sensei continuou: – Quero que saiba que tenho muito orgulho de ter tido você como meu aluno e também que prometo me dedicar ao máximo para ser um bom Hokage e poder te treinar para ser o próximo – ele sorriu sob a máscara ao dizer isso.

Eu fiquei sem reação.

Kakashi-sensei havia dito o que eu pensava que ele disse?

— Naruto-kun? – Hinata me chamou. – Está bem?

— Hime, eu... – comecei, mas não sabia como continuar.

Kakashi-sensei havia dito realmente que eu seria o próximo Hokage?

— Você... – Hinata insistiu para me ajudar.

— Eu acho que não ouvi direito. Kakashi-sensei, poide repetir de novo, por favor?

Ele sorriu, daquele jeito tão característico dele, um deboche leve:

— Você será o sétimo Hokage, Naruto. A quinta, o conselho de Konoha e eu, como sexto, decidimos que você será um ótimo Hokage. Depois de algum treinamento, e claro, maturidade. Por isso, serei Hokage até que este dia chegue. Até lá, olhe e aprenda.

Eu fiquei sem palavras por segundos intermináveis até que Kurama me chamou a atenção.

“Narutôooo! Baka! Diga alguma coisa! Este é seu maior sonho. Aquilo pelo qual lutou a vida toda. Faça algo, baka!”

Eu respirava rápido, o coração acelerado. Não podia acreditar que a sorte resolvera sorrir para mim desta forma. Era tudo bom demais para ser verdade.

Olhei para a mão de Hinata que me dava carinhos ritmados no braço e seus olhos amorosos. Olhei Kakashi-sensei esperando uma resposta minha. E na hora, me subiu uma bile.

Aquilo tudo era mentira.

Hinata. Kakashi-sensei. Eu, Hokage. Eu devia estar preso em algum Genjutsu. Só isso explicava.

Talvez o teme estivesse brincando maldosamente com a minha mente por eu ter beijado Sakura-chan aquela vez...

— Saaaaaasukeeee!!! Pode me tirar desse Genjutsu agora, seu idiota!!! – Gritei.

— Naruto! – Hinata chamou minha atenção, mas eu não lhe dei ouvidos.

Fechei meus olhos com força e passava a mão pelos cabelos, atordoado. Se isso fosse um sonho, era cruel demais. Como poderia acordar dele sabendo que eu nunca seria feliz daquele jeito? Senti uma dor no peito. Comecei a hiperventilar.

— NARUTO! – A voz de Hinata foi severa e me requisitava.

Olhei para ela e encontrei seu par de olhos faiscando chackra azul do Tenseigan. O poder daquele olhar me fez paralisar da cabeça aos pés. Em seguida, ela pressionou alguns pontos no meu peito e logo, senti o alívio espalhar por todo o corpo.

— Naruto-kun – ela me chamou, a voz melodiosa – Isso não é um sonho, nem um genjutsu. É real. Você será o sétimo Hokage.

A cada palavra dita pela boca de Hinata, fui me acalmando – e acreditando.

— Então, quer dizer que é verdade?

— Sim! – ela festejou.

— E você... você também é real?

— Como assim?

— Você está aqui... comigo?

Ela entendeu minha pergunta e se aproximou de mim, colocando sua mão carinhosamente em meu rosto.

— Sim, Naruto-kun. Eu amo você. Sempre amei. Sempre amarei.

Com essa verdade sendo confirmada por ela, algumas lágrimas fujonas conseguiram escapar da prisão dos meus olhos.

— Oh, Naruto-kun – Hinata se derreteu ao meu lado, chorando por mim e por ela. Me liberou da força do seu Tenseigan e por fim, eu pude abraçá-la.

— Ouvimos gritos! Está tudo bem aqui? – Sasuke irrompeu pela sala, nos encontrando abraçados e emocionados.

Para minha surpresa, Sasuke me lançou um sorriso sincero.

— Ele já ficou sabendo então?

Hinata confirmou com um aceno de cabeça e Kakashi riu.

— Parabéns, Dobe. Você merece!

— Parabéns, Naruto! – Sakura que vinha logo atrás de Sasuke me disse, realmente feliz por mim.

— Muito bem! Agora todos já para fora. Está na hora do sexto entrar – disse a nova assistente do sexto.

Seguimos para o pódio, onde Kakashi-sensei recebeu a posse diretamente da mão da quinta, Tsunade-sama, uma das ninjas mais fortes que já tive o prazer de conhecer.

O povo de Konoha vibrou com a notícia e fiquei imaginando se ficariam felizes quando fosse minha vez. Como se lesse minha mente, Hinata me sussurrou no ouvido:

— Vai dar tudo certo.

Ao que lhe respondi:

— Vai sim porque você está aqui comigo.