Backstage escrita por Fe Damin


Capítulo 6
Capítulo 06


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, estou de volta depois de uma semana atribulada!
Esse capítulo deu um trabalhinho, mas acho que valeu a pena :)
A Mione voltou de viagem com uma ideia fixa na cabeça, como será o encontro dela com o Ron? Quem ai acha que ele vai gostar do presente que ela escolheu? hauahuha
Espero que vocês gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/692675/chapter/6

Viajar era ótimo, mas nada como estar em casa depois de um tempo longe. Acordei muito bem disposta na sexta-feira, eu ainda tinha mais alguns dias de férias e um encontro combinado com a Ginny para aquela noite, então não perdi tempo em arrumar a casa e sair para comprar os ingredientes necessários para o jantar, eu sabia como a minha amiga era ocupada com a complicação dos seus horários, dessa forma eu a assegurei que não precisava se preocupar com nada, seria só vir até a minha casa que eu cuidaria de tudo. Era quase hora do almoço quando eu cheguei ao supermercado, selecionei rapidamente tudo o que eu precisava e me posicionei na fila do caixa, eu estava distraída esperando a minha vez quando meu celular anunciou a chegada de uma mensagem.

“Já está de volta?”

A pergunta do Ron chegou sem nem um oi o que eu estranhei um pouco. Eu havia decidido depois da minha viagem que eu precisava dar uma cortada na nossa interação, assim como minha mãe havia dito, eu tinha que saber o que era real e o que era hábito e claramente, na minha cabeça, cinco anos haviam forjado um hábito mais do que forte, estava na hora de quebra-lo antes que outras coisas se partissem pelo caminho...

“Cheguei ontem”

Respondi da mesma maneira direta. Chegou a minha vez de pagar as compras e eu guardei o celular na bolsa sem esperar apara ver se ele iria continuar a conversa. Depositei todas as sacolas já pagas no carrinho e fui para o meu carro. Entrei no veículo e antes de dar a partida chequei a tela do meu telefone, não foi com pouca surpresa que li a mensagem do Ron.

“Pensei que você ia me avisar quando voltasse...”

Fitei as palavras por alguns segundos, esquecendo totalmente que eu estava no estacionamento de um supermercado com compras para serem levadas para casa. O que ele quis dizer com aquilo? Jamais estabelecemos esse tipo de procedimentos, eu nunca divulguei meus passos para ele assim como ele nunca havia feito o mesmo. Podia ser a minha imaginação fértil, mas eu tinha lido aquela frase como se a voz dele estivesse desapontada, de onde vinha o interesse repentino? Bati as mãos no volante e joguei o celular no banco do passageiro, era exatamente disso que eu queria me livrar, chega de perguntas sem respostas, de confusão mental que nunca seria resolvida, eu precisava mudar a minha vida para dar um rumo mais palpável aos acontecimentos.

Passei o caminho inteiro pensando se eu responderia ou não aquele comentário e decidi que seu eu tinha a intenção de começar uma nova página, primeiro eu precisava dar um fim a anterior, eu não iria simplesmente me afastar, o Ron não sabia o que se passava na minha cabeça e não seria justo com ele sumir e deixar tudo por isso mesmo. Depois de subir com as compras, eu debati mais um tempo qual seria a melhor forma de fazer aquilo até tomar coragem de mandar a resposta.

“Você está livre no sábado? Podíamos ir jantar em algum lugar.”

Um restaurante seria o lugar ideal, quanto menos contato eu tivesse com ele, mais fácil seria o trabalho que eu tinha pela frente de interromper o que já vinha se prolongando por tempo demais.

“Estou sim, você não prefere vir aqui em casa? Achei aquele vinho que você gosta.”

Ele não estava ajudando a facilitar as coisas, o vinho de que ele falava era o meu favorito, por mais que não fosse a coisa mais sofisticada do mundo, não era uma marca fácil de encontrar e ele sempre comprava uma garrafa quando achava, memórias de todas as outras vezes que começamos a noite com algumas taças daquela bebida me vieram à cabeça e quando dei por mim já estava aceitando o convite.

“Tudo bem, separe as taças maiores”

Eu o imaginei rindo ao ler minha resposta e acabei imitando o gesto, mas ao perceber me irritei com o que tinha acabado de fazer, onde estava a minha obstinação? Quando eu decidia alguma coisa, ia até o fim, custe o que custar, porém o Ron tinha facilmente desviado os meus planos com umas poucas palavras e um punhado de memórias. Hábito, era apenas isso. Ele comprava o vinho e nós nos encontrávamos, nada de novo. Eu não precisava me preocupar, apenas aproveitaria mais essa noite em sua companhia antes de continuar para um novo caminho, nada mais normal do que querer um encerramento digno.

Joguei para o fundo da minha mente a informação de que no dia seguinte eu veria um certo ruivo e fui me distrair na cozinha aprontando as coisas para o encontro de mais tarde. Comi um lanche rápido e comecei os preparativos, fiz um bolo de chocolate, que eu sabia que a minha amiga adorava, e uma torta salgada que seria fácil de comer enquanto nos engajávamos na que provavelmente viria a ser uma conversa quase sem fim. Apesar de morarmos tão perto uma da outra, não era sempre que conseguíamos nos ver, então quando nos juntávamos a regra era não pararmos de falar até onde conseguíssemos e um pouco além disso ainda.

Depois de tudo pronto, tomei um banho e escolhi vestir um shorts jeans e uma blusa frente única da qual eu gostava muito, tinha sido um presente do Ced algum tempo atrás, então claro que era elegante e de bom gosto. Calcei uma das minhas sandálias rasteiras e fui para a sala me ocupar com alguma coisa enquanto esperava minha vizinha chegar. Optei por tirar algum livro da minha estante generosa e mergulhar em alguma das histórias que eu ainda não havia lido. Eu tinha lido vários capítulos da intrigante história de mistério quando a campainha tocou. Coloquei uma marcador entre as páginas que eu estava lendo, pousei o livro na mesinha que ficava ao lado do sofá e fui cumprimentar a visitante.

—Oi, Ginny, entra. – recebi minha amiga com um largo sorriso e um abraço apertado.

—E ai, Mione como foi a viagem? – ela colocou as chaves do seu apartamento junto das minhas no meu porta-chaves e me seguiu até o sofá onde nos acomodamos.

—Ótima como sempre, apenas curta demais, o tempo passa tão rápido, dez dias não são nada.

—Isso depende de pra quem você pergunta - ela rebateu com um sorriso irônico que me deixou sem entender do que ela estava falando.

—Como você já pode imaginar os meus pais inventaram um milhão de coisas para fazermos – eu continuei sem dar atenção ao comentário anterior, ala assentiu indicando que já conhecia bem o estilo dos meus pais, ela já tinha ouvido o relato das minhas viagem muitas e muitas vezes.

—E onde eles te levaram dessa vez? Algo mais exótico do que o safari da ultima viagem?

—Acho que poucas coisas seriam mais exótica do que aquele safári – observei rindo com a lembrança do passeio inusitado do ano passado – mas foi muito pior do que isso.

—Pior? Vocês foram acampar com os aborígenes por acaso? – ela me olhou incrédula e eu me apressei a consertar a ideia absurda que tinha passado pela cabeça da minha amiga.

—Claro que não, Gin! Nem meus pais pensariam nisso, ele conseguiram me convencer a ir mergulhar dessa vez.

—Sério? E você foi mesmo? Achei que você ainda tivesse medo de água.

—E tenho mesmo, mas acabei indo, eles ficaram tão empolgados e já tentaram tantas vezes que eu aceitei. – dei de ombros conformada.

—E é tão legal quanto parece?

—É assustador, isso sim! A visão é maravilhosa, mas eu conseguiria aproveitar melhor se ela estivesse envolta por um vidro e eu observando do lado de fora bem seca – ela riu com a minha declaração e eu me juntei a ela.

—Não consigo entender esse seu medo, mas tudo bem... e como estão os seus pais?

Continuamos conversando sobre tudo o que aconteceu nos dias em que eu estive fora, quando ficamos com fome, eu fui buscar a torta e comemos ali mesmo no sofá para não haver interrupção. Ela me contou alguns casos que apareceram no hospital, por mais que eu não gostasse nem um pouco de estar em hospitais, eu sabia o quanto ela se empolgava ao falar sobre seu trabalho então eu sempre deixava que ela discorresse sobre os detalhes que ela achava tão empolgante. Já estávamos na sobremesa quando eu me lembrei de perguntar sobre um assunto que tinha ficado na minha mente desde antes da viagem.

—Ah! E como vai aquele seu paciente? Harry, não é? – tentei parecer o mais casual possível sem deixar transparecer a curiosidade que tinha aparecido com os comentários do Ron.

O sorriso que ela me lançou já me disse tudo o que eu precisava saber, mas ela respondeu mesmo assim.

—Vai muito bem, saímos algumas vezes.

—Ah então ele conseguiu mesmo o seu número! – bati palmas indicando a vitória por parte dele – e quando eu vou conhecer o digníssimo? – provoquei.

—Um dia quem sabe....

A resposta foi mais significativa do que ela deixava transparecer, se ela disse isso, era porque a possibilidade de ele continuar por perto era grande, fiquei muito feliz pela minha amiga, ela trabalhava e se dedicava tanto, eu sabia que ela, mais do que ninguém, merecia encontrar alguém legal. A curiosidade por conhecer a pessoa que tinha trazido aquele sorriso ao rosto dela aumentou, porém eu não ia insistir, se as coisas evoluíssem, eu o encontraria eventualmente.

—Não vou esquecer, viu! – declarei sincera.

A hora já estava avançada e eu notei o cansaço nos olhos da Ginny.

—Você está cansada, não é? Já te aluguei bastante – levei a minha mão ao ombro dela m sinal de simpatia.

—Só um pouquinho – um bocejo surgiu para roubar a credibilidade daquelas palavras e acabamos rindo – é acho que eu já vou indo.

—Tudo bem. Ah! Quase me esqueci, trouxe uma lembrancinha para você – me levantei depressa para buscar o presente que tinha ficado no meu quarto, voltei a sala e depositei o embrulho no colo dela.

—Que coisa mais fofa – falou ao tirar o coala de pelúcia do pacote – agora eu tenho um coala médico! – ela envolveu o bichinho com os braços.

—Que bom que você gostou, achei a sua cara, não sei porque.... – revirei os olhos marcando a ironia do meu comentário.

—Pode deixar que eu vou dar um bom lar para ele, vai ficar lindo na minha cama – ela se levantou indo em direção a porta.

—Obrigada pela visita, Gin – abracei-a

—Até parece que é um esforço imenso vir até aqui conversar com a minha amiga e comer aquele bolo delicioso – brincou ela.

—Tchau, Mione boa noite.

—Boa noite, Gin – fechei a porta assim que ela entrou no apartamento do lado.

Eu não me sentia eu mesma no dia seguinte, o prospecto do que eu tinha decidido fazer não estava me trazendo a sensação de tranquilidade e conforto pela qual eu ansiava, pelo contrário eu me encontrava ansiosa e muito mais do que ligeiramente apreensiva com a ação que eu tomaria aquela noite. Tentei me acalmar, me convencendo de que interromper um hábito de cinco anos não podia ser alguma coisa que viesse naturalmente, já diziam as leis da física que quando parados tendemos a permanecer da mesma fora, eu não estava mudando de ideia, era apenas inércia.

A hora se aproximava da combinada para eu ir até a casa do Ron e eu não conseguia me convencer a me levantar do sofá, onde eu estava lendo, e ir tomar um banho para me arrumar. Chegou ao ponto que eu sabia que chegaria atrasada, mas mesmo assim algo me prendia no lugar, seria tão mais fácil apenas não vê-lo mais, por que eu precisava me despedir? Eu podia simplesmente não ligar mais e não atender quando ele me procurasse, ele sabia meu número e meu endereço, mas também não queria dizer que ele fosse continuar atrás de mim se eu não desse ibope, eu não acreditava que ele fosse se abalar muito com isso, porém a minha parte mais responsável gritou mais alto dizendo que isso não se faz, hábito ou realidade eu tinha que ir terminar o que começamos tantos anos atrás.

Tomei banho e lavei os cabelos, optei por ir com os fios molhados mesmo, se eu ainda fosse pegar o secador eu me atrasaria mais ainda. Abri o armário para decidir o que vestir e a dúvida se abateu sobre mim, que roupa você usa para se despedir? Acabei deixando meu lado sentimental falar mais alto e procurei a lingerie do aniversário anterior dele, eu não sabia se ele se lembraria do conjunto vermelho sangue que eu tinha usado como “presente”, mas para mim tinha algum significado. Vesti uma calça preta justa e uma blusa da última coleção que eu havia desenvolvido, as estampas geométricas estavam entre as minhas preferidas. Procurei meu par de sapatos vermelho de salto alto e eu estava pronta. Parei rapidamente em frente ao espelho para ajeitar da melhor maneira possível as minhas mechas rebeldes e passar um batom. Juntei minhas coisas na bolsa e já estava de saída quando meu celular anunciou uma mensagem.

“Você não vem?”

Eu nunca me atrasava, os vinte minutos passados da hora já haviam chamado a atenção do Ron.

“Me atrasei um pouco, estou saindo agora de casa”

“Achei que tinha esquecido de mim”

Eu ri com a possibilidade ínfima de eu não me lembrar que iria encontrá-lo, mas decidi não responder já que não tinha a menor ideia de como fazê-lo.  

Como já passava das oito da noite, o trânsito estava tranquilo e eu cheguei em pouco tempo na casa do Ron, geralmente quando eu chegava a porta estava sempre aberta, mas dessa vez ela se encontrava trancada, achei estranho, mas nem dei muita atenção. Toquei a campainha e rapidamente escutei os passos dele vindo em minha direção. Ele apareceu no batente, um sorriso de canto estampado no rosto.

“Vou sentir falta desse sorriso” o pensamento se instalou antes que eu pudesse descartá-lo, não adiantava mais fingir que eu não havia me dado conta disso, eu adorava o sorriso dele, principalmente aqueles que eu sabia serem só para mim.

—Oi, Mione, entra – ele se afastou para que eu pudesse passar por ele, eu escutei a porta se fechando às minhas costas, deixei a minha bolsa no local de sempre e ele se aproximou me enlaçando pela cintura e me envolvendo em um beijo nada delicado que eu respondi no mesmo tom, tinham se passado só dez dias? Eu me surpreendi com a fome em seu olhar e reparei que eu sentia o mesmo, eu sabia que eu tinha uma missão ali naquela noite, mas nada me impedia de saciar a vontade dentro de nós primeiro.

—A viagem foi boa? – ele perguntou enquanto beijava o meu pescoço e a última coisa que eu queria era falar.

—Ótima – eu tinha os olhos fechados e as minhas mãos já se insinuavam pela parte interna da camiseta dele.

—Espero que você tenha descansado bastante – ele se afastou para me encarar e quando viu meu olhar inquisitivo, aproximou a boca do meu ouvido e sussurrou – comprei duas garrafas de vinho.

Mordi o lábio para conter um suspiro de ansiedade, eu sabia muito bem o que ele queria dizer com aquilo e não estava nem um pouco preocupada em ir embora naquela hora. Ele foi me levando em direção à cozinha sem que nós nos afastássemos, parei de me mover quando senti o balcão atrás de mim, as pontas dos dedos dele roçavam a o cós da minha calça e eu me arrependi de não ter escolhido nada mais fácil de tirar. Sem dizer nada ele se afastou para pegar a garrafa, a primeira, e as taças, me sentei em um dos bancos altos, e não fiquei muito satisfeita em sentir tão rapidamente o vazio da distância, mas atribui às emoções exacerbadas pelo momento.

—Melhor começarmos com isso – indicou o vinho já aberto que ele serviu nas taças, me cedendo uma – a não ser que você queira comer primeiro – ele se posicionou de modo que ele estivesse em meio às minhas coxas, me olhando com um sorriso atrevido.

—Não estou com fome agora – “de comida” me peguei completando mentalmente.

—Ótimo, eu também não.

Ficamos ali nos encarando alguns instantes, enquanto goles daquela bebida maravilhosa eram sorvidos. Ele sempre tomava vinho daquela maneira? Porque de repente cada gesto que ele fazia me trazia mais perto da ação de jogar aquela taça para longe para que eu fosse a beneficiada por aquela boca, quando ele afastou a louça e lambeu os lábios, no que eu sabia ser uma ação deliberadamente demorada, eu decidi que já tinha esperado demais, pousei o objeto que ocupava as minhas mão no balcão e puxei-o para perto pela camiseta. Vi o sorriso que estampava o seu rosto antes de roubar o que eu queria.

Com os lábios ainda colados nos dele, puxei a camiseta que ele usava para cima, ele se afastou para passa-la pela cabeça sem se demorar muito. Meus dedos ganharam acesso a pele firme e quente dos ombros dele, desci as mãos pelas suas costas e o senti se inclinando em direção a mim para facilitar a minha exploração. Não gostando de ficar para trás no nosso jogo, ele foi logo a procura dos botões da minha blusa, quando ele afastou o tecido de um dos meus ombros, a renda vermelha do meu sutiã ficou a mostra e eu escutei a respiração dele falhando de leve, para minha surpresa ele tinha se lembrado.

—Ora se não é um velho amigo, muito bem vindo - ele murmurou lambendo o decote da peça e me fazendo perder o foco do que ele estava comentando - pena que eu prefiro que ele fique quietinho ali no chão.

Em poucos segundos a minha blusa já tinha sido atirada para o lado sendo rapidamente acompanhada pela parte de cima da minha lingerie. As mãos dele me acariciaram por toda parte, indo em direção ao fecho da minha calça, eu já estava fora de mim o suficiente para ter que buscar o apoio da mesa atrás de mim, eu tinha os cotovelos apoiados no balcão e a cabeça inclinada para trás. Ele conseguiu abrir o botão da minha calça e puxar o zíper, mas eu escutei um suspiro de frustração quando ele tentou sem sucesso se livrar da peça.

—Você não podia ter escolhido algo mais difícil, não? Assim está muito fácil – abri os olhos para encontrá-lo com as sobrancelhas levantadas em sinal de desafio e decidi devolver na mesma moeda.

—Não sabia que você desistia tão rápido, se estiver muito difícil conseguir o que quer eu posso ir para casa – meu sorriso provocante afirmava que eu sabia que ele queria tudo menos aquilo no momento, e não me importei que eu tivesse o mesmo pensamento.

—A senhorita está muito engraçadinha hoje, vamos dar um jeito nessa boca atrevida – antes que eu pudesse responder, ele me calou com um beijo e passou a mão pela abertura da minha calça, os dedos dele me acariciando roubaram todo o ar dos meus pulmões.

Ele beijou meu pescoço e mordiscou a minha orelha, adicionando mais vontade nos meus gemidos, antes de dizer:

—Assim está muito melhor – ele não parou até que eu estivesse praticamente deitada sobre a mesa e completamente satisfeita.

O peso do corpo dele cobrindo o meu foi o que me trouxe de volta da estratosfera onde eu me encontrava, ele passou a mão pela minha nuca e com os lábios próximos aos meus falou com a voz rouca:

—Viu como é bom não dizer nada às vezes?  - ele me deu um selinho rápido e me puxou de modo que eu me sentasse novamente.

—Você ainda está muito falante – resmunguei, minha voz saindo muito mais manhosa do que de costume. Passei os braços pelo pescoço dele e o encarei a espera de um comentário que eu sabia ser inevitável.

—Não se preocupe que até a noite acabar eu prometo que estaremos os dois ocupados demais para falar - ele passou os braços pela minha cintura e me trouxe para perto me levantando do local de onde eu estava até que eu ficasse de pé na sua frente, as mãos dele se prenderam à abertura da minha calça e ele foi se abaixando, levando o tecido junto até os meus tornozelos, ele permaneceu ajoelhado, beijando as minhas coxas quando eu percebi que ele estava esperando que eu levantasse o pé para ele se livrar de vez da peça de roupa.  Tudo o que me restava era a calcinha vermelha nada comportada, ele levantou os olhos até os meus e a minha visão privilegiada notou o fogo por trás deles.

—Acho que está na hora de jantar – a boca dele se encontrava perigosamente perto da minha virilha, sua respiração me causava arrepios.

—Jantar? – perguntei embriagada novamente nas sensações.

—Sim, a parte que a gente come comida, não se lembra como é? – ele mordeu de leve a coxa que ainda acariciava e eu perdi a capacidade de responder por um tempo.

—Prefiro pular para a parte que nenhum de nós fala – enrosquei a mão em seus cabelos e ele refez o caminho até estar de novo na altura dos meus olhos, sem que suas mãos desgrudassem de mim por um instante sequer.

A última coisa que eu queria era comer, ele tinha começado a noite e se dependesse de mim ela ainda estava longe de acabar, já que era a última, que fosse memorável.

—Além de tudo está apressadinha também – ele riu levantando o meu queixo com a mão e passando o polegar pelo meu lábio inferior – vamos comer e depois eu quero a minha recompensa de sobremesa.

Eu assenti com a cabeça, sem condições de ser muito incisiva com nada naquele momento, eu ainda estava flutuando. Ele se afastou para ir pegar o jantar e eu me abaixei para achar a minha roupa, pois mesmo no estado de estupor em que eu me encontrava, não tinha nenhuma chance de eu jantar com esse traje tão sumário. Ele viu o que eu pretendia fazer e me impediu.

—Nem precisa colocar tudo isso de volta, só vai dar mais trabalho depois – o sorriso de canto me provocava a contestar.

—A claro, vou comer assim enquanto você está bem confortavelmente vestido – rolei os olhos com a incoerência.

—Não seja por isso – ele abriu o fecho da calça e a tirou num piscar de olhos, ficando apenas de cueca – agora estamos quites – meu olhar de reprovação o fez gargalhar. Ele pegou a camiseta dele e levou até mim. - Toma, pode vestir, pelo menos fica mais fácil de tirar depois.

Eu estiquei a mão para pegar a roupa, mas ele se aproximou e passou o tecido pela minha cabeça, me ajudando a colocar os braços nos lugares certos. A nossa disparidade de altura fez com que a blusa parecesse um vestido em mim, além de muito largo. Estava longe da minha escolha de vestimenta adequada, mas tinha o cheiro dele que eu adorava, me contive para não levar a gola ao nariz e inspirar fundo. Outra besteira que eu havia notado: em cinco anos eu nunca havia vestido uma peça de roupa dele. Pena que uma primeira experiência tenha vindo no último dos encontros. Antes que eu pudesse me repreender pelo caminho que meus pensamentos estavam tomando, percebi que ele tinha dado alguns passos para trás e estava me observando atentamente.

—O que foi? – fiquei curiosa com essa ação, não era como se ele nunca tivesse me visto com menos roupa do que aquilo.

—Você realmente fica linda em qualquer coisa – ele deu de ombros - Eu só estava constatando o que já sabia – ele se virou e foi pegar a comida que estava guardada no forno e eu fiquei congelada no lugar.

Um elogio bobo e meu coração acelerou, ele tinha que ter dito isso justo hoje? Eu não queria escutar nada daquilo, no fundo eu já temia mudar de ideia sobre a minha decisão e ele agindo assim não ia ser benéfico em nenhuma escala. Chacoalhei a cabeça, tentando me concentrar novamente e não perder o foco do que eu teria que fazer ao fim da noite.

O risoto que ele preparou foi levado para a sala, junto com toda a louça necessária, que na opinião dele consistia apenas de dois garfos e as nossas taças de vinho. Para minha surpresa ele não pousou o recipiente na mesa de jantar e sim na mesa de centro que ficava perto do sofá sobre o tapete macio da sala de televisão. Ele se sentou, passando as penas por debaixo da mesa e apoiando as costas no sofá, indicou com os olhos o lugar ao seu lado e eu o segui e me acomodei, ainda achando aquilo tudo muito pouco característico.

—O que tem de errado com a mesa de jantar hoje? – resolvi perguntar, mesmo receando escutar o que eu não estava precisando no momento.

—Grande demais, fiz a comida em um prato só, assim a gente encurta a distância – bem feito, Hermione, quem mandou perguntar.

Ele passou o braço esquerdo pelas minhas costas e eu não resisti a me aninhar naquela proximidade, nem eu estava me ajudando. Começamos a comer aquele risoto delicioso regado com o restante da garrafa de vinho, já estávamos quase no fim da refeição quando ele me puxou para um beijo e com a distração acabei derrubando o meu garfo no chão.

—Droga – praguejei – vou pegar outro – eu já ia levantar, mas ele pousou a mão no meu ombro me mantendo no lugar.

—Pode usar o meu. – aceitei ficando sentada.

Pensei que ele fosse me passar o garfo assim que ele terminasse a parte dele, mas ele encheu o talher e o levou em direção a minha boca, hesitei alguns segundos antes de me inclinar e aceitar a oferta. Ele deu um beijo no meu ombro e disse:

—Da próxima vez eu pego um garfo só – o jeito que ele me olhava ajudou a afundar ainda mais o meu coração que já tinha murchado com as palavras dele. “Próxima vez”, não existiria uma próxima vez, ou será.... Não! Eu tinha decidido e não voltaria atrás, qual era o sentido de adiar o fim inevitável?

Ele roçou o nariz na curva do meu pescoço e eu me virei automaticamente para perto dele, eu ia dar um fim à nossa “relação”, mas ainda tinha uma parte do grand finale para aproveitar.

—Já estou pronto para a sobremesa – o garfo e o resto da comida ficaram esquecidos sobre a mesinha e ele me enlaçou num abraço, suas mãos apertando a minha cintura – me espera lá no quarto que eu já levo.

Arregalei os olhos com o pedido, mas me levantei e segui para o cômodo que eu conhecia tão bem, o corredor estava escuro, mas eu não precisava acender a luz para achar a porta correta. Acendi a luz e me deitei na cama, em meio aos vários travesseiros, esperando o que quer que ele tivesse planejado como sobremesa. Minha imaginação estava correndo solta e eu não prestei atenção quando ele se juntou a mim no quarto, apenas quando a luz apagou eu percebi sua chegada. Ele trazia alguma coisa na mão que eu não consegui identificar, a penumbra era suficiente apenas para eu divisar a silhueta dele.

—Não vamos precisar da luz – escutei ele pousando alguma coisa no criado mundo e senti o colchão afundado ao meu lado quando ele se acomodou perto de mim – também não vamos precisar disso – ele puxou a blusa que eu usava pra cima e eu não o impedi de tirá-la pela minha cabeça, meu corpo todo já ansiava pelo que ele nem havia começado a fazer.

Eu me deitei apoiada nos travesseiros e ele se sentou sobre mim, com as pernas me ladeando, um beijo longo e profundo já restaurou todo o fogo que tinha se apagado depois que saímos da cozinha. Ele se afastou e se inclinou em direção ao criado mudo.

—O que você tem ai? – indaguei morrendo de curiosidade.

—Surpresa – eu não conseguia enxergar, mas sabia que ele tinha o sorriso mais provocante no rosto.

Os segundos que se passaram me deixaram na beira do precipício, eu queria puxá-lo de volta para continuarmos de onde paramos quando senti algo gelado deslizando pelo meu seio.

—Ronald! – perdi o compasso da respiração com a sensação gelada contra a minha pele, ainda mais quando ele seguiu o caminho com a língua roubando de vez toda a minha capacidade de fala.

—Você está deliciosa – mordiscou a pele sensível pela baixa temperatura e eu suspirei prendendo minhas mãos nos cabelos dele, eu me sentia como se precisasse me agarrar a alguma coisa para não deixar de existir.

Seus lábios gelados com gosto de morango encontraram aos meus e em algum canto quase inconsciente da minha mente eu registrei que ele tinha comprado o meu sabor favorito de sorvete. Ele pegou mais uma colherada que dessa vez arrepiou a pele da minha barriga, levantei as mãos para alcança-lo, mas ele prendeu meus braços no colchão e sussurrou “quietinha”. O sorvete começou a derreter e escorrer em direção ao meu umbigo, respirei fundo e mordi o lábio para conter o gemido sem sucesso. Beijos seguiram o mesmo caminho, sorvendo todo o doce com a língua e arranhando a minha pele com os dentes.

—Ron... – se antes eu havia dito seu nome em advertência, agora era quase uma súplica, se ele não parasse de me provocar eu não tinha certeza do que aconteceria comigo.

Escutei o riso dele quando finalmente a trilha chegou ao limite onde começava a renda da minha calcinha, ele soltou os meus braços para se livrar do tecido, sem dar importância para onde o estava jogando. Eu decidi que aquilo já tinha ido longe demais, eu estava a beira da loucura, abri a boca para reclamar e exigir que ele parasse aquele tormento, quando senti mais uma vez o sorvete contra a minha pele, dessa vez na minha coxa. A mesma rapidez com a qual eu abri a minha boca foi usada para fechá-la, minhas mãos se agarraram ao lençol e eu tentei fechar as minhas pernas, porém fui impedida por ele que novamente me atiçou com a língua, lambendo a parte interna da minha coxa e esquentando instantaneamente a pele que antes estava gelada.

Ele parecia muito satisfeito em me enlouquecer, mas eu não conseguia mais aguentar, precisava dele mais perto, me dando exatamente o que eu queria, meus lábios se moveram quase que por vontade própria.

—Por favor, Ron – o gemido saiu tão baixo que eu quase pensei que ele não tivesse ouvido.

Ele interrompeu a atenção que ele ainda dava às minhas coxas e levantou a cabeça para finalmente se posicionar em sobre mim.

—Só estava esperando você pedir – eu não tive presença de espírito nem para rebater o comentário convencido.

Ele tirou a cueca, até que enfim a ultima barreira entre nós não existia mais, eu estava com mais pressa do que me lembrava de sentir alguma vez na vida, assim que ele voltou a me beijar, eu envolvi a cintura dele com as minhas pernas, trazendo-o para o mais perto possível. Finalmente ele estava exatamente onde eu queria, mas seus movimentos eram longos e pausados, aumentando deliberadamente a minha vontade, eu era pressa e ele lentidão. Ele acabou não conseguindo permanecer impassível por muito tempo e nos encontramos no meio do caminho. Ele cumpriu o que tinha dito e ambos estávamos sem palavras quando terminamos. Ficamos olhando uma para o outro deitados sem que deixássemos de nos tocar, braços e pernas misturados.

—Nunca mais vou querer sorvete de morango sem acompanhamento – ele quebrou o silencio e eu ri do comentário, me esquecendo por um segundo que se fosse assim ele não comeria mais esse sabor.

—Agora eu estou toda melecada de sorvete, seu atrevido – peguei seu queixo e balancei em advertência.

—Não mesmo, eu fiz o meu trabalho direitinho! Mas se você insiste resolvo o problema bem fácil – ele se levantou rapidamente e num piscar de olhos tinha me pegado no colo como se eu fosse nada mais do que uma pluma.

—Ei o que você está fazendo? – a pergunta saiu entrecortada pelos meus risos, o quarto ainda estava escuro e a probabilidade de ele cair e me jogar no chão era alta, além de eu não ter ideia de pra onde ele me levaria.

Ele caminhou devagar em direção a porta que dava para o banheiro da suíte, eu girei a maçaneta para passarmos e alcancei o interruptor que trouxe o clarão incômodo da luz aos nossos olhos acostumados com a penumbra. Vi pela primeira vez o sorriso que adornava o rosto dele e chegava até o fundo daquele par de olhos azuis, eu não precisava nem me olhar no espelho para saber que a mesma expressão podia ser vista no meu rosto. Ele me colocou sentada na banheira, ligou a água e entrou para se sentar por trás de mim. Ficamos ali abraçados enquanto o nível da água subia, nem uma palavra foi dita.

Era uma boa hora, eu tinha que falar que para mim não dava mais, que aquela noite maravilhosa tinha marcado o fim do que na verdade nunca havia sido, mas a coragem tinha desertado. Ele estava tão feliz que eu não consegui me forçar a falar. Passei ainda alguns minutos digladiando comigo mesma sem atingir um resultado definitivo. Os acontecimentos da noite tinham afetado o meu bom senso, era provavelmente apenas um efeito colateral.

—Ron, eu... – tomei a inciativa de começar, mas a minha voz sumiu.

—O que foi? – diante da minha falta de resposta ele continuou – eu sei que eu prometi duas garrafas de vinho, mas ainda temos tempo pra outra.

—Você quer me embebedar, é? Eu vim de carro, como quer que eu volte assim? – mudei o rumo dos meus pensamentos, eu precisava de mais alguns minutos.

—Voltar? Bom..

—Já foi o suficiente de vinho – cortei a frase antes mesmo que ele pudesse ficar tentado a repetir o pedido da última vez, eu não tinha condições nem de ter a possibilidade de escutar aquilo no momento.

A água já estava na altura ideal e ele pegou uma esponja e começou a me ensaboar sem que eu nem pedisse, ele estava sendo realmente difícil de ignorar.

—Melhor prender os cabelos se não quiser molhá-los de novo – ele se esticou par abrir a gaveta que ficava debaixo da pia e tirou um prendedor de cabelo que eu reconhecia ser meu, colocando-o em minhas mãos.

—Ah então foi aqui que eu esqueci! – eu gostava muito daquela presilha que tinha sido um presente da minha mãe, nem me liguei no fato de ele ter guardado por todo esse tempo.

—Não sabia que era sua, que bom que você achou – sua voz pareceu meio contrariada.

O que ele quis dizer com aquilo? Não pude conter a sensação de desconforto em pensar na possibilidade de ter havido um desfile de mulheres no mesmo local em que eu me encontrava para ele nem saber de quem era o objeto. Me irritei comigo mesma, aquilo não dizia respeito a mim, se eu queria me desvencilhar dele, não tinha sentido algum pensar nessas coisas, alias nem se eu decidisse por não me afastar. Ficamos mais algum tempo na banheira, nos ensaboamos lentamente, trocando beijos e carícias até que a água já fria nos expulsou. Tinha sido uma pequena batalha juntar todas as peças do meu vestuário, mas eu consegui me vestir de novo. Soltei os cabelos e penteei da melhor maneira que consegui.

—Já vou indo, Ron – ele me levou até a sala, vestido apenas com o shorts do pijama.

Era agora ou nunca, eu precisava falar!

—Ron, eu queria dizer... – nada, vazio – que a noite foi maravilhosa.

Idiota! Onde estava a minha determinação? Ele me olhava como se ainda não tivesse se cansado de mim por aquela noite e eu simplesmente não tive forças para falar. Tudo o que me vinha a cabeça era a mesa da sala e um pote de sorvete de morango.

—Definitivamente foi – ele me abraçou e se despediu com um beijo.

Eu já estava no carro quando me lembrei do presente que eu havia trazido para ele da viagem, não querendo ter mais nenhum pretexto para vir vê-lo eu refiz o caminho até a porta, já fechada e toquei novamente a campainha. O sorriso com o qual ele me recebeu era tão triunfante que eu fiquei confusa.

—Esqueci de te dar a lembrancinha que eu trouxe da viagem – vi claramente metade da luz daquele sorriso se esvair com as minhas palavras, o que ele esperava?

—Ah, não precisava – ele pegou o embrulho e abriu – Um imã... que... legal – o sorriso estava extinto.

—Vai alegrar um pouco a sua geladeira – tentei disfarçar o desconforto da situação, será que ele havia ficado decepcionado? Mas nós nunca havíamos trocado presentes, eu tinha certeza de não ter passado dos limites com aquele – Bom agora eu vou mesmo, tchau.

Ao deitar na minha cama, minutos mais tarde eu gastei um longo tempo dando broncas em mim mesma pela minha falta de pulso firme, aparentemente não era possível quebrar um hábito enquanto se praticava o mesmo. Se eu estivesse com o Ron, dificilmente eu seria capaz de me afastar, eu precisava de ajuda e sabia exatamente de quem. O Ced receberia mais uma incumbência na segunda feira, as coisas não podiam continuar assim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O Ron ficou arrasado com o imã, mas também não é pra menos hauhauha
O que vocês acharam do encontro deles, será que dá pra culpar a Mione por ela não ter conseguido terminar tudo com ele? Teve vinho e sorvete, né...
Mas parece que ela está decidida a mudar de página, como será que o Ced vai ajudar? Façam suas apostas!

Comentem, me digam o que acharam e como vcs pensam que será o futuro desses dois :)
Bjus e até o próximo capítulo

Crossover: Quem ai quer saber como o Ron ficou sabendo que a Mione voltou e o que ele achou do presente? Leiam em Déjà vu amanhã! https://fanfiction.com.br/historia/687490/Deja_vu/0