Capítulo 12 - He doesn’t want to stay away

Ele já estava ficando nervoso.

Aquela memória era um tanto confusa, ela ia e voltava e nunca fazia sentido, sempre se distorcia e ele não sabia o por quê. Tinha chegado a acreditar que aquilo não tinha se passado de um sonho, talvez fosse o mais lógico.

Estava em seu quarto cansado, tinha acabado de brigar com Carrie pela milésima vez naquela semana. Aquilo o irritava muito, achava que o relacionamento dos dois era algo perfeito, que seria para sempre. Agora já não tinha mais tanta certeza se realmente queria estar ao lado dela, seu ciúmes ridiculamente necessário passava dos limites, ele já estava sufocado e estava cogitando a ideia de “dar um tempo”.

Pensava nos conselhos que Lúcia tinha lhe dado todo aquele tempo e suspirava cansado, não sabia o quê fazer. Sua namorada era extremamente possessiva, se pedisse para terminar a garota iria enlouquecer, e ele não queria passar nervoso por causa dela.

Naquele exato momento Carrie apareceu com os olhos inchados em seu quarto, seu rosto estava vermelho indicando que ela tinha acabado de chorar. A loira se apoiou na soleira da porta com um suspiro fraco.

— Me desculpe, eu estava errada todo esse tempo.

Ele não respondeu, as desculpas dela já não eram mais o suficiente. Queria que ela agisse e não somente prometesse que iria melhorar.

— Eu quero terminar, Carrie — disse o moreno reconhecendo pela primeira vez o quê ele realmente queria, sentia-se livre ao dizer aquelas palavras finalmente — não aguento mais isso.

A expressão de decepção de Carrie assumiu um semblante de ódio, seus olhos brilhavam perigosamente. E embora Eddie não se lembrasse muito da cena, sabia que nunca tinha ficado com tanto medo em sua vida.

— Isso tudo é sobre Samantha, não é? — sua voz soava “rasgada” quase que inumana — entenda Edmundo, que tudo o quê você quis e jamais vai ter novamente outra vez, sou eu, a garota que esta na sua frente. Entenda que Samantha é uma garota como as outras, ninguém se importa com ela, se ela morresse, ninguém iria ao funeral…

O coração dele falhou uma batida com aquela fala.

“Morresse”, Carrie não estava falando sério, ou estava? Não, ela não brincaria com algo sério.

— Compreenda que você tem sorte de me ter, garotas como eu são como uma em um milhão. Já ela, bem ela, é uma qualquer inútil.

— Não fale de Samantha desta maneira, ela é a garota mais agradável que já conheci! — Edmundo rebateu se ajeitando em sua cadeira.

O encontro da mão da garota contra o seu rosto o assustou, fazendo com que ele recuasse com a mão na bochecha que ardia pelo tapa. Ela nunca tinha batido nele antes.

— Você é meu, Edmundo. Meu brinquedo. — a insanidade nas coisas que ela falava o assustava cada vez mais, aquilo não podia ser real, Carrie não era assim — Não pode simplesmente ir embora, até eu dizer que acabou.

O olhar da loira se fixou num copo de leite que Edmundo beberia mais tarde.

— Nosso jogo está quase acabando Eddie, vá dormir. Amanhã será um dia e tanto.

Enquanto saía do quarto, aproveitou por um momento de distração do menino ela deixou uma pílula cair em seu leite e se dissolver.

O garoto bufou e estremeceu ao mesmo tempo, se odiava por ter medo de alguém, ainda mais de uma garota como ela. Se odiava por ter anteriormente suprido sentimentos por ela. Pegou o copo de leite e o virou de uma vez, apagando por completo. No dia seguinte, nada disso teria acontecido e Carrie continuava sendo uma ótima namorada.

~•~

Já fazia algumas horas que estava remando para a Mesa de Pedra, Elisabeth tinha sugerido o mar pois considerava o meio mais seguro de chegar lá, pensando no que poderiam encontrar pelo caminho. Sua noiva o puxava pelos braços toda vez que seu olhar recaía sobre Sam, que remava tranquila observando a paisagem de Nárnia. Em sua mente ele formulava ideia de milhares lugares que ele gostaria de mostrar a menina, mas Carrie fazia com que ele voltasse a realidade e percebesse que não poderia fazer o que queria. Sentia-se mal por suprir algo por duas garotas ao mesmo tempo, tentava levar os conselhos de Lúcia em consideração, mas pensar em Samantha fazia com que sua mente se dispersasse com o sorriso tímido da garota.

Embora Carrie o cutucasse ora ou outra, ele sorriu para Sam, sentido-se um bobo apaixonado por sorrir da maneira que ela colocava o cabelo atrás da orelha quando estava com vergonha. Lembrar da cena que tiveram no corredor acendia uma chama em seu peito, contudo ele não conseguia conter a vontade que sentia de estar ao lado dela. A garota abaixou a cabeça percebendo que ele a encarava, seus cabelos castanhos cobriram seu rosto pálido, embora ele ainda pudesse ver um sorriso envergonhado em seu rosto.

Quando o barco finalmente “ancorou” já era tarde, e em breve anoiteceria. Todos começaram a arrumar suas tendas um pouco afastados da praia, Sam parecia ser a pessoa com mais problemas em montar sua barraca.

— Quer ajuda? — Edmundo perguntou, assustando a garota.

— Ah não, obrigada. — suas bochechas coraram — Eu estou me dando bem com essa tenda.

Assim que ela falou aquilo, tudo o que ela tinha “conseguido” montar desabou. A garota fez beicinho, irritada por não conseguir fazer algo tão básico, o que fez com que Eddie sorrisse.

— Não é o que me parece.

— Ok, eu preciso de ajuda.

Ele sorriu para a menina, lhe indicando o que deveria fazer, demorou um pouco para que ela entendesse. O garoto a auxiliava em cada passo, e sempre ria dela quando a mesma fazia algo errado e ela fazia seu típico beicinho com os lábios. Era isso que ele mais gostava nela, a garota parecia emanar pureza e seu sorriso era reluzente.

— Você está me encarando demais, Rei Edmundo. — a garota comentou envergonhada, quando já tinham terminado de montar a tenda.

— Não posso olhar para o quê é bonito? — ele perguntou em transe, aproximando-se lentamente da garota, para que esta não se assustasse.

Sam não recuou, nem avançou. Apenas ficou parada, pois não queria correr dele, queria beija-lo, como queria, embora soubesse o quão errado era.

— Não deveria falar este tipo de coisa. — ela retrucou tentando não demonstrar sua timidez.

— E você não deveria recuar sendo que também quer, Samantha. — ele sorriu de canto, o que fez com que ela bufasse, para quê tanto orgulho?

O garoto foi surpreendido por uma iniciativa da parte dela, a menina o puxou para perto unindo seus lábios como se não fosse solta-lo nunca mais. Passou seu braços ao redor de seu pescoço, e os deixou lá enquanto se perdia no beijo de Edmundo.

Ninguém estava por perto, nada poderia impedir o sentimento que ambos sentiam. A faísca em seu peito de transformava numa chama, e ambos tinham certeza de que não seriam nada separados.