— EU VOU MATAR A ALICE – gritei pela quinta vez. Ou era a décima? Bom, não importa! Enquanto Edward começava a procurar mais coisas para comermos, comecei a revirar a casa à procura de um cobertor. Em especial a sala de estar, já que estávamos por ali mesmo. Edward já parecia ter diminuído sua excitação em me ver, mas eu estava totalmente envergonhada com a roupa que eu estava usando – Hey Edward, onde ficam os cobertores? – Percebi durante minha procura que não adianta caçar tudo sozinha quando o dono da casa se fazia presente. Ele apontou para a parte de baixo do sofá e logo encontrei alguma coisa. Olhei para fora e vi que a chuva havia voltado e, com isso, não daria para se imaginar que os outros chegariam tão cedo – Você acha que eles virão amanhã? Eu estou preocupada...

— Eu não sei – Edward parecia ter entrado em outra estratégia: fazer com que nenhum problema existisse entre nós – Alice já teria nos avisado o que houve, e já tentei ligar para eles algumas vezes, mas todas estão dizendo que está fora de área – Suspirei com desgosto. Eu preferia conviver com Edward durante a escola, mas era muita overdose de irritação conviver com ele por vinte e quatro horas seguidas. Ele havia retirado sua blusa molhada e agora desfilava pela casa sem camisa. Não podia dizer que não era difícil observá-lo. E agradeci por ele estar ocupado demais tentando fazer nosso jantar para perceber que eu literalmente o estava descascando com os olhos.

Há quatro anos atrás Edward não era definido fisicamente. As costas estavam definidas, acompanhadas por ombros largos que desciam por braços que mostravam os músculos enquanto mexia na panela. Depois que ele começou a jogar basquete na escola, tornou-se extremamente famoso por tantos motivos que eu nunca me importei, na verdade. Porém, antes de tudo acontecer, nós até éramos amigos e agora o que restava entre nós era o que? Eu não o aguentava, mas ainda assim, não conseguia resistir em incomodá-lo e me divertir com ele tentando me pregar peças.

— Sabia que é feio espionar? – Frazi a testa com a resposta de Edward, sem se virar – você tá aí me secando como se eu fosse uma cebola que precisa ser descascada – Por alguns segundos eu parei de respirar e virei o rosto para o outro lado. E tenho plena certeza de que estou vermelha como um pimentão. De relance, pude ver que ele virou-se para mim enquanto ria de minha desgraça. Ser pega observando não é a melhor opção do meu dia – Tsc tsc tsc Bella... Você nunca aprende não é mesmo?

— Hey! – respondi grosseira. Já não bastava toda a situação, ele agora viria achar que poderia brincar comigo? Não mesmo – Você que sempre foi um babaca, desde quando tínhamos 13 anos, quando começou a andar com os chatonildos da escola! – Encarei-o desafiadoramente esperando por alguma resposta cretina ou, até mesmo, seu silêncio confirmando tudo. Já que estávamos ali mesmo, eu não precisava manter as aparências de que eu o suportava. Aquela secada nele foi somente porque eu estou alucinando nessa casa. Isso! Drogas no ar!

— O que eu te fiz, heim? Me diz para que minha mente se refresque e eu possa realizar de novo – Ele riu de sua própria piada e afastou-se da panela que agora parecia estar cozinhando algo – coloquei uma lasanha no fogo, estou fazendo algo a mais para a madame comer, vai que você não come lasanha! – A pergunta dele me fez refletir. Eu tinha sido pega de surpresa! Como ele não sabia o que houve há 4 anos atrás? Ele tinha algum problema? Quando Edward estava se aproximando do sofá, me escondi ainda mais debaixo do edredom, deixando somente minha cabeça aparecendo. Ele pegou o edredom e eu gritei incomodada – Se você quer ser tratada como adulta, aja como uma! Ande, cruze as pernas – obedeci a contragosto, enquanto ele arrumava o edredom sobre mim, pousando-o sobre minhas pernas deixando a parte de cima a mostra – então, vai me dizer o que eu fiz de tão grave para todos esses anos eu ter bolado planos maquiavélicos contra vossa senhorita?

— Como você não se.... lembra? – Edward estava apoiando os braços dele próximas ao meu quadril, descendo o seu tronco deixando seu rosto próximo ao meu. As órbitas verdes dele me encaravam como se pudessem acessar minha memória e eu não conseguisse escapar de assisti-las também.

FLASHBACK

— Alice! Ed me chamou para ir ao baile com ele! – Eu quase não conseguia conter a minha felicidade quando contei isso à minha melhor amiga. Alice pulava alegre do meu lado enquanto ela me pedia todos os detalhes do pedido – Ele chegou, sentou-se do meu lado, e ai me perguntou se eu não queria ir no baile com ele! E que não era para responder agora, mas que até o fim do dia eu deveria dar uma resposta – Não resisti em levar as mãos ao meu rosto com vergonha. Ele é tão fofo! É meu melhor amigo e me pedindo pra sair com ele! Eu sou muito sortuda! – E eu vou dizer sim! Marcamos de nos encontrar daqui dez minutos na quadra da escola para eu dar a resposta!

— Ai amiga! Eu estou tão feliz por vocês! Vai que vocês começam a namorar? – Meus olhos se arregalaram e então nós começamos a gritar de felicidade. Quem sabe? Decidi correr para ir até a quadra de esportes, já que daria pelo menos sete minutos para chegar lá, com meu bom passo. Carregava comigo meu kit de patins e alguns livros da escola. Eu não demorei muito para seguir à quadra e ouvir uma conversa.

— Mas Ed, você não pode sair com ralé – Olhei para dentro do ginásio, tentando fazer o mínimo de silêncio que eu conseguia. Pude ver Victoria conversando com Edward, sentada ao lado dele na arquibancada. O que está acontecendo – Eu soube que você pediu pra sair com a Swan... Edward, isso é decadente! Se você quer ser dos populares, não poderá fazer isso! Vai destruir suas chances de entrar no time de basquete! – Ela se aproximou dele e sussurrou algo, como se fosse um segredo, ou algo parecido.

— Eu... também gosto de você, Victoria – Pisquei os olhos algumas vezes antes de entender o que estava acontecendo. Edward e Victoria estavam se beijando? Ela havia se aproximado do rosto dele? Senti meu coração se chatear e eu estava desesperançosa após essa frase sobre ele. Eu não me lembro de mais nada, já que eu havia conseguido sair sem fazer nenhum barulho. Não atendi aos chamados de Alice naquele dia, e, com isso, eu havia decidido tornar a vida de Edward um inferno, e eu amaria cada segundo.

— Ah, Swan! – Ouvi a voz nojenta de Victoria se aproximar e me virei fingindo um falso sorriso. Quem precisava de inimigas quando se tinha uma amiga – Você já sabe da nova? Eu e o Ed vamos para o baile juntos! Não é incrível? E, claro, que eu já aceitei, imagina se alguém tenta forçá-lo a mudar de ideia?

FLASHBACK

— Eu não beijei Victoria naquela tarde! – Parecia que ele falava com uma retardada. Edward então levantou sua mão para brincar com meu nariz e eu paralisei. Como assim ele não tinha beijado ela? COMO ASSIM! Não brinque comigo, campeão! Que eu sei bem o que eu vi – ela me beijou no rosto e disse que gostava muito de mim, e eu fiquei tão envergonhado que eu ia recusar, mas aí ela beijou de novo e ai... eu já não sabia o que eu estava falando mais...

— Eu não acredito que você concordou com isso! Ela me disse que iria ao baile com você! Com todas as letras ácidas dela – Edward ainda não havia diminuído a distância, então nenhum de nós gritava ou exasperava. Ele havia erguido a sobrancelha ainda confuso com tudo o que eu havia dito – e não vem com essa cara de confuso não! Depois disso você virou um idiota! E ai eu não resisti em te incomodar... – foi a vez dele rir torto, abaixando a cabeça levemente e eu rolei os olhos. Sério mesmo que eu estava vendo esse panaca rindo da minha cara? – hey!

— Victoria me disse que você tinha sido convidada pelo Black e havia aceitado, por isso não fui atrás de você naquele dia, se eu soubesse que era mentira eu tinha dito o que houve.

— Então aquela vaca albina marcou em cima da gente? Pensando bem, ela sempre fez algo pra isso, o que ela acha que a gente tem? Sentimento? – apontei meu dedo para nós dois, debochando dessa ideia ridícula. Olhei para Edward esperando a mesma resposta, mas ele continuava me olhando intrigado. Ele aproximou-se perigosamente, quase deixando nossos lábios se tocarem, se permitindo respirar perto de mim – Edward?

— Por que eu ainda acho que você mente muito mal quando fala assim? – E tomou os meus lábios nos seus sem eu ter direito a resposta. Com uma intensa descarga elétrica, eu senti meu corpo se moldar ao dele. Era até vergonhoso dizer que eu estava desesperada por mais um beijo? O que estava acontecendo conosco? Por que ainda assim, com tantos problemas que tínhamos, existia química? Quando consegui colocar um pouco de limite na situação, senti meu corpo ser jogado contra o dele, e estar em seu colo, enquanto ele permanecia sentado no sofá, sem desgrudar os lábios dos meus. Quebrei o contato e quem sabe voltar à realidade.

— Dá pra você parar de me beijar? Isso está ficando constrangedor – tentei sair de cima de seu colo, mas ele me manteve presa em seus braços – o que está acontecendo aqui?

— Acho digno nos incomodarmos e tirar Victoria do trono da popularidade – as mãos dele eram como fogo que subia sensualmente pelas minhas pernas – E eu devo dizer que você deveria ir ao baile comigo, acho que você me deve essa! – eu estava me sentindo esquisita. Ele queria dizer com essa beijação toda, que a gente tá só ficando, mas voltaremos a sermos inimigos na segunda, certo?

— Jamais, Cullen! – ri divertida – Não é por que resolvemos nossos pequenos embates, que eu não tenho nada planejado para você na segunda-feira, mas me diga, por que você está me beijando?

— Eu quero muito mais de você, Bella, e acabei de perceber que eu não vou deixar você não ir ao baile comigo – Edward moveu-se abaixo de mim e eu pude sentir que ele estava excitado. Mordi o lábio inferior pensando quando foi a última vez que eu tinha feito sexo. Pobre Bella, agora também está dando uma de desesperada – Vamos bolar um plano, e depois o baile e se você ainda quiser, pode abusar desse corpo aqui, estou a disposição...

— Como se eu... – ele colocou nossas genitálias novamente em contato e dessa vez em gemi. Edward riu de minha resposta e eu cruzei os braços, abaixo dos meus seios. Percebi que ele não tirava os olhos dali e me senti poderosa de saber que ele, de alguma forma, estava sendo tão afetado quanto eu por seu corpo.

— Minha gatinha manhosa, você não está ajudando meu autocontrole a não fazer sexo com você aqui, nesse sofá – Abri a boca em um enorme “O”. Ele realmente estava falando sério? Ele descruzou meus braços, e não sei como permiti isso, mas ele já havia empurrado meu tronco sobre o dele – Agora, eu tenho uma proposta para você! É bem simples, eu e você iremos continuar na frente de todo mundo como gato e rato, mas a gente vai se divertir juntos, pelas costas de todo mundo, o que acha?Eu