Coisas Quebradas escrita por Adriana Swan


Capítulo 5
Brienne de Tarth




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Coisas Quebradas

Adriana Swan

BRIENNE

Brienne estava em pé no canto do quarto olhando por entre a porta aberta onde Pia cuidava de Robb Stark. Depois de lavarem seu corpo por uns quinze minutos, fazerem a barba e cortarem seus cabelos e unhas, o depositaram na banheira e o deixaram ficar submerso na água quente, e isso trouxe um pouco de cor a seu rosto meio morto. Agora Pia estava ajoelhada ao lado da banheira com as mãos dentro d'água alisando seu peito com o carinho de uma amante enquanto Podrick revirava a própria bagagem tentando achar roupas que servissem no jovem Rei. No quarto, o Regicida estava sentado na cama, olhos fixos no banheiro em um silêncio profundo.

Ela não aguentava mais aquela situação.

— Não pode ser verdade – começou quebrando o silêncio. - Deve ser uma fraude, igual a Arya Stark.

— Conheci o rapaz ainda antes de por uma coroa na cabeça – Jaime resmungou sem desviar o olhar do chão. - A menina que mandaram para o Norte no lugar de Arya era uma fraude, esse é Robb Stark.

— Mas o corpo lá fora...

— Um cadáver com a cabeça de seu lobo gigante costurada nele. – Jaime interrompeu – Nem a mãe dele o reconheceria com aquela cabeça costurada nele.

— Mas forjar sua morte...

— Os Frey não seriam os primeiros a usar tais truques – ele suspirou. - Nem serão os últimos.

Um silêncio tomou o ambiente numa intensidade que Brienne até podia ouvir o barulho de Pia agitando a água enquanto sua mão deslizava do peito dele para molhar um pouco seu rosto e os lábios ressecados e feridos do rapaz. Agora, com a barba e o cabelo aparados, parecia jovem demais para ser Robb Stark. O Rei no Norte reinara por pouco tempo, mas mexera com toda Westeros, pondo o próprio Lord Tywin contra a parede e conseguindo prender Jaime. Ganhara todas as suas batalhas, era um dos melhores estrategistas da Westeros atual. Não podia ser quase um menino.

— É tão jovem...

—Sim é – Jaime informou. Ele mesmo entrara na Guarda Real aos quinze. - Seus homens o chamaram de Jovem Lobo por um motivo.

Ela se calou amuada com a ironia na resposta dele. Quando via Lady Catelyn falar do filho, parecia falar de uma criança, mas todos os outros se referiam a ele como um grande homem, então imaginou um homem feito.

— Ele não devia ver um Meistre? - Brienne arriscou.

— É melhor não. Não, senhora. Sor. - Podrick quem respondeu parando de revirar suas poucas roupas. - Brienne franziu o cenho. - Digo... se fosse Lord Tyrion, ele não... não confiaria, senhora. Ele não confiaria no meistre das Gêmeas para cuidar do Jovem Lobo. Sor.

— Mas se ele morrer...

— Não vai morrer, não seja tão pessimista, garota. - Jaime a interrompeu mais uma vez, conseguindo deixá-la ainda mais amuada. - Se existem deuses, eles não o fizeram sobreviver a isso tudo para morrer de desidratação. E acho que só o fato de estar fora daquelas correntes já são o suficiente para salvarem sua vida.

Ela franziu o cenho.

— Entranho ver você falar em deuses – ela começou, lembrando de súbito dos fora da lei. Agora que o choque inicial passava ela começava a pensar melhor. - O sacerdote vermelho! Ele acertou. Ele viu o rapaz vivo.

— Você quer dizer que o sacerdote bêbado viu alguma coisa— ele argumentou impaciente – ou sabia de alguma coisa. Podem ter arrancado a verdade de algum dos Freys que enforcaram.

— Como pode se negar a acreditar depois dele ter acertado? - ela questionou incrédula.

— Por que o deus vermelho ajudaria? - ele falou irônico – não é o seu deus, não é o meu deus e até onde sei, não é o deus dele – finalizou apontando para o banheiro.

— Mas acertou – ela concluiu teimosamente fazendo ele revirar os olhos para o teto. - Mas se é ele, a questão é, o que você vai fazer? Vai devolvê-lo a mãe?

Ele pareceu não acreditar no que estava ouvindo.

— Devolvê-lo a mãe? Você quer dizer matá-lo ou planeja atirá-lo ao rio vivo? A mãe dele está morta. - falou frisando bem para ela não repetir aquilo por ai. - E a menos que você tenha uma boa maneira de tirá-lo das Gêmeas e atravessar as terras fluviais escondendo o rapaz em seus bolsos, ele vai para o norte com os Frey.

— Te deram o garoto!

— Não me deram nada – ele ralhou. - Sabem que quando tomei Correrrio usei Edmure Tully da maneira que achei adequada e colocaram Robb Stark em minhas mãos para que o use da mesma forma ao tomar o Norte. Se tentar tirar o garoto daqui ou quebrar esse acordo, então prepara-se para o jantar porque nos servirão flechas e espadas na mesa dos Frey assim como serviram a ele.

— E a promessa? - ela perguntou desconfiada.

Ele suspirou.

— Pagarei – hesitou um pouco – da melhor forma possível. Vou levá-lo ao Norte. Agora me ajude a tirá-lo da banheira. Considerando o buraco em que os Freys o acorrentaram, deve estar querendo um lugar seco.

Como a mão de ouro não era de muita ajuda, Brienne se adiantou para a banheira para pegar o rapaz. Com ajuda de Pia conseguiu suspendê-lo e o por em seus braços, era tão leve como um rapazinho. Pia ergueu as sobrancelhas ao vê-la pegar o jovem Rei no colo como se fosse uma criança, enquanto Jaime se moveu inquieto, parecendo incomodado. Não é possível que ligasse para o fato de o rapaz estar nu nos braços de Brienne, sua virilidade tão próxima ao corpo da Donzela de Tarty. Brienne nem ligou, já vira muitos homens nus em sua vida de cavaleiro, inclusive o próprio Jaime, e Robb Stark naquele momento se assemelhava a uma menino aos olhos dela.

— Ande logo com isso, tem neve lá fora, ele vai congelar. - Jaime comentou amuado.

Brienne andou a largos passos para dentro do quarto com Pia na sua cola carregando uma toalha para secá-lo. Quando Brienne se ajoelhou na cama para depositá-lo sobre os lençois Jaime esbravejou.

— Você não vai deitar com ele na minha cama.

As duas se voltaram para ele surpresas.

— Mas... senhor.. onde... digo, onde ele vai ficar, Senhor? - Podrick perguntou parando ao lado da cama com um par de vestes nas mãos.

— No chão – ele respondeu obviamente. - Podemos forrar aqui e ele ficará bem aquecido e...

— Mas é um Rei, Sor Jaime – Pia lamentou, agarrada com a toalha.

— Jaime... - Brienne pediu, aqueles seus grandes olhos azuis brilhando como safiras.

Os três rostos o olhavam suplicantes enquanto o rapaz inconsciente repousava nu nos braços de Brienne como se dormisse no colo de uma donzela.

E ele estava dormindo no colo de uma donzela, na verdade, mas aquela visão só pareceu piorar o humor de Jaime.

— Pelos Sete Infernos – resmungou zangado – o Jovem Lobo está vivo a menos de uma hora e já tomou minha serviçal, um escudeiro e uma donzela. Agora toma minha cama. Em um mês terá tomado meu exército.

Irritado, saiu do quarto batendo a porta e deixando os três ali se perguntando qual o grande problema dele repousar em sua cama.


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