Ariel entrou no seu quarto, fechou a porta e foi até o pequeno espelho que tinha no banheiro. Se observou por um bom tempo, vendo se tinha algo diferente além do que ela já sabia que tinha mudado. Ela se sentia mais forte, mais poderosa, Ariel sorriu pensando no que ela era agora capaz de fazer. Ao olhar novamente para o espelho algo estranho aconteceu, ela como se ela tivesse outra versão dela, seu reflexo sorria de uma forma assustadora para ela, Ariel se afastou do espelho, com sua respiração ofegante, o reflexo tombou a cabeça para o lado e sorriu novamente. Ariel balançou a cabeça e ali estava ela novamente, agora ela de verdade

— O que está acontecendo comigo? – ela ouviu algumas batidas na sua porta, Ariel foi correndo abrir, Sam estava parado na porta não chegou a falar nada e ela o puxou para dentro do quarto e trancou a porta – alguma coisa ta acontecendo comigo

— O que exatamente?

— Meu reflexo no espelho estava... diferente. Eu não sei mas... não parecia eu e Sam eu estou apavorada

— Esse reflexo tinha olhos negros?

— Não, ela só me olhava... diferente. Como se fosse me matar a qualquer momento, eu não sei. Por favor não fala nada para o seu irmão – Sam segurou as mãos da menina – eu to com medo

— Ariel, pode ter sido algo da sua cabeça, você está assustada com isso tudo. Você viu uma pessoa que pensava que estava morta, você encontrou com o cara que vem torturando você mentalmente. Você está assustada é só isso – ele sorriu – Dean foi contra do Castiel colocar isso em você. Não é porque ele queria te ver morrendo naquela cama de hospital, é só... para a gente é difícil aceitar isso, você entende?

— Não, mas eu estou bem. Você tem razão, é só estresse. Eu estou em choque ainda – ela sorriu – o que você queria?

— Ah! Apenas saber se você estava bem. Ficamos preocupados com o jeito que você estava na volta para o bunker

— Como eu disse eu estou bem e... eu só estou me sentindo mais forte. Acho que isso ta mexendo com a minha cabeça

— Não deixe que isso aconteça, por experiência própria – ela o abraçou

— Obrigada, é sério. Eu vou ficar bem com o tempo eu só preciso saber... como eu uso esse poder todo – Sam beijou o topo de sua cabeça e saiu do quarto. Ariel se sentia mais aliviada, sorrindo ela fechou os olhos e se jogou na cama. Ela olhou para o teto e ele tinha se modificado. Ariel se levantou rápido, não era o seu quarto, nem parecia ela mesmo, ela via alguém falando atrás de uma mesa completamente de vidro, era uma mulher ruiva, o cabelo estava preso em um coque.

— Você não pode simplesmente proteger uma bomba relógio

— Eu não posso deixar ela, eu fiz uma promessa – a mulher se levantou e foi até ela, ela parecia ameaçadora, o rosto dela ficou bem próximo. Ariel agora entendia, ela estava tendo a visão do Castiel

— Você ainda tinha contato com aquela traidora e ainda prometeu proteger aquela aberração?

— Naomi...

— Castiel, sua tarefa é simples...

— Ela está aqui. Ela está... – Ariel abriu os olhos e estava em seu quarto novamente. Ela se sentou na cama depressa. Castiel não trairia ela, não teria coragem de fazer isso ele simplesmente não iria entregar ela para aquela mulher, não era possível. Ariel sentiu uma dor de cabeça, parecia que tinha alguém tentando falar com ela mas era em sussurros. Ela tentou afastar aquela voz de sua mente mas não conseguiu.

— Pare – ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro – por favor – Ariel colocou a mão na cabeça. A voz começava a ficar mais clara com o tempo, ela abriu os olhos e começou a prestar atenção

— Não confie no Castiel, Ariel preste atenção em mim, não confie no Castiel – ela começava a entrar em pânico – ele não quer te proteger, ele ta longe de querer isso. Não confie nele

— Quem é você? – ela disse para o nada mas sabia que a pessoa iria escutar, seja lá quem fosse ela

— Um amigo, apenas um amigo – a voz sumiu, a porta do quarto da menina foi aberto, revelando um Dean olhando para ela assustado

— Okay, o que está acontecendo para você está com essa cara de quem viu um fantasma?

— Eu não... Eu não sei – Ariel tinha o olhar perdido – Eu não sei o que ta acontecendo eu...

— Ariel... – ela começou a andar de um lado para o outro novamente – Ariel você precisa ficar calma – ela começava a bater de leve na cabeça, tremia muito. Dean tentou segurar ela mas a mesma se assustou com o toque dele

— Ele está me dizendo coisas, ele... eu não sei fazer ele parar – Dean segurou novamente seu braço, agora com mais firmeza, e fez ela parar de frente para ele – me ajuda

— O que está acontecendo?

— Eu não sei, eu não sei – ela se ajoelhou – eu não sei o que ta acontecendo comigo.

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Dean saiu do quarto da menina depois que ela se acalmou e conseguiu dormir, saiu do bunker e ao fechar a porta respirou fundo antes de olhar para cima e começar a falar

— Cas, ela precisa de você. Ariel precisa de você. Só... dê algum sinal de vida – demorou alguns segundos, Dean já tinha desistido do anjo aparecer mas ao se virar para voltar para o bunker Castiel estava ali parado – droga!

— O que aconteceu?

— É Ariel, ela está diferente

— Ela agora tem um poder que ela nunca teve, é normal ela se sentir diferente

— Não, ela está diferente. Ela teve um ataque de pânico agora pouco, não como da outra vez ela...

— Eu ouvi ela me chamando mas o bunker...

— Eu sei – os dois ficaram em silêncio, Castiel ficou olhando para Dean por um bom tempo, curioso – o que?

— É perigoso

— Perdão?

— Dean você precisa esquece-la. Ariel corre perigo ao seu lado e não é por causa dos anjos atrás dela

— Eu não... Eu não chamei você aqui para me dar conselhos...

—Eu não estou te dando conselhos, eu só estou tentando te dar um aviso. Eu sou o guardião dela e se você perder o controle com ela eu não vou poder fazer nada a não ser impedir você.

— Eu não conseguiria... deixa para lá, só tente descobrir o que há de errado com ela.

— Eu preciso vê-la – os dois entraram no bunker. Castiel direto para o corredor aonde dava para o quarto da menina. Ao entrar no quarto, viu que a menina parecia agitada, estava dormindo o que já tinha aliviado o anjo. Castiel foi andando até perto dela, colocou a mão em sua testa e de imediato a menina relaxou. Parecia que mais nada estava aterrorizando ela, era o que ele costumava a fazer quando ela parecia daquele jeito quando era mais nova. O que ele não esperava era que ela iria abrir os olhos e eles iriam se conectar de tal forma que ele veria o que estava realmente acontecendo com ela.

Ariel estava em um canto do que parecia ser um quarto infantil, ela estava com a cabeça baixa e sussurrava algo que ele não conseguia entender. Castiel chegou mais perto até que a menina levantou o rosto e sorriu, mas aquele sorriso não era o que ele conhecia. Ela se levantou e quando estendeu a mão para o anjo ele voltou ao quarto e se afastou dela.

— Cas...

— O que está acontecendo com você? – ela não entendeu o porquê do anjo parecer tão assustado – Ariel, você não pode deixar que esse poder suba a sua cabeça, você pode ser...

— Do que você está falando eu... – ela ficou séria de repente. Lembrou da voz em sua mente dizendo para não confiar nele – o que você está fazendo aqui?

— Você ouviu uma conversa minha, eu senti sua presença e até agora não sei como você descobriu  fazer essas coisas sozinha e com pouco tempo. Posso imaginar o que você está pensando de mim agora.

— Eu quero mesmo começar a confiar inteiramente em você mas suas atitudes...

— Não acredite nele – Ariel ficou calada – eu sei quem está falando contigo, ou tentando. Ele não entende o que está realmente acontecendo e depois do que eu vi agora nem eu sei o que está acontecendo. Você está diferente Ariel, eu não esperava isso.

— Diferente como?

— Inexplicavelmente você criou um lado seu que não existia antes. É como se você... – Castiel ficou calado, suas feições era de como ele tivesse começado a entender o que estava acontecendo – não pode ser

— O que?

— Por isso que ela não quer que você... Ariel, entenda, tem coisas que você ainda não pode saber

— Ainda? – ela sorriu e se levantou – viu? Por isso que fica difícil eu entregar minha confiança 100% para você

— Com quem eu to falando agora? – Ariel parou no meio do quarto e olhou para o anjo a sua frente sem entender a pergunta – eu vi algo em você agora que não era o esperado. Eu vi alguém que não existia antes e parece que eu to vendo essa mesma pessoa agora

— Era um pesadelo

— Não, não era. Você estava acordada. Você simplesmente me “convidou” para ver o que realmente estava acontecendo. Não era um pesadelo. Você está lutando com algo dentro de si e eu quero ter certeza que a pessoa que eu prometi proteger pelo resto da vida não irá perder essa batalha

— Você não sabe o que está falando

— Não deixe que isso te influencie.

— Saia daqui – o anjo não se moveu – eu disse para sair daqui! – Ariel bateu a porta logo depois que Castiel passou por ela – ele não está certo, eu sou a mesma pessoa eu... – ela fechou os olhos e a mesma voz falava com ela em sua mente – o que é você?

— Só alguém que quer te ajudar – ele não apareceu – sou um amigo e não um inimigo.

— Muitas pessoas já disseram isso para mim

— Não sou uma pessoa, se eu fosse eu não faria o que estou fazendo agora – Ariel abriu os olhos e suspirou. Nunca pensou que sua vida iria virar de cabeça para baixo naquele ponto, estava escutando alguém que não sabia da existência, seu melhor amigo tinha tentado matá-la, ela não podia confiar nem no anjo que prometeu que iria protege-la. Ariel estava confusa e apavorada, afinal, quem ela poderia confiar naquele momento?

—x-

Alguns meses foram passando e Ariel conseguia, a cada dia, controlar ainda mais seus poderes e a usá-los também. Antes ela não conseguia caçar com os meninos sem a ajuda deles no final de tudo, agora ela era a que resolvia as coisas. Era um final de uma caçada, Ariel estava se preparando para descansar um pouco quando sua porta foi aberta devagar por alguém

— Grite comigo se não puder entrar – Ariel soltou uma risada baixa mas não disse nada – vamos sair um pouco e nada mais justo se você quiser vir junto, tire uma noite de folga

— E atrapalhar vocês? não obrigada

— Como você atrapalharia? – Ariel não disse mais nada, apenas olhou para Dean e ele entendeu – não acho que você atrapalharia nesse caso, sendo que você também pode...

— Cala a boca – ela disse sorrindo – eu já estou saindo eu só vou... eu já estou saindo – ele fechou a porta e Ariel foi correndo tomar um bom banho e se arrumar. Não sabia porque estava tão animada para sair naquela noite mas não ligou muito, fazia semanas que ela não tirava uma noite de folga, ela merecia.

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Sam tinha deixado os dois sozinhos, saindo com uma mulher que já estava dando em cima dele a noite toda. Ariel, quando viu a mulher se aproximando, rolou os olhos e suspirou quando o mais novo saiu com ela

— Ela poderia ser menos previsível, tava na cara que ela ia fazer de tudo para sair com ele

— Está com ciúmes?

— Claro que eu estou, quem ela pensa que é para pegar meu moose gigante assim? – ela ficou calada e começou a rir depois de um tempo – eu estou brincando

— Moose gigante? Okay, essa é nova

— Eu estou um pouco tonta, não leve a sério – Ariel largou o copo na mesa que já tinha vários vazios – podemos sair um pouco?

— Tudo bem – os dois se levantaram. Começaram a andar pela rua que estava vazia, só passava algumas pessoas aleatórias ou alguns carros. Ficaram em silêncio por um bom tempo até Ariel começar a falar

— Vocês não me falam mais nada sobre essa sua marca

— Não tem o que falar, eu apenas... tento controla-la

— Como hoje mais cedo? – Dean tinha estraçalhado o vampiro como se fosse um simples pedaço de carne. Ariel ficou apavorada quando assistiu aquilo e ver depois o olhar perdido dele como se não soubesse o que tinha acabado de fazer tinha quebrado ela por dentro.

— Foi uma falha

— Eu fiquei pensando se...

— Não, você não pode ajudar. Esquece isso – ele parou no meio do caminho – olha... – não terminou de falar pois viu algo atrás da menina, na hora que ele ia sacar a arma a coisa o jogou para longe dela. Ariel se virou para quem estava fazendo isso e viu uma mulher desconhecida que agora tinha os olhos negros

— O que você quer de mim?

— Olá Ariel – ela sorriu, piscou e seus olhos voltaram ao normal – Crowley sabia que você não poderia estar morta e seus rastros foram ficando mais evidentes

— Vai precisar de muita força para conseguir me levar até ele

— Eu pensei que você diria isso – Ariel sorriu para ela e a luta começou entre as duas. Ariel conseguia bater na mulher mas na mesma hora ela revidava ainda mais forte, Ariel conseguiu afastar a mulher dela – parabéns, você parece um cachorrinho treinado

— Não igual a você – Ariel avançou no demônio, a mulher conseguiu jogar ela para longe. Ariel bateu a cabeça com força no muro mais a frente e caiu no chão

— Vamos menina, desiste – ela sentiu algo se chocando com sua pele. Olhou para trás e viu Dean avançando até a ela e ao mesmo tempo atirando – parece que vocês não aprendem não é mesmo? – ela foi até a ele e segurou o cano da arma, pegando e jogando para longe dela – okay, você que implorou por isso – ela começou a lutar com ele, o demônio era ágil demais e conseguia acertar Dean nos pontos fracos dele – pensei que lutar com um Winchester seria mais difícil – ela sorriu, quando ia atacar ele de novo algo impediu ela de fazer isso. Um campo de força em volta do corpo de Dean ficou a amostra. A mulher e o próprio Dean olhou para aonde estava vindo aquilo e Ariel parecia fazer um esforço sobre humano para manter aquele campo de proteção – inacreditável. Agora temos uma explicação para essa obsessão do Crowley em você, menina, você é minha galinha dos ovos de ouro

— Para o inferno você – ela deixou Dean livre e se concentrou na mulher a sua frente, fechou os olhos e ao abri-los de novo, a mulher gritava, brilhava uma cor alaranjada e o barulho de carne queimando era audível para quem estava ali próximo. Ariel tinha o olhar fixo nela, a mulher, agora joelhada, gritava para ela parar. Ariel sorriu e com um movimento de mãos ela parou, a mulher tombou morta na calçada com os olhos queimados. Ariel respirou fundo e ao olhar mais adiante, Dean olhava para aquilo tudo sem reação. Ela foi até a ele, andando normalmente – quando eu vou parar de salvar seu traseiro?

— O que foi aquilo?

— Aquilo o que? – ela ajudou ele a se levantar – ah! Você diz, eu ter protegido você? Bem, descobri isso mais cedo. Vi que se eu me concentrar bastante eu consigo criar um campo de proteção. Fui testar se com você também funcionaria e bem, funcionou. Fantástico não?

— Eu não digo isso – ele olhou para a mulher morta – você matou uma pessoa

— Um demônio

— Não, você matou uma pessoa também. Tem outros jeitos de resolver isso e você sabe muito bem quais são

— O que? Não era você mesmo que agia antes de fazer as perguntas? Por favor Dean, não vem com essa – ela saiu andando na frente – se quiser me alcançar, vai ter que vir sozinho. Eu não vou te curar dessa vez.

— Droga – ele foi mancando até a menina.