Olicity - Dark One escrita por Buhh Smoak


Capítulo 3
Capítulo 02




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Como contar para uma mãe que sua filha morreu e que não temos como provar que isso é verdade. Essa era o dilema que nos assombrava no dia seguinte a explicação de Barry sobre o porque do desaparecimento da Felicity e eu ainda não conseguia encontrar um modo de encarar Donna sem parecer um imbecil.

— Ela não vai acreditar em nada do que dissermos. – Laurel estava me ajudando a dar um jeito no apartamento, que por incrível que pareça só tinha algumas coisas quebradas.
— Não mesmo, mas o Palmer está infernizando a cabeça do Diggle para contar tudo a ela.

Recolhi os vidros que tinham estourado da janela e coloquei em uma caixa para jogar fora. Thea continuava com Layla, mais para me deixar tranquilo o que por necessidade.

— Tenho que dar um jeito na caverna, provavelmente não teremos como usar aquele lugar por um bom tempo. – fechei a caixa e coloquei perto da porta com o resto do lixo.
— O lugar não é problema Ollie, mas sim se você vai continuar sendo o Arqueiro.

Não sabia o que dizer a ela, mas pelos muitos anos que nos conhecíamos, acho que ser sincero era a melhor escolha.

— Minha vontade era desistir de tudo, Laurel. Só que se eu fizer isso não vou honrar a memória dela.
— E não poderia ir atrás do Merlin. Ele é o culpado por tudo isso.
— E pensar que ele é pai da Thea. Não consigo entender como minha mãe pode se envolver com alguém tão baixo.
— O Tommy está muito abatido com essa história toda e ele nem conseguia sentar e conversar com a Thea sobre serem irmãos.

Laurel tinha se casado com Tommy a menos de um ano, mas eu nunca imaginei que essa seria a melhor coisa que ambos teriam feito. Nunca vi meu amigo tão feliz e Laurel parecia cada dia mais receptiva a minha presença. Levando em consideração o passado que tínhamos.

— Ela está feliz de saber que tem ele como irmão, mas o pai de ambos não deixa muita alegria disponível. Antes de começar a caçar o Merlin preciso conversar com ambos.

Terminamos de ajeitar tudo e resolvi ir para a casa da Laurel. Andar sozinha por Starling não era aconselhável depois dos últimos acontecimentos. Mal tínhamos saído do elevador quando meu celular começou a tocar e a foto de Diggle piscou na tela.

— Será que aconteceu alguma coisa? – atendi, mas não ouvi a voz dele de imediato. O barulho de um alto falante denunciava que ele estava no hospital. – Dig?
— Oi Oliver, onde você está? – falando alto para sua voz sobressair do alto falante que não aparava de dar avisos aos médicos de plantão.
— Saindo do meu apartamento com a Laurel. Você está no hospital? – olhei para Laurel já esperando o pior.
— Sim, acabei de chegar e preciso que vocês venham pra cá agora. – falando de um folego só.
— O que aconteceu? É alguma coisa com minha irmã? – já sentindo o desespero ganhar força.
— Não, não tem nada a ver com sua irmã. Na verdade não sei bem o que pensar sobre o motivo de estar aqui. Acho melhor vocês virem logo e verem com seus próprios olhos. – a voz dele não mantinha a mesma firmeza.
— Estamos indo pra ai. – desliguei e me virei para Laurel que esperava por explicações.
— Vamos para o hospital, alguma coisa séria aconteceu.

A cidade estava um caos e não tinha condições de ir de taxi pelas ruas cheias de escombros, por isso peguei a moto que usávamos para as missões do Arqueiro e segui pelo pouco espaço que tinha nas ruas. Por todo caminho eu só conseguia pensar em duas coisas, ou alguém se machucou e ele não queria me contar por telefone ou encontraram a Felicity. A segunda opção estava me deixando mais ansioso e esperava que encontra-la viva fosse o motivo por Diggle parecer tão abalado. Em pouco tempo chegamos e Diggle nos esperava na recepção da emergência. 

— Ela está viva, Dig? – perguntei assim que me aproximei, os olhos vermelhos dele me deixaram alarmado. Ele era uma pessoa que não se deixava levar pela emoção com facilidade e na maioria das vezes somente Layla e Felicity conseguiam deixa-lo assim. 
— Espere até chegar lá. – apontando para a porta que levava as escadas de emergência. – Não é seguro usar o elevador ainda.
— Qual o problema de me responder? – já começando a ficar impaciente com aquele suspense. 
— Você tem que ver com seus próprio olhos, nada do que eu te a vocês vai fazer diferença agora. 

Se tinha uma coisa que eu não suportava era ficar sem saber o que estava acontecendo. Senti uma ansiedade fora do normal enquanto subíamos. A confusão da minha cabeça começava afetar meu raciocínio, ainda mais quando as lembranças da minha última conversa com Felicity começaram a voltar a minha mente.

“- Você tem que parar de ser teimoso, Oliver. 
— E você tem que começar a me ouvir. 

Estávamos discutindo a mais de meia hora e nenhum dos dois cedia. E do jeito que ela me olhava eu não venceria aquela batalha. 

— O mundo está desabando nas nossas cabeças, não quero você perambulando por ai. 
— Eu preciso ir até a Palmer e conversar com o Ray. Tenho certeza que ele pode nos ajudar. 
— Não. – bati na mesa e sai de perto, estava a ponto de coloca-la em meu ombro e obriga-la a entrar na cela que mantínhamos nos fundos da caverna. 
— Porque não? 
— Vamos voltar a todos os motivos que podem causar sua morte? 
— Oliver, eu não vou para uma batalha, na verdade vou atrás de algo que evite que ela aconteça. 
— Me diga o que precisa que eu mesmo vou falar com ele. 
— NÃO. 
— Vamos partir para a gritaria? 
— Você é irritante. 

Sentando em sua cadeira ela começou a mexer no único computador que ainda funcionava. Estávamos a dias tentando gerar energia já que a cidade estava as escuras desde o primeiro ataque de Malcolm Merlin. 

— Esse é meu charme. – indo até onde ela estava e parando atrás de sua cadeira. 
— Preciso que ele me envie isso. – apontando para a tela. 

Me inclinei para me aproximar do computador, mas como sempre eu não tinha entendido nada do que ela me mostrava. 

— Tradução, por favor. 
— Não sei explicar de uma maneira simples. Só posso dizer que isso vai fazer com que o sistema que aciona a bomba seja desativado a distância. 
— Você está me dizendo que ele tem uma tecnologia que pode desativar uma bomba a distância e só agora você me diz isso? 
— É só um protótipo, não sabemos se dará certo. 

Eu não queria admitir que estava incomodado com o namoro dela, mas estava. A alguns meses eu tentava ignorar aquela ansiedade que sentia sempre que estava perto da hora de nos encontrarmos, já que agora ela trabalhava em tempo integral na Palmer e só nos víamos a noite. 

— Ligue para ele, estou indo buscar essa coisa. 

Me afastei da mesa, mas por algum motivo parei. Ouvi sua cadeira virar e fiz o mesmo, ficando de frente pra ela. 

— Sabe, eu queria ter tido a coragem que o Ray teve de seguir em frente. 

A vi franzindo a testa, mas não dei tempo para que ela falasse alguma coisa. Eu queria dizer mais, só que não tinha tempo para sentimentalismo quando mais uma bomba estava em algum ponto da cidade pronta para ser acionada.” 

Voltei a realidade quando chegamos no terceiro andar. O corredor estava movimentado, mas tenho certeza que a emergência estava bem pior que isso. As sirenes eram constantes nos últimos dias, mas depois do que aconteceu no centro comercial às coisas estavam ainda mais ensandecidas. 

Seguimos pelo corredor e quando estávamos a poucos passos do último quarto ele parou e me pegou pelo braço me fazendo parar.  

— Lembre do que o Barry disse sobre o homem que foi encontrado na estrada?
— Sim, mas o que isso tem a ver?
— Você precisa lembrar disso quando a ver.
— Diggle comece a fazer sentido porque não estou entendendo nada.
— A pessoa que está nesse quarto é como aquele homem, Diggle? – Laurel parecia estar mais consciente das coisas do que eu. Só conseguia pensar na possibilidade de entrar naquele quarto e ver a Felicity sorrindo, dizendo que tudo não passou de um mal entendido. 
— Sim, é exatamente como aquele homem e não é preciso muito saber disso.

Ele me soltou e seguiu para o quarto, parando na porta para nos esperar. O quarto estava a poucos passos de onde eu estava e quando me aproximei da porta vi Barry parado perto da janela. Não sabia que ele tinha voltado de Central City, mas o que me incomodou foi o modo como ele estava. Parecia que estava petrificado, olhando fixamente para quem estava na cama. Por um momento achei que ele nem mesmo respirava, mas no segundo seguinte ele virou seu rosto em minha direção com os olhos cheios de lágrimas. 

— Isso é surreal. 

Meu pulso acelerou ainda mais enquanto eu me aproximava e assim que olhei para dentro do quarto vi Diggle parado ao lado da cama, e tinha o olhar fixo na pessoa em questão assim como Barry estava antes. Meu olhar chegou até a pessoa deitada na larga cama de hospital e eu pensei que cairia de joelhos. O rosto pálido era o mesmo, com seu contorno delicado e seus lábios grossos, mas a cor dos cabelos não combinavam com a pessoa que eu conhecia. 

— Felicity? 
— Não é ela. – Diggle repetiu baixo, parecendo tentar se convencer disso também.
— Como não? – Laurel se aproximou dos pés da cama, quase sem forças para falar. – Impossível não ser ela. 

O monitor dizia que os batimentos cardíacos estavam normais, apesar do rosto machucado e das mãos enfaixadas. Forcei o passo para me aproximar da cama e um perfume estranho chegou a meu nariz, um perfume que nunca senti e que não era nada parecido com o da Felicity que conhecíamos. As roupas daquela mulher eram escuras e eu podia perceber uma maquiagem escurecendo partes de seu olho, como se tivessem sido removidas de qualquer jeito deixando restos de uma sombra preta. 

Parei ao lado da cama e estivei meu braço para alcançar sua mão. O toque era quente, muito diferente do que senti horas antes segurando a mão da nossa Felicity. E as unhas mal feitas tinham restos de esmalte preto, quando a mão que segurei antes tinha unhas pintadas de verde. 

— Como isso é possível? Como pode não ser ela? – olhei para Barry que tinha se afastando somente para fechar a porta. 
— Não sei, estou tão atordoado quanto vocês, mas precisamos leva-la daqui. 
— Como é? – Diggle olhou para ele sem entender. – Como vamos tirar essa mulher daqui? Ela precisa de cuidados médicos. 
— Eu posso resolver isso, mas se deixarmos ela aqui nunca teremos as respostas do porque a nossa Felicity morreu loira e ressuscitou morena. 
— Ele tem razão. A Felicity apareceu muitas vezes nos noticiários como representante da Palmer e tinha muitos funcionários a empresa na rua quando a Felicity morreu. Se descobrirem sobre essa mulher vão achar que a Felicity sobreviveu e não vão nem se preocupar em pensar sobre a cor de seu cabelo. – Diggle se adiantou pegando o prontuário pendurado aos pés da cama e arrancando a folha da prancheta. – Vamos leva-la para a casa nova do Palmer. 
— Lá não é uma opção. – olhei para Diggle que me encarava sem expressão. 
— É a única parte da cidade que ainda está de pé e que tem recursos para recebê-la. 

Eu sabia sobre a casa, mas não queria ir até lá por sabendo que Palmer tinha comprado aquele lugar pensando em um futuro com Felicity. E não era justo ir até ele quando esse futuro não existia mais e estávamos a ponto de apresentar a Palmer uma versão dark da namorada que ele tinha acabado de perder. 

— Barry, vá até lá e explique o que está acontecendo. Se ele aceitar nos receber estaremos esperando sua ligação. 
— E até lá vocês ficam onde? 
— Aqui. Não podemos tira-la do hospital sem ter a certeza de que ela terá suporte para onde vamos. 
— Os médicos logo vão aparecer, Oliver. 
— Então seja rápido Barry. 

Ainda tive tempo de ver a careta dele antes que saísse em disparada pela porta. Voltei a encarar o rosto da mulher ali deitada sem conseguir aceitar que estava olhando para uma desconhecida. 

— Essa história é muito absurda. Ouvir a teoria do Barry é mais fácil do que lidar com isso. – disse Laurel encarando a cópia morena da Felicity.
— Ela não pode ser do nosso mundo, como é possível que existam duas pessoas iguais na mesma cidade sem que jamais tivessem se encontrado? E pior ainda, como só descobrimos sobre ela quando a nossa Felicity desapareceu? 
— Isso continua sem fazer o menor sentido. – Laurel se aproximou dos pés da cama e tocou no pé da mulher, provavelmente sem perceber que esse gesto era ais pela Felicity e não pela desconhecida. 

Não estava em condições de pensar se a história do portal era verdade ou não. A única coisa que eu queria saber agora era se Ray tinha aceitado nos receber. Fui até a janela fechando as persianas, de onde estávamos era possível ver todo o caos das ruas e não era hora de lidar com isso também. 

— Seja quem ela for ou o que tenha acontecido temos que mantê-la em segurança. – me virei, mas me mantive longe da cama.
— Vou ligar para casa e ver como tudo está por lá. 
— Tudo bem, mas se você contar algo para a Layla peça que não diga nada a Thea. Não quero mais ninguém no meio dessa confusão até sabermos ao certo com o que estamos lidando. 
— Vou com você, preciso de um pouco de café. – Laurel saiu com ele, fechando a porta ao sair.

Ficar sozinho com a Smoak Dark era assustador. Os flashs do corpo inerte da nossa Felicity se repetiam em minha mente e faziam com que aquela história toda se tornasse ainda mais absurda. A porta abriu com tudo e uma lufada de vento invadiu o quarto, no segundo seguinte Barry estava parado ao pé da cama com um Palmer em choque ao seu lado.

— Precisei trazê-lo. Não estava acreditando em mim. 

O choque no rosto de Palmer se repetia como aconteceu com cada um de nós, mas a expressão dele era ainda mais sombria por estar com o rosto abatido como nunca vi antes. 

— Como é possível? – olhando pra mim. 
— Não temos ideia do que está acontecendo, mas temos que tira-la daqui o quanto antes. 
— Não tenho medicamentos em casa. 
— Deixe isso com a gente. – Diggle entrou no quarto seguido de Laurel. – O que importa é saber se podemos leva-la para sua casa. 
— Claro que pode. Eu só precisava ver com meus próprios olhos. 

Tirei o lençol que a cobria e encaixei um braço atrás de seus ombros e outro atrás de seus joelhos. Levantei seu corpo e o perfume se tornou ainda mais forte, me deixando um pouco desnorteado. Barry já estava ao meu lado quando pensei em me virar e ir até ele. 

— Pode deixar comigo. – colocando os braços nos mesmos lugares que os meus estavam, mas não consegui me afastar de imediato. 
— Só saia do lado dela quando um de nós estivermos lá, entendido? 
— Sim. 
— Por mais que essa seja outra Felicity, nosso compromisso em mantê-la segura permanece. 
— Pode ter certeza de que vou honrar esse compromisso antes mesmo de pensar na minha própria segurança. 

Deu um passo para trás e vi Barry sumir de nossas vistas com uma nova lufada de vento. Ray já saia do quarto enquanto Diggle me encarava com a preocupação gritando em seu rosto, nunca o tinha visto desse jeito desde que começamos a trabalhar juntos.  

— Você sabe que isso não termina aqui, não sabe? 
— O que eu sei já não faz diferença, Diggle. 
— Ela não deve ser a única a vir para nosso lado.
— Vocês realmente acham essa coisa de portal é verdade?
— Tem uma explicação melhor para essa mulher aparecer? – mesmo sendo absurdo acreditar naquilo, era a única coisa concreta que tínhamos. – Vamos ir embora antes que alguém apareça. E comecem a torcer para que quando a nova Smoak acordar ela tenha algo a nos dizer que faça algum sentido.


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