—Naruto-kun? -disse Hinata baixo em frente á pia. Naruto tirou a atenção do desenho que dedicava dela naquela mesma posição. Ele tinha milhares de desenhos dela, mas nunca parecia ser o bastante. Ele nunca conseguia passar aquela coisa magnífica que ela tinha para o papel.

Entretanto ainda não desistiria.

—Diga, Hina-chan. -respondeu ele ciente que ela estaria ocupada cortando algo para o almoço. Hinata adorava cozinhar, e Naruto amava isso. Sinceramente e de todo coração.
Era bom saber que ele não morreria de fome.

—Pode ir checar a Hima? Faz algum tempo que não escuto o barulho dela nem de Bolt. Isso fica preocupante levando em conta de quem são filhos. -afirmou ela. Naruto desencostou do batente onde estava e seguiu para o corredor.

Ela sempre dizia aquilo. Mas ele não discordava, quando Bolt e Hima ficavam quietos era somente em duas ocasiões. Quando comiam e quando dormiam.

Hinata ainda fazia o almoço. E eles haviam acordado a menos de meia hora.

Naruto entrou no quarto de Hima primeiro. Estava vazio. Tentou o de Bolt, mas no meio daquela bagunça não acharia eles nem se quisessem. Então, sobrou os fundos da casa para ele averiguar.

E qual foi sua surpresa quando os encontrou desenhando na parede que dava para o quintal?

Himawari tinha os desenhos meios distorcidos, quase sem forma.

Já Bolt estava desenhando algum tipo de buquê de flores meio disforme também, porém Bolt tinha cinco anos, já Hima beirava os três então não havia como compará-los.

Mesmo para um criança de cinco anos, o desenho de Bolt era muito bom.

—Oe, o que estão fazendo?

Hima pulou com o susto, mas quando reconheceu o pai sorriu e balbuciou algo incoerente esticando os bracinhos para ele, Naruto a pegou no colo e se abaixou perto de Boruto.

—Eu e Hima estamos tentando deixar a parede mais alegre. -ele sorriu e exibiu os pincéis que Naruto se lembrava perfeitamente de tê-los deixado no ateliê.

—Entraram no quarto que eu disse que não podiam entrar? -as sobrancelhas claras de Naruto se arquearam. Hima riu alegremente e encostou os dedinhos na linha de pelos claros.

—A porta estava aberta. -ele encolheu os ombros, envergonhado. -Mas otou-san, você tem desenhos tão lindos lá dentro. Vi a oka-san na sua parede. É isso que você faz? Você desenha?

Naruto sorriu, assentindo devagar com a cabeça.

—Sim, Bolt. É o que eu faço.

—Sério? -ele ostentou um enorme sorriso quicando no chão que estava sentado. -Que legal, dattebasa! Eu quero fazer isso também. Eu quero desenhar, otou-san.

Naruto riu.

—Você pode.

—Posso? -os olhos azuis claros de Bolt estavam brilhantes pela perspectiva.

—Você pode ser o que quiser, ‘ttebayo! -exclamou Naruto bagunçando os cabelos do filho.

Boruto gargalhou.

—Oka-san diz isso também. -ele tombou a cabeça no ombro. -Disse que devemos sempre ser o que queremos. -ele sorriu e esticou os braços para Hima. -Vem Hima.

A menina fez birra no colo do pai. Bolt revirou os olhos, mas riu.

—Sem dúvida ela diz. -Naruto sorriu para ambos, acariciando o rosto de Himawari. O gesto capturou os olhos de Boruto que deslizaram pelas tatuagens com admiração.

—Oka-san quem desenhou? -Bolt se esticou para tocar as tatuagens do pulso de Naruto com os dedos pequenos. -Ela disse que foi. Que fez vários desenhos no corpo do Otou-san. São esses?

Um pouco de nostalgia verberou Naruto.

—A oka-san de vocês já contou como nos conhecemos? -questionou Naruto. Os olhos de Boruto pararam de correr pelas tatuagens do braço do pai para se fixarem nos olhos do mesmo. Pura empolgação o rodeava.

—Não, ‘ttebasa! -Bolt cruzou as pernas e em seus olhos havia só ansiedade.

—História! História! -comemorou Hima no colo do pai, parando de se mover e fitando Naruto com expectativa. Já Naruto riu e sentou-se no chão acomodando a caçula nas pernas cruzadas, Himawari parou de espolegar e Boruto dedicou total atenção. Se eles ficassem quietos assim toda vez que Naruto contasse alguma história talvez ele devesse arrumar uma biblioteca. Deus sabia que momentos de silencio naquela casa eram ouro.