Inalcanzable escrita por Karol Pasquarelli


Capítulo 8
Sentimentos Conflitantes Parte 1




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"Você pode fechar os olhos para as coisas que não quer ver, mas não pode fechar o coração para as coisas que não quer sentir."

POV Simón

Estava desconcertado e em choque. Ámbar e eu havíamos nos beijado, fosse como fosse, tínhamos nos beijado. Isso jamais deveria ter acontecido, já havíamos nos beijado antes, sim, mas ao menos havia uma explicação para tal fato. Desta vez não, foi como se meu cérebro parasse de funcionar e mandar informações e em um instante de insensatez aconteceu o que aconteceu, com certeza fora quando eu caíra, com certeza tinha batido a cabeça, é, essa poderia ser uma boa explicação. Sentia-me culpado, não por ser a loira chata, mas sim por parecer que eu estava traindo a Luna, meu amor impossível. Dedicava-me unicamente para ela, entretanto agora parecia que toda essa devoção havia ido por água abaixo em segundos.

“Eu vou beijar você”. Nunca pensei que seria tão ridículo a ponto de dirigir uma frase dessas para Ámbar, tinha vontade de me socar. Provavelmente estava com minhas funções mentais afetadas. Não deveria ser olhos azuis brilhantes que me encaravam, não deveria ser cabelos loiros ao qual eu afundava a mão, não deveria ser o perfume adocicado e sofisticado que eu sentia e me deixava em estado de êxtase, não deveria ser aqueles lábios rosados grudados aos meus. Estava tudo errado, e eu me odiava por isso. Ainda me perguntava como olharia para Luna sem ter a simples lembrança da traição, sim, não tínhamos nada, éramos apenas amigos, mas ainda sim parecia uma traição o fato de Ámbar e eu termos nos beijado. Ámbar, porque justo com ela, não era certo. Deveria me afastar daquela loira encrenqueira, não podia e nem queria correr o risco de algo assim voltar a se repetir, ficar longe dela seria a melhor opção. Afinal sempre seria a Luna a dona do meu coração e isso nunca mudaria.

POV Ámbar

Cuspir passando as mãos nos lábios para tirar o resquício do que havia compartilhado com Simón. Jamais deveria tê-lo deixado encostar em mim. Definitivamente havia algo bem errado acontecendo que eu obviamente não sabia o que era, mas não me daria o trabalho de entender. Aquele beijo foi apenas um pequeno equivoco. Simón não era e nunca seria alguém do qual me interessaria, além é claro de não ser uma opção. Ele era apenas um simples garoto comum, um guitarrista de quinta, que usava roupas de quinta e ainda por cima era amiguinho da Luna. Não, definitivamente não tínhamos nada em comum, e nem queria mesmo que tivesse. Nada poderia sair do meu controle. Mas havia algo que estava me incomodando profundamente, Simón ter me deixado plantada na praça sem me dá uma explicação para o que havia acontecido em nada me agradou. Porém, o que eu poderia esperar de alguém tão baixo nível como ele? Deveria esquecer tudo isso, mas ainda podia sentir o seu gosto em meus lábios, à mão que acariciava minha cintura, seu perfume amadeirado, só posso estar ficando louca. Sentimentos não servem para nada a não ser te deixar lenta e menos racional, não isso não iria acontecer comigo, não mesmo. Sacudi a cabeça afastando tais pensamentos. Estava na hora da velha Ámbar voltar, sorri com este pensamento.

[...]

Luna e Simón treinavam há algum tempo na pista. Vê-los tão próximos fazia com que uma raiva me preenchesse, não sei o que era. Toda aquela proximidade fazia com que algo dentro de mim se remexesse, nunca tinha sentido isso antes, era algo novo que fazia todo meu corpo ferver e se contrair em questão de segundos. Os sorrisos, os olhares cúmplices que lançavam um ao outro, me dava ânsia de vômito. Aquela menina sempre conseguia tudo querendo ou não, era inevitável. Lembrava-me do que havia acontecido há alguns dias atrás.

Tiraria Luna do meu caminho, competiria com Matteo por pura conveniência, embora na próxima fase tivesse certeza que competiria com Simón. Mas tudo havia desandado, tinha dado errado. Estupidamente errado.

Nina, Nina por acaso viu a Luna?

Vi sim agora pouco, na saída do colégio por quê?

É que combinamos de ensaiar antes da competição, só que ela não chegou.

Estranho, ela disse que ia pegar o celular e voltava.

Talvez ela tenha se assustado. O medo é muito perigoso pode te pegar. — sai do meu esconderijo onde ouvia sua conversa com a amiguinha nerd da Luna, usei todo meu veneno para lançar a frase, meu intuito era provocá-lo. Simón me olha com cara de poucos amigos e sacode a cabeça, mas não diz nada.

Nina se ver a Luna fala que eu tô procurando ela, por favor. — se afastou.

[...]

Sejam bem vindos a segunda fase da competição de patins. A dupla que ficar em primeiro lugar vai ser a responsável por fechar a próxima edição. Senhoras e senhores, caros membros do júri. Vamos receber com muitos aplausos a primeira dupla da competição. Eles são: Luna e Simón.

Sorrio sabendo que a Luninha não iria aparecer. Porém meu sorriso se esvaiu em segundos ao vê-la adentrar na pista toda sorridente e feliz acompanhada de Simón. Tinha apenas um pensamento: Meu plano de prender Luna no colégio havia fracassado.

A apresentação havia começado, bem tinha que admitir. Mas perece que uma força superior tinha me dado uma forcinha para que meu dia não fosse um total fracasso. Ver Luna caindo da corda me deu um prazer imenso, dava pulinhos por dentro. Entretanto tudo que é bom dura pouco, Tamara deu uma segunda chance para a duplinha sem graça, e dessa vez tudo ocorreu bem. Matteo e eu nos apresentamos juntos e fomos perfeitos, não fora a toa que ficamos em primeiro lugar. Luna e Simón haviam sido eliminados pela pontuação que obtiveram, porém como eram a dupla com a melhor colocação continuaram na competição, pois Delfi e Gastón tinham desistido. Estava furiosa com Delfi, mas teríamos uma conversinha. Enfim, Luna e Simón continuavam firmes na competição, Matteo e eu também, mas apenas por interesses mútuos.

Voltando ao presente os mirei por mais alguns minutos. Ainda ensaiavam e sorriam, o sorriso bobo de admiração que o moreno dirigia a Luna me irritava, iria acabar com isso. Apareci na frente deles então me lancei para o alto em um salto e logo aterrissei na pista perfeitamente. Percebi Simón ficar impressionado e de boca aberta literalmente, gostei do efeito causado nele. Luna o olhou e então para provar que seria capaz de fazer a mesma coisa que eu e chegar ao meu nível, se distanciou do garoto e tentou me copiar fazendo o mesmo movimento, sua tentativa fora ridiculamente falha, nunca que iria se igualar a mim, estúpida. Chocou-se com o chão, sorri de canto com a cena, o chão era o lugar certo para Luna Valente. Simón logo correu ao seu socorro.

— Luninha você tá bem? — perguntei com falsa preocupação aproximando-me.

— Não, eu tô bem, não foi nada, foi só um tombo. — responde se levantando com a ajuda do amigo.

— Coisa que é especialista, não. — comento. — Você sabe que isso é um passo dificílimo, né? De verdade, não entendo como você não tem vergonha de fazer todo esse espetáculo na frente de todo mundo. Você viu o que acontece? Consegue entender? Isso é desastroso, Luninha.

— Ámbar, dar pra parar de encher a Luna, por favor. — defende ele. — A Luna veio aqui pra curtir a pista e não pra ouvir alguém dizer se tá bom ou ruim. — garoto insuportável e irritante. Odiava esse lado protetor que ele tinha com a Luna, sempre achando que a podia defender de tudo e todos, imbecil de quinta. Reviro os olhos.

— Olha você por aqui, é tão insignificante que nem havia me dado conta que estava aqui. — minha arrogância é minha defesa, sempre tinha a necessidade de falar com o mais puro desdém com ele para atacá-lo e humilhá-lo, esse tom sempre me fazia senti-me mais segura perto dele. — Mas sabe, você não deveria dá palpites em coisas que não te interessam. — fixo meu olhar nele, mas ele não se deixa abater com tal ato.

— É, você pode ter razão, mas eu tô aqui e pedindo, por favor, pra você parar de incomodar a Luna. Olha, você querendo atacar a gente não vai conseguir tirar nós da competição, e eu tô falando isso na boa.

— Eu? — me fiz de desentendida.

— É você.

— Jamais faria uma coisa dessas Simón. — dissimulei. — Só tô tentando esclarecer as coisas com minha amiga Luna, não quero que vocês passem vergonha e muito menos percam tempo assim, vamos ser realistas, nós três sabemos que isso é inútil.

— Ámbar, Simón e eu estamos ensaiando muito pra competição e dando nosso melhor. — se intrometeu Luna.

— Luninha, se você fosse um pouquinho mais inteligente desistia da competição.

— Eu não vou fazer isso porque você quer Ámbar. — protesta à baixinha. — Eu não tenho culpa que a Delfi e o Gastón tenham desistido.

— Que conveniente, não? Tudo bem Luninha, não me importo. Mas não se esqueça de que você não passa de uma mera coadjuvante no meio de tudo isso. Sou a melhor, pra que uma coisinha como você ofusque meu brilho. — queria que ela se sentisse inferior a mim, e consegui, seu olhar triste era notável.

— Não fala assim com a Luna. — a voz irritadiça de Simón se fez presente. — A Luna é um trilhão de vezes melhor do que você nunca vai ser. — suas palavras tiveram efeito sobre mim, me senti mal. — Continue nesse seu mundinho fantasioso de perfeição que não chegará muito longe.

— Imbecil. — grunhir.

— Arrogante. — retrucou.

— Simón. — repreende Luna. — Vamos embora, acho que tudo já foi esclarecido.

[...]

“A Luna é um trilhão de vezes melhor do que você nunca vai ser...” Eram essas as palavras que não saiam da minha cabeça naquela noite quando deitei. Me perguntava por que aquelas palavras me afetaram tanto, me virei na cama enquanto pensava na conversa, que tivera com a duplinha sem graça. Luna, sempre Luna, Simón estava sempre lá por ela e só por ela, não deveria me importar, mas por que suas palavras me fizeram sentir como se eu fosse um nada? Não, não e não, sacudi a cabeça afastando esses pensamentos.

— Sou Ámbar Smith, sou perfeita, a melhor, talentosa, única, a rinha da pista, ninguém vai me fazer sentir inferior. — repito a mim mesma, adormeci logo em seguida.

“Às vezes, as coisas que você mais quer, não acontecem. E às vezes, as coisas que jamais esperaria, acontecem. Você encontra milhares de pessoas e nenhuma delas te tocam, e então encontra uma pessoa, e sua vida muda pra sempre.”

Pov Delfina

Você caminha pra perto e as batidas do meu coração
parecem bater mil vezes de uma vez
e toda vez que você olha pra mim
eu tenho que dizer a mim mesma pra respirar
com apenas um sorriso você me captura, e eu começo a derreter
E eu sinto emoções de um modo que eu nunca senti

— Tudo bem?

— Tudo, obrigada. Você não vai acreditar, mas é o primeiro que se preocupa comigo. — sorrio em agradecimento.

Neste meio tempo Pedro e eu havíamos nos aproximado, ele se mostrou um ótimo amigo. Na verdade não sei se esse era o termo correto para usar. Desde o dia que descobrira que a garota por quem ele estava apaixonado era eu comecei a vê-lo de outra forma, tudo de alguma forma tinha mudado. Saber que outra pessoa nutri sentimentos por você e que talvez não possa correspondê-la de alguma forma é frustrante e assustador. Comecei a observá-lo com mais frequência e notar suas reações, gestos e ações, Pedro era sem dúvida admirável. Toda vez que Pedro se aproximava sentia minhas mãos suarem, e a batidas do meu coração acelerarem. E quando ele sorria sentia que tudo poderia ficar melhor. Contudo, somente a ele podia mostrar a melhor parte de mim. Ele estava se tornando uma pessoa muito especial para mim. A verdade era que nunca tinha imaginado gostar de outro garoto que não fosse o Gastón, passei tanto tempo o idolatrando, tentando mostrar-lhe que poderia ser a garota dos seus sonhos que me esqueci de mim mesma. Esqueci que ao longo da vida não encontramos somente um amor. Sentia que aos poucos estava desenvolvendo sentimentos novos por Pedro.

— Bom, se precisar pode contar comigo.

— Obrigada, você gostaria patinar?

— Não, não. Agora eu não posso, tenho que trabalhar.

— Vamos lá Pedro, sou sua amiga não sou? Então você não vai negar isso a mim.

Eu poderia dizer pro meu coração cada vez
que isso não é amor, você é apenas um garoto qualquer
Não tem nada lá e o que eu sinto
é coisa da minha cabeça, não é real
mas eu não posso negar, não dá nem pra tentar
porque eu sei que por dentro, as borboletas não mentem.

Mais uma vez você está lá
Ansioso, coração nervoso
as borboletas vibrando
só pode significar uma coisa

Pov Nina

— Ei, tudo bem? Por que não tenta flexionar um pouco os joelhos assim aperta um pouco mais os patins. Deixa eu te mostrar. — fala Gastón atencioso. — Diagonal, diagonal, diagonal, diagonal, paralela, paralela. Aí eu volto diagonal, diagonal, diagonal, diagonal, paralela, paralela. Entendeu?

— Sim. — afirmo.

— Então vamos lá.

— Tá.

— Espera, espera. Antes lembre sempre em deixar as costas bem retas.

— Assim? — ajeito a postura imediatamente.

— Isso, vamos. — começo as fazer os passos, achando que não me sairia bem, mas ao contrário do que pensei os executei muito bem.

— É isso aí, ficou super bem. Ficou legal é sério. — sorrio contente em seguida o abraçando, o soltei rapidamente sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Bom, também não é pra tanto. Mas muito obrigada. — agradeço.

— Você tem que acreditar mais em si mesma assim verá o quão boa é. — afirma.

— Eu acredito. Você não imagina as barreiras que estou quebrando só por conseguir me equilibrar em cima dos patins. — Gastón sorri para mim.

Creio que poderia me derreter somente por ele direcionar aquele simples sorriso a mim. As borboletas em meu estômago pareciam estar em constante guerra, minhas mãos soam e minhas pernas estão bambas como se eu fosse me estatelar no chão. Estava com medo de cair, pois seu olhar me deixava tonta e aérea momentaneamente. Neste meio tempo cheguei a uma conclusão. Não importava o tempo que passasse, a distância que nos separasse ou fato dele ser meu amor inalcançável, no fim, Gastón Perida sempre seria o garoto que faria meu coração bater mais forte a ponto de parecer que estava tendo uma arritmia cardíaca.

“Pois o simples brilho do sol a fazia lembrar-se do brilho de seus olhos.”


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Notas finais do capítulo

Capítulo postado... Não tem todos os casais, mas relevem..

Obrigada a quem leu, comentou, favoritou...



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