Praticamente 3 semanas.
3 semanas desde que Bill Cipher apareceu miseravelmente na porta de seus piores inimigos buscando ajuda.
E aqui estavam eles, os três juntos fazendo café da manhã como se Bill já fosse parte da família Pines.
— Bill, para de comer toda a calda de chocolate! Não vai sobrar nada pras panquecas! — A garota de cabelos castanhos reclamava, tentando tirar a calda de chocolate de Bill.
— Mabel... Eu acho que as panquecas estão queimando. — Dipper comentou, e enquanto sua irmã corria desesperadamente para checar as panquecas, a campainha tocou — Bill, pode ir atender a porta?
— Mhm.
O loiro largou da calda de chocolate e correu para a porta, pronto para brigar com seja lá qual humano interrompeu seu café da manhã, mas todos seus pensamentos sumiram quando puxou a maçaneta e viu os dois homens ali parados.
Stanley e Stanford Pines.
Eles abriram a boca para dizer algo, mas Bill não pensou duas vezes e fechou a porta na cara deles, correndo de volta para a cozinha. Vendo o desespero do loiro, Dipper o encarou confuso.
— O que foi?
— Garoto, não me leve a mal, mas... Eu realmente queria não ter me encontrado com seu tio-avô.
— Eles estão de volta? — os gêmeos falaram em união, animados, mas assim que Dipper percebeu o problema seu sorriso sumiu — Ah... O Tivô Ford... Você acha que ele te reconheceu?
— Provavelmente... Ele já viu essa minha forma, então...
— Espera, como assim?
Antes que Bill pudesse responder, Mabel já havia aberto a porta.
— Não sai daqui. — Dipper disse rapidamente e foi para junto da sua irmã.
— Wow, crianças. Sei que isso parece com o que todo tio diz, mas vocês cresceram! — Stan os envolveu em um abraço, enquanto Ford acenava atrás dele, um pouco envergonhado — Mabel, está mais bela do que nunca. E Dipper nem parece mais um esquisitão!
— Eu não parecia um esquisitão...
— Soos nos disse que vocês estavam passando as férias de verão em Gravity Falls. Nós só viemos fazer uma visita, mas já que estão aqui... — Stanford sorriu.
Mabel sorriu de volta, abrindo mais ainda a porta.
— Entrem, nós estávamos preparando caf-
— Bill.
— Seis Dedos! Eu ia dizer que senti sua falta, mas isso seria uma mentira. — abriu um sorriso largo, acenando para ele.
— O que diabos você está fazendo aqui? — Stanford continuava encarando a forma humana do demônio e Dipper engoliu seco.
— Mabel, por que não termina de preparar o café enquanto nós resolvemos isso? — Dipper perguntou, tentando ficar sozinho com Ford e Bill para explicar a situação. Mabel queria dizer que não, que poderia ajudar, mas percebeu que Stanley ainda estava ali assistindo a cena.
— É... Tivô Stan, você vem? — A adolescente sorriu, e não tinha como Stan dizer não para aquele sorriso inocente. Logo, só sobraram os outros três ali.
— ...T-Tivô Ford, eu posso explicar. — o moreno gagejou, enquanto o outro cruzava os braços esperando a explicação.
— Oh, não, Pinheirinho! Deixa que eu explico. Acontece, Seis Dedos, que Dipper Pines está completamente apaixonado por mim! E ele está me ajudando a recuperar meus poderes. Muito legal da parte dele, não? — Bill se aproximou do maior, olhando para cima para encontrar com o olhar dele e com um sorriso desafiador no rosto.
Dipper ficou sem palavras. Sim, tudo que o loiro disse era verdade, mas ele falou de um jeito tão direto que o garoto podia sentir a raiva surgindo em seu tio-avô.
— Dipper. Isso é verdade? — Dipper concordou com a cabeça lentamente — Escuta, eu sei que deve ser difícil entender, mas Bill Cipher está te enganando. Eu sei que você está pensando que ele não faria isso depois de seja lá pelo que vocês passaram juntos, mas foi tudo uma mentira. Comigo foi a mesma coisa e não vou deixar que isso aconteça de novo com você. Por isso... o melhor é acabar com Bill enquanto ele ainda está vulnerável.
— Espera, o que você...
Antes que o moreno terminasse sua fala, Bill sentiu duas mãos ao redor de seu pescoço, cortando a passagem do ar. Tentou resistir, mas era claro que o outro homem era bem mais forte que ele, ao menos naquela forma.
— Tivô Ford! — Dipper separou os dois, com um sentimento de culpa em seu peito. O loiro parecia se recuperar da situação, tossindo e respirando fundo, com marcas já se formando na região de seu pescoço.
— Dipper, quanto mais rápido acabarmos com isso, melhor.
— Espera, você não pode fazer isso! — se posicionou na frente do demônio — Nós temos um acordo. Eu só tenho que deixar ele viver aqui por um tempo e, quando ele voltar para sua forma original, não vai mais importunar a gente.
— E você acreditou nele?
— Por favor... Ele não fez nada de errado até agora.
— Eu ainda estou aqui, vocês sabem. Não é muito educado falar sobre as pessoas na cara delas.
Dipper e Stanford se encararam por um tempo, o moreno olhando para o outro como se implorasse por uma chance.
Ford suspirou.
— Tudo bem, mas se ele tentar qualquer coisa engraçada eu não vou hesitar em acabar com ele.
— Obrigado, Tivô Ford. — sorriu, o abraçando com um murmúrio de "senti sua falta" — Nós deveríamos ir para a cozinha, Mabel deve estar esperando.
Stanford concordou com a cabeça e Dipper se virou para Bill.
— Desculpa... Você tá bem? — o ajudou a se levantar, prestando atenção na marca no pescoço do outro.
— A culpa não é sua, Pinheirinho. Eu vou sobreviver. — abriu aquele sorriso clássico, e o outro sorriu gentilmente em resposta.
Ao chegarem na cozinha, Dipper sequer ousou explicar para Mabel o que aconteceu, apenas comeram e tiveram uma conversa amigável entre familiares. Bill ficou quieto na maior parte do tempo, e quando Stanley o perguntou quem era, só disse ser um amigo de Dipper que estava passando uns dias.
— Ei, Pinheirinho. — chamou a atenção dele, sussurrando — Eu quero voltar a dormir.
O moreno pensou em protestar, mas percebeu porque o outro precisava de uma desculpa para voltar para o quarto. Depois do que aconteceu, qualquer um iria precisar.
— Ah. Pode ir pro quarto se quiser. — sorriu, e Bill se despediu deles acenando.
Ao chegar na porta do quarto, infelizmente, encontrou com alguém no corredor que estava voltando do banheiro.
Stanford Pines.
Eles se encararam por alguns segundos, o loiro lançando um olhar perigoso para o maior. Por um momento, o olho visível do loiro piscou em amarelo, como qualquer um ficaria se Bill Cipher estivesse na possessão de seu corpo.
Bill finalmente estava se sentindo ele mesmo.